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Nenhures

Nenhures

29
Jan24

No Cemitério dos Olivais

jpt

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Mais uma vez acorro ao vizinho cemitério, para ombrear com uma querida amiga que agora viu findar a sua bela e tão simpática mãe. "É a lei da vida", sempre dizemos, qual legitimação  da dor sentida, como se assim a minorando. 

Esperando o féretro em seu torno nos congregamos, os da família pesarosa, alguns dos seus mais chegados amigos, colegas próximos escapados à azáfama diária, escassos amigos da quase nonagenária defunta. É uma breve pausa, momento de contidos cumprimentos e parcas palavras. Afasto-me um pouco, esfumaço e nisso esvoaço até aqui, ao muro fronteiro, entrada da "última morada" de tantos dos nossos conterrâneos. Noto o seu estado descuidado, já rumo ao devastado. Murmuro umas imprecações e logo regresso ao cortejo, já completo.

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Seguimos ao crematório, como agora é por cá opção quase universal. Breve cerimónia, neste despojamento face à morte que nos é típico, a nós laicos. Talvez assim mais doloroso, pois restamos desprovidos dos mimos que os rituais esperançosos sempre dão. Aos crentes.

Depois, já apartados da urna, deixamo-nos, como sempre ali, em breve convívio, forma de comunhão. Desgarrado, olho em torno, e nisso atento no matagal defronte ao crematório. Mais sinais de que reina a incúria, desde a entrada até às traseiras, naquela casa dos mortos. Forma de desrespeitar os seus vivos.

Escapulo-me até ao cendrário, esse onde há anos deixámos as cinzas dos meus pais. Noto, vá lá, que dali tiraram a placa "WC" espetada exactamente sobre aquele espaço, e que tanto me exaltara no funeral da minha mãe. Decerto que alguém ali terá percebido a displicente afronta funcionária assim afixada, e deixo-me imaginar que devido a protestos de algum enlutado mais enérgico.

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Recolho-me um pouco, até à demasiada comoção. E saio, deixa-me à porta do cemitério esperando pelas despedidas. Nesse entretanto reparo na azáfama automobilística. Atento e percebo o que ali acontece. Pois 2/5 do parque de estacionamento do cemitério foram entregues à EMEL, que os usa para arrumar os carros rebocados. Entram três desses naquele meu (outro) breve cigarro... 

E noto que a vedação colocada pela altiva empresa impede o acesso aos lugares de estacionamento sitos mesmo à entrada das instalações. E mesmo aos iniciais, esses que haviam sido reservados aos deficientes que ali se desloquem para enterrar os seus mortos. Isto sem que os serviços públicos tenham reservado outros para o efeito... "Questão de pormenor", dirão alguns munícipes. "Questão de princípios" responderei, crente ciente de que sem estes nem há meios nem fins. Não há rumo. 

E é desarrumo que esta ida ao cemitério tanto me mostra, a mescla entre a altivez frenética e a incúria letárgica dos funcionários. Camarários. Públicos. Lestos a cobrar, relapsos no servir.

"Ao menos que o dinheiro da EMEL servisse para arranjar o cemitério", conclui um amigo. Rimos, contidos, disso descrentes. E vamos almoçar todos juntos, que é dia de irmanar no luto com a nossa tão querida amiga, mana...

28
Jan24

Mais Um Beijo Pecaminoso

jpt

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Há algum tempo o mundo, aliás o "ocidente", cansado da guerra na Ucrânia e desatento a outros guerreares, debruçou-se com ira e furor sobre uma beijoca do señor Rubiales, e a esse propósito de uma formosa campeã se fez mártir desvalida e demonizou-se o histriónico prócere da bola.

Em toda essa argumentação, explícita ou até implícita, notei hoje durante o parco almoço, tabuleiro na mão diante da tv, que faltou um item. 

Pois já aqui terei referido o algum apreço que tenho pelo filme romântico Notting Hill (1999), o qual teve um grande sucesso internacional e que, decerto por isso, continua a ser transmitido nos canais televisivos, até em horário indiscriminado (hoje em plena hora de almoço). Ora acontece que perto do final, numa cena que é o verdadeiro  clímax do filme - a conferência de imprensa em que William (Hugh Grant) pede perdão a Anna (Julia Roberts) e esta lho concede - há esta agressão de Bernie (Hugh Bonneville, depois celebrizado pela sua actuação no folhetim "Downton Abbey") a uma anónima personagem feminina. Bernie, eufórico com o desenlace amoroso do seu amigo, agarra vigorosamente as faces da referida personagem feminina, e "rouba-lhe um beijo", como antes se dizia...

