Maputo: Etnografia de Uma Cidade Dividida
Maputo: Etnografia de Uma Cidade Dividida, filme de João Graça e Fábio Ribeiro, de 2015. Um muito interessante documentário sobre a cidade. Tem 74 minutos e legendagem em inglês. (Está aqui albergado).
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Maputo: Etnografia de Uma Cidade Dividida, filme de João Graça e Fábio Ribeiro, de 2015. Um muito interessante documentário sobre a cidade. Tem 74 minutos e legendagem em inglês. (Está aqui albergado).
[James McNeill Whistler, “Arrangement in Grey and Black No. 1,” ("A Mãe de Whistler") 1871]
I.
Ontem coloquei o "O Sequestro da Minha Mãe", sobre o que a minha nonagenária mãe passa na sua "residência". Não sou negacionista da gravidade da situação nacional nem opositor a medidas de protecção sanitária. Mas vou irado com esta histeria, produto mediático de uma trôpega e errática administração pública. E das respectivas tutelas.
Exemplifico: em Agosto o lar da minha mãe foi atingido por um surto de Covid-19. Ninguém adoeceu. As visitas foram encerradas. A 40 kms de Lisboa, num residência de terceira idade, desde que se soube do primeiro infectado a administração local de saúde demorou ... 7 dias a testar os cerca de 30 habitantes.
Há cerca de três semanas que se comprovou que ninguém está infectado. Mas as visitas continuam proibidas e os residentes confinados aos seus quartos. Com efeitos tétricos. E potencialmente letais, para nonagenários e centenários. Há uma semana foi-me dito que se esperava que uma qualquer "Protecção Civil" fosse desinfectar o edifício para se reiniciarem as visitas e, acima de tudo, desconfinar os habitantes dos seus quartos.
Hoje, passada uma semana, dizem-me que .... se aguarda que uma qualquer "Protecção Civil" vá desinfectar o edifício. Para que possa haver visitas, para que os habitantes possam sair dos seus quartos. Nada mudou, nada disto parece ser urgente.
Passa-se isto, esta Administração Regional de Saúde, esta Protecção Civil, esta Câmara Municipal, no concelho de Mafra. Terra onde eu aprendi, há 30 anos no "Calhau", o significado de "estar a dormir na forma". É como esta gente, saloia, está. "A Dormir na Forma". Tal como todos nós, saloios que somos.
II.
(Sobre esta questão assim comentei num mural de facebook de uma amiga)
Duvido que num contexto destes haja "a melhor solução". Mas há actuações melhoradas. E é isso que falta. Nós estamos encostados entre duas posições públicas: uma minoria, activa mas no nosso país muito minoritária, que clama que tudo isto, esta pandemia, é uma inventona do marxismo cultural e que, de facto, no pasa nada ...; e uma maioria que procura o conforto quotidiano, e que acha o governo magnífico, a Dra. Graça uma simpatia, a ministra da saúde uma sumidade, que ainda por cima dança na tv, e os críticos da actuação estatal uns reaccionários avessos ao SNS e à existência do funcionalismo público. No meio desta patetice temos um enorme número de velhos ("idosos" no palrar d'agora) no lares que estão como se "institucionalizados", como se sob custódia estatal. E não estão ...
Já em Abril Manuel Alegre - que não é um reaccionário ultra-liberal - contestava a deriva para o enclausuramento dos mais-velhos (em lares ou em casa própria). E nisto tudo se potencia a mentalidade estatista, tão dominante em Portugal (e eu quando voltei a Portugal após 18 anos fiquei completamente estupefacto como os próprios antropólogos, meus colegas, que deveriam ser os primeiros críticos/analistas dessa mentalidade generalizada, são completa e acefalamente reprodutores dessa mundividência). A qual permite, produz, reproduz, reforça, enquista esta "burocratização" (no mau sentido da palavra) que nada mais é do que soberba, a tradicional soberba dos funcionários públicos, o comportamente altaneiro, o exercício mesquinho e anti-humanista (porque muito inculto) e anti-humanitário (porque politicocentrado) dos escalões médios do funcionalismo.
