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Nenhures

Nenhures

25
Set21

A fruta da presidente da junta

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No Padrinho 2 a ascensão de Corleone (De Niro) é soberbamente retratada. E culmina com a cena na banca de fruta: o recente "padrinho" deixa de pagar, os produtos passaram a ser-lhe ofertados. Em 2021, em Lisboa, reporta a "Sábado", a gula de uma socialista (claro) presidente da Junta de Freguesia de Arroios é tamanha que também cruza os mercados locais cobrando ofertas de comestíveis.
 
Tipos como Sócrates há em todos os partidos e todos os regimes. Lacaios desses tipos (os Jugulares e afins) também. Mas isto, políticos a sacar a fruta do mercado? É um nojo. Mas é também algo extremo, até radical. O sinal claro do estado a que o PS chegou. É o grau zero. E a partir daqui nada mais haverá, pois não há espaço para queda nem redenção possível.
 
E há pessoas que votam nesta escumalha.

 

23
Set21

The Russians Are Coming

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The Russians Are Coming (1966) foi uma bela paródia sobre o temor, paranóia até, com o "perigo soviético". Uma era em que se augurava a omnipresente infiltração russa, em que todas as desgraças ou mesmo meros engasganços se explicavam pelos pérfidos efeitos da conspiração comunista. E também em que todas as medidas menos populares ou "canónicas" se justificavam pela sua afirmada utilidade na necessária oposição a tais ameaças.

Nestes últimos tempos muito me tenho lembrado deste filme. O "fascismo" vem sendo apregoado como "aqui mesmo ao virar da esquina" - convém lembrar as declarações da então nova deputada Moreira logo no dia das eleições legislativas, clamando contra o perigo eminente e iminente desse "fascismo", na figura do então último deputado eleito, o prof. Ventura. Pois este veio servir como "inimigo útil" para afirmação desse movimento - o qual agora finalmente realizou a sua vocação, coligando-se com o PS. E desde então - mesmo que a extrema-direita ocidental tenha regredido, com o apagão progressivo de Farage, Bannon, Trump, etc., já para não falar da afinal normalidade democrática dos conservadores britânicos, do sossego nos redutos ditos "Padania", bem como na Flandres e na "Neerlândia" como agora teremos que dizer - esse tal "fascismo", o perigo da "extrema-direita radical" continua a ser brandida como justificativo da configuração actual. O espantalho ficou mais viçoso com o bom resultado do prof. Ventura nas eleições presidenciais, muito devido ao fraco cardápio de candidaturas e ao voto de protesto à direita e centro contra o evidente conúbio entre Sousa e o PS na defesa das metástases nepotistas do regime.

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Este tópico "direita radical" - e a sua versão original "fascismo" - serve, fundamentalmente, de justificação para os defensores da Situação. Exemplo dessa artimanha é um texto recente em que Pacheco Pereira refere os ataques a Paulo Rangel ["O Caso de Paulo Rangel" - texto de 9 de Setembro, com acesso completo apenas para assinantes]. Nele, e apesar das evidências, como esta infecta capa do pasquim "Tal & Qual", o autor nega a existência de qualquer campanha  contra o eurodeputado. Resume tudo o que aconteceu a uma (mera) "homofobia". E explicita que esse episódio apenas demonstra uma tramóia da tal "direita radical" (aliás "fascista", poder-se-á concluir) em se apropriar do PSD, desviando-o do bom caminho. A qual, malevolamente, utiliza Rangel como instrumento inconsciente, verdadeiro "cavalo de Tróia".

Não deixa de ser interessante que a defesa da Situação o conduz até este interessante ponto: hoje, na sua coluna na mesma revista "Sábado", a três dias das eleições autárquicas, o militante e ex-dirigente do PSD, aflora essas eleições atacando Santana Lopes - em termos porventura pertinentes mas que não fazem esquecer ser ele candidato na secundária Figueira da Foz. Nada lhe ocorre sobre a Lisboa da hidra camarária, nada sobre o renhido despique em Coimbra, nada sobre Braga, por exemplo. Pois, de facto, o que importa a Pacheco Pereira e aos Situacionistas é brandir o tão útil "espectro que assombra" Portugal, o "espectro do fascismo". E nisso, já agora, cruzarem este período eleitoral sem terem tido a decência de se demarcarem do deputado socialista José Magalhães, esse da maledicência vergonhosa e, acima de tudo, que apelou ao espancamento armado dos simpatizantes do PSD. Nem isto convocou o social-democrata a afastar-se do seu ex-colega produtor de opiniões. Nem isto! Decerto que os grupos económicos deficitários proprietários dos órgãos de comunicação social nos quais Pacheco Pereira actua gostam desta via. A da defesa arregimentada da Situação. Contra o tal "fascismo". Pois "The Fascists Are Coming", como é consabido.

