Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Nenhures

Monet_grainstacks_W1273.jpg

Há poucos dias "activistas" haviam feito show-off com um quadro de Van Gogh, e aqui resmunguei. Agora surge o esperado, outros "activistas" destroem mesmo um quadro de Monet - da série "Les Meules". Como se estas acções - típicas do "agit-prop" identitarista - tenham algum efeito positivo na luta contra a devastação ecológica.

E continuo a insistir, o efectivo colaboracionismo com estas versões de "insurreição mansa" é algo corrente - e patente no jornal do grupo SONAE, no qual académicos se agregam a defender a legitimidade do terrorismo patrimonial. Referi o asssunto aqui, estupefacto diante do total silêncio da sociedade portuguesa, da corporação dos jornalistas, do meio intelectual. E até dos empresários do comércio, que aceitam que um dos seus financie estas aleivosias. Já para não falar da própria academia, mas aí, enfim, pouco haverá a esperar. A não ser os rabiosques abanando-se, até sôfregos, ao som das "causas".

Truss.jpg

Difíceis momentos vivem os povos britânicos, decerto que por ora algo fragilizados pois apartados do solidário ombro europeu e respectivo aconselhamento...

Mas esta má figura actual faz-me sorrir à memória das patacoadas que desde há anos se vão ouvindo, oriundas do esquerdismo identitarista, carregado que este está de locutores ciosos da sua inteligência. Pois sempre clamaram contra a política dos "homens brancos" e "tóxicos" (entenda-se, heterossexuais, por pouco que o vão sendo), consagrando a necessidade de entregar o poder às virtudes das "mulheres" (um dos inúmeros géneros actualmente existentes, de delimitação algo díficil mas algo correspondente às antigas portadoras de vagina), dos "homossexuais" (aos quais chamam "gays") e dos "racializados" (todos aqueles que não estejam poluídos por one-drop de constituinte não-branco, pelo menos até à 4ª geração ascendente, presume-se). Um conglomerado, diziam até recentemente os tais "pós-"marxistas, que seguiria políticas benfazejas, correspondentes aos seus anseios libertários...

E agora um tipo vê a Meloni, a Truss - já para não falar da capitalista Ursula ou dá já veterana Le Pen -, todas "individuadas" como "mulheres", mais o "racializado" Kwasi Kwarteng, e ainda se lembra daquele Haider austríaco (que era portador da outra "condição" virtuosa), e mais outros que tais... e percebe o acabrunhado silêncio dos histéricos identitaristas neste Outono-Inverno.

Enfim, venha uma rodada para esta mesa de "cisgéneros", "brancos", "burgueses". "Tóxicos", em suma...

araca.jpg

Há 3 anos fui convidado para ir falar na universidade de Aracajú, capital do Sergipe. Surpreendido (nem nos Olivais me querem ouvir) logo aceitei. Lá perorei. E adorei - explico-me, logo que na primeira alvorada saí da pensão exclamei "porra, isto parece Quelimane!!!", e senti-me em casa, qual filho pródigo e tão arrependido, no meio do coco-lanho e a suar em bica.
 
Enfim, vejo que agora Aracajú recebe assim Lula da Silva. Deste nada gosto, do seu "pós-imperialismo" "africanista", da devastação amazónica que incrementou. Mas ainda assim é melhor do que o outro. E em termos amazónicos - que são mesmo os únicos que me interessam, pois estou-me nas tintas para o resto lá do país deles - também. Apesar dele próprio. Ponham lá esse tipo. E controlem-no.
 
Adenda: Sobre Bolsonaro o que tinha para botar botei-o há anos, quando ele brotou. Sobre as simpatias, quantas vezes encapuçadas de mero desdém, que a sua candidatura colheu no centro e na direita portuguesa - dislates que então exemplifiquei com Pedro Borges de Lemos, um "militante do CDS" entretanto transferido para o CHEGA, e Rui Ramos, muito conhecido historiador que não transitou para o CHEGA, no meu "A propósito de Bolsonaro"; e com Assunção Cristas, então presidente do CDS e que também não transitou para o CHEGA ("Cristas e o Brasil"). E ainda sobre a única questão que me é realmente importante relativamente ao Brasil, a ecológica ("Bolsonaro e o clima") - a qual, por razões do imenso atraso cultural português, tende a ser desprezada pelos muito rústicos "conservadores" do rincão.
 
