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Nenhures

Nenhures

04
Abr25

Vou ver o Tim

jpt

Timn.jpg

Hoje vou ao São Jorge ver o espectáculo do Tim. Eu gosto dos (seus) Xutos. Continuo a pensar que o português mais relevante - e não só na música - da minha geração é o Pedro Ayres, por razões que agora não desenvolvo mas sumarizo: na grandeza de si próprio, Homem que é, descomplexou este traste país. Sim, então o mais-velho Soares fez-nos, para o bem e para o mal, “mediterrânicos”, desse mar do meio afinal charco do qual ainda não saímos. E sim, nessa época Lopes e Mota convenceram-nos que poderíamos ser campeões. E, mais ainda, sim, Saramago (e Lobo Antunes) explicaram que até éramos inteligentes. Mas o Ayres fez mais, foi português! E convocou-nos a nisso segui-lo, refez-nos. E estou feliz pois, há poucos anos, tive a honra de o (re)conhecer - cruzara-o superficialmente “nos tempos” - e o privilégio de lhe dizer isto mesmo. Julgo que o Ayres - o marechal Ayres, se se quiser aceitar o que sinto - não terá desatinado com o meu emotivo arrazoado, até balbuciado.

Mas isso - esse “isso” que agora, velhote, me é o fundamental - é outra coisa. E nada obsta a que os “meus” hinos, as minhas memórias, sejam as do Xutos. Desde o inicial concerto com os Minas e Armadilhas nos meus 15 anos, já nem me lembro onde correu esse verdadeiro “punkismo”, terei bebido demais… Mas lembro bem o “1º de Agosto” do Rock Rendez-Vous em 1984, ali ido com amiga boazuda, mais velha e com o namorado ausente - a malta dos Olivais sabe do que, de quem, falo, mas quarenta (!!!) anos depois já nem é inconfidência -, eu puto num “a ver no que isto dá”, mas a esquecer-me disso - até porque ela também indiferente, diga-se -, pois logo exultante, pulando, diante do “Já estou farto de procurar / um sítio para me encaixar… / eu vou para longe, para muito longe / … falta-me o ar para cá ficar”, isso que vim a seguir na vida. E sim, naquele dia terei urrado “se me amas / se me queres…”, mas para o ar, desarrumado. Vinte anos!, tinha, e ali com uns tipos a rockarem o que tinha eu no âmago…

E nesse longo entretanto vi-os imensas vezes. Um dia num qualquer recanto do Ribatejo, a esgalharem imenso num meio vazio rinque de patinagem, ali tendo uma primeira parte dos Radar Kadafi - a banda da minha rua, a Bolama, quando o Tiago, o Guli, o Ambrósio, o Fernando e o Sampaio tinham decidido que seria eu o “road manager” da banda então em ascensão, eu puto atrapalhado (e ganzado, diga-se) em demasia para ser “manager” de mim-mesmo quanto mais de outros negócios “on the road”…

(o texto completo está aqui no meu novo "O Pimentel". Está com acesso livre - mas quem o quiser subscrever, em modalide paga ou gratuita, será muito bem recebido)

02
Abr25

O Desplante de Desventura

jpt

banca washington.jpg

"Já viste a entrevista do Boaventura", perguntam-me?... "Sim!" respondo. E sobre o homem também já escrevi - várias vezes ao longo dos anos, de muitos anos, tanto (em registo de blog) sobre o seu "sacanismo" como (em registo "academês", aquele das notas de rodapé e bibliografia apensa) sobre o seu apatetado teor ideológico, um mero lusotropicalista de pacotilha (em ideário e em prática...), algo que contradiz tudo o que de "revolucionário" (enverhoxista, não se esqueça) foi balbuciando sob retórica vigorosa. E também o fiz agora, há algum tempo, sobre este "Affaire Coimbra", esta miserável abjecção que o recobre, de modo indelével.
 
