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Nenhures

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É o dia seguinte ao incêndio da Notre-Dame, e agora sê-lo-á para sempre. Na manhã sigo ao mercado da praça Dailly, às bancas turcas e belgas, vivas de legumes e frutas, frescos e saborosos. Na Brabançonne, rua ainda com laivos de "património", o alfarrabista aproveitou o tempo soalheiro e, como sempre o faz nos raros dias assim, apôs uma pequena mesa de livros porta fora, como se que a ornamentar o passeio.

Hoje, claro, está centrada em Paris, na sua catedral, como teria que o estar depois da desgraça de ontem. Vejo este livro, "Cathedral: the Story of its Construction", de David Macaulay, que desconheço, a 5 euros. Hesito, folheio, decido comprar, menos legumes, menos fruta levarei, ainda bem que a filha foi de férias, não haverá problemas se mais parca for a ementa.

 

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E como não o levar? O exemplar está em belíssimo estado, como se novo, e numa edição de 1973. E o livro é uma verdadeira pérola. Macaulay ficciona a construção de uma catedral gótica francesa: inventa uma Chutreaux e narra, ilustrando-o, com detalhe todo o processo de construção da catedral.

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O autor deixa então todo esse processo de edificação da imaginária catedral, desde a tomada da decisão em construí-la, em 1252, até à sua conclusão em 1338. E nesse processo demonstra a omnipresença do divino na sociedade, a confluência de toda a cidade na projecto de erigir a maior catedral do país, a congregação de saberes e energias. 

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O texto é elucidativo, breve, explicitando os passos seguidos, numa sobriedade formal que não agride o leitor leigo com excessiva técnica. Bem pelo contrário, torna acessível a compreensão de todos os processos. Mas o cerne do livro são as ilustrações, magníficas, que cobrem as 80 páginas do livro. Descrevendo os ofícios envolvidos, os materiais colectados e produzidos, os passos desde a abertura das fundações até à instalação da sua cumeeira, as técnicas utilizadas, as figuras construídas para ornamentar. E a festa final, o encanto da população - "netos dos que iniciaram o trabalho" como refere (ficciona) Macaulay.

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E nisso mostra não só a tal omnipresença do divino mas também a grandiloquência do construído, explanando o como era assim a dimensão eclesiástica a argamassa unificadora. 

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David Macaulay, tem outros livros, de produção posterior e na mesma linha. A perseguir, decerto, tamanha a qualidade deste.

 

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