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Nenhures

Nenhures

16
Mai25

Lá no "O Pimentel", o outro meu blog

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No "O Pimentel", o blog que abri há um mês na plataforma substack, os últimos postais são estes: "Rumo de Moçambique" (1)   - a primeira parte de um texto sobre os 50 anos de Moçambique, que publicarei em três fascículos; os textos da minha rubrica "O Clérigo Mouco"; e a crónica de minha recente ida ao Algarve:  "Em Lagos, no Dia Mundial do Livro 2025".

Pode ser visitado, o "O Pimentel". E subscrito, no "botão" que deixo abaixo.

 

 

 

04
Abr25

Vou ver o Tim

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Hoje vou ao São Jorge ver o espectáculo do Tim. Eu gosto dos (seus) Xutos. Continuo a pensar que o português mais relevante - e não só na música - da minha geração é o Pedro Ayres, por razões que agora não desenvolvo mas sumarizo: na grandeza de si próprio, Homem que é, descomplexou este traste país. Sim, então o mais-velho Soares fez-nos, para o bem e para o mal, “mediterrânicos”, desse mar do meio afinal charco do qual ainda não saímos. E sim, nessa época Lopes e Mota convenceram-nos que poderíamos ser campeões. E, mais ainda, sim, Saramago (e Lobo Antunes) explicaram que até éramos inteligentes. Mas o Ayres fez mais, foi português! E convocou-nos a nisso segui-lo, refez-nos. E estou feliz pois, há poucos anos, tive a honra de o (re)conhecer - cruzara-o superficialmente “nos tempos” - e o privilégio de lhe dizer isto mesmo. Julgo que o Ayres - o marechal Ayres, se se quiser aceitar o que sinto - não terá desatinado com o meu emotivo arrazoado, até balbuciado.

Mas isso - esse “isso” que agora, velhote, me é o fundamental - é outra coisa. E nada obsta a que os “meus” hinos, as minhas memórias, sejam as do Xutos. Desde o inicial concerto com os Minas e Armadilhas nos meus 15 anos, já nem me lembro onde correu esse verdadeiro “punkismo”, terei bebido demais… Mas lembro bem o “1º de Agosto” do Rock Rendez-Vous em 1984, ali ido com amiga boazuda, mais velha e com o namorado ausente - a malta dos Olivais sabe do que, de quem, falo, mas quarenta (!!!) anos depois já nem é inconfidência -, eu puto num “a ver no que isto dá”, mas a esquecer-me disso - até porque ela também indiferente, diga-se -, pois logo exultante, pulando, diante do “Já estou farto de procurar / um sítio para me encaixar… / eu vou para longe, para muito longe / … falta-me o ar para cá ficar”, isso que vim a seguir na vida. E sim, naquele dia terei urrado “se me amas / se me queres…”, mas para o ar, desarrumado. Vinte anos!, tinha, e ali com uns tipos a rockarem o que tinha eu no âmago…

E nesse longo entretanto vi-os imensas vezes. Um dia num qualquer recanto do Ribatejo, a esgalharem imenso num meio vazio rinque de patinagem, ali tendo uma primeira parte dos Radar Kadafi - a banda da minha rua, a Bolama, quando o Tiago, o Guli, o Ambrósio, o Fernando e o Sampaio tinham decidido que seria eu o “road manager” da banda então em ascensão, eu puto atrapalhado (e ganzado, diga-se) em demasia para ser “manager” de mim-mesmo quanto mais de outros negócios “on the road”…

(o texto completo está aqui no meu novo "O Pimentel". Está com acesso livre - mas quem o quiser subscrever, em modalide paga ou gratuita, será muito bem recebido)

02
Abr25

O Desplante de Desventura

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banca washington.jpg

"Já viste a entrevista do Boaventura", perguntam-me?... "Sim!" respondo. E sobre o homem também já escrevi - várias vezes ao longo dos anos, de muitos anos, tanto (em registo de blog) sobre o seu "sacanismo" como (em registo "academês", aquele das notas de rodapé e bibliografia apensa) sobre o seu apatetado teor ideológico, um mero lusotropicalista de pacotilha (em ideário e em prática...), algo que contradiz tudo o que de "revolucionário" (enverhoxista, não se esqueça) foi balbuciando sob retórica vigorosa. E também o fiz agora, há algum tempo, sobre este "Affaire Coimbra", esta miserável abjecção que o recobre, de modo indelével.
 