E as pessoas continuam a ler e ouvir esta farsa. Um dia alguém fará o filme...

26
Ago21

Eleições autárquicas nos Olivais, Lisboa

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Olivais_(Lisboa)_localização.svg.png

Nas próximas eleições autárquicas para a Câmara Municipal de Lisboa votarei na coligação "Novos Tempos", encabeçada por Carlos Moedas: pois o seu líder é homem de grande competência, razão não suficiente mas simpática, e a lista surge depurada da tropa PSD mais dada à politiquice; e porque é necessária outra concepção do concelho, uma diferente prática camarária e um corte no monstro autárquico clientelar. E porque o actual presidente não é politicamente aceitável.
 
Dito isto tenho uma outra opção para fazer: o voto na minha freguesia, Olivais. Gerida há um ror de tempo pelo PS, e há cerca de uma década com uma inenarrável presidente, Rute Lima, um arquétipo de caciquismo paternalista e imobilista (e, muito significativamente, também colunista do boletim "Público). E é importante mudar isto. Em quem votar?
 
Notei hoje na lista da "Novos Tempos" (PSD et al) para a Junta dos Olivais, na qual estava predisposto a votar. Andam agora a visitar a esquadra, a igreja católica, os bombeiros, os mercados. E dizem (vou ser ríspido, balbuciam) que é "muito interessante". A um mês das eleições! Os dois partidos clássicos de centro-direita não conseguem apresentar, para uma freguesia lisboeta com 32 mil eleitores e tamanha especificidade socio-laboral, um documento reflexivo sobre a situação e uma súmula de medidas necessárias, inflexões possíveis, anseios a médio prazo. Apenas um "vamos fazer melhor". Inaceitável, de pobre que é. Votarei na lista de Moedas para Lisboa mas não nos Olivais.
 
Então em quem votar? No CHEGA não voto por razões higiénicas, nem leio. No BE não voto por razões médicas - independentemente de hipotéticos méritos -, pois se o fizesse não só me rebentariam as úlceras como seria assomado por uma septicemia letal.
 
Decidi então, há uma hora, votar no PCP - muito me lembrando que nos anos 80s o havia feito. O meu pai, o camarada Pimentel, foi candidato da (julgo que ainda) APU, num lugar inelegível, no fundo dos suplentes, e eu claro que votei na lista dele. Agora decidi-me pela reprise. E fui ler a documentação do PC sobre esta candidatura - velho hábito, de quem vive numa casa que poderia ser um polo olivalense do "EPHEMERA", tanta a livralhada e documentação "avulsa" do "partido" que aqui se acumulou. Para que não me acusem de reaccionário, agente das "redes sociais burguesas", aviso que fui à página da DORL do PCP procurando o que dizem sobre os Olivais. Também umas fotos simpáticas e um único documento (a um mês das eleições): um folheto, florido, lamentando a não realização dos Santos Populares, afirmando que o preço médio das habitações em Lisboa é de 590 mil euros (estamos a falar dos Olivais?), e que nos transportes públicos as pessoas têm de usar máscaras e de as pagar (é notório que o PCP teve uma enorme dificuldade em pensar este período pandémico). Enfim, uma candidatura vácua - e falta-me (sempre, mas hoje ainda mais) o camarada Pimentel para resmungar isso. Ou seja, também não vou votar nisto.
 
Sobra-me a IL, com a qual ando de candeias às avessas apesar de neles ter votado para a AR, dado a minha alergia ao "engraçadismo" que os comanda, e também à avidez desta sua candidatura lisboeta - pois Delenda est Medina, o que eles não ponderam, na sua excitação de caloiros. E, resmungando, volto ao motor de busca: "Iniciativa Liberal, Olivais". Nada... Nada, mesmo.
 
Uma freguesia lisboeta com 32 mil eleitores, hoje em dia algo central em termos geográficos. Onde o PS ganha a Junta com 50 e tal por cento mas tem 30 e tal por cento nas legislativas - ou seja, uma mudança de voto aqui poderia ter forte impacto nos resultados camarários. E é este vazio, intelectual e político. A péssima presidente da Junta decerto que continuará a solo. Mas isso até é o menos, pois acima de tudo isto mostra como os partidos estão em colapso.

21
Ago21

Os Pirosos nas Eleições Autárquicas

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(Volto a encontrar nas redes sociais um gozo generalizado  com a propaganda das candidaturas às eleições autárquicas. Por isso recupero este meu postal de 30.7.2017, do qual me lembrei quando encontrei o meu co-bloguista José Navarro de Andrade a resmungar no facebook contra estes tiques dos pretensos "urbanos").

