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Nenhures

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(Postal para o Delito de Opinião)

Há apenas dois meses e meio tudo se apresentava conforme o necessário ao devir pátrio, pois o PS comandava a corrida a São Bento com 14% de vantagem nas sondagens, já roçando a maioria absoluta, bons auspícios que até eu próprio, com a minha sageza de áugure, também garantia junto dos simpáticos visitantes do blog que ainda duvidassem desse almejado desígnio. Tal como antes, e há mais de um ano, robustecido pela referida pertinência analítica, já havia eu exarado a certidão de óbito do partido CDS. 

Entretanto, no Outono deste Covidoceno, o PSD estrebuchava num extemporânea compita interna. A qual opunha o afável Rui Rio, o qual, ainda que portador dessa deficiência partidária, tinha alguns pergaminhos democráticos e patrióticos - não só pelo aval que lhe é concedido por Pacheco Pereira como também por ele próprio ter anunciado que, quando jovem, se poderia ter filiado no PS -, ao pouco fiável Rangel, cabecilha de um grupo direitista antidemocrático, votado em desmantelar o nosso bem-estar, e subrepticiamente financiado por uma esconsa multinacional capitalista, interessada em transformar o país numa quinta coluna desagregadora do "Estado Social" europeu. Para além disso, o partido fascista do "capo" Ventura, crescia desmesuradamente, anunciando os simbólicos "dois dígitos" percentuais, mais condizentes com a malvadez, furiosa e até fraticida, afinal ela sim típica da essência da portugalidade. Nesse contexto as fileiras democráticas congregaram-se e contra-atacaram, enfrentando o conjurado Rangel, sumarizando-o como nem os talibãs tratam as mulheres que se assoam em público.

Veio o dr. Rui Rio a sobreviver à insurreição acontecida nas suas hostes. Foi um alívio generalizado, tanto porque sempre ele evidenciara disposição "dialogante", como se anunciava prestes a uma plácida "coabitação" com as forças do progresso. E para esse gáudio popular (que nos foi transmitido pelos comentadores institucionais e opinadores avulsos) também contribuiu aquilo que resumi, nas minhas doutas palavras, deste modo: "não encontro, nem no círculo dos meus conhecimentos nem no amplexo imprensa/redes sociais, locutores que exprimam entusiasmo pela acção de Rui Rio. Algo que não será razão suficiente para nele descrer ,mas que será um pouco descoroçoante para quem espere uma "vaga de fundo" eleitoral.". Tudo então parecia correr bem, e pudemos reflectir sobre a urgente questão de quem será o próximo presidente da Assembleia da República, se Carlos César, se a pedagoga Edite Estrela ou até o actual Ministro dos Negócios Estrangeiros, caso consiga sucesso na sua difícil candidatura à legislativa, tão alheia será esta às redes de informação e influência dos postos consulares.

Mas agora, menos de breves três meses depois, e por razões que a razão desconhece, as sondagens - que nunca são de fiar, como bem se sabe - vêm ameaçando derrapagens diferentes. Por um lado, a besta fascista do prof. Ventura não parece assim tão maiúscula que a todos convoque ao desconforto das barricadas em pleno Inverno, assim algo desmobilizando o "elan" da Frente Popular. E por outro lado, a distância entre o vencedor PS e o derrotado PSD vem diminuindo a olhos vistos. 

Esta aparente inflexão, ainda que surpreendente, já pairava nos ares das cerimónias oraculares. Nas quais se tornara óbvia a necessidade de arrancar a máscara (não cirúrgica) do candidato Rio, desvendando a sua vertente afascistada. Encetara este urgente processo o orador Ascenso Simões, anunciando-o como moldado pelas temíveis SS nazis, qual verdugo "Viriato". E agora a nossa querida e eterna "menina da Foz", a tão corajosa Rosa Mota - voz portuense avisada, insuspeita de alguma vez se ter erguido contra aquele edil antecessor de Rio que um dia veio a Lisboa em histriónica pose de "ser califa no lugar do califa", regressando depois ao probo posto de braço direito financeiro do democrata Pinto da Costa -, a todos anunciou ser Rui Rio um "pequeno nazi". Já no politicamente correcto, pois "de referência", "Expresso", o fascismo de Rio vem denunciado em versão matizada, apenas como sendo ele eivado de pulsões ditatoriais, nisso ao invés do paradigma de placidez "dialogante" que domina todos os governantes socialistas patrióticos. 

