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Nenhures

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Keep Walking, disse o eleitorado, que é soberano. Assim seja.
 
E em assim sendo agora todos dizem de sua justiça. Também eu o faço ainda que com esta ressalva (o "disclaimer" como os ignorantes dizem): quando esta legislatura acabar eu já serei sexagenário - se o cancro ou o cardíaco deixarem -, pelo que esta minha "justiça" é mesmo pouco relevante para o futuro. Mas em botando alivio-me:
 
1. Grande votação, é bom. Uma grande maioria dos eleitores votou em partidos sociais-democratas, e bem mais do que em eleições anteriores. É bom, pois afunda o estribilho do perigo dos extremismos. Este terá servido para "animar a malta" mas não tem qualquer outra utilidade.
 
2. O PS com maioria absoluta. Parece que é bom, pois assim "não tem desculpas" ouvi de vários "comentadores" (ou seja, jornalistas e políticos). É estúpido crer nisso: vem aí (já aí está) uma grande mudança no contexto económico-financeiro europeu (e mundial). Esse não será apresentado pelos "comentadores" e pelos "opinadores" como o contexto esperado de governação mas sim como a tal "desculpa" para o que acontecer. Ganham com isso "Passos Coelho" e também a "troika", pois agora o bode expiatório será outro.
 
3. O PS com maioria absoluta. Parece que é bom, ouvi de vários "comentadores" (ou seja, jornalistas e políticos). Mas o PS tem características que lhe são intrínsecas, essência. Enquanto partido do poder funciona sobre o constrangimento das instituições, avesso à separação de poderes e à liberdade de informação, e é uma macro-organização clientelar. Costa não é Sócrates, em termos de objectivos pessoais. Mas não é essa a questão. Isto vai ser mau - e haverá imensa gente a impingir-nos o quão bom está a ser. Um desperdício de vida.
 
4. O PSD terá que aprender, de vez, que nada ganha em sonhar ser uma contrafacção do PS. Não sei como poderão mudar (se soubesse fazia um relatório e vendia-o). Mas se não o fizer definhará, tal como está a acontecer a outros partidos históricos.
 
5. A IL, na qual voltei a votar, subiu bastante e isso é bom. Na esquerda ouve-se uma gritaria (esperada) contra os "(neo)liberais" que nos querem desgraçar. Enquanto essa "esquerda" rústica os diz quais Pinochet eles respondem, com alguma placidez, que apresentam ideias que vigoram em países que nos são aliados e congéneres. E nisso têm imensa razão, mas a muita da rapaziada daqui isso pouco importa, pois o que lhes é relevante é que nada lhes chamusque as "boas consciências". Talvez à IL falte (ainda) um discurso "social", que mais traduza as derivas das suas propostas. E falta um discurso ecológico mais acurado - falei há tempos com uma jovem eleitora, cosmopolita e muitíssimo informada, simpática ao partido, que me dizia "em relação à agenda ecológica dos liberais europeus estão muito atrasados", culminando num até letal "são um bocadinho provincianos...". "Portugueses", respondi-lhe eu. Têm agora uma legislatura para se actualizarem na matéria - até porque esta "transição energética" (o jargão) é uma monumental oportunidade para a economia de mercado (aka capitalismo); e também porque só os mais boçais dos boçais poderão continuar a clamar que as preocupações ecológicas são um redil do "marxismo estrutural".
 
6. O CDS está nos cuidados intensivos, como fora anunciado desde finais de 2020. E o PPM, que há anos é um estúpido partido miguelista, teve 260 votos. A mera utilização de siglas históricas conduz a esta implosão.
 
7. O PCP continua a sua natural decadência. Decerto que dolorosa para os irredentistas e para muitos dos que preferiram o tardio aggiornamento pós-queda do Muro mas que mantêm vínculo afectivo ao ideário. Ainda assim elege mais do que o arrivista e insuportável "Bloco". Brindei a isso e lembrei o velho "Assim se vê a força do PC".
 
8. 385 mil compatriotas votaram no CHEGA. Na televisão vi imensos a desprezarem-nos e leio imensos insultos (no Twitter é um fartote). Eu detesto aquilo (a tal sempre necessária ressalva quando se fala do assunto...), vejo o prof. Ventura como uma criatura do capitalista apoiante da CDU, senhor Vieira, a quem infelizmente o dr. Passos Coelho deu palco quando ele ainda seguia manso. Mas a demonização desta "comunidade" eleitora é uma operação intelectual exactamente igual à que o dito prof. Ventura usa face a algumas outras "comunidades" (termo que os imbecis gostam de usar para falar da sociedade, porque lhes falta o português, as ideias e, acima de tudo, as leituras necessárias para pensarem).
 