***

Talvez nada mostre tanto a abjecção intelectual da classe média portuguesa do que esta já tradição: a cada eleição autárquica surgem colecções partilhadas na internet do "ridículo" captado nas campanhas em contextos rurais ou periurbanos. Sim, o poder local tem muito que se lhe diga (mas não será isto). E sim, o seu seguidismo, mimetismo até, ao estilo propagandístico "nacional" é pobre.

Mas este humorzito de merda, este chalacismo com a ruralidade ou, melhor dizendo, com a localidade, com os recursos, características e preocupações muito situados, "territoriais", é mesmo o espelho da patetice urbana, essa que se julga cosmopolita. A deste netos de migrantes, malteses, chapeleiros, pastores ou seminaristas armados em finórios, envergonhados ou meramente deslembrados das famílias de onde vêm. Para esta gente Portugal é Lisboa (e o Porto) e o resto é bom para ir à praia, para o turismo rural. E como não há taco para grandes coisas então fica-se em casa na internet a gozar com esse resto, a dizê-lo piroso.

São os trocadilhos de merda (Coina é uma constante, e gente que acha de mau tom escrever no FB ou em blog cona ou caralho, não se exime ao ademane paneleiro de brincar com o nome daquela terrra). É o gozo com as características físicas dos candidatos, porque carecas, feios, gordos, velhos ou seja lá o que for, feito por patetas que votam em candidatos urbanos que surgem retocados (e muito) nos materiais propagandísticos, pois apoiados por enxames de assessores, cabeleireiros, massagistas e photoshopeiros. É o abandalhar com os nomes das terras, feito por imbecis que dizem "shopping", "paper", "abstract", "header" e têm as ruas citadinas cheias de lojas com nomes em inglês, e que acham "cool", um "must" até, ajavardar com a toponímia portuguesa. É o avacalhar das causas e preocupações locais, feito por morcões que depois nem sequer percebem exactamente porque votam nos candidatos para as suas grandes câmaras, a não ser que "este é a favor da/contra a" geringonça.

Talvez o mais significativo que já vi foi este: numa localidade há um cemitério que se tornou insuficiente. Provavelmente é difícil aumentá-lo. O candidato (desconheço por completo os seus hipotéticos méritos, bem como a situação da localidade em causa) escolhe a questão como fundamental, decerto que dialogando com os fregueses/munícipes. Os palhaços das cidades (que as tratam a tratos de polé, já agora) riem-se, basbaques.

Lembro-me de Maputo, onde o cemitério de Lhanguene estava cheio, "sobrepovoado", o quão até dramático era irmos enterrar os nossos, tão apinhado estava o terreno. Lembro-me do meu bom amigo, que foi excelente vereador, e que tinha esse pelouro. Das dificuldades que teve, e mas contou. Lembro-me do júbilo (sim, júbilo) sentido quando o novo cemitério de Maputo foi inaugurado. Porque era uma tremenda necessidade.

E olho para esta gente aqui, para estes filhos e netos de ratinhos a julgarem-se burgueses, a largarem risos sobre os seus, sobre o "piroso" que julgam reconhecer. Pirosos.

12
Ago21

Um Poço sem fundo

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Anda para aí (quase) tudo entusiasmado com esta campanha autárquica de Oeiras - há décadas dominada pelo cacique que o PSD lá colocou e manteve até ser preso por más práticas, o qual depois renasceu como presidente "independente". Agora surge este jovem, presidente jotinha, brincando ao 007 - porventura será bem apessoado, disso ajuizarão as senhoras e alguns outros "géneros", pelo menos o suficiente para que possa aguentar a pantomina.
 
Para justificar estes propósitos diz o moço Poço que quer provar não serem os políticos todos iguais. Haveria outro caminho para isso, claro: identificar problemas, apresentar soluções realistas, pois plausíveis e sustentáveis.
 
Mas o jotinha prefere assim. Torna-se óbvio, é um Poço sem fundo. E disso se rirá o veterano, o tal que o povo sufraga no malvado "rouba, mas faz".

12
Jul21

Carlos Moedas

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A inveja é uma coisa muito feia, e brotou-se-me, em catadupas. Mas, horas passadas, concedo: há números que têm de ser feitos. E em assim sendo esteve muito bem o Carlos Moedas. Mais que não seja porque deixou um punhado de velhas esquerdalhas (cisgénero, transgénero, bigénero, etcgénero) aos guinchos de rancor.

(E sobre este "número" político, bem conseguido repito, lembro este meu postal).