Este é um problema que a actualidade exige enfrentar. Deverá esta cena ser retirada do filme, de forma a que o contexto romântico, com tons de comédia feliz, não naturalize, legitime, o acto agressor? Ou deve ser mantida a totalidade do filme, respeitando-se a obra, mas impedindo que ela seja transmitida sem qualquer contextualização, em qualquer horário e sem aviso prévio aos espectadores? Confesso que não tenho opinião final. Mas, sem dúvida, urge actuar sobre este corpo delituoso.

(Versão de postal que há meses colocara no Delito de Opinião mas que me esquecera de aqui colocar)

27
Jan24

O Pensamento "Woke"

jpt

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Vejo o "E tudo o vento levou", que há muito não revia. Chega agora numa cópia restaurada há cerca de uma década, a avivar-lhe, mesmo que em mera televisão, algum do brilho fílmico que incendiou os cinemas aquando do seu aparecimento, fenómeno que foi. Lembro-me, vagamente, da primeira vez que o vi, petiz junto à minha mãe em cinema de grande tela - talvez o "Monumental", bem antes deste ser uma vulgata envidraçada de vendilhões do templo, talvez o "Império", também antes deste ser um templo de vendilhões.

Ela adorava o filme, percebi depois e lembro agora, saudoso, que por venerar Scarlett, feita arquétipo de pessoa, suplantando-se entre a candura e a estratégia, numa franqueza ardilosa, símbolo da mulher adequado ao circundante, mais necessário de afirmar em tempos já tão distantes que a boa língua portuguesa sobrevivia sem patacoadas como "resilência"... Ao longo dos anos regressei ao filme algumas vezes, percebendo que - afinal - articula o dramalhão comercial com o desfazer dos aparentes estereótipos, pois não só desfraldando as fraquezas masculinas como escorrendo algum sarcasmo com o estertor daquela nada bela "Belle Époque" escravista. Num filme de guerra sem guerra, assim sem heroísmos encenados, nisso subreptícias justificativas...

Mas ontem nem pensei nisso. Sexta-feira à noite fiquei a ver o filme ao lado dela, Marília, enquanto o meu pai António ia lendo na sua poltrona, alheado como (quase) sempre da televisão. Tinham vindo passar o serão, agradados com a visita que lhes fizera de manhã no cendrário dos Olivais - onde acorrera por razões outras, - tendo-me demorado, ali, junto ao que deles me resta. Até me sentir qual o Anthony Hopkins no final do "O Pai" que vi há dias, que foi o sinal para partir, que nada é bom em demasia.

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Depois do tão esperado e obrigatório "After all, tomorrow is another day", a mãe foi-se deitar e fiquei, como é habitual, de conversa com o pai. Ele disse-me que estou a fumar demais e, como é óbvio, resmungou com a pepineira do "Gone With the Wind". Foi o (por mim ansiado) sinal para politizarmos. Precipitei-me para o controlo e puxei o filme atrás - coisa que ele nunca faz, estranhando estas novas tecnologias - até ao princípio. E logo concordámos no ditirambo contra este pensamento "woke", paupérrimo arremedo de reflexão. Tanto barulho fazem os seus "activistas" para expurgar a história, para tutelar mentes, para "analisar" o "abissal" mundo. E para apenas saracotearem coisas como esta: enfrentar um filme destes, com o impacto que teve, quase quatro horas de filme, num argumento com as camadas que tem, e julgam relevante e necessário anunciá-lo como "produto da sua época e retrata preconceitos raciais e étnicos", como se houvesse algo que não o seja. E é com esta pobre mentalidade que se agitam, ufanos na crença de que "para criar um futuro melhor é necessário primeiro conhecer e compreender a história"... Assim?

O pai abanou a cabeça, em desprezo, e nisso tanto concordamos na aversão a esta pobre gente adormecida, enlevada consigo própria, tanto que se dizem "Acordados", essa sempre dita "esquerdalhada". Avancei um pouco o filme e digo-lhe "vê esta cena, pai", o baile no qual a jovem viúva Scarlett dança pela primeira vez, assim quebrando as regras do nojo, com o galhardo Rhett. E ela, enquando rodopia, diz-lhe "Mais uma dança e perderei a minha reputação para sempre", ao que ele responde "Se tiver coragem, pode viver sem a sua reputação". E o  meu pai, o Camarada Pimentel, sorri, anui, nem preciso de lhe explicar o que quero dizer - até porque já cheguei à idade em que não só o compreendo como também ele me percebe. "Querem a história sem "grão", como o dos filmes antigos, a história como "cópia digital restaurada", atiro. "É isso", diz, aceita. E repete que estou a fumar demais. Depois vai dormir. Estando, claro, acordado mas nunca "woke"...

