16
Set23
20 Anos do Movimento de Arte Contemporânea de Moçambique
jpt
Que o tempo se escoa é um lugar-comum, até fastidioso. Mas há sempre momentos em que isso se impõe, de modo mais ríspido. Acabo de ver que em Maputo se inaugurou uma exposição colectiva (que estará até o início de Novembro), assinalando os 20 anos do MUVART - Movimento de Arte Contemporânea de Moçambique. Esse que então foi uma verdadeira pedrada no... rio artístico nacional.
"Caramba, 20 anos já!", sorrio/resmungo. E "Ora este seria um bom pretexto para apanhar o avião, ir matar saudades e ver como estão as coisas...", murmuro, como se tal me fosse possível. Enrolo um cigarro e fumo-o, em memórias das actividades do MUVART e/ou dos seus membros iniciais. Lembro-me também que escrevi um breve texto para o catálogo de uma das Bienais que o movimento organizou, que bem difícil me foi, pois impus-me não aparecer pretencioso - e é muito difícil a um não especialista não ser pretencioso quando escreve sobre arte, em particular a dita "contemporânea". Não ficou grande espingarda mas pelo menos, estou certo, não me armei em parvo.
Enrolo outro cigarro. A minha costela Rimbaud restringe-se a um dito dele, em carta tardia. E vem ao de cima, nesta manhã já outonal: "que faço eu aqui?".
Adenda: escrevo o postal, nesta verborreia quotidiana. Está terminado e lembro-me do que ontem encontrei um velho amigo, um tipo sempre ríspido, e que me vai lendo. Ao de leve expressou-se um pouco solidário comigo, registo verbal nele excêntrico. Percebi-o e fui-lhe dizendo que a autoderisão sarcástica é muito fundamentada mas não é lamurienta.... Riu-se e rematou "mas olha que as pessoas não te percebem", "tens de meter um emoji...". Não coloco tal coisa, mas deixo o aviso: o bloguista é o tipo que finge o buraco em que deveras está.