Mas se esses maus prenúncios foram sendo mantidos secretos nos "estados-maiores", procurando poupar o povo a cuidados e até talvez ao pânico, os indícios dessas más notícias foram notórios nesta passada semana. Tudo se tornou claro quando o primeiro-ministro atacou o partido LIVRE, qual loba devorando as suas crias, apesar deste sempre tão disponível para se acolher na bolsa marsupial socialista. Ao ouvir o ataque, e o esganiçado e tão surpreso lamento do repudiado - porventura então ainda desprovido das últimas informações numéricas -, foi clamoroso que se chegou a um entroncamento eleitoral, em que na luta contra o fascismo não se poderá perder 1 ou 1,5 por cento, coisa que o método de Hondt poderá traduzir em um ou outro deputado.

(Costa acusa Livre de usar nuclear para transição energética)

Para culminar, agora e pela primeira vez, a apenas uma semana do "dia grande" destas eleições surge a primeira sondagem ameaçando a vitória indevida. Torna-se necessário ainda um maior esforço para evitar a derrota democrática. É certo que António Costa tem um ror de feitos governativos e que os tem divulgado, impedindo a ingrata amnésia de amplos sectores da população, tanta dela alienada pela malévola actividade dos órgãos de comunicação social, agentes que estes são dos grupos económicos privados que os possuem.

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Mas julgo que serão necessárias mais acções, num in extremis para esta última semana de campanha, de modo a evitar o risco de que as correntes anti-patrióticas assumam o poder. Para além da insistência nas políticas bem sucedidas, e atendendo a que o povo, na sua candura, é muito atreito aos vultos que o comandam, dever-se-iam convocar aqueles que, nestes últimos anos, através dos seus feitos mais da lei da morte se libertaram. Que surjam vibrantes, ombreando com o líder, gentes como Galamba, obreiro do enriquecimento via a "febre do lítio", ou Van Dunem, cara do multiculturalismo nacional e alma da vasta reforma da Justiça e da luta contra o crime económico, este que tanto amesquinhou o regime durante as governações da direita. Ou, talvez ainda mais, a nossa querida Super-Marta, dinamizadora do SNS e vera marechala da nossa vitória contra o inimigo Covid-19. E se estes não forem achados suficientes, que se convoque a Armada para o Tejo (a RTP, claro) e diante dela refulja o Nosso Almirante, que o governo tão sabiamente elevou a Chefe de Estado-Maior da Marinha. 

Pois estou certo de que com a conjugação de todos estes, e de mais alguns apoiantes tão credores do nosso respeito, o Fascismo Não Passará!

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Como toda a minha geração cheguei a Gir (Jean Giraud) com Blueberry, publicado na semanal Tintin, logo encantando-me  - e só alguns anos depois, já crescidote, conheci Jerry Spring de Jijé, numa cronologia inversa ao dessa maturação dos heróis europeus de "westerns". Entre os quais ficara, também ainda menino, adepto de Comanche de Hermann e Greg, enquanto Hermann teve interesse e paciência nessa série.

Entretanto fui crescendo, o que também aconteceu a Giraud, no qual desabrochou Moebius, a marcar a banda desenhada europeia. A minha relação com este já foi diferente, face a uma arte esplêndida mas um mundo imaginado que menos me cativava. Ficava-me assim um enorme apreço mas desapaixonado. Nisso contrastando com uma enorme vaga de admiração por este real génio, tornada mesmo um verdadeiro culto, como se fosse ele o "Papa dos comics", como suavemente ironiza o próprio no filme que aqui partilho, "In Search of Moebius". Um belo documentário, a ver neste 2022 já uma década após a sua morte:

(In Search of Moebius, Documentário, BBC Four)

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(Postal para o És a Nossa Fé!)