Não me vou repetir. Mas deixo três apontamentos, dedicados àquelas (sim, o género é correcto) que sobre isto antes me escreveram com ... dúvidas (no registo "há mulheres que...", as "provocadoras...", "nunca se sabe...", "se lá estavam era porque...").
 
1. Há algum tempo o velho publicitou (afrontando a nossa etiqueta de recato) um lamentável diagnóstico de doença gravíssima de uma sua companheira colega. E usou-o para proclamar a sua inocência e o teor até assassino das suas acusadoras. Honestamente: nunca vi tamanha indecência. Tétrica, amoral.
 
2. Agora, em longa entrevista televisiva, gaba-se de ter sorte com as mulheres, de ser atraente. Sabe-se que a docência é composta de sedução e nisso tem uma dimensão de erotização (foi o Steiner que o escreveu, não sou a dizê-lo...). E nesse registo sempre lembro que dois dos meus melhores e íntimos amigos casaram com antigas alunas. Tendo começado os namoros... depois de terminado o vínculo docente. Há uma diferença gigantesca. Não de grau, mas de natureza.
 
Fui professor bastante tempo. As alunas (e as jovens colegas) têm uma característica: são novas, por si só um item de beldade. Algumas são belíssimas. E/ou interessantíssimas. Algumas são insinuantes - porque seduzidas ou porque atrevidas (aquilo do "comer o professor" também existe). "Raisparta" diz o homem comum... Ao longo do meu período docente estive escudado diante disso - de facto, mesmo que seja ridículo dizê-lo, eu amava a minha mulher, mesmo. Mas isso não impede que um tipo diga, sinta, "raisparta que esta miúda.... ah, se fosse no meu tempo!". Só que sempre pensei, e alardeei - e talvez por esse meu escudo amoroso - "uma aluna (ou uma jovem assistente, entenda-se), uma aluna é um homem!". Isto não é um homofóbico, é só um heterossexual a falar. Não estou a ser moralista, cada um vive o casamento como quer. Estou a ser deontólogo, um professor não tem "sorte com as mulheres".... Se estes alunas ou tuteladas. Pqp o velho!
 
3. Neste seu execrável e negacionista exercício retórico (proporcionado por uma estação televisiva) o velho coimbrão veio dizer que nos anos 60/70 todos diziam "galanteios", misturando as coisas, reduzindo as acusações de assédio sexual (carnal) e laboral (coisa terrível que abunda na universidade) a umas "bocas"...
 
Ontem estive horas com um amigo (camarada, "mano") e uma amiga, já dos "tempos". Mulher belíssima, divertidíssima. A partir das 3 ou 4 imperiais cumulei-a de galanteios, até para sorriso (cúmplice) do amigo... O melhor (ou maior) terá sido quando quis pagar a conta (dolorosa, decerto) e o empregado (lisboeta dos antigos) disse "a senhora já pagou", e eu resmunguei o "velha guarda" machista "então deixa a senhora pagar?!" e ele me respondeu, surpreendido, "então?!, julguei que eram o mesmo!!!". "Hé, pá, homem, esse é o maior elogio que me fazem desde há anos", exultei para gargalhada na mesa... Estes galanteios em 2025 importunaram, agrediram, pressionaram? Ou foram contextuais, simpatias inócuas, semanticamente perceptíveis e aceitáveis, entre pares? Entenda-se bem, o velho "sociólogo" enverhoxista coimbrão aldraba as relações, esconde as questões do poder...
 
4. Deixemo-nos de merdas, é inadmissível que uma estação televisiva que emite com alvará público dê espaço a mariolas. Pois é "deseducativo". E, acima de tudo, é ordinário.
 
Finalmente, o velho tem o desplante de afirmar que o agente que o "calunia" é o "neoliberalismo". Ilustro com esta fotografia, para aí com 20 anos, talvez da província de Nampula. Ou na Zambézia. Tão mítica como a argumentação dele. Mas não vergonhosa, ao invés da dele.