Neste caso (que é similar a tantos outros, como me têm dito nestes últimos dias) há 30 octogenários e nonagenários fechados nos seus quartos, atemorizados e vários deles incompreendendo a situação, com custos físicos e psicológicos gravíssimos, à espera. Há três semanas que podiam ter voltado à sociabilidade e a alguma mobilidade. Há uma semana que esperam que a Protecção Civil vá desinfectar o edifício (a GNR, julgo). E nada acontece - porque a rede de instituições cuidadoras, que não é estatal mas tem características corporativas que muito a aproximam em termos mentais dessa estatização, não considera isto inadmissível (demonstrando a tal mentalidade da custódia), e não se insurge publicamente contra esta demora. E porque as instâncias estatais julgam isto "normal", a tal soberba do funcionalismo. Que é, neste caso, potencialmente assassina.
De facto, isto é uma questão pontual, a reacção a uma situação extraordinária. E muito particular, pois cada um preocupado com as suas famílias. Mas é também imensamente política, num país onde os locutores públicos (e tantos deles académicos das humanidades) patinam em vácuos comunitarismos importados e não têm sedimentada a urgência dos direitos individuais, das liberdades, que tanto extravasam as imposições estatais e as derivas dos funcionalismos públicos, as suas práticas, altaneiras, descuidadas. Isto é uma situação horrível. Mas é também, secundariamente, uma refracção da imensa mediocridade, sossegada, deste nosso folclore "intelectual" e "político".
(Replico postal que coloquei hoje no meu mural de Facebook)
Leio que a partir de hoje o país tem acesso a este serviço-FB. Saúdo o facto, com um sorriso mas sem qualquer ironia. Duas considerações, uma pessoal, outra mais geral. E um conselho.
1. Se entre as milhares das minhas ligações-FB a alguém lhe passar pela cabeça "cutucar-me" - pois estes serviços são apelativos a quem sofre de solidão, essa que tantas vezes provoca desesperança e, por isso, promove a ausência de critérios qualitativos:
a) homens não, sff. Pois sou "tóxico". Ou seja, sou dado ao assassínio, ao estupro e à escravização do alheio, segundo a filosofia da História do ilustre Prof. Frederico Lourenço - aplaudida, louvada, partilhada, sufragada, por uma grande mole da esquerdalhada identitarista lusa. Essa mesma que, entretanto, nega a existência de uma "ideologia do género".
b) mulheres não, sff. Pois se sou "tóxico" isso é-me mais apenas um dístico, a toxicidade é pouca, quase extinta. Ou seja, falta-me o rancor, não assassino, não estupro nem escravizo (cf. Lourenço, Frederico, 2019).
2. Um dia Miguel Sousa Tavares, em extrema arrogância de classe (o pai dele foi uma personagem única, a mãe e o tio foram escritores extraordinários, é assim normal que ele se sinta algo à l'aise consigo próprio), sarcasmou que "as redes sociais são um sítio para engates". Sim, sê-lo-ão. Também. E agora ainda mais. E qual é o problema disso? Nem todos têm que ser moralistas como MST ou outros parecidos, nem convém sê-lo.
Se as pessoas se sentem sós, episódica ou estruturalmente, e nisso em défice, porque não procurar companhia, catrapiscar? Num bar, no trabalho, no metro. E nas redes sociais também. Ou seja, deixai-vos de sousatavarices, de moralismos de pacotilha. Catrapiscai. Com alguma decência, se puderdes. E enganando pouco, encenando mas não aldrabando, convém ...
3. Um conselho. Até porque pelo facebook andam os mais velhotes (os jovens têm outras redes sociais), já algo distraídos. Cuidai-vos. Nesta era do Covid-19 andamos todos preocupados com as gotículas alheias, mais as máscaras e as desinfecções. Mas se fordes para os encontros-FB não esquecei: o SIDA pode já não ser mortal. Mas é brutal. E as pessoas já nem pensam nisso.
Ou seja, mais vale o latex do que o álcool-gel. Tende bons encontros.
