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Nenhures

(Acufeno-traumatismo acústico)

2019, Rescaldo: foi um ano ... complexo. Rico, difícil e complexo. Coisas boas, coisas nem tanto. Um feito familiar. Alguns inconseguimentos pessoais, coisa já usual. Uns companheiros perdidos/partidos.
 
Mas, de facto, o que me fica de 2019? Isto, em crescimento exponencial. E assim sendo nada mais será como antes. Como tal, um ano marcante.

Estou ciente de que para muitos dos facebuqueiros (e tuíteiros) portugueses sentados mais para a direita - e até para vários dos que há pouco apoia(ra)m o IL - Nick Clegg, o antigo presidente do Partido Liberal Democrata e vice-PM do governo de coligação com os Conservadores de Cameron, é um perigoso "marxista cultural" (acho que para estes celtiberos piolhosos hoje em dia até as gentes daquele "Tea Party" são "marxistas culturais").

No Brasil um programa humorístico gozou com Jesus (o Cristo, não o nosso Jorge). Escândalo por lá. E cá já andam textos a clamar contra a "libertinagem". No FB agitam-se muito incomodados os "católicos" - de facto os celtiberos pagãos, grunhindo entre os ardores do hemorroidal e os fervores da piolheira.

E eu lembro-me deste magnífico trecho de Nick Clegg (sim, o tal "marxista cultural" imaginável por esta escória). Respondendo na rádio a um proto-censor islâmico que justificava os assassinatos na Charlie Hebdo - tal como então por cá tantos, ex-PCP e/ou oriundos da Capela do Rato, o andaram a fazer, partilhando apoiando um miserável texto do padreco Boff. A contestar o direito à liberdade de expressão, a defender a (auto)censura da blasfémia.

Para esses crentes islâmicos, para esses (ex)PC's e sacristas do Rato d'então, para estes fascistóides do hemorroidal d'agora, a resposta é a mesma: na democracia não se tem o direito de não ser ofendido. Ou seja, a blasfémia é um direito fundamental.

Não se gosta do artista, da piada? Apupa-se, pateia-se. Só. Só mesmo.

Não percebe(s) isso? Vá(ai) por o creme, pá.

julia-roberts-by-michael-tighe-13.jpg

(Julia Roberts, colhida nesta galeria de fotos suas dos anos 80s e 90s)

Durante o nosso telefonema de Boas Festas ("como está tudo?") a minha boa amiga Joana, décadas de caminhos e geografias algo comuns, confirmou o que outros amigos me dizem: "És muito rezingão ...". Não é assim que me vejo. Mas talvez seja defeito meu, uso o blog (e o FB) para libertar a azia provocada pelas más-coisas do meu país. E percebo, aos 55 anos, que isso é um provinciano erro meu, a ideia de que um tipo minimamente informado (um "quase-intelectual", se me permitis a presunção) deve explanar a sua visão dos males do mundo, como se os pudesse influenciar. E guardar para o registo pessoal ("público" vs "privado", dizia-se) os factos da sua privacidade, as boas coisas (e também as más, as maleitas e as infelicidades).

Segui assim um bacoco, a montar uma "persona". E, para este Natal e nova década (sim, aquele meu outro patético "eu" sabe que a década começa em 21), decido mudar de vida internética.

Menos rezingão, mais franco: saudando o magnífico Portugal (que o é), celebrando o excepcional grande punhado de amigos que me fazem o favor de o ser, louvando a Família que me acarinha. Explicitando as belas sessões de convívio, as patuscadas que se vão seguindo apesar das idades dos participantes, as piadas conjugadas e tão gargalhadas. As vitórias e derrotas do meu Sporting, e as risadas e inóquos resmungos que me provocam. Os belos livros, e até imagens (em movimento ou paradas) consumidas. Entre eles, o magnífico legado de textos de antropologia, coisa tão boa de estudar. E, claro, as maravilhosas mulheres que nos rodeiam. Ao vivo. E, já agora, as que nos surgem nos ecrãs, tanto acalentando-nos.

Celebrarei assim este vale de sorrisos. Na realidade, o meu verdadeiro quotidiano, tão diferente do da pantomina daquele "quase-intelectual" que quis afivelar. Começo assim. E não creio que melhor escolha pudesse haver.

Tende um feliz natal. E uma Bela Década de 20.

 

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