Já agora, uma adenda pessoal sobre os eleitores do CHEGA. Nas últimas semanas jantei com dois amigos distantes, meus respeitados mais-velhos, ambos com percursos profissionais de grande quilate, e um deles com vasta actividade político-administrativa. Para meu espanto nessas ocasiões ambos me disseram que votariam no CHEGA. Não são racistas, não são fascistas, não são incultos. Nem sequer têm apreço pelas genuflexões do prof. Ventura. Ambos, cada um à sua maneira, são conservadores e fortemente anti-socialistas, eu diria que até moralmente exauridos após este quarto de século PS. Não serão "o" eleitorado do CHEGA mas podem implicar algum recuo nesta patética deriva de reduzir quem votou Ventura a uma amálgama de truculentos neo-fascistas e descamisados irados.
 
E neste sentido junto ainda: só conheço uma pessoa do CHEGA. Trata-se do deputado eleito por Leiria, Gabriel Mithá Ribeiro. Conheço-o de o ler e de um breve contacto pessoal - ele teve a gentileza de me convidar para lhe apresentar um livro em Maputo, sabendo de antemão que eu muito discordo dele na sua interpretação sobre a colonização portuguesa em África. Não só isso demontra alguma democraticidade (e garanto que apanhar um intelectual disponível para dar palco a quem discorde do seu trabalho é trejeito democrático muito raro). Mas é relevante lembrar que o homem é um intelectual muito trabalhador, culto, lido, sistematizado e sério. Em suma, posso discordar (e muito) da sua interpretação da história colonial portuguesa, posso até dizê-la conservadora, e até me posso arrogar ao direito de lhe debater os pormenores (apesar de ele ser mais graduado do que eu, isso não me impede de discordar). Mas não o posso rebaixar intelectualmente. E a partir deste caso retiro o fundamental: não se fará oposição ao alargamento do CHEGA assente numa redução absurda (digo-o sem latim) dos seus dirigentes e do seu eleitorado a uma mole de coirões. Faça-se isso, repita-se a preguiça de os classificar como "o inimigo principal" do regime, e eles dobrarão de votação nas próximas eleições.
 
9. A anterior legislatura produziu uma lei sobre o controlo da comunicação na internet que tem um artigo que abre portas à censura. Eu esperava que estas eleições tivessem tido outro resultado, mais benéfico para o país (em minha opinião, claro). Não aconteceu assim. Mas isso não impede que a nova assembleia possa aprimorar essa lei, expurgando-a dessa malevolência.
 
10. O presidente Sousa teve o que queria? Enfim, que siga para bingo.

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A minha geração foi abalroada pela heroína, e nem preciso de juntar grandes detalhes memorialistas para o comprovar. Não naquilo da implosão de muitos dos heróis (Coltrane, Hendrix, Joplin, Morrison e tantos outros). Mas no descalabro de amigos e vizinhos, desde os finais dos 1970s, muitos que por então se foram, alguns até de propósito, outros que se rearranjaram, "sabe Deus" com que esforços, e tantos destes para virem morrer no cabo dos seus cinquentas, dos fígados devastados. Para quem não se lembra, ou faz por isso, bastará lembrar a Lisboa dos 1990s, carregada de já velhos junkies penando pelas ruas, arrumando carros, perseguindo as carrinhas da metadona...
 
Entretanto, nós aqueles que havíamos seguido doutro modo, uns mesmo saudáveis, outros nos mares de álcool apropriados à nossa nação de marinheiros, ou nas multiculturais ganzas, quanto muito aqui e ali polvilhadas de uma chinesa "só para experimentar", e mesmo alguns já adult(erad)os como aburguesados encocaínados, fomos crescendo e procriando. Nisso deparando-nos com aquele "saber de experiência feito" do nosso Duarte Pacheco Pereira, e nisso a angústia do que viria a ser com os nossos queridos. A heroína perdera o prestígio social, ainda que resista no mercado, mas haviam surgido várias novidades, sintéticas, até legais.
 
