Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Nenhures

Nenhures

23
Mai23

Apocalypse Now

jpt

1335649810-2-Apocalypse-Now-quotes1_(1)

No canal Cine Mundo passou há dias, e gravei, o lendário Apocalypse Now. Há muitos anos que não o revia - vira, entretanto, 2 ou 3 vezes, a versão gorda, "Redux", acrescida de umas cenas cortadas na versão original.

Vejo-o agora e ficam alguns apontamentos (escrevo quando o Dennis Hopper aparece): o filme era e continua excepcional, não envelhece (alguns toques iniciais da banda sonora enrugaram mas nada mais, o que é incrível quase meio século passado). É um manifesto contra a ressurreição de Maniqueu, mas entender isso é demais para alguns activismos e academicismos. E, coisa de cinema, é a prova acabada que a "versão de autor" (final cut ou coisa assim) nem sempre é a melhor - como sempre pensei a tal "Redux" de Coppola é balofa, com cenas inúteis. Este inicial, depurada, é uma pérola. Única na sua perfeição. Talvez só a visão do "Horror" a permita.

22
Mai23

25 anos após a Expo-98

jpt

Soeharto_as_President_of_Indonesia

Muitos celebram hoje os 25 anos da abertura da Expo-98. Alguns, com mau feitio, resmungarão que aquele núcleo oriental não se desenvolveu como seria de esperar, como o mostra o relativo declínio de restaurantes, bares e instalações culturais da zona, bem como o suburbanismo do seu grande centro comercial, degenerado em xópingue. Algo matizável com este Festival católico de agora, dizem os crentes (na fé do Progresso). Outros, de péssimo feitio, mais em voga agora do que naquela já vetusta era, apuparão a evocação dos Descobrimentos que então aconteceu, a ela atribuindo as actuais maleitas sociais - enquanto nisso se deleitam a elidir as trapacices socratistas e suas sequelas bem vivas.

Eu, com o meu belíssimo feitio, neste quarto de século sobre a inauguração da "Expo" lembro, acima de tudo, que na véspera caíra o horroroso Suharto. E que Alegria foi!

21
Mai23

Portugal, país colonialista

jpt

20230520_144804_(1)

Eis-me chegado de uma suculenta refeição, que me foi ofertada por gente amada. Mas, e porque não há bela sem senão, tratou-se de um confronto entre a ponderada ideologia e o pecaminoso paladar.

Pois foi servido peru, o qual, ainda que apresentado em modo delicioso, não fez esquecer tratar-se o assado de uma vil Apropriação Cultural, resultante das malevolências dos pérfidos actos dos malvados Pizarro, Cortez, bandeirantes e quejandos agentes da colonialidade. Para cúmulo o evento foi culminado com um aquilatado arroz-doce, generosamente polvilhado de canela, outra rapina, também ela vergonhosa Apropriação Cultural, proveniente dos desvairados Duarte Barbosa, Mendes Pinto, Albuquerque e tantos outros - tudo isto diante do silêncio actual dos críticos e amadores gastronómicos, pois estou certo que nem os jornalistas do "Público" e os pensadores abissais refutam os Arrozes-doces avoengos...

Mas o pior de tudo ainda foi esta reclamação identitária, coisa de extrema-direita, exclusivista. Pois tudo foi encetado com uma dose de verdadeiros jaquinzinhos, desta extraordinária diminuta dimensão. Assim uma verdadeira afirmação nacionalista, eivada deste sempiterno imperial "pescar é preciso, viver não é preciso".

21
Mai23

Galamba 1

jpt

colombia

Estive um mês na Colômbia. Nos meus (talvez demais) desiludidos 58 anos nunca esperei encontrar em mim ainda tamanha capacidade de me encantar, face a um país magnífico sobre o qual pouco, quase nada, sabia. Lá fui a propósito da enorme Feira do Livro de Bogotá - falando sobre um escritor moçambicano, João Paulo Borges Coelho, que afianço credor dos maiores encómios e de imensas leituras, e sobre o qual escrevera já breves recensões sobre dois dos seus livros ("Ponta Gea" e "Namacurra")   e um mais longo sobre a sua obra global (O programa ficcional de João Paulo Borges Coelho), para além de múltiplos curtos postais sobre a sua actividade literária. Falei ainda sobre a língua portuguesa em África (numa curta elaboração partindo deste meu texto, "O Olhar Português em África"), a propósito do Dia Mundial da Língua Portuguesa. E tive ainda, no 25 de Abril, a oportunidade de apresentar o conteúdo dessa data a uma plateia de ouvintes colombianos (aqui o esboço que preparei para tal comunicação). No restante tempo procurei conhecer a impressionante urbe Bogotá e viajei por algumas parcelas do esplêndido, enorme e tão diversificado país.