 

09122017-DSC_1651.jpg

(Fotografia de Miguel Valle de Figueiredo)

Passam hoje exactamente cinco anos sobre a segunda vaga dos incêndios de 2017 no distrito de Viseu, entre o concelho de Tondela e seus limítrofes, devastando a "Beira Alta", dessa vez causando mais de 40 mortos, a somar aos mais de 60 que haviam perecido durante o Verão anterior. Logo depois o meu amigo Miguel Valle de Figueiredo percorreu aquela região, que bem conhece pois os seus ascendentes dali eram oriundos, e durante três meses calcorreou mato, lugares, aldeias, vilas, encarou a gente que ali teima, desta ouvindo do horror de então e da violência posterior, advinda da arrogância burocrática de quem vem podendo - a memória desse trabalho foi publicada na "National Geographic", com texto de Gonçalo Pereira Rosa.

Nisso fotografou as "cinzas" promovidas pela fúria dos elementos, o desnorte nacional e a incúria estatal,. Enquanto uns, urbanos, se menearam vaidosos insanos, lamentando-se "de não ter tirado férias" ou, pelo contrário, "iam de férias" e pediam para "não os fazerem rir" a propósito destes e doutros assassinos fogos, e se gabavam de se preparar para as "cheias de inverno", inaugurando casas refeitas com dinheiro alheio, apregoando ter revolucionado as florestas como nunca desde a Idade Média, e se faziam entrevistar em quartel de bombeiros, o Miguel foi para aquele lá, verdadeiros "salvados" de um país que insiste em desistir de o querer ser por via do apreço que vota aos tocos que julga gente, e até elegível.

Dessas suas andanças, vindas do seu fervor de fotógrafo e do seu dever de cidadão, produziu um manancial iconográfico, uma verdadeiro arquivo para alimentar uma memória social do acontecido, deste sofrido que a história recente do país se mancomunou para gerar. E organizou a exposição "Cinzas" - paisagens, pois o pudor impeliu-o a evitar mostrar os retratos feitos dos violentados , 42 fotografias. A qual teve itinerância nacional. 

Agora, para assinalar os cinco anos sobre aquele momento a exposição é hoje mesmo, 15.10.2022, reapresentada em Tondela, no seu Quartel dos Bombeiros Voluntários, - concelho então tão devastado (só nele arderam mais de 400 casas, 219 das quais primeiras habitações). Será muito pedagógico ir lá ver o horror e desperdício que o mvf vagorosa e condoidamente captou. Para que não o esqueçamos. Mas também para que tomemos consciência de que, como diz agora o fotógrafo, "5 anos sobre o terrível incêndio que devastou grande parte da Beira Alta e, como se viu depois em Monchique ou mais recentemente na Serra da Estrela, independentemente de tudo (i.e. alterações climáticas), pouco se aprendeu, ou melhor, o que se aprendeu não serviu de muito na prevenção destas tragédias."

09122017-DSC_1596-co¦üpia.jpg

 (Fotografia de Miguel Valle de Figueiredo)

08122017-DSC_1355-co¦üpia.jpg

 (Fotografia de Miguel Valle de Figueiredo)

09122017-DSC_1580-co¦üpia.jpg

 (Fotografia de Miguel Valle de Figueiredo)

20122017-DSC_2819-co¦üpia.jpg

 (Fotografia de Miguel Valle de Figueiredo)

22122017-DSC_3308-co¦üpia.jpg

 (Fotografia de Miguel Valle de Figueiredo)

22112017-DSC_0543-co¦üpia.jpg

 (Fotografia de Miguel Valle de Figueiredo)

MVF2.jpg

 (Fotografia de Miguel Valle de Figueiredo)

MVF§.jpg

 (Fotografia de Miguel Valle de Figueiredo)

 

20122017-DSC_2732-co¦üpia.jpg

(Fotografia de Miguel Valle de Figueiredo)

protesto-londres.jpg

"Activistas" ambientais atiraram hoje mesmo uma sopa de tomate para o célebre "Girassóis" de Van Gogh e, depois, espalmaram as mãos no quadro. Com isso querem agir contra os combustíveis fósseis. De facto, isto nada mais é do que o primado do "intervencionismo" sobre o património monumental, esse que os académicos burguesotes defendem nas páginas do jornal da SONAE, diante do sossego dos "bem-pensantes" esquerdalhos. E é também a melhor forma de alienar o apoio popular às necessárias transformações produtivas.
 
Mais do que irritação este episódio provoca-me dor. Percebo-me, mais uma vez, ancião, já não ser deste mundo. Pois "no meu tempo" havia militantes - gente com quem se ombreava ou lutava, se necessário até de armas na mão. Se admirava ou odiava. E agora, nesta era em que cheguei a antiguidade, já não os há, aos militantes. Há sim "activistas", histéricos do agit-prop, prenhes de "vitimizações" aburguesadas e de meneios "genderísticos". Gente sobre a qual se escarra. Apenas.

Gerente

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Contador

Em destaque no SAPO Blogs
pub