O Affaire Coimbra (3)
Sobre o “caso CES” deixei há semanas alguns postais relativos à sua parcela inicial - as acusações de “más práticas” a alguns dos seus membros. Nada disse ou digo (por meu desconhecimento) sobre a segunda parcela que tem vindo a ser aflorada: a apetência estatal pelo seu financiamento, o vínculo político-partidário das suas actividades e, talvez o pior de tudo, a cooptação dos seus avaliadores para os seus órgãos. Ou seja, há decerto material para debater o funcionamento do CES para quem se quiser dedicar a tal tarefa (como presumo que haja para o fazer em relação a tantos outros centros académicos, dada a generalizada prevalência da mentalidade de guildas…).
Dito isto, nada - nada mesmo - justifica que Paula Meneses, investigadora/docente do CES, seja afastada das suas funções substantivas. Pode isso satisfazer os revanchistas externos e os assustados internos - estes que tivessem contestado quem é e o que é de contestar, se o é, in illo tempore. Agora isto? É apenas vil. E estão muito bem aqui os seus alunos/colegas a ombrearem.
ALUNOS E ORIENTANDOS SOLIDÁRIOS COM MARIA PAULA MENESES
«À Direcção e Órgãos Sociais do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
À Direcção da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Prezadas/os, cientes das notícias que, nas últimas semanas, têm sido publicadas sobre o Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, não queremos sobre elas pronunciar-nos, na esperança de que as instâncias a quem cabe essa responsabilidade o façam de uma forma justa e eficaz.
Queremos, sim, expressar a nossa preocupação e perplexidade quanto ao afastamento da Professora Maria Paula Meneses da coordenação do programa de doutoramento “Pós-colonialismos e Cidadania Global”, bem como à sugestão para que se auscultassem todas/os as/os estudantes por ela orientadas/os e co-orientadas/os no sentido de estas/es transmitirem se pretendem a nomeação de outra/o orientador/a.
Enquanto suas/seus alunos e orientandas/os, nunca vivenciámos qualquer experiência que justifique uma decisão desse âmbito. Pelo contrário, a Professora Maria Paula Meneses foi sempre, para nós, um exemplo de trabalho, perseverança e honestidade intelectual.
Características que conjuga com um conhecimento crítico e profundo do mundo e das sociedades, fazendo dos seus alunos melhores pensadores e, consequentemente, melhores investigadores.
Pelo que acima mencionamos, estamos seguros de que uma decisão deste tipo empobrecerá a proposta curricular que o programa de doutoramento “Pós-colonialismos e Cidadania Global” actualmente apresenta.
Quarta-feira, 26 de Abril de 2023.
Assinam:
1. Begoña Dorronsoro, 2. Boaventura Monjane, 3. Caetano De Carli Viana Costa, 4. Carolina Peixoto, 5. Dea Merlini, 6. Fodé Abulai Mané, 7. Iolanda Vasile, 8. Jafar Silvestre, 9. Lidiane de Carvalho, 10. Leonardo Veronez, 11. Luís Bernardo, 12. Marcelo Valadares, 13. Margarida Filipe Gomes, 14. Paulina Mendes, 15. Sebastian Medina Gay, 16. Sofia da Palma Rodrigues, 17. Verónica Yuquilema, 18. Sebastian Zuñiga, 19. Geraldo Pina