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Nenhures

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(Postal para o És a Nossa Fé)

Vejo nesta madrugada a entrevista do presidente do Sporting. É pungente. Ouço, com piedade, os primeiros 4 minutos: que atitude subjaz as declarações iniciais de Varandas? O clube em crise, insatisfação generalizada, preocupação de associados e adeptos. Como começa Varandas? Como sempre o auto-elogio, agora recorrendo a elementos externos: gaba a sua própria coragem, a sua própria paciência. E fá-lo através das palavras de treinadores (Mourinho, Jardim). Ou seja, nesses primeiros 4 minutos Varandas - marcando, de forma letal, o rumo da entrevista - sufraga a ideia de um "clube de malucos" (ideia que muitos de nós até partilharíamos, se em privado) para propagandear a sua "coragem" e a sua "paciência". Isto não é só  pequenez, é desnorte. Para quê? Não entende ele que o fundamental é ser gabado por sportinguistas e não por treinadores que lhe recusam os convites?

Pungente? Logo de seguida, a partir dos 4 minutos, decide dar uma mensagem "directa", que entende necessária, aos sportinguistas. E balbucia uma longa deriva afirmando a "humildade" dele próprio e dos corpos dirigentes. Entenda-se, numa entrevista importante num  momento de crise, Varandas começa por recorrer a um dichote externo propagandeando a ideia "de um clube de malucos" para poder sublinhar a sua "coragem" e a sua "paciência". E de seguida diz que a mensagem fundamental a transmitir é a da sua "humildade". Vejam os primeiros 7 minutos, e é isto, nada mais do que isto.

A importância de uma entrevista televisiva é muito relativa. De facto só tem relevância pelo que demonstra da personalidade do entrevistado e do estado da sua auto-consciência. E é notório que Varandas não se percebe a si próprio, devido às suas características. Ao longo do tempo, desde a sua apresentação como candidato, que o venho referindo: trata-se de alguém basto auto-convencido -. o que não é defeito, é característica. E que gere segundo intuições, crê na sua intuição, e em demasia. Isso dá azo a imprudências, e a opção Keizer disso foi exemplo. Letal. A ponderação, a prudência, apesar do tom repousado da sua expressão pública, é-lhe estranha.

Varandas será um belo profissional da medicina. É com toda a certeza um grande sportinguista, dadivoso. A sua disponibilidade para liderar o clube após o descalabro do anterior presidente é mais do que elogiável. Tudo aponta para que seja um homem probo. Mas torna-se óbvio, e ontem a televisão mais uma vez o demonstrou, que não tem as capacidades intelectuais necessárias para administrar um clube como o Sporting. 

Como tal, mais do que discursos louvando a "estabilidade" ou sacralizando regulamentares prazos de mandatos, é importante que se perceba que vai haver eleições a curto ou médio prazo no clube. Pois após apenas um ano a direcção Varandas está esgotada, na trapalhada da gestão do futebol, nos tiques autoritários (o caso da elisão do campeão mundial de judo é totalmente inaceitável), na incapacidade de apreensão do real, na demagogia (o financista Salgado Zenha especulando sobre futebol), na desastrada comunicação com os associados e a massa adepta. Etc. Ou seja, estes corpos sociais ofertaram-se, generosamente, ao clube. E falharam. Urge compor  nova opção, e o quanto antes para evitar maiores maleitas.

Não conheço as pessoas, não vivo a vida interna do clube. Mas vendo-o de fora parece-me que a solução é interna. Vendo de longe parece-me, e apenas especulo, que Miguel Albuquerque, o homem do sucesso das modalidades amadoras sob Bruno de Carvalho e que vem mantendo esse barco com Varandas, tem as características para inverter a deriva  presente e passada. Congreguem-se as tendências sportinguistas, suspendam-se os desbragados egos, desistam os interesses esconsos. E mude-se isto, antes do Natal se for possível.

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