Com o extremar da idade reduz-se a energia (física e mental), fenecem as esperanças, dissipam-se os sonhos, estreitam-se os horizontes, enevoam-se os amparos, reduzem-se as atenções, balbuciam-se os pensares, tartamudeia-se a vida. Mas, entretanto, o mundo continua a rodar, carregado de fenómenos significantes.
E assim enquanto eu olho, algo babão, proto-senil, marreco, atrapalhado, cariado, e nisso estupefacto, para a estátua do choco em Setúbal, na televisão continua gente como a apparitchiki Pedrosa, há anos dislatando nos programas que "fazem a cabeça" à dita "classe média". E, presumo eu, ainda por cima pagam-lhe para isto - o Estado e suas empresas usam os impostos para remunerar esta tralha.
Seria conveniente (mas é irrealista esperar isso em Portugal) perceber que o problema não é haver (muitos) políticos que se tornem venais. Isso é apenas "humano", há em todos os regimes, em todos os sectores e ideologias, e em todas as épocas históricas. O problema real é isto dos especialistas da palavra pública, os soi-disant "críticos" quais "intelectuais", serem esta merda. Letrada. E que segue incólume, de abonada, décadas a fio.