(A Mãe de Franz Marc, 1902)
A minha mãe Marília tem 94 anos. Há pouco mais de uma década que vive numa "residência". Foi ela e o meu pai António que nos anunciaram a sua opção de assim continuarem, suprema forma de consciência e, mais do que tudo, coragem. Alguns anos depois o meu pai morreu. Ela seguiu, continua. Cada vez mais só, desaparecida a sua geração, familiares, amigos, colegas, até alunas. Valem-lhe os bons cuidados "residenciais". E a estremosa filha, genro e noras. E tanto também o meu mano-velho, que o Atlântico apenas fisicamente aparta. Não tanto o meu angustiado descuido. E alguns lampejos de netos e bisnetos, em família carregada de emigrantes.
Desde Março que dela nos apartámos, em precauções até anteriores às normas estatais. Pois família informada e racional, e também de médicos, de gente nada negacionista dos cuidados face à gravidade disto que passamos. Depois, meses passados, já na alvorada do Verão, passámos a ter direito a visitá-la. Um visitante por semana, meia hora apenas, no exterior das instalações, no aprazível jardim. E em grupos íamos vê-la, alguns apenas à "paliçada" do jardim, saudávamos, a mostrarmo-nos, e falávamos breves minutos. Depois um de nós entrava para o breve período, conversando sob as árvores e junto ao lago onde tartarugas fazem as vezes da fauna bravia.
Há mais de dois meses surgiu um surto de Covid-19 na residência. Infecções em vários funcionários e em metade dos residentes, estes octogenários e nonagenários. Mas não na minha mãe. As visitas foram canceladas, mesmo aos residentes que não haviam sido infectados. Como é óbvio sem qualquer razão sanitária para a estes se lhes vedar as visitas, nos moldes sanitários vigentes. Mas compreendemos a angústia da instituição e a escassez de recursos humanos que adveio - e mesmo sabendo nós, até profissionalmente, que este isolamento nos idosos acelera, e muito, os síndromes demenciais.
Os residentes foram recolocados, apartando os infectados dos outros. E confinados aos aposentos. A minha mãe - pela primeira vez desde os seus tempos de estudante - passou a partilhar um quarto com uma "vizinha". Lamentou-se-me um pouco, dessa partilha de espaço e de ao quarto estar confinada. Bisneta de militar, neta e sobrinha-neta de militares, filha e sobrinha de militares - de oficiais da Flandres a cadetes do 28 de Maio, tantos depois coronéis que in illo tempore o meu pai, algo civilista, dizia que aqueles almoços de família lhe faziam pensar que estava na Grécia -, irmã de militar, mãe de militar, mãe, sogra, tia de vários mobilizados para as "guerras d'África", diante desse seu lamento, eu, o benjamim estapafúrdio apesar de já neste estado, mobilizei-a para a guerra: "Mãe, a senhora ao seu lado não é sua colega ou vizinha, é uma camarada, isso não é um quarto é uma camarata! Esta é a sua campanha, a guerra contra os Covid-19!". Numa réstia de força riu-se, de lá, num "é isso, filho, esta é a minha guerra!". Mas à minha irmã confessou-lhe, em visceral ironia, "aqui fechada no quarto estou a cumprir uma pena?".
Entretanto passaram meses, nenhum dos residentes infectados adoeceu. E cumpridas foram as sucessivas rondas de testes requeridas. E há já três semanas que não há qualquer razão para que se impeçam as visitas. A não ser as delongas burocráticas - dizem-me que as autorizações da Administração da Saúde, uma qualquer absurda "desinfecção do edifício", sei lá o que mais. Entenda-se bem, a única razão para que não possamos visitar a minha mãe é o pânico institucional, a histeria. E a modorra burocrática. Uma mescla que é apenas crueldade. Inconsciente crueldade. E assim está a minha mãe sequestrada! Apenas isso, tudo isso. E, tão audivelmente, a definhar. Tão dolorosamente a definhar.