Regressei ontem, já para além da meia-noite, após uma patética odisseia de três dias provocada pela Iberia. À hora de almoço, ainda algo estremunhado, sentei-me com amiga, verdadeira mana, indagando como estão as coisas reais por cá. Ela, acabrunhada, conta-me que o seu homem, que padece de um cancro daqueles violentos, está à espera de um tratamento com um medicamento. O hospital público que o acompanha não o tem - pois o Estado não pagou aos fornecedores, e por isso os hospitais vão emprestando uns aos outros os disponíveis. E a ele ainda não chegou. E que está à espera de encetar uma radioterapia, para o qual precisa de uns exames radiológicos. Mas a lista de espera é enorme.

É minha amiga há mais de 40 anos. Muito. Tanto que, in illo tempore, me convidou para seu padrinho de casamento. Como tal diante de tudo isto que me diz, enorme, não derivo para quaisquer ditirambos políticos nem análises sistémicas.

Mas agora, já à noite, sozinho, desabafo: 22/28! Entenda-se bem, esmiuço para os distraídos: nos últimos 28 anos o PS (a tal "esquerda") esteve no poder 22 anos, a promover o que se passa.

Entretanto, recordo, outros amigos que se chegaram à esplanada, até para saberem novas minhas após este mês de ausência, não resistem e elaboram sobre... o Galamba. Está visto, mesmo que assim andamos distraídos.

19
Mai23

Antes que a gente morra

jpt

FB_IMG_1684533279940

Ontem o Nuno Quadros apresentou o seu livro "Antes que a gente morra". À sessão compareceram vários núcleos dos seus amigos, daqueles que ainda não morremos. O Nuno deixou umas breves e belas palavras. Os inúmeros amigos, que transbordaram da sala, desdobraram-se em felizes reencontros e/ou apresentações. O beberete estava supimpa - abrilhantado por boas chamuças. Brindou-se a isto de estarmos vivos (e de lermos), de várias modos culturalmente aprovados. 

Ao final daquelas (tão breves) duas horas perguntei à equipa comercial como correra a sua tarefa: haviam vendido cerca de 200 livros (20% da edição). Um sucesso.

Saímos com um sorriso. E um livro debaixo do braço. Para ler, antes que a gente morra.

17
Mai23

"Antes que a gente morra" do Nuno Quadros

jpt

FB_IMG_1684347715597

Venho lembrar os que estão em Lisboa, e nas suas cercanias, que amanhã (18 de Maio, fim da tarde) o Nuno Quadros apresenta no Príncipe Real (na "Cabana", no Espaço Embaixada), o seu livro, a que tão apropriadamente chamou "Antes que a gente morra".  

O livro é muito de saudar, pois o Nuno “chegou-se à frente”, numa prosa desinibida de suave sorriso trazendo-nos as suas memórias dos agitados mundos em que tem vivido: do tardio Lourenço Marques até ao Maputo de hoje, cruzando os outros continentes pelos quais tem passado o seu agitado percurso, e nisso também evocando com extremo carinho gente de quem se gosta. E - também muito a saudar - sem com isso nos chatear com manifestos, diagnósticos, proselitismos ou sentenças… o livro é para ler, mesmo. 

E amanhã é aconselhável aparecer no "lançamento" - decerto que haverá as obrigatórias "breves palavras". Mas também um ponderado copo de vinho e alguma música para dinamizar o tão necessário Convívio... "antes que a gente morra". 

Por mim, caso a malvada IBERIA me consiga levar a Lisboa a tempo disto, lá estarei. Até porque acalento a utopia de lá também encontrar alguma chamuça, para apicantar o tal... convívio.

15
Mai23

Divagações nas Delongas

jpt

FB_IMG_1684189224137.jpg

“Um verdadeiro triunfo!, esta minha vinda à Colômbia”, concluí eu ontem à noite (já longa). Pois a Iberia fez por mim - e quero desconfiar que a pedido de forças sociais relevantes - o que a TAP se recusou a fazer pelo presidente Marcelo em Maputo: adiou o voo Bogotá-Madrid, atrasando-me o regresso à Pátria Amada, soube-o cerca de meia-hora depois do horário previsto para a partida.