30
Mar25

A "lisboa" Literária

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Há três anos fui beber um copo de fim-de-tarde com a minha querida amiga Ana Leão, que chegara de Moçambique. Disso deixei esta croniqueta - de que gostei, tanto que a meti no pacote "Torna-Viagem" que venho impingindo. Nostálgica, até saudosista, muito resmungona. Mas também esperançosa. Pois foi o dia em que descobri a Livraria Martins na Guerra Junqueiro - era muito recente, dela não ouvira falar, desconhecia a origem, até a julguei ser coisa de "carola" livreiro mas afinal é de grupo editorial (o que é bom, garantir-lhe-á alguma sustentabilidade).
 
Não fiquei cliente - não posso comprar livros. Mas fiquei simpático. E, passados anos, ao descobrir que organiza um "podcast" Quinteto Literário ouvi duas sessões. Agora a terceira deu imensa polémica. Pois o crítico e escritor João Pedro George espalhou-se, e muito (e muito mesmo...) ao falar da escritora Madalena Sá Fernandes, e com o beneplácito do moderador do programa (que também meteu os pés pelas mãos, já agora). George já fez a sua samokritica mas quero crer que não lhe chegará para acalmar más vontades e abrenúncios.
 
George é um tipo interessante de acompanhar (ler). É uma espécie de "etnógrafo" do "campo literário" português - e como é usual entre os etnógrafos quando se abalança às suas "monografias" escreve de modo insistente, repetitivo, até cansativo, tamanha a sanha expositiva. Nesse registo lembro quando dissecou o Cotrim e quando abocanhou o Mega Ferreira - então ainda vivos -, textos relevantes pois demonstrativos do "campo cultural-político" da "lisboa" em que vivemos.
 
Neste caso borregou. Porque falou em termos descabidos de uma escritora, e isso será uma conclusão unânime. Inventa-lhe uma auto-erotização publicitária que não é verdadeira. E critica-a por divulgar os seus livros ("so what?", perguntar-se-á em bom português). Mas a matéria mais relevante é o conteúdo da sua anunciada "abordagem sociológica" à escritora.
 
Eu não conhecia Sá Fernandes até há umas semanas. Tenho uma filha de 22 anos - já agora, a Carolina, que apenas vivera em Portugal durante os confinamentos e no ano do seu primeiro mestrado, emigrou ontem, "foi lá para fora ganhar a vida" - que é uma jovem Senhora bem lida. O que é normal, pois com uma mãe leitora, um pai que também o é, ainda que anárquico, e avós leitores. Nenhum de nós, seus ancestrais, somos da "literatura" mas fomos dando "dicas". E ela desde há anos que faz o seu rumo leitor. Há dias recomendou-me uma crónica de Sá Fernandes - sobre o Café Luanda e sua avó - na qual se reviu. Eu também, simpatizei. (E é ela quem agora me chama a atenção para este "caso").
 
E julguei aquela crónica bem melhor do que inúmeros textos na imprensa de escritores renomados - "consagrados", "canónicos", indiscutíveis membros da "literatura" - que anunciam como "crónicas" meros textos de opinião política. Opiniões essas (mais ou menos justas ao olhar de cada um, isso não interessa) que são formas de construir, sedimentar, reproduzir, publicitar, a "personalidade literária" de cada autor. Uma auto-construção do "eu", do "self" literário, que parece ofender os membros daquele podcast culto da Livraria Martins. Mas, de facto, alguém ficcionista/poeta que vai para os jornais escrever (sem sequer ser pago, como agora é norma) a favor/contra ucranianos, palestinianos, vítimas dos bancos, da violência doméstica, vacinas, trump e quejandos, está-se a "construir" / "divulgar" mais do que se for almoçar à bela Serpa e se deixar fotografar. Feliz.
 
(E, lamento, mas uma pessoa com 30 anos normalmente é mais bonita - fresca, que seja - do que com 50 ou 60. Estes últimos podem ter ganho prémios literários, terem sido louvados no Público e no JL, mas estarão encanecidos, engelhados, com papadas descendentes, barrigudos, carecas. Criticar-se os mais-novos por não estarem assim? E terem o desplante de sair à rua nesses mais ou menos belos modos?)
 