"Escreve", dizem-me, autorizam-me ... "escreves sobre tudo, escreve sobre isto", sobre o sequestro da minha mãe. E, decerto, o das mães e pais de tantos outros. Há semanas que o ensaio. Mas que dizer?, pois quando o começo só ouço Brel, o Brel do meu pai que me faz falta, o Brel do meu pai com a minha mãe. Porque ele cantou tudo isto, nisso dizendo o que era necessário. E cantou que fossemos homens. Sede-o, sejamo-lo. Conscientes mas sem esta absurda, disparatada, crueldade.
(Les Deux Fauteuils, original de 1953)
Por uma vez que seja louve-se António Costa. Nesta outonal Lisboa chuvosa ao receber os dirigentes partidários para discutir um orçamento de Covidoceno - que terá de ser austero -, afasta-se do azul Carris Plus mandatório aos apparitchiki. E anuncia-se irredutível austeritário neste seu até espampanante "casaco branco em Janeiro, sinal de pouco dinheiro". Os visitantes não terão percebido?...
Ontem choveu em Lisboa. E choveram as "bocas", os remoques, as alusões, diante de mais este desvario presidencial. Há muito que Sousa segue tão enrodilhado em si mesmo que se tornou pungente. Muitos portugueses adoram isto. Adoraram o Zé Maria e elegeram-no, depois adoraram o Castelo Branco e elegeram-no. Agora é isto, e votam-no. É a genealogia dos ícones deste reality show, diferentes tiques mas a mesma coisa.
(Entretanto Portas, melífluo florentino, diz que o homem se porta como uma "instituição". O "quanto pior melhor" é a ideia que grassa, da direita à esquerda. Como sair disto?)
(Postal para o És a Nossa Fé)
Vi o Sporting-Porto, e não via um jogo nosso há já meses. Fi-lo em casa de grande amigo, como tantas vezes acontece, dos jogos fazendo pretexto para petiscaria fina. O melhor camarote que há, onde congregamos grupo de sportinguistas amigos desde a infância. Teoricamente seria eu o mais atento, dado que os meus "manos" estão mais mergulhados nas proezas do Miguel Oliveira. De facto, talvez nem tenha sido assim tanto, dado que após o lance de Godinho me encontrei distraído sentado à mesa, costas dadas ao ecrã, bebericando, tasquinhando e palrando com as senhoras presentes, as amigas de décadas casadas com os aficionados ali espojados nos sofás, elas sempre algo superiores, ainda que solidárias, à nossa futebolite.
Mas lá me reintegrei na "moldura humana". Tenho entre aquele plantel algum prestígio futebolístico pois, ainda que todos da mesma idade, sou o único que me lembro do Manaca, Alhinho, Bastos e Carlos Pereira e, presumo, até mesmo do Miguel Garcia. E, cume dos cumes, escrevo no És a Nossa Fé, dimensão autoral que dá crédito às minhas doutas opiniões sobre o jogo. E como tal - entre o bom vinho (Douro Post Scriptum 2018, muitíssimo bebível a preço nada proibitivo), a muito composta tábua de queijos, um apreciável cajú (Loja Cafélia, ao que fui informado), alguns produtos de fumeiro de origem bem referenciada, e ainda antes da aguardente de excelência, a qual só depois assomou, a lavar a alma do desgosto do empate - lá fui, com sageza de especialista, resmungando com as desatinadas opções tácticas do treinador Ruben Amorim. A compor uma equipa sem avançado centro, que é coisa que Jovane Cabral não é nem será, a moldar um esquema assente no Adan para Coates, Coates pontapé para a frente há espera que algum extremo em correria a consiga apanhar, o que tanto me lembra as desventuras de Anderson Polga durante as infindas décadas em que infernizou o meu sono adepto.
(Sporting-Porto 2-2, campeonato nacional 2020/2021, segundo golo do Sporting, obtido por Vietto)
Depois vieram as substituições, a fazerem-me engasgar entre a devolução dos caroços de azeitona. E logo assinalei aos amadores espectadores que me ombreavam que "o gajo" (o Amorim) meteu uma série de jogadores avançados (Vietto, Tiago Tomás, Plata, João Mário e Sporar), típica solução desesperada aquando inexistem soluções tácticas. E assim partiu a equipa toda, o Sporting deixou de jogar para além dos repelões, a derrota - ainda para mais diante de um Porto algo sabido e ríspido - estava garantida. Enfim, a nossa tradicional incompetência, aliada à influência da manha arbitral. E todos anuíram a esta minha análise, mais avisada do que a deles.