Disso avisou a sala de embarque bem preenchida. Logo a mole viajante se foi levantando em busca de informações. Aí começou o Show Iberia, tantos traços culturais activados - quiçá resquícios da pujante mente imperial que fermentou a Invencível Armada (aérea?) - e tão vistosos que até ressuscitaram o meu saudoso “olhar distanciado”. Pois a segunda informação emitida foi a convocatória para que todos se sentassem!, escolar reprimenda recebida com audível desagrado pela moldura humana…

Seguiram-se duas horas, entrando-se já neste dia seguinte, de silêncio substantivo polvilhado de comunicações vácuas. Mas o interessante é que a Iberia - no aeroporto internacional de Bogotá, num voo para Espanha, com passageiros de várias nacionalidades - passou a comunicar apenas em castelhano. Diante do caos esqueceram-se do habitual bilinguismo das companhias aéreas… Passada uma hora daquilo, distraída no meu “broken english” a traduzir aquele efectivo silêncio a suíços, alemães, franceses e algum etc. que incluía até… colombianos, lá fui aconselhar os proto-desvairados funcionários que seria de regressarem às informações em inglês. Para compreender que os pobres não estavam em abissais e linguísticas reclamações “hispânicas” ou “indígenas”, quais activistas do CES da Lusa Atenas. Mas que apenas vão tão pouco pujantes na língua dos gringos como sigo eu…!

Enfim, lá seguimos para um hotel. O que implicou tornar a passar pelo controlo de fronteiras, em fila escoltada pelas tão atrapalhadas assistentes da Iberia. Um rancoroso agente invectiva-me em busca do carimbo de saída com que o meu passaporte deveria ter sido brindado horas antes. “Não sei”, digo-lhe três vezes. Na quarta vez que me pergunta o mesmo, do porquê de estar eu ali sem carimbo de saída, espadachando o meu passaporte na minha cara, digo-lhe no meu ridículo portunhol “não sei, é o seu trabalho, tem de saber como eu estou aqui assim!”. Irrita-se, tira-me da fila, entrega-me a duas dessas assistentes Iberia, e enquanto punhados me ultrapassam estas vasculham-me o documento, clamando - tornando-se assim ainda mais feiosas do que são, nisso mérito delas, não ganharam o emprego devido ao palmo de cara e ao punho de mama… - “ser minha responsabilidade” tudo aquilo. Entretanto esgotado um magote de passageiros o fascista junta-se às tais desengraçadas, conversam sobre mim e de súbito tomam consciência do que já lhes narrara: o passaporte é electrónico, passa incólume aos colecionáveis carimbos. O arvorado sorri e passa-me o documento, para que eu siga. 

Mas estou cansado e agora aborrecido com o destratamento. Por isso esqueço-me que estes controleiros fronteiriços são desconfiáveis - não mataram os nossos, ali mesmo nas vizinhanças de minha casa, um azarado tipo apenas porque lhe faltava um qualquer carimbo, apesar dele ser “louro e de olhos azuis”, assim dos nossos favoritos, como dizia o esquerdista Pacheco Pereira nos seus dias putinescos? Enfim, esqueço-me desse âmago ferino, e digo-lhe “porque não me deu esse sorriso antes, para quê tudo isto?”. De novo, lesto, se apropria do meu passaporte, invectiva-me “estás tomado?”, nem percebo, só depois na sua insistência, “estás tomado!!”, compreendo que me diz bêbedo. Ombreia com o par de jarras da Iberia e anuncia que eu ficarei ali, que vai chamar a polícia devido ao meu estado. Não estou bêbedo mas fico estupefacto, mais até com as cabrinhas Iberia (feiosas, não recordo se já o disse), ali tão ciosas em chatear o passageiro. Fico calado, presumo que tenha arqueado a sobrancelha (dizem-me ser-me gesto habitual), constato que nenhum deles porta identificação. Logo, logo, sem mais, me devolve o documento e eu sigo - “amanhã uso o livro de reclamações, espanhóis de merda…” -, mas um bocado alquebrado: na fronteira de chegada uma oficial tentou ser simpática e disse-me “velho”, à partida o seu colega quer ser antipático (e consegue) e chama-me “bêbedo”. Será melhor não voltar cá, sabe-se lá que mais avançarão.

Enfim, quase 5 horas depois da hora da borregada partida lá aporto ao hotel, feito coito de desiludidos. Enquanto espero por um verdadeira ceia leio as novas de Lisboa. Rio-me: Sousa Pinto, em tempos o agitado inventor das “causas fracturantes” agora tornado xuxu dos salões do centro bem-pensante, encantados com a verve do homem em avatar crítico, associou-se a outros da mesma laia (gente com o desplante de militar no PS), invocando o “fascismo” “inadmissível” da centena de tipos do CHEGA que se manifestaram no Largo do Rato, sede do sindicato socialista. Nas redes sociais vários, até não-PS, concordam. 

