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A primeira vez que li falar do novo presidente do CDS foi na sexta-feira véspera de congresso, no mural-FB de uma amiga (real) que é dirigente do partido. Demonstrando o seu apoio àquela candidatura. Por maioria de razão nunca ouvira falar do senhor que nesta fotografia está, com notório vigor, ao lado do novo líder. E só dele tenho eco nesta semana. Vejo que não se trata exactamente de um jovem, assim deduzindo que há meia dúzia de anos já não fosse um adolescente radicalizado semi-inconsciente. Ou seja, é medianamente responsabilizável - como qualquer um de nós, "homens e as suas circunstâncias" - pelo que então dizia. Leio agora que este vigoroso político, eleito dirigente nacional daquele partido, é apreciador da "competência" da PIDE e nada aprecia a memória do "agiota" Sousa Mendes.
Interprete-se bem isto, não se trata de anti-semitismo (o enérgico político até lamenta a extorsão de que teriam sido alvos os judeus às mãos do diplomata português). A aversão a Sousa Mendes é um traço típico, houve e há quem assim pense, assente numa razão: o homem, por razões da sua consciência, violou as instruções de Salazar. Nem sequer discuto a pertinência da "razão de Estado" que conduziu o Estado Novo de então, a tudo fazer para que não fosse o país palco daquela guerra. E nem sequer apelo ao extenso rol de democracias instituídas que então tão pouco solidárias foram com o êxodo judeu. Apenas digo que o governo de Salazar não quis acolher fluxos de refugiados judeus - ainda que bastantes tenham chegado. E que Sousa Mendes recusou essas instruções. A "História" (ou seja, as sensibilidades actuais) deu razão a Sousa Mendes. Mas, para alguns, refutar - ainda que assim, naquela pungente realidade - as instruções de Salazar é ainda hoje motivo de menosprezo. De opróbrio. E de calúnia - aprecie-se ou não a acção de Sousa Mendes, parece claro que não actuou com objectivos económicos, não foi "agiota" como invectiva tão a posteriori o adulto vigoroso político..
Dito isto, ao ler que um homem destes está na actual direcção do CDS tive o reflexo normal num tipo medianamente informado e relativamente decente: o CDS está a cavalgar a vaga actual de reforço do populismo de direita, a "fascistar-se", a querer competir com o fenómeno venturista, e deitar mão do piorio que por aí há. Lamento, claro, que esse seja o rumo do partido de Lucas Pires, de Adriano Moreira, de alguns outros dirigentes históricos, de gente respeitável (como o é a minha amiga a que acima aludo). Sombrios sinais dos tempos.
Depois, ontem, li um excerto citado no FB de um artigo de Rui Ramos. Afinal o tal fascistóide já estava na Comissão Política anterior, de Cristas, e ninguém, no seu partido, na imprensa, no "redessocialismo", se importava. Entenda-se, o vigoroso membro da Comissão Política do CDS entretinha-se com loas (que agora foi apagar) à PIDE e a Salazar.
Bem antes de Ventura, bem antes da propalada "vaga populista" (de direita). Afinal, é apenas o CDS. Este lixo.