Depois, lá para o fim do jogo, surgiu este golo, antecedido de uma bela Esporada à Sporar, já agora ... Riu-se o dono da casa e clamou(-me) "ouve lá, foram os tais avançados que fizeram o golo ..."! Escorropichei o copo, reenchi-o. "G'anda Rúben Amorim!", "que coragem", sublinhei, e viva ele pois "meteu a carne toda no assador", como agora se diz. Temos Homem! E plantel!
O dislate de António Costa ao querer obrigar o povo a utilizar uma aplicação telefónica sanitária - a qual se deveria chamar ArredaCovid!, como qualquer semi-letrado perceberá -, e que o Estado insiste em publicitar através de toda a imprensa escrita, não é apenas um sinal de desnorte governamental face ao esperado reacender do contágio. Explicita uma mentalidade estatista, de conteúdos totalitários. Não ditatoriais mas totalitários, no sentido da opção pelo intrusão extrema do Estado na vida da população.
Isto faz-me lembrar um texto que botei em Maio, ecoando os meus meses de confinamento. Chamei-lhe “P’ra melhor está bem, está bem, p’ra pior já basta assim”: o capitão MacWhirr e o Covid-19". Nele juntei duas reflexões: um pouco de do que se ia passando nos "usos e costumes" - pois o texto fora encetado por um desafio para escrever para um "observatório" de etnografias do Covid -, algo muito limitado pois apenas colhido por uma obrigatório "observação confinada"; e uma reflexão sobre as derivas políticas provocadas pela pandemia em Portugal. As quais mostravam algo diverso do propalado pelos agentes políticos e mediáticos: o poder estatal teve uma percepção muito trôpega do fenómeno gripal. E a sua acção efectiva e discursos enquadradores eram muito erráticos. E ainda mais o foram, desde então. E tudo isso promove uma vertigem autoritária e totalitária, excessiva e inculta. Seja por parte dos agentes políticos, seja de muitos dos seus apoiantes. E até junto da população, atemorada em demasia.
E assim deixo este meu naco:
"E logo sinalizar a aparição de tiques típicos da mentalidade antidemocrática, que aligeira o escrutínio do executivo pelas instâncias político-administrativas e pela opinião pública, expresso no apelo de Rio, líder do PSD, que aventou a suspensão do debate parlamentar alheio à questão pandémica e considerou antipatrióticas quaisquer críticas ao governo. O que tende para uma opacidade estatal, também em questões sanitárias, como avisou o bastonário da Ordem dos Advogados.
Essa mentalidade nota-se também na deriva que indiscute “novidades” tecnológicas que anunciam o aumento do controlo estatal – e, nessa senda, empresarial - que decerto será perene. As quais são acolhidas com entusiasmo generalizado, muito devido ao propagandear das suas virtudes sanitárias. Como o que alardeia a geolocalização dos telemóveis, que vem encapuçada sob o “voluntariado” dos cidadãos, sabendo-se quão amorfo este é no contexto digital - como é tão denunciado acerca da concessão de dados individuais às empresas digitais -, e quão irreflectido será se induzido nesta pressionante crise epidémica. Ou o louvar da adopção de tecnologias intrusivas de controlo policial, em espaço público, da mobilidade dos cidadãos, e da introdução a curto prazo de controlo sanitário nos locais de trabalho. Tudo isto é uma paulatina anuência a mecanismos próprios de uma autocracia tecnológica, e que ganha apoios por uma visão tecnocrática de limitação do exercício das liberdades individuais ..."
Sol na eira, chuva no nabal, a eterna sina lusa. Todos a quererem os melhores tratos sanitários, mas também agora tantos rebelando-se contra uma saudável tecnologia securitária disponibilizada pela verdadeira "selecção de todos nós", o Estado. Eu já aderi, a bem da Nação,
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.