22
Jan24

O centenário da morte de Lenine

jpt

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Ando eu submerso nas minhas coisas, em apneia arfante, por isso desatento ao circundante... Mas ainda assim surpreendo-me. Pois apenas hoje, em visita matinal ao email e através da notificação do simpático "sítio" "RetroNews", que noto ter ontem sido o centenário da morte de Lenine. Concedo, terá havido alguma notícia televisiva que eu não acompanhei. Mas no Google são escassas as referências à efeméride. 

E disto retiro mesmo apenas a constatação do quão efémera é a glória. Neste caso política e intelectual (ideológica, se se quiser). Tão propalado foi o "mais importante acontecimento da história do século XX", até mesmo da "história da Humanidade", a "revolução de Outubro" sob a liderança de Lenine. Tão apregoada foi a superioridade - a "virtude" - do marxismo-leninismo. Tão vendidas e mesmo lidas foram as suas "obras" - "escolhidas" e até "completas", quais faróis para o futuro. Isto tudo apenas há algumas décadas, na minha (nossa) vida adulta. 

E agora passa-se o centenário da sua morte. E apenas noto isso no simpático almanaque francófono. Não haverá prova maior de que o tal "espectro [que] ronda a Europa - o espectro do comunismo" é uma memória. Esconsa. Malvada, mas esconsa.

20
Jan24

Um jornalista a mais

jpt

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Na Universidade Católica as suas associações dos alunos de Estudos Políticos e de Direito promovem um ciclo mal intitulado "Conversas Parlamentares" - porventura alçando-se a constituírem elas próprias um parlamento, através da elisão de um simples "com...". Enfim, petulâncias juvenis que fazem parte do crescimento.

Esta semana convidaram o parlamentar André Ventura, o qual acedeu a participar. Como basto noticia a imprensa, um jornalista do Expresso foi trabalhar a essa actividade. Alguns estudantes - decerto que com alguma participação na organização - decidiram expulsar o jornalista. Apenas o "removeram", afirmam, com desfaçatez sob caraça de candura. Ou seja, agrediram-no: impediram-no de fazer um legítimo ofício, agarraram-no e puseram-no fora da sala.

A tentação de acusar o inflamado orador Ventura logo vingou na imprensa. Acusam-no de não ter evitado a situação - o que não lhe competiria, pois ali convidado, ainda que pudesse ter matizado os ânimos estudantis se deles tenha tido percepção, até dado o seu estatuto professoral para além de político. Acusam-no também de ter um segurança que mandou uma "boca" ao jornalista. E acusam-no até de antes ter escrito no actual "X" que é preciso meter na ordem os jornalistas - associando-se nessa vertigem ordenadora ao seu presidente parlamentar, Santos Silva, que antes apelou a que pusesse na ordem os do Ministério Público. E esse desígnio de Ventura nada inova entre os seus pares, pois é consabida a tradicional vontade dos incumbentes em impedirem as "perguntas do Correio da Manhã...".

Julgo que neste caso o afã condenatório sobre Ventura - como se não houvesse outras suas diatribes passíveis de serem apontadas - não vinga. Não só por ter sido um seu assessor que "safou" o jornalista, isto para além de ter sido o próprio partido a divulgar/convidar a imprensa para acompanhar a actividade. Mas porque o relevante aqui é a atitude intelectual dos estudantes.

A Universidade Católica tem fama de ser uma instituição de excelência. Como tal é deveras surpreendente que os seus alunos  - ainda para mais participantes nas organizações das suas associações de estudantes, o que não implicando serem dos "melhores alunos" os indicia como empenhados e atentos - de Ciência Política estejam imbuídos de tamanha aversão pela democraticidade da sociedade, que tem como item fundamental a liberdade de informação. Demonstrada não só no episódio até rocambolesco da "remoção" do jornalista em causa, mas mais ainda no atrevido propalado propósito de organizar sessões com políticos fechadas à imprensa. É este tipo de gente que a Universidade Católica licencia em Ciência Política, é este o ambiente intelectual que os currículos e a docência de Ciência Política na Universidade Católica promove? Mais ainda, é este tipo de organizações públicas fechadas à comunicação social que o Instituto de Estudos Políticos induz e acolhe? Quase o mesmo se poderá dizer quanto aos estudantes de Direito - ainda que o vínculo  das Ciências Jurídicas com a democraticidade não seja tão linear como o é o da Ciência Política vigente em regime democrático. Mas neste caso há outra dimensão, pois o que se assiste é que os estudantes de Direito da Universidade Católica se dedicam, sem pruridos, a violar a lei nas instalações da sua universidade. E não se trata de ilegalidadades do foro privado, meros deslizes pessoais, aquilo dos "vícios privados, públicas virtudes". Pois estamos diante de "vícios públicos", crimes públicos, isto de um "arreda" ao jornalista, de o "sacudir". Dá a sensação de que algo de podre está naquelas docências, a promoverem estas consciências...