Enfim, a matéria da "abordagem sociológica" deste modo exercida desperta-me dois eczemas, ambos relacionados com a velha oposição "nós"/"outros", o que bem ultrapassa os conteúdos das obras (até porque não sou especialista da "literatura"). No fundo, trata-se da tal "lisboa" a autodefinir-se. E resmungo com esses meus pruridos assim:
 
1. Abordar o trabalho de alguém segundo o paradigma "Joana Marques". Ou seja, abandalhar. Acontece que Joana Marques tem humor, esse sacrossanto álibi. E de facto esmiuça, cruel, o lumpen do entretenimento nacional, o qual incessantemente produz mundividências muito criticáveis - o outro dia ouvi-a sobre um DJ que clamava que aqueles que não seguem boas "griffes" não saem da "sopa torta", por exemplo.
 
Mas é impertinente abandalhar uma escritora, pacífica, apenas porque se considera que escreve segundo os modelos da "escrita criativa", porque (!!!) não corresponde visualmente às angústias que (d)escreve. Francamente, esta é a tal "lisboa" - "eu sou escritor e crítico" diz George, como tal pertence à "literatura". Já Sá Fernandes é gozada por ter o desplante de dizer "entrei na literatura". Isto é mesmo a tal "lisboa" desbragada, a cagança...
 
2. O segundo ponto, meu eczema mais grave, pois é o que mais me irrita. Sá Fernandes é invectivada - "sabe como se mexer neste mundo de hoje" - por usar as "redes sociais" para se divulgar (a tik-tok, a instagram, se fosse há alguns anos seria no FB ou mesmo, antes, nos blogs, estes lugares de ilegitimidade...). Ao lado de George e do moderador (que aventa ser a escritora uma "destruidora de casamentos", uma "boca" tétrica), está uma outra escritora, Ana Bárbara Pedrosa, da qual não li livros. Algo arredada do tom cáustico sobre a escritora, mas aproveitando para dissertar sobre a tal "construção" de "personalidades literárias" através do manuseamento da imagem nas redes sociais. Ou seja, as "redes sociais" (a exposição pública, entenda-se) e a conjugação com outros escritores são vistas como fenómenos "ilegitimadores" ou, pelo menos, apoucam...
 
É esta "lisboa" de novo. Desconhecia Pedrosa até há pouco. Há meses, numa alvorada, alguns amigos de Maputo avisaram-me de um texto dela, publicado (claro) no "Público". Passado algum tempo insistiu e publicou outro na "Sábado". Enviaram-me esses amigos a ligação ao primeiro texto acompanhada de questões, a mais simpática das quais era "quem é esta gaja?".
 
Ambos os textos são "crónicas" de viagem, quase como se reportagens, dedicados à situação política moçambicana. Poupo nos adjectivos: são ignorantes. E absolutamente cagões. E uma verdadeira encenação, uma produção de "personalidade literária" - a escritora empenhada chegada ao país "em crise" (ou, se se preferir, "a África"), que logo percorre (enfim, a capital...) e que logo tudo percebe e sobre isso perora, ciosa opinativa. A clarividência "on the road"...
 
Ou seja, para George e para o moderador, uma jovem escritora que escreve como ensinam na "escrita criativa" e se divulga porque se sabe mexer nas "redes sociais" digitais não "faz parte" e é achincalhável. Mas uma jovem escritora que se mexe bem nas "redes sociais" da "lisboa", a "secção africanista" do "Público" (sobre a qual é melhor nem discorrer) ou quejandos jornais, a "rede social" "activista", e decerto que em "sites" decoloniais, etc.? Essa já "faz parte". Pois "é das nossas".
 
Não fosse eu ateu e diria que os espíritos do Cotrim e do Mega Ferreira - que bem mereceram ser escalpados, já agora - se estariam a rir. Pois, de facto, "les beaux esprits se rencontrent".

23
Mar25

5 anos após o Covid

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Já se sabe que a memória - a pessoal e a colectiva - é muito selectiva. Fazemos um esforço por largar o lastro do que julgamos e sentimos desnecessário/desagradável. Ainda mais no que toca a efemérides e "números (ditos) redondos". Lembrei-me ontem que faz agora 5 anos que nos confinámos devido ao Covid. E não vi grandes ecos sobre o assunto...
 
Então eu - e a minha filha - fechámo-nos na quinta de amigo no dia 13 de Março. Em termos logísticos foi um confinamento de "luxo". Mas angustiante, claro.
 
