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Nenhures

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A história é simples: a Câmara de Lisboa decidiu instalar a EMEL na freguesia de Olivais. Escolhendo um modelo todo desatento às características urbanísticas (espaciais e sociológicas) do "bairro". A presidente da Junta (PS) desde há anos garantira que sob sua presidência a EMEL nunca seria instalada, e disso também fez argumento de campanha eleitoral. Tudo isso foi varrido, e aí já está o processo de instalação do parqueamento pago. Com efeitos brutais na mobilidade/sociabilidade dos habitantes de tão peculiar freguesia. Para se justificar diz a presidente Rute Lima (entretanto candidata à AR por Lisboa) que os opositores à EMEL são "comunistas", e assim segue ufana no desdizer-se.
 
Não se trata apenas da rapina económica (impostos e taxas) estatal. Nem só do alijar das responsabilidades camarárias na situação automóvel - nas últimas três décadas a construção imobiliária, de estações de metro, e o crescimento do aeroporto, nunca foram conjugados com o do estacionamento (parques ou silos).
 
É pior ainda: pois as instâncias camarárias foram forçadas a aprovar a realização de um referendo aos fregueses para decisão sobre a instalação da EMEL. E estão a protelar a sua realização enquanto vão instalando o parqueamento pago. Ou seja, não é pura irresponsabilidade camarária, não é pura demagogia dos políticos. É mesmo violação dos procedimentos legais democráticos. O partido do poder, no centro de Lisboa, a comportar-se assim. E o (empobrecido) cidadão que pague, cada vez mais. Sem qualquer racionalidade, sem considerações do impacto social destas medidas punitivas, sem procurar desenhar modalidades menos agressivas.
 
Hoje, sexta-feira, depois do horário de trabalho, às 19 horas, é de ir até ali à Encarnação/Olivais Norte, diante da sede da Junta. Para exigir a realização do referendo. E depois que a população freguesa diga do seu entender: se sim, se não, e como. Mas, acima de tudo, para ecusar que o poder político continue a tentar fintar o povo. Demagogicamente.
 
Por isso clamo: "De pé, ó vítimas da fome"! E lá estarei, ombreando com o "sal da terra". Contra esta gente.

Anteontem o Flamengo ganhou. Creio que a esmagadora maioria dos portugueses que gostam de futebol, polémicas à parte, dichotes esquecidos, torceram pelo Jesus e festejaram os feitos do peculiar e brilhante treinador. Benfiquistas e sportinguistas em particular, unidos na bola pelo JJ. Essa comunhão nacional foi logo saudada pelos políticos, PR à frente - e bem.

Talvez isso sublinhe ainda mais este episódio, que o Pedro Correia muito bem titula de "inqualificável". Esta semana na AR foi proposto um voto solidário com Bernardo Silva, acusado de racismo e castigado pela corporação inglesa de futebol (Liga), o colégio do patronato. A acusação é vil, a sentença injusta e os danos morais (e reputacionais) grandes. A arrogância patronal óbvia. Fui ler o texto da moção solidária com o jogador internacional - é absolutamente liso, sem "sub-texto", como tantas vezes estas moções têm. Diz da necessidade de combater o racismo no desporto. E salvaguarda Silva, dizendo da incorrecta acusação e sua decente personalidade - e quem tem ligações ao mundo do futebol (e na AR há quem tenha) sabe que isso é bem verdade, Bernardo Silva é um campeão muito peculiar, na sua robusta personalidade, que o torna particularmente querido. E, de facto, socialmente exemplar.

Mas o voto de solidariedade com o futebolista e de crítica ao patronato do futebol inglês foi chumbado. Pelo BE e pelo PS. A propósito de quê?, com que fundamentos?

Hoje, com toda a certeza, o secretário-geral do PS e tantos dos seus militantes mais conhecidos, andarão a louvar o outro campeão da bola, Jesus, a associarem-se à alegria do povo. Amanhã, caso o Manchester City ganhe troféus relevantes (a Liga dos Campeões, por exemplo), lá virá Costa fazer o mesmo, saudar Silva. E lá aparecerão nos jardins de São Bento, a coordenadora Martins e o sec-geral Costa em particular, a receberem a selecção antes do próximo Europeu. E, nesse dia, com toda a certeza se o Diabo não vier a tecer lesões, recebendo então Bernardo Silva, o magnífico jogador.