Quanto ao resto, notei uma minudência a caminho de majordência: foi noticiado que um dos rapazolas mais vigorosos na sacudidela do jornalista é militante da... IL. Talvez conviesse apurar a veracidade disso. E caso seja verdade que alguém pondere se tais actos são ... liberais.

17
Jan24

Eleições Legislativas 24

jpt

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Perguntaram-me ontem, domingo, "em quem vais votar?". Resmungo, balbucio, e culmino "depende da minha disposição do dia". "Como assim?", e vem até o espanto "não achas que o teu voto não deve depender da disposição?". Insisto, até recordando eleições passadas, "se acordar mal-disposto nem vou votar...". Colho risada, à qual se seguiu insistência, não procurando tutela mas opinião franca. Avanço então, até porque ali (só ali) a sinto minha responsabilidade: sim, Delenda est PS, esse coito de gente infecunda. Mas ali um pouco à sua direita o que há? Já há muito o disse, aquele Montenegro é um Jorge Silas da política..., sintoma da degenerescência do seu partido. E esta "nova AD" parece pungente: o cartoon de António no último "Expresso" - intitulado "ó tempo volta para trás", com o patético "líder" do inexistente "PPM" fadistando, acompanhado à viola e à guitarra pelo líder do defunto CDS e pelo tal Silas - nem letal é, apenas constatação. No Instagram o humorista Francisco Menezes é ainda mais contundente: "Acho bestial esta ideia da AD... É como ver o Belenenses outra vez a jogar na Primeira (Divisão) ... é como ligar a televisão e ver outra vez o Fialho Gouveia a comentar o Eusébio..." e, cúmulo, "se o meu Simca pegar eu faço-me à nacional .. e voto na AD". A sério, o que disse o PSD nos últimos anos de substantivo, e já nem falo dos outros pesos-mortos da tal "AD"? E nos tempos mais recentes, o que verdadeiramente relevante diz a direcção e os pensantes do PSD, que ultrapasse os origamis de Montenegro? E quem é a sua massa apoiante, entenda-se, que figuras da sociedade congregou o partido? Os miguelistas do PPM, a meia-dúzia de sobreviventes do CDS? Ou os colegas intermediários de negócios, peritos na articulação com as empresas públicas e as autarquias? Em suma, quem fala pelo PSD? E o que diz? Chegam-me lamentos que a imprensa não atenta nas acções do partido (ou da "coligação"...). Talvez. Mas e nos últimos anos?

Este meu resmungo esgotou a (curta) viagem de táxi. Segue-se uma fila, antecedendo a despedida. Essa faz que a minha disposição não seja a melhor, e sigo no resmungo com a IL, na qual votei, na qual votarei (se estiver bem-disposto no dia, já o disse). A qual se enrodilhou em questiúnculas internas, à qual parece faltar agora aquilo que se diz "elã", isso de falar mesmo com as gentes, o "povo". E cujo furibundismo ideológico poderia ter justificação como combustível de crescimento mas nunca serve para safar de tropeções autofágicos. Ok, é um partido "de quadros", dirá muito - nas últimas eleições gabavam-se de terem um longo programa -,  mas que articulação haverá? Há dias fui ao "sítio" do partido, ainda não encontrei algo substantivo sobre o que aí vem. É para este putativo eleitor ficar com as declarações, praticamente uninominais, daquele partido? "Somos poucos" dirão. Mas também à esquerda os partidos o são... Quem fala pela IL, sobre as diferentes temáticas?

Enfim, despedida feita, regresso via metro, noite fria, a evitar o azedume. Neste dia seguinte levanto-me e leio, como sempre, o Record. O destaque é a chegada a Lisboa do popularíssimo treinador Jorge Jesus, actualmente emigrado na Arábia Saudita. Diz ele que "isto agora já não tem muito a ver com Portugal... isto já não é o meu Portugal, isto está diferente, está muito confuso ... falta de segurança, nota-se perfeitamente".

