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Alfredo Marceneiro - Casa da Mariquinhas
(Postal para o meu mural no Facebook)
Não é por falta de vontade mas não consigo atinar com a Instagram, dita mais “jovem” e, por isso, mais “fina” - pois, como é sabido, "nós" envelhecemos menos que o povoléu. Fui lá há pouco, até para me libertar dos dizeres que aqui abundam, que isto está cheio de gente opinativa… Enfim, nas 30 primeiras publicações a que acedi havia 16 colocações pessoais (duas excelentes fotos gastronómicas, várias más fotos de paisagens veraneantes, ecos de festas com gente que desconheço). E 14 anúncios!!!
Não percebo a atracção daquilo, mesmo...
Madredeus - Haja O Que Houver
(Texto para o meu mural de facebook)
Repito-me, esta é a minha canção portuguesa. Sei que há quem desgoste - um querido amigo (esmurrou-me na festa dos meus 10 anos!, a tanto isto vai, tanto nos liga...), músico e produtor, dizia-me há dias que um grande autor português, para sempre embrenhado num até demencial cantoautorismo, há anos vociferava que os Madredeus eram "o Mateus Rosé da música". Belíssima invectiva, se calhar verdadeira. Mas que seja vivida deste modo: se assim é, que saborosa vinhaça! E insisto nisto da tão minha crença, até política, ainda que talvez não de outros - mesmo que agora lendo da reedição dos textos cruciais do MEC, daqueles "dos tempos" -, de ter sido o Ayres, discreto ele, o tipo fundamental da minha geração.
Escrevo este postal numa magnífica noite de Verão, após um jantar - bebericado - sob as árvores deste Algures com maravilhosos amigos, daqueles que escoram. Outros destes têm vindo a morrer, alguns seguem atrapalhados (abraço, camarada[s]), pois a nossa hora vem chegando, e resta-me a imensa amargura disso. E assim um homem, ainda para mais neste celibato pérpetuo que nada esconde, percebe que segue já com os pés para o forno.
Vem-me tudo isto à pele, às teclas - e se calhar em registo exagerado -, ao ler um texto, um tipo acerado e clarividente a dissecar - mesmo até ao osso - um já velho romance, sobrevalorizado, sobre a "descolonização", o "Retorno" de Dulce Cardoso. Um livro em registo algo "pitoresco", como pensei ao lê-lo há pouco tempo, en passant, sem qualquer canga biográfica - não sou "retornado", pouco conheço de Angola, pouco aquilo tudo me diz, e disse, de facto nada mais do que um argumento para um filme. Mas o cabrãozinho, assente no seu bem esgalhado texto, a este propósito decide alçar-se a uma qualquer peanha, e nisso pontapear a tralha dos seus 79 (eu um deles) "amigos-FB", que vitupera por falarem de "sentimentos e de experiências", nisso desprovidos de "pensamento próprio" - um universo que lhe serve de amostra para desmerecer o rincão, a Pátria Desamada.
Acontece que eu, um dos 79s, tenho um "pensamento próprio". Que não é "original", coisa dos da champions league. Mas é o meu, com tudo o que se limitado, trôpego, tem. O qual vai sob a tenaz do que a Senhora minha mãe me anunciou, ainda eu adolescente seguia: "o mais difícil da vida é aceitarmos a nossa mediocridade". Chame-se-lhe "mediania", se em dia de boa disposição. O que em nada me obriga ao silêncio, nem (me) estrafega o perorar. É condição, apenas isso. E não é um amigo do rebotalho socratista - como o é este atrevido - que me vem desvalorizar, condenar ao silêncio, ou mesmo avaliar...
Dito isto, assim neste meu mau humor ainda que no melhor dos meus ambientes: se me der o treco nos próximos tempos, inopinado? Façam tocar este "Haja o que houver" antes do forno, sinal de que este eu, apesar de tudo, tinha algum amor que queria dar, coisa dos "sentimentos e histórias vividas". Mas, para não ficarem com imperfeita memória minha, delicodoce até, se encontrarem o (julgo que) antropólogo Carlos Sousa Almeida digam-lhe: o Zé Teixeira foi-se! Mas antes disso mandou-o para o caralho. E também disse umas coisas sobre a sua mãe, mas não vale a pena lembrá-las.
Desde ontem o 4 de Outubro passará a ser o Dia Mundial Sem Redes Sociais, leio num risonho postal de facebook. O apagão universal durante horas da teia do Facebook (FB, Instagram, Messenger, Whatsapp) - causando seis mil milhões de dólares de prejuízo, (quase) lamenta a imprensa - foi tonitruante. Claro que outras redes sociais continuaram, desde logo o gutural Twitter ou a "alt-network" Telegram, ou as laborais Linkedin, Academia.edu e ResearchGate, pelas quais passei brevemente. E visitei as minhas contas na Goodreads e na Babelio, e enquanto fumava perdi mais 2 ou 3 jogos na Chess.com (estou com o pior ranking de sempre, num ciclo catastrófico que insisti em pensar momentâneo mas que deverá ser já a degenerescência intelectual). Como neste nenhures não tenho televisão nenhum filme vi nem qualquer opção fílmica se me impôs e assim não visitei a IMDB. E como não tenho tido grande actividade nas minhas contas do DailyMotion e do Youtube também por lá não passei, tendo apenas deixado a tocar a Spotify. Nesse quase remanso também não fui à adorável Pinterest, pois é sítio mesmo de passatempo relaxado, nem à Geni, pois nesta precisarei de muito trabalho dedicado, e não é o momento de a isso me abalançar.
Enfim, mesmo se embrenhado neste redemoinho segui como tantos outros, algo desamparado com a inacessibilidade da minha conta do Facebook e com o silêncio do WhatsApp. É certo que uso estas macro-redes fundamentalmente para divulgar os postais de blog (tal como o Twitter, no qual não tujo nem mujo para além das ligações aos postais). Mas, ainda assim, e apesar desta profusão de outras contas noutras redes, fiquei-me algo combalido.
Valeu-me, vá lá, uma outra rede social, a blogal. Tal como quase todos os dias entrei na minha conta do Feedly, um excelente agregador de blogs. Onde, desde há muito, sigo um largo punhado de blogs - muitos dos quais entretanto encerraram enquanto outros seguem veteranos já algo relapsos, apenas balbuciando em raros postais. Mas há os que continuam viçosos, constituindo uma verdadeira rede social de gente que tem algo a dizer. E que para isso usa palavras, associando-as em formatos sintácticos aceitáveis. Algo óptimo, refrescante, neste mundo das redes sociais. E como tal, no meu caso, digo que o 4 de Outubro é o Dia Mundial das Redes Sociais.
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