07
Jul21

A candidatura de Fernando Medina

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Em meados de Abril de 2021 Fernando Medina descobriu que terá havido algo de errado no exercício político de José Sócrates. Por razões que nunca se poderão compreender - dado que eram consabidas as práticas pessoais do antigo primeiro-ministro, bem como públicas as suas concepções sobre o exercício do poder, em especial nas formas de articulação do Estado com os sectores económicos e de pressão sobre a comunicação social -, Medina nunca demonstrou incómodo com o modo político de José Sócrates enquanto foi secretário de Estado dos dois governos que aquele chefiou. Bem pelo contrário, foi um veemente apoiante do "animal feroz", um arreigado agente do pior momento da democracia portuguesa.

Poder-se-á assim dizer-se-lhe "tarde piaste!". De facto, muito tarde piou. E apenas "para inglês ver", pois é notória a dimensão de camuflagem deste seu hiper-tardio afastamento a Sócrates.

Ainda assim, apesar desta demonstração do carácter político de Fernando Medina, há quem o apoie. E desvalorize o verdadeiro escândalo - que deveria inibir a continuidade da sua carreira política - das dezenas (ou talvez mesmo centenas) de denúncias de activistas, nacionais e estrangeiros, às embaixadas estrangeiras. Entre as quais saliento as de activistas pró-palestianos à Israel de Benjamin Netanyahu, as quais, até surpreendentemente, não têm provocado grande alarido nos seus opositores eleitorais BE e PCP, tradicionalmente afectos à causa palestiniana.  Tal como desvalorizam esta outra manobra de camuflagem que vem fazendo, a de tentar resolver esta suas continuadas inconstitucionalidades através da imolação de um funcionário expiatório.

Para esses munícipes menos atreitos à vigência da democracia, e que por isso este escândalo desvalorizam, também pouco importam as anteriores promessas eleitorais que Medina fez e não cumpriu: 13 centros de saúde, milhares de lugares de estacionamento automóvel, centenas de camas hospitalares, 6 mil fogos de habitação social. 

Muitos se encantam - deixam-se encantar pela mole de "Miguel Sousa Tavares" disponibilizada - por estar a cidade "ajardinada", qual alindada. Como se de jardins públicos, seus bustos apostos, e cemitérios fosse a cidade feita. E descuram olhar de frente para o tipo de pessoa que é o actual presidente da câmara, para a sua concepção de exercício político, bem patente na forma como digere (e quer camuflar) o seu arrepiante percurso político. E tanto se encantam esses munícipes que aceitam o desplante de Medina, que agora se recandidata juntando mais um item ao rol de promessas eleitorais incumpridas: creches municipais gratuitas. É, e neste caso de forma literal, uma total infantilização do eleitorado.

Será que este cresce, de uma vez por todas, que nos decidimos a amadurecer? Caramba, há várias alternativas. Afastemos, nós lisboetas, este homem. E encaremos depois, criticamente, aqueles que forem eleitos. Mas este, francamente, é demasiado demenos.

21
Jun21

30 000 árvores plantadas nos Olivais, em Lisboa

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De árvores percebo pouco, mal distingo um pinheiro de uma macieira, à maioria delas nem sei dar nome e, de facto, só sei mesmo que chaparro quer dizer "árvore isolada". Ou seja, nestas coisas silvícolas vou como aqueles cientistas sociais, colunistas de Expresso e Público, académicos-activistas que confundem "raça" e "etnia", usando-as como equivalentes. Ou seja, eu não percebo nada de silvicultura, que não estudei mas já devia ter aprendido algo. Eles não percebem nada de ciências sociais, que estudaram. E já deviam ter aprendido algo.
 
Vem esta minha confissão de ignorância a propósito desta foto da campanha do PS dos Olivais. Antes esse partido informara-nos ser ele que nos tem vacinado. E agora avisa que plantou 30 000 árvores na freguesia (uma por eleitor, grosso modo). Óptimo. Mas peço a quem perceba da poda que me explique: 30 000 plantadas árvores nos Olivais? Pelo PS? Onde, como e o quê? E sob que critérios, e com que avaliações dos processos?

17
Jun21

O Partido Socialista vacina a população

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De vez em quando abordo o absurdo caciquismo, ignorante e rasca, da Junta de Freguesia dos Olivais e da sua presidente, a socialista Rute Lima (também colunista do "jornal de referência" Público). Espanta-me, acima de tudo, como é possível nos tempos actuais encontrar este baixo nível numa grande freguesia (cerca de 32 mil eleitores) do centro de Lisboa. O disparatado pessoalismo das publicações autárquicas, pejadas de fotos e dizeres da presidente, os cartazes do mesmo teor. Tudo o que autárquico é serve para a impudica propaganda de Rute Lima e seu partido. O Estado e a Autarquia não existem. Apenas ela e os seus próximos. E a população serve de figurante, desgraduada em povoléu. O ambiente nesta vizinhança parece mesmo o de outros tempos e outros lugares.
 