 
(Lou Reed, David Bowie, I'm Waiting for the Man, Live, 1997)
 
Ora nesse longo - e preocupante - entretanto, por mais angústias que houvesse, ninguém se lembrou de exigir a Lou Reed que apagasse esta célebre "I'm Waiting for the [my] Man" (ou aquela "Heroin" ou tantas outras, como as que me são fundamentais "Caroline Says" I e II). Ninguém, com dois dedos de testa, quis que amputasse ele o seu percurso, a sua arte, a sua refracção poética do que vivia, em nome de qualquer "causa", justa ou espúria que fosse. E também por isso, para que não me digam que também então se "cancelavam" textos, aqui deixo uma versão feita em 1997, trinta anos depois dos Velvet Underground terem irrompido e rompido com quase tudo o que vigorava.  Não é uma das melhores, apesar de Bowie, e por isso para uma de píncaros deixo abaixo uma majestosa do John Cale, um pouco mais antiga.
 
Pois mesmo com a maldita heroína a rebentar à nossa volta o que se pedia e pede aos nossos é que a evitem - "por favor, não entres num carro onde haja gente com os copos, não uses químicos, por favor, só isso!". Mas também "ouve Lou Reed [e John Cale], e especialmente aquelas Caroline Says I e II, já agora". E não que se apaguem textos que não a denunciem. Porque os poetas não se amputam. E porque são tão mais importantes quando dizem aquilo que "não fica bem", para não estar eu aqui com prosápias ensaísticas.
 
Lembro-me disto ao ler que o magnífico Chico Buarque anunciou a "reforma" (o cancelamento, para ser explícito) da bela "Com Açúcar, Com Afecto", devido às pressões feministas. Encho-me de compaixão pelo ancião.
 
 

(John Cale, "I'm Waiting for the Man, Live, 1984)

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[Postal em registo de diário não intimista, para quem ainda me ature. Que leva uma modesta dedicatória à memória de Pierre Bourdieu, bem importante na minha formação e que morreu há 20 anos, exactamente cumpridos há 4 dias]
 
O meu ontem foi de "actividades culturais", nas quais se poderão reconhecer as minhas "disposições" (aquilo do celebrizado "habitus") mas também encontrar opções político-ideológicas, estas mais relevantes de sublinhar em período pré-eleitoral. E aqui as descreverei pois sei que tenho alguns amigos, e decerto que vários "amigos"-FB, que me consideram um pernicioso direitista, vinculado a prejudicar os compatriotas explorados ("desfavorecidos", como dizem os eunucos), os trabalhadores ("colaboradores", dizem os outros direitalhas e... tantos outros ainda que pejados de tiques linguísticos de "género"), aqueles que estão no sopé da "escadaria" social (como ilustram os reaccionários). E quero alijá-los de quaisquer dúvidas sobre essa minha malevolência que ainda os possam atormentar. 
 
À alvorada fui abastecer-me a um mercado municipal, em demanda de víveres frescos. Assim numa postura iliberal, pois aceitando a tutela estatal sobre o comércio. E até (verdadeiramente) socialista, pois eximindo-me ao verdadeiro oligopólio das "grandes superfícies" - as quais, de facto, tendem a constituir-se em monopsónios face a sectores dos produtores nacionais. Almocei um magnífico arroz de choco com a sua tinta, de confecção caseira, opção gastronómica evidenciando um conservadorismo cultural que raia o nacionalismo mais exaltado.
 
À noite vi o Sporting-Santa Clara, atenção futebolística demonstrativa do meu vínculo ao obscurantismo, à alienação do povo, típico da minha adesão às forças políticas mais conservadoras e avessas aos interesses populares. Depois assisti a um precioso documentário sobre Ingmar Bergman, transmitido anteontem (25.1) na RTP2 e disponível na RTP Toca (dita Play, na grafia do socialista-"lusófono" Acordo Ortográfico de 1990), mais uma opção iliberal patente no consumo de uma programação estatal, pejada que está esta de "marxismo cultural" - apesar das características peculiares do tal Bergman. Muito recomendo a quem se possa interessar que o veja, bem como aproveito para recordar aos que podem aceder ao canal privado HBO que neste está disponível um punhado de filmes deste mestre. Estou consciente que estas referências me aproximam de uma postura pedagógica, em tempos própria de uma esquerda fabiana, até mesmo depois transformada em social-democrata.
 
Finalmente, recolhi ao leito onde reli alguns trechos - até devido à memória do belo almoço havido - do "Un homme dans sa cuisine", um delicioso auto-retrato enquanto cozinheiro de Julian Barnes, minha apetência que evidentemente refracta a minha condição de género, homem branco heterossexual e pequeno-burguês (ainda que empobrecido). E depois continuei a minha releitura de "Nónumar", um mimoso livro - muito dedicado ao Ibo - do poeta moçambicano Júlio Carrilho, que há pouco morreu. Opção que decerto demonstra a minha costela neo-colonial, nesta atenção dedicada a uma antiga parcela do Império português, e até, quiçá, uma "nostalgia colonial" epistemologicamente poluente.
 