Estou cansado, esfomeado. E, repito, aborrecido com os maus-tratos, e percebo-me burguesote, nisso saudoso do quando até parecia um jovem aprumado, assim imune a estas cenas. Por tudo isso descarrego, desabafo, e para todas eles encomendo desgraças, dolorosas. Há pouco mais de um ano, na sequência dos dislates russófilos emanados do PCP aquando da invasão da Ucrânia, umas dezenas de manifestantes, entre os quais ucranianos, acorreram à sede daquele partido manifestando-se contra as suas posições. Na época vieram estes “comentadores” e estes “redessociólogos” gemer qualquer “inadmissibilidade”? É a malta do CHEGA desagradável? É.Mas para se manifestarem avessos às Leitão Marques e aos Silva Pereira onde o deverão fazer? Em Quelimane….? Mas se for contra o PCP toca de acorrer à Soeiro Pereira Gomes?

Acordo cedo e avanço para a leitura de um artigo sobre a história da Antropologia portuguesa, coisa de italianos. Para além das laudas ao nosso “progressismo político” actual lá vem o regurgitar do discurso socialista: o enquadramento histórico (em texto de 2023) anuncia o colonialismo português como um projecto do Estado Novo, malévolo. Os autores são estrangeiros, estarão a ecoar o que se lhes disse. Mas mais uma vez lá vem o elidir da essência colonialista do nosso republicanismo, da I República, de como tudo isso nos conduziu à I Guerra Mundial - é um esquecimento que é um aldrabismo (o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa no centenário do Armistício é um monumento protocolar dessa mistificação).

No fundo trata-se do óbvio: naquele meio intelectual, do tal “progressismo político”, o relevante é apupar o padre António Vieira e salvaguardar os antecedentes do PS, o qual distribui empregos e financiamentos. 

Interrompo a leitura, irritadíssimo. Desço à recepção onde me avisam que talvez siga hoje à noite. O meu problema é que os filtros acabaram e é difícil comprar mais - fuma-se pouco por aqui, escasseia a venda de tabaco. Os bogotanhos devem pensar que há coisas mais relevantes do que fumar à porta dos restaurantes. Se calhar há… Vou à rua fumar, terceiro cigarro com o mesmo, e último, filtro, um nojo. Despreocupado com o regresso. Pois de facto, constato, para todos os outros é igual a que horas ou em que dia viajarei eu. É verdade. Mas assim rebelo-me contra este meu declive, até depressivo, num “estás tomado?!”.

Regresso ao quarto, onde perorava o insuportável sotaque da Annanpour. No caminho uma empregada trata-me, como aqui o têm feito, por Señor Taveira, sorrio com gosto à tão rara alusão ao apelido do meu avô materno - oficial do 28 de Maio que não era mais colonialista do que os seus irmãos e cunhados mais velhos, também militares, que antes haviam partido, patrióticos, para a guerra na Flandres. Mas pronto, a minha irritação se calhar deve-se a ter lido ontem um (até fraco) “Abril e Outras Transições”, no qual o Cutileiro resmungara, en passant, a mistificação da I república, como acima de tudo, culmina com aquilo de uma boa educação universitária (sumamente altaneiro remete-a para Oxbridge) se definir por ser aquilo que torna alguém capaz de identificar “when a man is talking rot”… Não que eu tenha estudado por aí além mas atrasos nos vôos dão para estas… divagações.

Avanço, uma matrona simpática, nariz arrebitado atraente, companheira de vôo - a quem eu, na véspera ajudara com as malas, como se nada fosse - retoma a conversa comigo. Almoçaremos juntos, eu para dentro a recordar um conto de Cortazar no "Todos os Fogos o Fogo", que li em Salema aos 14 anos (um engarrafamento na auto-estrada, passados poucos dias as pessoas já se organizaram em comunidades, e até casais se fazem, de súbito o trânsito começa a fluir e tudo se desfaz na debandada). Ainda assim "fiz conversa" quase duas horas, um recorde de décadas. 

No regresso ao quarto, aqui, outra me trata por Senhor Taveira. E de súbito o tão raro tratamento atira-me para 35 anos antes: no Hospital Militar, a que acorrera para ver se me via livre da tropa, fui recebido por uma senhora, que então me parecia até decana, secretária de um qualquer Coronel ou General Médico. Olhou distraidamente para os meus documentos e tratou-se por "Taveira". Eram ainda os tempos do escândalo dos filmes e talvez também por isso disse-lhe "Eu não sou Taveira, sou Teixeira".

