Kasparov sobre Putin
15 esclarecedores minutos de Kasparov sobre o regime de Putin. Mais do que aconselháveis.
(Stand with Ukraine in the Fight against Evil | Garry Kasparov | TED)
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15 esclarecedores minutos de Kasparov sobre o regime de Putin. Mais do que aconselháveis.
(Stand with Ukraine in the Fight against Evil | Garry Kasparov | TED)
Hoje uma hora de conversa, via whatsapp video, com um grande, grande, grande amigo de Moçambique - e que saudades daqueles nossos estar-juntos, sempre para mim luminosos. Corremos as nossas vidas, filhas, já netos, envelhecimentos, insucessos, os países de ambos, amigos alguns, até um pouco do mundo, risos trocados de longe na auto-derisão, de alguma desesperança e todo o desencanto feita. De súbito, risonho dorido, conta-me ele o que viu, uma reportagem televisiva em Angola: um mero "fait-divers", a polícia chamada pois um casal fazia sexo em público durante o dia, ali cerca da marginal de Luanda. Acorreu também o tal repórter, o qual se aprestou a entrevistar os circundantes, queixosos uns, mirones outros. Um deles (um "popular", na linguagem da imprensa) ao ser-lhe pedida opinião sobre a ocorrência responde, magnífico: "O mundo já acabou. Nós é que ainda insistimos".
["E Depois do Adeus", Festival da Eurovisão 1974]
Viva o 25 de Abril! Viva o povo de Lisboa. E o português! Viva a democracia.
Nota dedicada a mais novos: a imagem é de arruada lisboeta bem anterior a 25 de Novembro de 1975. Avessa a grappistas, brigadistas, grupelhos maoístas e enverhoxistas, utópicos boumedianos, barbudos guevaristas, ciosos brejnevistas, intelectuais titistas, ignaros polpotistas. Havia sido convocada pelo então PS.
E é interessante recordar isto hoje. Até para perceber quem é que amanhã vai sair à rua em Lisboa para desfilar, Avenida abaixo, com os putinescos inomináveis PCPs, com os putinescos Mortáguas, Louçãs e Rosas, com os putinescos Boaventuras Sousas Santos, com os amantes dos terrorismos Isabeis dos Carmos e Elísios Estanques. Ou com aqueles que querem, na sua simples e quotidiana mediocridade nada poética, celebrar a democracia. Haverá dois desfiles: a escumalha imunda de um lado. A gente normal um pouco acima.
Fala-se muito em "classe política", o que será (espero que seja) sociologicamente errado. Mas haverá uma espécie de corporação profissional, feita de negociações e, acima de tudo, de sociabilidades de décadas. Criando cumplicidades, legítimas (e algumas não tanto), que obstam a um verdadeiro crivo crítico. Isso parece evidente neste caso: há meses, nas últimas eleições legislativas, o PCP sofreu um violento rombo - uma verdadeira hecatombe parlamentar. Nisso não foi reeleito o seu deputado António Filipe, um veterano parlamentar. E de todo o lado, da "direita" à "esquerda" soaram os encómios à sua excelência, intelectual, política e pessoal.
Agora António Filipe, a propósito destes dois meses de guerra entre a Ucrânia e a Rússia, vem associar o presidente Zelensky e o cadastrado Mário Machado. Tamanha lhe é a fúria contra aqueles mais avessos ao regime (a qualquer regime) de Moscovo. A que propósito é que se elogiam gajos destes? Ou, pior, os políticos que com ele conviveram não perceberam o seu ideário? Então que capacidade para perceberem homens têm?
80 intelectuais - dos quais 79 (pois há a excepção de Chomsky) são oriundos de países exteriores à NATO [ou do "Sul", se se preferir, ou do "Terceiro Mundo", como se dizia no tempo da Guerra Fria], ainda que muitos deles se insiram no que é chamado "diáspora" - assinam este Manifesto sobre a guerra na Ucrânia: "Let’s Not Fight The Wrong Way! We Must Support The Ukrainians Without Calculation Or Reserve" / "Ne nous trompons pas de combat ! Il faut soutenir les Ukrainiens sans calcul ni réserve".
Para os enquistados russófilos (explícitos ou implícitos) por cá isto pouco significará. Mas pode ser que entre a Sul, por exemplo na CPLP, pejadas que estão as intelectualidades locais dessa russofilia, isto possa ser lido com olhos de ler.
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