Tentei então dormir. Mas estava insone, porventura devido à excitação futeboleira. Ou talvez a algum excesso comensal cometido. E fui até ao Facebook, deparando-me com imensas proclamações políticas entre os meus "amigos-FB", alguns reais, a maioria apenas virtuais. Nisso me demonstrando um eleitor fragilizado, produto das campanhas de desinformação que grassam nestas redes sociais, desprotegido da mediação correcta, exercida pelos jornalistas e comentadores avalizados ("anunciados na tv"), e assim propenso a opções direitistas.
 
Muitos falam da (política de) Saúde. É normal que após dois anos desta monumental pandemia, e do monopólio de atenção que esta congregou, este tema seja dominante. É normal, mas não é saudável. Pois escasseiam os debates e as reflexões (para além do "achismo" avulso) sobre os "modelos" (eu prefiro dizer "estratégias") de desenvolvimento deste país estrafegado, pela gigantesca dívida, pela estrutura económica, pela composição demográfica, etc. E assim a política de Saúde torna-se qual um Grand Canyon ideológico, com imensa gente a clamar contra os que querem "privatizar" a Saúde, alguns mesmo falando dos defensores dos "barões da medicina" (imagem literária de antanho), nisso "demonizando" (de facto criminalizando) uma "direita" de pulsões assassinas, até gerontófobas.
 
E assim, já noite longa, lá li mais alguns e algumas clamando contra a maldita direita que quer privatizar a Saúde, invectivando os defensores do "apetecível negócio" que esta é. O que é engraçado é que eu os conheço, pessoalmente. Sei que são quarentões, cinquentões e até sexagenários, sendo há décadas professores de universidades públicas. Ou seja, têm ADSE. Vivem, e fruem, como os grandes financiadores da medicina privada, dos convénios público-privados nesta área. E nunca, mas mesmo nunca, aludem a isso quando saem a terreiro clamando, a teclas juntas e voz exaltada, contra os "liberais", sabujos dos interesses privados na Saúde.
 
Foi então que, já cabeceando sonolento, me lembrei da velha frase de Pierre Bourdieu sobre os cientistas sociais: "os sociólogos têm a tendência de serem sociólogos dos outros e ideólogos deles mesmo". E assim, com a sageza que me é própria, produto das minhas vastas leituras, proferi dois ou três peludos palavrões dedicados a estes "sociólogos" no Facebook. E adormeci, no sono dos injustos (de direita).
 
Hoje, ao acordar, e enquanto sacudia as remelas, ocorreu-me a dúvida: quando (ou se) um dia reencontrar algum destes "democratas" devo dizer-lhes de viva-voz o palavrão que resume o que deles penso? Ou deverei sorrir, alegrando-me num "há quanto tempo, como tens passado?" Sendo assim um hipócrita filhodaputa tal e qual eles o são. No seu quotidiano opinativo. Mas já me conheço, dependerá do dia. E, acima de tudo, se se trata de uma bela amiga ou de um destes emplastros armados em parvo - opção beligerante que, mais uma vez, refracta o machismo estrutural deste tal homem, heterossexual, branco e pequeno-burguês. E que nessa horrível condição segue carregadinho de desprezo por estes hipócritas.

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A nossa caravana desembocou no mercado da sede distrital, onde a arruada decorreu entre frenesim popular. Seguiu-se a sessão de esclarecimento, defronte ao arroz de choco dali mesmo, alagado com a respectiva tinta, em acordo de incidência governativa com a(s) malagueta(s), tudo confeccionado pelo nosso secretário-geral. A maioria absoluta foi alcançada. Com aclamação.

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(Postal para o meu mural de Facebook)

Aos meus amigos - e também às minhas ligações-FB que nisto se possam interessar - venho avisar que, contrariamente ao que me é habitual, nos próximos dias estarei ausente das interacções blogo-facebuqueiras. Se para isso for preciso apontar causas então explicito-as com o ensaio fotográfico que acompanha este "até logo", suficentemente esclarecedor do que teria para dizer. Mais vale estar calado, como é óbvio.

Deixo os meus votos para que todos tenham uma(s) boa(s) semana(s). E, particularmente aos que estão no nosso rincão: podereis fotografar-vos aquando em votação. Pois não estarei aqui para vos aturar a piroseira, que já me bastou a das vacinas...

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