Ao que a Senhora me respondeu, dando-me a maior lição na vida, e que tantas vezes esqueço: "Taveira somos todos!".

(Talvez avance hoje. Se daqui a bocado encontrar o sacana da fronteira pago-lhe uma cerveja. E claro que não reclamarei das hospedeiras, ou lá como se lhes chama. Mau mesmo é o estado deste filtro, após 5 cigarros. Fedorento, afianço).

14
Mai23

Após um mês

jpt

FB_IMG_1684087777748.jpg

Uma vantagem de se viajar com um belo fotógrafo - para além de grande amigo - é este descanso de não se ter de andar a captar as meras muletas de memórias, esse apenas que são as toscas imagens que nós leigos atrevidos insistimos a desadequadamente chamar "fotografias"... 

Sim, de vez em quando lá alcei do telefone para "registar" não sei que sensação de momento - a qual depois nunca fica patente na imagem. Como aqui... Mas sei que são imagens que delirei logo que, dentro de dias, o Pedro me passar uma selecção do que colheu ao longo das nossas viagens. 

Acaba-se hoje este mês de Colômbia, um país magnífico que desconhecia. Enorme, belo, de imensa diversidade, no cerne de uma cordilheira monumental, tudo ainda com flora abundante e também ainda com agente afável. De bónus conheci um pouco de uma literatura muito interessante e um punhado de intelectuais dados e argutos, olhando mesmo para uma sociedade tão problemática que os imuniza a folclorismos, tão vigentes alhures. E, o mais importante de tudo, passei o mês entre amigos que são gente maravilhosa.

Daqui a pouco sigo para o aeroporto. E estou já com a sensação de que eu não mereceria este tanto que foi. A católica culpa do desfrutar, resmungo, ateu, diante do espelho.

13
Mai23

Ensaio Sobre Antropologia

jpt

2E85205D-1BE7-4CA0-8E4C-DC9C486D37AD.jpeg

Estudei antropologia social e usei profissionalmente essa formação disciplinar até ter atingido a decrepitude intelectual. Mas ainda sei algo sobre a temática - a Antropologia é uma ciência nascida na antiga Roma, no período republicano, e tratou-se do desenvolvimento de variações do princípio fundamental "Em Roma sê romano". Tudo o que depois veio a ser escrito sobre a matéria - em particular coisas emanadas de uma quinquilharia chamada "reflexividade" é uma contrafacção promovida pela poluente indústria de "papers". 

Por isso aqui estou, em Roma sendo romano. Ainda assim, isto de um tipo beber genebra misturada com flores é um bocadinho, como dizer, amaneirado... Só mesmo por amor à Antropologia. E à seguinte tequilla que também antecederá o almoço.

09
Mai23

Sócrates vintage

jpt

20230508_131426.jpg

Aqui são menos 6 horas do que no Trancão. Ontem descemos de Bogotá, na rota de Medellín, à qual não chegaremos, cruzámos as "terras calientes" e chegámos ao mítico Magdalena, rio matriz do país, aqui na envelhecida Honda, porto ribeirinho abandonado. Num bom e pausado restaurante, temperado a ventoinha de tecto, como este excelente "triunfo peruano" - farripas de carne estufada com pimentos sobre ("em cama de" no linguajar flausino actual) arepa e acompanhada de mandioca. Gin antes, cerveja durante, tequilla depois. Na alvorada tenho um WhatsApp sorridente - vários me mandam o artigo do João Miguel Tavares... Vou à pirataria Telegram e leio-o, são 5 da manhã e estou-me a rir: Luís Montenegro, o intermediário jurídico de negócios que dia sonhou ser califa no lugar do califa, é ali fuzilado como "Sócrates vintage". Mergulho em água tépida em demasia, nado pouco ("devia ter deixado de fumar há 20 anos agora é tarde demais), rio-me ainda mais, a lembrar-me do cabrãozinho tripeiro e da sua tropa fandanga, agora já sem cacique. Enxugo-me, matabicho frugal, cigarrada. E toca de ir ver o vulcão, de longe pois está activo. Mas antes de arrancar ainda volto ao quarto, abeiro-me da sanita e escarro. No "Sócrates vintage"...

Bloguista

Livro Torna-Viagem

O meu livro Torna-Viagem - uma colecção de uma centena de crónicas escritas nas últimas duas décadas - é uma publicação na plataforma editorial bookmundo, sendo vendido por encomenda. Para o comprar basta aceder por via desta ligação: Torna-viagem

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Contador

Em destaque no SAPO Blogs
pub