O meu livro "Torna-Viagem", crónicas maioritariamente sobre Moçambique, publicado em plataforma de impressão por encomenda e só acessível nesta ligação - assim inexistente em livrarias, feiras e escaparates avulsos - teve hoje o seu ducentésimo exemplar vendido. Entretanto eu ofereci 14 - a quem mesmo tinha de ser, não podia alargar-me nisso, pois também tenho de os comprar e vivo em era de grande aperto.
Amigos sorriem e dizem ser um número muito apreciável - especialmente neste regime de edição. Sabem que cheguei a este número porque o impingi, repetidamente, a todos os conhecidos e interlocutores (via blog, whatsapp, email, fb, instagram, linkedin). Fi-lo sem rebuço, pois crente que pior do que o despudor é o ser blasé - neste caso o blaseísmo seria publicar um livro e não o divulgar...
Como já aqui contei, amigos haviam enviado o projecto de livro a meia dúzia de editores. Nenhum respondera (dizem-me ser marca d'água desses "empreendedores"). À excepção de um, gentilíssimo, que então me disse "gosto, mas um livro destes de autor desconhecido venderá 200 livros em livraria e eu perderei dinheiro". Respondo agora, sem pingo de acinte, "se vendi 200 assim, neste excêntrico sistema de encomenda em "site", teria vendido 400, ou mais, em livraria, não terias perdido dinheiro".
Espero que mais gente queira ler as memórias das minhas andanças. Apenas por vaidade própria, pois não há nelas ensinamentos ou manifestos, muito menos qualquer agenda. Isso só acontecerá por via de divulgação alheia, eu já insisti em demasia. Se houver mais ecos do livro continuarei a partilhá-los mas já não serão novidade para os meus interlocutores, se calhar até será contraproducente ("lá está este gajo outra vez!", dirão).
Eu crera na possibilidade de vender 100 exemplares. E afirmara a utopia de chegar às 150 vendas. Depois disse-me que se vendesse 200 publicaria outro livro, no mesmo registo. Obrigo-me agora. Fá-lo-ei lá para Novembro, após retocar as vírgulas.
Esse novo livro chamar-se-á "O Podcast Mudo". Será um conjunto de textos de opinião, centrados em Portugal e Moçambique. Não serão críticas aos socratistas (os de antes e os de agora). Muito menos ditirambos contra Frelimo e Renamo. Ou contra os males do mundo... O seu mote está esparramado nesta fotografia: na escola C+S atrás da minha rua, nos Olivais de Lisboa, o Estado português acaba de afixar este sinal de trânsito dedicado aos petizes e seus "encarregados de educação", dizendo em língua estrangeira "Kiss and Ride". Em 2024, não em 1924 nos alvores da condução automobilística, quando tamanha excentricidade impunha os anglicismos.
Ou seja, o livro é sobre o grotesco. Luso, vosso.
(Entretanto, e se tiverem disponibilidade, vão lá ao meu "Torna-Viagem". No qual sou muito mais simpático - mesmo sem distribuir "batiks" ou "imaginários" dos "cândidos" e "bons" "africanos".)