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Nenhures

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Isto de andar alheado do mundo, coisa que não é de um solstício pessoal mas sim do verdadeiro ocaso, dá azo a surpresas. Pois só hoje, e bem atrasado, me apercebo de três notícias que a muitos parecem relevantes:
 
1) no Chile houve eleições. A esse propósito vejo quem se reencarne como Victor Jara, e cante revoluções e amanhãs que cantam. E outros que clamam "os russos vêm aí", anunciando o descalabro daquele país, até do continente e, presumo, mesmo do mundo global - ainda que, permito-me, entre estes não abundem doutas reflexões sobre o destrambelhamento social dos últimos anos chilenos;
 
2) agentes da GNR em Odemira passaram anos a deleitarem-se torturando e insultando imigrantes, e com o desplante de filmarem os actos, decerto que "para mais tarde recordar". Vá lá que alguns foram apanhados pela PJ. Mas isto mostra mesmo, sem rebuço, um ambiente geral (uma "cultura institucional", se se quiser), pelo menos permissivo. Noto, com um sorriso, que no meu universo-FB (consagrado pelo omnipresente Algoritmo), e blogal sempre tão politicamente empenhado e até abrasivo, este assunto não foi um "must". Cheira-me que enviesei um bocado demais, e em rumo destro, as minhas ligações-FB e atenções blogais. Ainda assim, e como reflexo de outras minhas estações de vida, resmungo que se eu fosse professor convocaria muitos destes doutores liberais que para aqui andam em azáfama e ensinar-lhes-ia que o liberalismo não é baixar os impostos e contestar as vacinas estatais. Pois é muito mais combater, até à última, ambientes que minguem as liberdades individuais. Dos nacionais e dos estrangeiros. Mas nem eu ensino. Nem eles aprendem.
 
3) A artista Grada Kilomba, a qual pelas fotografias presumo ser mulata, foi excluída de uma exposição por um júri de selecção para uma exposição. E vai uma grande polémica. Tendo eu 57 anos durante os últimos 37 fartei-me de ouvir resmungos, mais ou menos irados, contra júris nas mais variadas expressões artísticas e literárias. E sabe-se que alguns "grandes vultos", com décadas como consuetudinários jurados, alguns sempre mui respeitados na hora da morte, fizeram vida de serem execráveis clientelistas nessas artes. Mas agora a polémica é enorme e deu azo a "Carta Aberta" denunciatória, subscrita por várias organizações de nomenclatura radical e personalidades estrangeiras instando-nos a bons comportamentos.
 
Mas o delicioso do documento é um excerto: "Parece também de grande importância referir que a comissão foi composta por quatro pessoas brancas, e entre elas três mulheres e um homem, (...), deixando-nos com a complexidade das estruturas patriarcais e coloniais do sistema". Ou seja, isto já nem é só estes activistas exigirem-nos que nos assumamos como mónadas raciais, qu'isso já é o "pão nosso de cada dia" destes curandeiros. É mesmo esta coisa de que se um júri tem três mulheres e um homem e não actua como os activistas querem então é fruto das "estruturas patriarcais"... Tralha, claro, que dá gáudio aos académicos "decoloniais"..., que não há nada que dê tanto jeito como argumentos "infalsificáveis", como antes alguém disse, um alguém que não lhes convém que se leia ou se recorde.
 
Enfim, face a este estado "da Nação" e "do Mundo", para além do meu próprio, nenhum dos quais se recomenda, cumpre-me uma súmula que dê alento aos compatriotas, nos seus respectivos ocasos. Por isso aqui partilho esta informação: adquiri no fronteiro Pingo Doce este tinto "Portal de São Braz" a 1,8 euro cada garrafa, dada a simpática "promoção" então em curso, o qual é muito bebível - ainda que connoisseurs e doutores ("quem rima sem querer é amado sem saber") que por aqui passem possam clamar "zurrapa" - e do vizinho Lidl trouxe a consagrada "Queen Margot", ainda abaixo dos 7 euros, apesar da inflacção natalícia. A estas associo o que belas mãos amigas, seguidoras dos conselhos da DGS, me ofertaram: uma compota de abóbora e laranja, uma marmelada, ambas de confecção caseira.
 
E a todos afianço que com esta conjugação, e apesar do referido estado geral das coisas, se não inverto o ocaso pelo menos imagino solstícios. Imaginai-os também, se vos for possível.

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