Entretive-me a escrever um (longo) texto, partindo do "Tufão" de Conrad para tentar perceber o tão medíocre governo que tínhamos - e sem pitada de negacionismo, anticonfinamento ou antivacinas. Alguns amigos gostaram do texto. Encimei-o com uma fotografia do amigo Miguel Valle de Figueiredo (que na altura fez o livro "Cidade Suspensa", sobre a Lisboa confinada).
 
Enfim, foi um mau período. Deixou algumas sequelas. E a gente já nem quer ouvir falar daquilo... (Deixo a ligação para o texto, caso alguém ainda tenha paciência: "O Capitão MacWhirr e o Covid-19".

22
Mar25

Dinamarca-Portugal

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Ontem ao fim da tarde fui ao "Cabeça de Touro" ouvir o que têm para dizer os membros de uma lista que se candidatará à Junta de Freguesia dos Olivais. Gostei - aqui a IL já está a reflectir, nisso a trabalhar, saúdo isso.
 
Depois segui ao vizinho "Flor do Minho", partilhei uma boa dobrada com amigo "dos tempos". A menina-minha-mais-que-querida foi mais frugal. Ao sentarmo-nos, eu a escolher ficar de costas para a televisão, perguntou-me ela - e também ele - "não queres ver o jogo?". "Não me interessa", ripostei, abancando sem cerimónias. "É a selecção...!", resmunguei, já com a manápula nas azeitonas.
 
Fernando Gomes era braço direito de Pinto da Costa. Depois foi delegado para a FPF. Ali escolheu Fernando Santos para seleccionador. Este teve o bambúrrio de ganhar um Europeu com uma equipa que não jogava nada. Depois, aquando da primeira Liga das Nações fez aquilo para o qual esta fora criada: jogar com os putos e os secundários. Ganhou!
 
Entretanto a FPF de Fernando Gomes fez com Santos um contrato para "dar a volta" ao fisco. E arrastou-o anos a fio como seleccionador, de desilusões e mau futebol feitos. Os ministros das finanças, o primeiro-ministro e o presidente? Adoravam-no, ao Gomes.
 
Depois, quando "aquilo" ficou insustentável, Gomes - presidente da federação de futebol num país onde há uma extraordinária "escola" de treinadores (4 na 1ª Liga inglesa, vários triunfantes no Brasil, outros nos luxos árabes, imensos mundo afora) - contratou um estrangeiro mediano, tornou-o - se calhar já sem contratos mariolas - um dos seleccionadores mais bem pagos do mundo. E o septuagenário Santos lá foi, mundo afora, amealhar porventura para pagar as inesperadas coimas.
 
Gomes foi condecorado (aquilo do contrato não o maculou). E foi para presidente do Comité Olímpico (aquilo do contrato não o maculou). E deixou-nos amarrados ao tal seleccionador. E a selecção nacional não joga nada, está até pior do que no tempo de Santos.
 
"Não queres ver o jogo?", surpreende-se a menina-minha-mais-que-querida, "Então, pá?", surpreende-se o meu-padrinho. Sorvo o gole da imperial, com as costas da mão limpo a espuma alojada na bigodaça. E ouço o Comendador Teixeira a perguntar: "como é que se condecora um gajo destes?", "isso é que eu queria ver, o marcelo a responder a isso".
 
Ainda a lambuzar-me com a dobrada (aviso, é boa a do "Flor do Minho") dizem-me que o jogo acabou. Perderam? Claro, "não jogam nada...." E não adjectivo nem aduzo interjeições. Pois está ali a menina-minha-mais-que-querida. Apenas reduzo tudo ao óbvio "não é a minha selecção".

22
Mar25

A "linguagem de rua" no blog

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(Postal para o Delito de Opinião)

Há uns dias o Pedro Correia deixou aqui um postal referindo que uma simpática leitora do DO lhe confidenciara o seu desagrado pela utilização de palavrões neste blog. Acontece que por vezes eu me liberto da tenaz que a minha irmã e a minha filha constituem e deixo correr a "linguagem de rua" - serei o único a pecar entre os prezados (e educadíssimos) co-bloguistas, talvez haja algum comentador (mais ou menos anónimo) que me acompanhe nesse rumo de franqueza popular, assim também maculando o belo blog.

