Pessoa nos Andes
Entre outros janto com um aqui nacional... Homem interessantíssimo, dono de um português impecável, guardado de ter cursado também em Portugal. Cosmopolita de grande perfil profissional, verdadeiro Amador de arte e mundo calcorreado, até in illo tempore em Moçambique. Humor cáustico, corrosivo de conhecedor reflexivo, sobre a sua Colômbia, arredores e restante mundo, naquilo do ir "até ao osso". Encanta-me. Intervala-se quando sobre o meu país, tanto pela cálida memória que dele tem como pela gentileza hospitaleira que lhe noto. E vem até a gabar como divulgamos Pessoa e ele se torna nosso. embaixador mundo afora, e por cá também. Sorrio, reencho o copo de tinto, e conto-lhe das pantagruélicas biografias agora editadas e das polémicas geradas, tinha Pessoa um pirilau grande ou pequeno, era dado a meninos (dizem os agora homos) ou meninas (dizem os agora heteros)...
Ri-se ele (e outros convivas) e desintervala-se, tratando-me/nos como a todos os outros, num genial sarcasmo: "pois é, o Pessoa é a vossa Frida Kahlo", cruel bisturi até ao âmago da pobre alma lusa. Gargalhamos. E eu, passados dias, ainda não parei de rir.