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FGV CPDOC | Entrevista com Carlos Machili (15/08/2008)
Morreu Erasmo Carlos, o siamês do Rei. Sei que o que comporia a minha imagem seria proclamar o apreço pela atonal ou uma qualquer do Miles free, uma vintage Coltrane, Monteverdi, Casals, Dilon Djindji, uma roufenha gravação operática, sempre Lou Reed, uma "etno" qualquer ou velharia blues, esse que nunca dito étnico.
Mas sempre lembro este "O Portão", uma canção de vida... Nos meus já 30, apartado em Pemba, matabichos de Castle, ovos com polony, de suor em bica da ressaca e clima, a conhecer isto, aprendê-la em trauteio, e logo a pedir ao nórdico ali patrão para que ma gravasse em K7, depois seguir na íngreme escadaria até à Baixa na baîa, aos correios para enviar isto, declaração de amor quando, cândido, ainda nele acreditava...
Anos depois vim a saber que a receptora olhara a encomenda dadivosa de sobrolho torcido, num desconfiado "este anda bêbedo"... In vino veritas, diziam os antigos.
Obrigado pela ilusão do "Portão", Erasmo Carlos.
É ético, pois requerido, que amanhã entre a Pátria em pousio, todos nós no dever de seguirmos "concentrados na selecção", assim no empenho comum de que os Nossos venham a regressar das (luxuosas) areias arábicas com o místico - e regenerador - "caneco", qual Graal actual. A rota começará às 16 horas, num temível embate com os ferozes ganeses, sempre protegidos pelos seus ímpios manipanços. Cruzado esse Cabo, e se assim nos acudirem São Jorge e o Grande Engenheiro Santos, nos dias seguintes esperam-nos outras tormentas impostas por acoitadas hostes nórdicas, dinamarquesas, alemãs, belgas. Ou, pior ainda, pela maldosa vizinha, esta vil peçonha espanhola.
Mas apesar da grandeza da Missão há indulgência para que entretanto.nos ausentemos desse dadivoso estupor frenético, nisso simularmos o normal quotidiano - desde que o façamos apenas por breves momentos, que não abalem ou mesmo rompam a comunhão que nos engrandece lusos.
E o primeiro desses momentos autorizados ocorre já amanhã, logo após a conclusão do glorioso episódio dos das "Quinas" - às 19 horas na Cinemateca Nacional é estreado o filme "Editor contra", de Luis Alvarães, centrando na vida do peculiar editor Fernando Ribeiro de Mello (haverá quem logo o associe à editora Afrodite - até pelo recente livro de Pedro Piedade Marques que lhe foi dedicado).
Ou seja, e para os da Grande Lisboa: jogo terminado, cinzeiros despejados, vasilhame apartado, restos dos víveres guardados. E ala que se faz tarde, que o Metro ou qualquer bolt ou uber (n)os colocará na Cinemateca a tempo.
E depois do filme poderemos regressar à Nação televisiva, congregando-nos nos comentários à patriótica demonstração dos nossos bem-amados "Quinas".
No final do jogo estava 2-6. Mas estes tipos ganharam, e por muitos. (Sim, sei que foucauldianos, decoloniais, caçadores de epistemicidas, neo-feministas, abissófilos, racialistas e racializados, no fundo "@s de todo mundo, uni-vos" não lhes ligam muito. Mas, já agora, os outros também não!).
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