Ainda que ateu, penitencio-me por esses erros, advindos de graves falhas de personalidade. Pois quando vejo coisas como estas, isto dos deputados do PCP António Filipe, Paula Santos e Alfredo Maia (este último um tipo que foi durante uma década presidente do Sindicato de Jornalistas, o que imenso diz da "classe") não só recusando acolher com aplausos os visitantes parlamentares ucranianos mas, mais do que isso, dando-lhes as costas - não se trata apenas de uma recusa simbólica de aplauso, uma posição política, é mais do que isso - ocorrem-me alguns termos desagradáveis às simpáticas leitoras do DO.

E ocorrem-me outras coisas, neste perigoso registo de associação de ideias: um presidente da república estrangeiro, o ucraniano, é convidado a discursar na Assembleia da República. E um funcionário parlamentar deixa-se em dislates públicos apoucando o convidado e a situação. E nisso afrontando o órgão de soberania no qual trabalha. "O que é isto, então agora o pessoal menor tem estas atitudes?" dirá, curialmente, qualquer simpática leitora do DO. Eu, desse António Filipe, disse e digo outras coisas... E lembro-me do escritor comunista Mário Carvalho ("ai que belo escritor", dirão logo as educadas leitoras do DO) a clamar que os tipos das redes sociais (eu e outros) que associavam o PCP a posições pró-russas eram pagos para isso. E a filha dele, também escritora, choramingando junto ao Boaventura, ao Soromenho Marques e outros que tais, que eram "perseguidos", "censurados" e até "criminalizados" por serem inteligentes, iluminados e, nisso, ditos algo russófilos.  Ou seja, o Mário Carvalho pode dizer que eu sou uma puta, perdão, prostituta, e alguns outros também. Mas é a linguagem de rua que ofende, não o putinismo abjecto desta gente. E portanto eu não direi palavrões, não digo o que penso desse António Filipe, dessa Paula Santos, mais desse outro qualquer. E do Mário Carvalho e da sua velha pirralha. Para não ofender as senhoras...

Como também não digo o que penso dos democratas-cristãos, esses do zombie CDS, que muito apreciam Putin porque sabe distinguir homens de mulheres. Porque, como se sabe, os gajos do CDS são muito avessos a essas coisas da homossexualidade. Estes "gajos" (enfim, autocensuro-me assim...) não têm vergonha na cara.

Pois o problema, real, é o da "linguagem de rua". Não este lixo humano.

12
Mar25

Adriano

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("O Senhor Morgado", Adriano Correia de Oliveira)

Hoje num postal lembrei esta canção - "O Senhor Morgado", letra do Conde de Monsaraz, música de José Niza - cantada pelo grande Adriano Correia de Oliveira. Está no LP "Gente de Aqui e Agora". A canção é uma pérola, ouço-a desde muito muito menino - o disco é de 1971 e desde então cá em casa, comprado, ouvido e trauteado pelos meus pais. E também eu a trauteio, ainda hoje..., o que é forma, sim, de os recordar. 

Adriano Correia de Oliveira - "o Adriano" - era daqui. Vivia nos Olivais, a sua mulher Matilde era amicíssima da minha mãe Marília, a sua belíssima filha Xuxu, uns anos mais nova do que eu, era um encanto - como a sua mãe o era, já agora - e decerto que ainda o é, ao seu puto mais novo não conheci, petiz em demasia para nele ter atentado. Tal como o meu pai, o Camarada Pimentel, "o Adriano" era do "Partido". Mas à sua maneira! E nisso imensamente maior do que a vida, sabendo, cantando, e vivendo o abissal disto tudo. Morreu já velho, pensei naquela altura dos meus 18 anos, um miúdo de 40 anos, digo-o agora. 

Cá no bairro deram o seu nome a uma escola primária ("básica" chamam-lhe agora, como se isso não fosse um paradoxo). Foi bonito! Às vezes vou lá à porta - sempre em justa e prazerosa tarefa, sexagenário acorcundado esperando stôra, "seja Deus Louvado...".

E murmuro, trauteando, "o (grande) Adriano". Demasiado esquecido.

Bloguista

Livro Torna-Viagem

O meu livro Torna-Viagem - uma colecção de uma centena de crónicas escritas nas últimas duas décadas - é uma publicação na plataforma editorial bookmundo, sendo vendido por encomenda. Para o comprar basta aceder por via desta ligação: Torna-viagem

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