[Repito-me, pois na sequência dos meus Catar-22 e Catar-22 (2)]

Acabo de ver a segunda parte do Brentford-Wolverhampton (1-2). Bruno Lage colocou sete portugueses como titulares e três como suplentes. E o excelente Neto continua em recuperação de grave e prolongada lesão... Terceira vitória consecutiva da sua equipa, que está embrenhada na luta pelos lugares europeus, agora aparentemente colocada no 8º lugar - mas até poderá estar melhor, dado que entre o 4º (Manchester United) e este 8º a distância são apenas 4 pontos à 22ª jornada mas os clubes têm diferentes jogos realizados.

Ou seja, o Wolverhampton - a "alcateia portuguesa", como bem lhe chamou o locutor televisivo - está a fazer um belíssimo campeonato para um clube da sua dimensão económica e desportiva. Hoje fez mais uma segura e competente exibição, tendo ganho através de um belo golo de João Moutinho, o qual fez ainda o cerebral passe para o segundo golo - sim, exactamente João Moutinho, esse que (não me canso de o repetir) os profissionais do comentário televisivo e jornalístico insistem que "já não tem pedalada" para jogar na selecção portuguesa. Segundo golo esse que foi marcado, a dez minutos do fim, através de (mais) um magnífico remate de "meia-distância" de Rúben Neves, o qual ainda viria a fazer um passe magistral para um golo que acabaria por ser anulado devido a fora-de-jogo centimétrico.

No final do jogo exultavam nas bancadas os calorosos adeptos do clube, a viverem um verdadeiro apogeu na sua história de 150 anos. E fazem-no reconhecendo quem os conduz a tais píncaros, louvando-se no cântico "We've got Neves". E ao ver este acertados cachecóis só consigo repetir o que há anos aqui resmungo: como é possível que passem as épocas e as competições e Rúben Neves seja preterido na selecção por jogadores como William ou Danilo? Que seleccionador temos tido? Porque "não temos Neves"?

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Naquela era, de outro milénio, em nenhuma festinha - daquelas com strobe lights, bolas de espelhos, elas de calças apertadas no joelhos, nós cada um mais ou menos à sua maneira consoante quem queríamos parecer ser, slows, afagos e tampas, rum com cola e cachimbos de prata - deixava de tocar esta canção. Se me perguntarem porquê não responderei, pois nunca o percebi, talvez pelo abanar da cabeça que deixava ou pelos pirosões riffs que todos pantominavam, sérios nisso...
 
Morreu agora o Meat Loaf. Sim, o do magnífico Rocky Horror Show. Mas, acima de tudo, desta insuportável tralha saída do "Bat out of hell". E ainda não esqueci tanta chatice.
 
 

(Meat Loaf - Paradise By The Dashboard Light)

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Michel Vaillant foi herói da minha criancice, presença constante no Tintin semanal e também em alguns dos seus inúmeros álbuns. E na era de ouro da Fórmula 1, de Stewart e Cevert até Peterson e Villeneuve. E aquele agrado da sua visita ao país, então uma "internacionalização" que nos era rara, no seu "Rali em Portugal". Era um desvelo, mas que cedo feneceu, transposto eu para uma busca de outros grafismos e outros mundos imaginados, desligando-me daquela série que me parecia demasiado esquemática, superficial.

Mas a recente morte de Jean Graton - acontecida há exactamente um ano - recordou-me esse meu desvelo, uma memória carinhosa, de Vaillant e seu "team" e, acima de tudo, daquele eu petiz leitor. E por isso, saudosista, agora mesmo algo me dispus a reencantar-me, ao encontrar em estante alheia este "O Príncipe Branco", o qual nunca lera. E logo, nostálgico, o li, quarenta e tal anos depois do meu último Vaillant. Para minha total desilusão, pois é ainda pior do que a memória que tinha da série, mesmo péssimo. Desenho descuidado, apressado - nem os carros de corrida ali brilham. E um argumento totalmente disparatado. Ficou-me, ainda assim, o prazer, nada reduzido, de estar a ler um "Michel Vaillant". Mas apenas isso.

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