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Nenhures

Nenhures

07
Mai23

O Affaire Coimbra (3)

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Sobre o “caso CES” deixei há semanas alguns postais relativos à sua parcela inicial - as acusações de “más práticas” a alguns dos seus membros. Nada disse ou digo (por meu desconhecimento) sobre a segunda parcela que tem vindo a ser aflorada: a apetência estatal pelo seu financiamento, o vínculo político-partidário das suas actividades e, talvez o pior de tudo, a cooptação dos seus avaliadores para os seus órgãos. Ou seja, há decerto material para debater o funcionamento do CES para quem se quiser dedicar a tal tarefa (como presumo que haja para o fazer em relação a tantos outros centros académicos, dada a generalizada prevalência da mentalidade de guildas…).

Dito isto, nada - nada mesmo - justifica que Paula Meneses, investigadora/docente do CES, seja afastada das suas funções substantivas. Pode isso satisfazer os revanchistas externos e os assustados internos - estes que tivessem contestado quem é e o que é de contestar, se o é, in illo tempore. Agora isto? É apenas vil. E estão muito bem aqui os seus alunos/colegas a ombrearem.

 

ALUNOS E ORIENTANDOS SOLIDÁRIOS COM MARIA PAULA MENESES


«À Direcção e Órgãos Sociais do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
À Direcção da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

Prezadas/os, cientes das notícias que, nas últimas semanas, têm sido publicadas sobre o Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, não queremos sobre elas pronunciar-nos, na esperança de que as instâncias a quem cabe essa responsabilidade o façam de uma forma justa e eficaz.

Queremos, sim, expressar a nossa preocupação e perplexidade quanto ao afastamento da Professora Maria Paula Meneses da coordenação do programa de doutoramento “Pós-colonialismos e Cidadania Global”, bem como à sugestão para que se auscultassem todas/os as/os estudantes por ela orientadas/os e co-orientadas/os no sentido de estas/es transmitirem se pretendem a nomeação de outra/o orientador/a.

Enquanto suas/seus alunos e orientandas/os, nunca vivenciámos qualquer experiência que justifique uma decisão desse âmbito. Pelo contrário, a Professora Maria Paula Meneses foi sempre, para nós, um exemplo de trabalho, perseverança e honestidade intelectual.

Características que conjuga com um conhecimento crítico e profundo do mundo e das sociedades, fazendo dos seus alunos melhores pensadores e, consequentemente, melhores investigadores.

Pelo que acima mencionamos, estamos seguros de que uma decisão deste tipo empobrecerá a proposta curricular que o programa de doutoramento “Pós-colonialismos e Cidadania Global” actualmente apresenta.

Quarta-feira, 26 de Abril de 2023.

Assinam:

1. Begoña Dorronsoro, 2. Boaventura Monjane, 3. Caetano De Carli Viana Costa, 4. Carolina Peixoto, 5. Dea Merlini, 6. Fodé Abulai Mané, 7. Iolanda Vasile, 8. Jafar Silvestre, 9. Lidiane de Carvalho, 10. Leonardo Veronez, 11. Luís Bernardo, 12. Marcelo Valadares, 13. Margarida Filipe Gomes, 14. Paulina Mendes, 15. Sebastian Medina Gay, 16. Sofia da Palma Rodrigues, 17. Verónica Yuquilema, 18. Sebastian Zuñiga, 19. Geraldo Pina

07
Mai23

O Primeiro de Maio

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A globalização imparável: aos 58 estreio-me num Primeiro de Maio, feito turista observador das coisas andinas. Comparando com as coisas lá de casa noto algumas parcas diferenças quanto aos fenotipos caminhantes e uma enorme placidez manifestante (no meio daquilo há imensos cãezinhos pelas respectivas trelas). E o mesmo folclore: nesta secção após terem passado as efígies de Ernesto Guevara, as blusas clamando CCCP ou "Lenin vive" - a matriz das assassinas FARC e quejandos - saltam-me à vista estes, os do patético "x" em riste. Rio-me alto, nisso sou visto mas decerto que incompreendido. Depois, lá mais para o fundo - a longa cabeça do desfile era de sindicalistas, estas tralhas estavam remetidas para o fim - ainda surgiriam um bando de putos vestidos de preto, "antifas", gritam-se, e ainda uma vintena de surpreendentes "cabeças rapadas antifascistas", musculosos, excitados e tatuados. Enfim, pouco me faltou para ir beber uma imperial à "Portugália". Com xs clientxs...

