Fui abalroado por uma doença antiga, desprovida de prestígio, a qual nada induz a comovida solidariedade alheia nesta era do Covidoceno. E assim desde há alguns dias que estou apenas só - quem acorre à constipação alheia?!, que paciência para outros tem o fungão constipado? -, retido cerca do Trancão, a tiritar embrulhado em mantas. Folheio livros já lidos, sem paciência para novidades. Olho, melancólico, o Tejo (em particular para os amigos moçambicanos deste grupo: entre a "lisboa doutora" fica sempre "bem" dizer que se tem "vista para o rio"). E, num canal de tvcabo, vejo westerns, daqueles como deve ser (aqueles com o Widmark, Coburn, Marvin, Wayne, Stewart, Van Cleef), uma fartura deles.
E é neste entretanto distraído que encontro no canal HBO o "Comboio de Sal e Açúcar" de Licínio de Azevedo (filme de 2016 que adapta um livro que o realizador publicara). Mais do que o recomendo a quem nunca o viu - narra uma viagem de comboio durante a guerra civil moçambicana, entre Nampula e Cuamba em 1988, a arriscadíssma circulação entre o litoral do sal e o interior do açúcar. Está muito bem conseguido, mesmo.
Para mim só prescindiria daquele duelo final, muito a la Hollywood anos 1950s. Mas, de facto, não estou eu aqui a gabar os meus adorados westerns dessa época?