Agora acabo de receber esta fotografia. Após 17 meses desta pandemia e das trapalhadas estatais, o mínimo que poderemos dizer é que estamos juntos, nós país, nesta dolorosa e ruinosa travessia. E no centro de Lisboa, em 2021, esta Rute Lima, do Partido Socialista e do "jornal de referência" Público, vem-nos dizer que foram eles, o PS, que vacinaram a população, os 90%.
 
Até pelo momento que vivemos isto é o mais abjecto que já vi no nosso país. E temos que coabitar com esta gente, nos Olivais e alhures, com estes socialistas, militantes, adeptos, clientes. Isto é desesperante.

31
Mai21

O Lidl nos Olivais

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Na passada semana, e com a prestimosa presença das autoridades locais, foi inaugurada uma loja do Lidl nos Olivais. Assim, num terreno delimitado pelas ruas Cidade de Bolama e Cidade de Bissau - exactamente onde cresci e agora envelheço -, terminou um período de obras constantes que durou... 28 anos! Repito, 28 anos de obras.
 
Não só o projecto inicial foi algo alargado - tenho em casa um folheto camarário de 1990, assinado pelo autarca Jorge Sampaio que o demonstra. Mas é também um projecto notoriamente sobredimensionado. Em volume e em adequação às necessidades, da freguesia e da cidade. Prova disto? Estes 28 anos.
 
Nisto na zona aconteceu a tercearização das lojas dos prédios - e o definhar do pequeno comércio que nelas se havia instalado desde o início do bairro, esmagado pelo centro comercial instalado (estuporadamente dito xóping). E também o aumento de escritórios e de habitação. A construção de uma escola C+S. Uma estação do metro. O trânsito muito cresceu. E foi mal regulado, pois de modo contra-intuitivo. O estacionamento desta zona habitacional tornou-se escasso. Entretanto, no bairro surgiu uma outra estação de metro. E brotou o vizinho Parque das Nações. Quanto à ideia de um novo aeroporto, já naquele in illo tempore dito urgente, definhou na querela entre os socialistas neo-terratenentes dos arrabaldes da Ota e os sociais-democratas financeiros a quem coube o legado do Rio Frio. Ou seja, a continuada extensão dos serviços do aeroporto da vizinha Portela teve efeitos pressionantes na mobilidade na Encarnação, nos Olivais-Norte e nos Olivais-Sul.
 
31 anos depois do anúncio das obras, 28 depois do seu início, várias presidências camarárias decorridas, duas nesta freguesia, no bairro não foi construído nem um parque de estacionamento público nem um silo de automóveis. Nada foi pensado, e ainda menos executado. Três décadas: Sampaio, Soares, Santana, Carmona, Costa, Medina. Na freguesia: Egipto, a actual inefável Lima. Na câmara? Moles de arquitectos e engenheiros e decerto que alguns sociólogos. E nada.
 
O que nos resta, aos fregueses? A punção da EMEL, pensada como ordenadora. Apesar da extensão do bairro, da sua acidentada orografia. E do envelhecimento, empobrecimento e isolamento da sua população. Pois nada foi pensado, nada foi planeado. Numa administração que espelha políticos e funcionários públicos: sobredimensionar projectos na volúpia do apego à "indústria" da construção civil. E taxar os cidadãos. De modo vigoroso e punitivo - pois tanto as modalidades do parqueamento como as quantias exigidas pela EMEL são, de facto, uma extorsão.
 
A mim, vá lá, resta-me isto de ter o Lidl na minha rua. Pois agora basta-me atravessá-la para comprar uma garrafa do apreciável Queen Margot, suficiente uísque a menos de 7 euros. E bebo um copo generoso, com gelo, durante este escapismo das redes sociais. Lendo tantos "cidadãos", tão convictos deles-mesmos, a protestar com a (falsa) marquise do Cristiano Ronaldo. E depois bebo outro. Sem problemas. Pois, apesar do que acima digo, não tenho carro.

Bloguista

Livro Torna-Viagem

O meu livro Torna-Viagem - uma colecção de uma centena de crónicas escritas nas últimas duas décadas - é uma publicação na plataforma editorial bookmundo, sendo vendido por encomenda. Para o comprar basta aceder por via desta ligação: Torna-viagem

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