07
Mai23

O intelectual

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Sei que muitos duvidam - e nisso com toda a pertinência - das minhas habilidades intelectuais. Mas a isso não poderão associar o questionar da minha atitude. Pois poderá haver melhor pose analítica, reflexiva, filosófica até, do que esta, captada pelo Pedro Sá da Bandeira aquando da minha incursão ao Sargento Pimienta, templo do reggaeton?

(Fotografia de Pedro Sá da Bandeira)

07
Mai23

Na vila de Leyva

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É um lugar-comum, até estafado, isto de se ser o somatório do que já se foi, dessas memórias, frutos de uma militante "amnésia organizada". E sim, apesar de mim-mesmo, fui feliz ao viver na Bélgica. Lembro-me disso na bela praça da Villa De Leyva, interrompendo os gins (clássicos, claro) e fazendo anteceder as subsequentes tequillas de uma saudosa Duvel. Enfim, pouco importa onde se está, apenas como se está e com quem se está. E o que há para beber, a bem dizer-se...

(Fotografia de Pedro Sá da Bandeira)

 

07
Mai23

A “crise” vista de longe

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Vim à Colômbia, minha estreia em país apaixonante. Algumas palestras em Bogotá e esplêndidos passeios, coisas de ser ombreado por magnífico amigo feito mestre cicerone. Nisso, semana após semana, me vou afastando das majordências pátrias - mesmo que essas insistam em aterrar por via das incessantes "notificações" telefónicas, algumas delas também já escalpadas pelos cruéis bisturis arrolados neste Delito de Opinião... Sim, apesar dessa canga informativa, a distância havida, a complexidade local, a urbe Bogotá, a diversidade enfrentada, o peso dos Andes, a mata pós-amazónica, e o belo convívio continuado, tudo isto me refresca, até me acalenta aquela serôdia utopia do "ah, se eu voltasse a ser assim, que já o fui mesmo...", em tudo isso algo desprendendo-me da Pátria (sempre) Amada. Mas não por completo, que ainda me assomam laivos...

Nos últimos dias descemos um pouco, até a histórica Vila de Leyva, zona de gargantas agora pejadas de estufas, mas sede onde os coriáceos e de ouro sequiosos espanhóis se incrustaram desde finais de XVI, exactamente enquanto outros deles se nos uniam e mais outros se deixavam afogar na Mancha, afinal não Invencíveis. Enfim, gente que seria (muito) rude mas - e tanto dá para o perceber quando agora aqui os imaginamos nestas altitudes e naquelas eras - "antes de quebrar do que de torcer". 

Segue hoje esta província de Ricaurte mais plácida, entre a tal agro-indústria, o turismo local, para além do aparente remanso dos reformados bogotenhos... tudo isto pois apaziguadas as guerrilhas comunistas e seus opositores fascistas, e entretidos os decadentes "narcos" em recônditas ruralidades e trepidantes tiroteios urbanos. Nesse aconchego calcorreamos as redondezas da turística Leyva, e nisso passamos pela vizinha vilória Santa Sofia, pequena instalação recente, de gente gentil e também com anseios turísticos, a reboque das "belezas naturais" e em torno de uma patusca grande recente igreja, assinalada como "oferta de cacique".

E será essa placa que - ainda que sabedor das semânticas que por vezes nos afastam dos "nuestros hermanos" e demais hispânicos - me faz regressar, em breve ápice, por via desses incontroláveis fluxos, moles ditas "associações de ideias", ao ainda não saudoso rincão. Pois logo de seguida enfrento está entrada do cemitério. E assoma-me tudo isso que venho recebendo, a inepta malvadez, vergonhosa, desse Galamba, a que associo toda aquela tropa fandanga, a dos "jugulares", "câmaras corporativas" e quejandos, socratistas abjectos, esses galambas e adões, uns agora no governo, outros aos restos...

Rio-me, num "deixa-me fotografar!". Depois arrancamos. Pararemos numa venda para comprar batatas andinas e abóboras que me parecem gigantes, eu comerei uma arepa (bolo de milho) de queijo. Enrolo um cigarro e fumo-o na estrada, esta dos montes e vales. Em silêncio penso "tenho quase 60 anos!" , ""ela" está aí a chegar!". E "Que Se Foda o Galamba! E os Outros!". Apago a prisca, reentro no carro. Volto à Colômbia. A mim?

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