Sim, a gente pode dizer que "é o Jesus" - o qual é mais ouvido do que todos os comentadores políticos televisivos -, pode dizer que é "populismo", que é "falso". Ou mesmo pode dizer, com ironia, "quem fala pelo CHEGA?". E com que efeitos populares...? Mas também pode dizer que estas são problemáticas sentidas como prementes por largos sectores da população. E se "o povo é quem mais ordena" as suas preocupações, mesmo que parecendo infundadas, são temas que urge enfrentar. E, principalmente, nunca devem ser entendidas como "descabidas". Pois até são "europeias", e também por isso se reflectem aqui. De modo por agora exagerado. Mas real.

Ou seja, quem fala connosco? Os Escárias - que verão os seus processos anulados? Os "identitaristas" avessos às identidades nacionais se estas coincidentes com Estados? Os comunistas brejnevistas? Os intermediários de negócios? Os ideólogos, alguns deles encantados com as retóricas festivas? Ou os populistas - estes sendo aqueles que guturalizam sobre aquilo que os outros julgam despiciendo?

Vou ao Whatsapp e envio a mensagem: "sobre a conversa de ontem? Muito provavelmente votarei na IL. Apesar de tudo...". E que grande tudo tudo isto é.

(Postal colocado no Delito de Opinião)

17
Jan24

Leituras do passado fim-de-semana: um artigo, uma frase e uma reportagem

jpt

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1. Um amigo envia-me o artigo desta semana de António Barreto, também embrulhado num "lê". Clarividente sobre o PS este "Santos e diabos. Polícias e ladrões" que o autor, como sempre, colocou também no blog Sorumbático.

2. Enviaram-me o artigo dizendo-me "lê". E eu li, a coluna de Clara Ferreira Alves no Expresso desta semana. Texto algo escatológico. E que (também) deixa isto: "o Congresso do PS foi um festival de onanismo".

Expresso

3. Ao final do dia é uma jovem portuguesa, mais do que potencial emigrante, que me chama a atenção para uma notícia no "Expresso" - sabendo ela que eu não leio o jornal, nem mesmo o folheio. Diz-me ela que pela sua experiência - os conhecimentos da sua geração - deve até pecar por defeito essa perspectiva de que 30% dos jovens (até aos 39 anos) já emigraram.

O que seria inacreditável - se a realidade não nos obrigasse a acreditar nisso - é que nos últimos 30 anos praticamente só um partido governou. E o fruto deste regime, do conjunto de políticas económicas mais ou menos (des)articuladas que esse partido vem executando, é isto. E não só a sociedade, conservadora, envelhecida, timorata, continua a nele votar como nos seus agentes acredita. E continuam a dizer, tantos os seus avençados como os seus adeptos pagadores de impostos, que a emigração foi no tempo do ... outro (já agora, esse outro que governava um país esmagado pelos constrangimentos do FMI/BM/UE, dada a crise que governo anterior muito alimentara).

O grau de inconsciência dos portugueses - melhor dizendo, dos portugueses que por cá ficam a residir - é incomensurável.

(Aqui junto postais que coloquei no Delito de Opinião: 1, 2, 3)

15
Jan24

O estado do "jornalismo de referência"

jpt

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Aqui reproduzo o "lamento" do "jornal de referência" Público - ontem emitido numa rubrica curiosamente chamada "coluna do provedor" - por não ter noticiado o assassínio de João Chamusse, jornalista moçambicano, acontecido no passado 14 de Dezembro. A razão (desculpabilizadora) apontada remete para que o único jornalista daquela empresa que atenta sobre "África" estava de folga e a LUSA não ter noticiado o facto.

Retiro algumas conclusões: 1) na própria madrugada do acontecido recebi a notícia por WhatsApp. Compungido, de imediato lamentei o facto no Delito de Opinião. Assim disto retiro a primeira ideia, até mais privada: no Público não lêem blogs (e porventura também se isentam das "redes sociais"), decerto que por serem vis locais de "fake news" e populismos (que não os identitaristas); 2) naquela casa um assassínio de um jornalista se este africano é um assunto de "África", decerto que ao invés do que se for americano, asiático, oceânico ou europeu, porventura devido às tais questões de "identitarismo", dir-se-á racial neste caso; 3) os serviços em português da DW e da RFI logo noticiaram o assassínio, o que mostra que no Público não se lê a imprensa gratuita internacional; 4) no mesmo dia o "popular" e "populista" Correio da Manhã noticiou o facto ecoando a nota da LUSA, o que demonstra que no Público não só não se lêem os outros jornais portugueses como se indevidamente apontam falhas a agências noticiosas conterrâneas (e colegas) para se desculparem, bem a posteriori, desinteresses próprios.

Este é o estado do jornalismo de "referência". Do seu exercício e da sua provedoria.

(Postal no Delito de Opinião)

 

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Bloguista

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