Não me vou repetir. Mas deixo três apontamentos, dedicados àquelas (sim, o género é correcto) que sobre isto antes me escreveram com ... dúvidas (no registo "há mulheres que...", as "provocadoras...", "nunca se sabe...", "se lá estavam era porque...").
 
1. Há algum tempo o velho publicitou (afrontando a nossa etiqueta de recato) um lamentável diagnóstico de doença gravíssima de uma sua companheira colega. E usou-o para proclamar a sua inocência e o teor até assassino das suas acusadoras. Honestamente: nunca vi tamanha indecência. Tétrica, amoral.
 
2. Agora, em longa entrevista televisiva, gaba-se de ter sorte com as mulheres, de ser atraente. Sabe-se que a docência é composta de sedução e nisso tem uma dimensão de erotização (foi o Steiner que o escreveu, não sou a dizê-lo...). E nesse registo sempre lembro que dois dos meus melhores e íntimos amigos casaram com antigas alunas. Tendo começado os namoros... depois de terminado o vínculo docente. Há uma diferença gigantesca. Não de grau, mas de natureza.
 
Fui professor bastante tempo. As alunas (e as jovens colegas) têm uma característica: são novas, por si só um item de beldade. Algumas são belíssimas. E/ou interessantíssimas. Algumas são insinuantes - porque seduzidas ou porque atrevidas (aquilo do "comer o professor" também existe). "Raisparta" diz o homem comum... Ao longo do meu período docente estive escudado diante disso - de facto, mesmo que seja ridículo dizê-lo, eu amava a minha mulher, mesmo. Mas isso não impede que um tipo diga, sinta, "raisparta que esta miúda.... ah, se fosse no meu tempo!". Só que sempre pensei, e alardeei - e talvez por esse meu escudo amoroso - "uma aluna (ou uma jovem assistente, entenda-se), uma aluna é um homem!". Isto não é um homofóbico, é só um heterossexual a falar. Não estou a ser moralista, cada um vive o casamento como quer. Estou a ser deontólogo, um professor não tem "sorte com as mulheres".... Se estes alunas ou tuteladas. Pqp o velho!
 
3. Neste seu execrável e negacionista exercício retórico (proporcionado por uma estação televisiva) o velho coimbrão veio dizer que nos anos 60/70 todos diziam "galanteios", misturando as coisas, reduzindo as acusações de assédio sexual (carnal) e laboral (coisa terrível que abunda na universidade) a umas "bocas"...
 
Ontem estive horas com um amigo (camarada, "mano") e uma amiga, já dos "tempos". Mulher belíssima, divertidíssima. A partir das 3 ou 4 imperiais cumulei-a de galanteios, até para sorriso (cúmplice) do amigo... O melhor (ou maior) terá sido quando quis pagar a conta (dolorosa, decerto) e o empregado (lisboeta dos antigos) disse "a senhora já pagou", e eu resmunguei o "velha guarda" machista "então deixa a senhora pagar?!" e ele me respondeu, surpreendido, "então?!, julguei que eram o mesmo!!!". "Hé, pá, homem, esse é o maior elogio que me fazem desde há anos", exultei para gargalhada na mesa... Estes galanteios em 2025 importunaram, agrediram, pressionaram? Ou foram contextuais, simpatias inócuas, semanticamente perceptíveis e aceitáveis, entre pares? Entenda-se bem, o velho "sociólogo" enverhoxista coimbrão aldraba as relações, esconde as questões do poder...
 
4. Deixemo-nos de merdas, é inadmissível que uma estação televisiva que emite com alvará público dê espaço a mariolas. Pois é "deseducativo". E, acima de tudo, é ordinário.
 
Finalmente, o velho tem o desplante de afirmar que o agente que o "calunia" é o "neoliberalismo". Ilustro com esta fotografia, para aí com 20 anos, talvez da província de Nampula. Ou na Zambézia. Tão mítica como a argumentação dele. Mas não vergonhosa, ao invés da dele.

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Livro Torna-Viagem

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