A hipocrisia desta gente é enorme. Tanta que até funciona quando é desnecessária, mero reflexo. Da sua natureza. Vil.

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(A Oeste do Canal: Textos Sobre Moçambique)

Se eu pudesse publicar um livro seria mais ou menos este. Há vários anos colocara na minha conta na rede Academia.edu uma colecção de textos. Agora mantive-lhe o nome mas mudei o conteúdo:

"A Oeste do Canal" é uma colecção de 64 textos meus escritos entre 2003 e 2017: apresentações de livros, textos para catálogos de exposições, comemorações de efemérides, textos para premiações de júris aos quais pertencera, artigos de jornal, notas de leitura sobre livros menos conhecidos, algumas cenas da vida do país, entre as quais breve análise das manifestações em Maputo. E, mais do que tudo, sobre amigos, vários dos quais escritos aquando da sua morte, forma de os ir lembrando.

Aos que se possam interessar: basta pressionar a ligação que acima deixo e gravar o pdf. Se depois ainda tiverdes a gentileza de ler ficarei muito agradecido.

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Muito faço este gesto. Não, não sou um "supremacista branco", mesmo que deteste visceralmente aquele partido tribalista do doutor Tavares, tão do apreço de alguns antropólogos portugueses (e até, para minha dor, de amiga antropóloga). E de quejanda tralha socratista.

Faço-o, ao gesto, expressando filosóficos "que pitéu!", "que belo uísque!!", "de chorar por mais ...". Ou coloquiais "na mouche", "óptimo!", "certo!", "impecável", "isso mesmo". Pois é esse o seu antigo significado, canónico, o tal galicismo "na mouche": "no alvo!, arqueiro". Ou seja, aquilo a que os que falam (e pensam) por onomatopeias clamam "OK".

Hoje há por aqui uns pândegos, senhoras finórias e rapazes de teclado espigadote, a interromperem as suas diárias loas a Passos Coelho, Portas, os liberais, e a alguns estrangeiros muito na berra, que me enchem o facebook mostrando-me gente conhecida e de várias cores a fazer o mesmo gesto. Meus colegas gestuais, por assim dizer.

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Querem, estes atrevidos, com isto convencer-me (e se calhar a outros) que os garbosos polícias foram em "arruada" a São Bento acompanhados do deputado André Ventura mostrar ao parlamento e respectivo governo que tudo está OK, que as suas políticas e atitudes são na mouche. De "chorar por mais".

A minha família proibiu-me de dizer palavrões no FB e no blog. Estou assim limitado. Ficam assim apenas subentendidas as práticas que recomendo às tais senhoras, tão passoscoelhistas, e aos (serôdios) rapazotes espigadotes. Quereis-me tomar como parvo? Ide ..

 

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Um querido amigo, que no princípio de XXI brevemente me sofreu como professor e depois durante anos ombreou como colega, chega a Lisboa. Acorro, cruzo o Tejo, aos abraços saudosos (a gente não se beija, como os lisboetas "classe média" e [alguns] macuas rurais). Levo-o a almoçar a um bom restaurante no actual centro da capital, não muito caro mas daqueles de comida mui honesta (o bacalhau à Lagareiro estava decentíssimo e as iscas soberbas), e de serviço como "deve de ser", guardanapo de pano não puído, empregados sabedores e suavemente uniformizados, simpáticos sem intrusões. E, claro, sala de fumadores, para a "nipa" final. Sou ali, durante o almoço, e como sempre quando neste assim, o "mais-velho".

O empregado descobre-me "senhor doutor", a mim, ainda que cliente raro e não pródigo. E assim irei "senhor doutor" das azeitonas até à tal nipa escocesa, com simpatia. "Costumas vir aqui?", perguntam-me e pergunto-me, mas que "não", de facto há dois anos que ali não vou, e sempre fui com grandes amigos moçambicanos, nem tanto por coincidência, pois sítio, repito, "como deve de ser", assim refúgio para dias de cicerone.

Peço a conta. Faço questão disso, apesar do triste estado bancário, "noblesse oblige" diz o republicano. Trazem-me a máquina, entrego o simples cartão de débito. O qual ostenta o meu nome. O empregado, decentemente gorjetado, agradece e despede-se num "até à próxima". E acrescenta-lhe um "Senhor José ...".

Não há dúvida, um gajo da minha geração tem que deixar-se de coisas., republicanices ... E meter aquilo do "doutorzeco" no cartão bancário.

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