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Nenhures

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Michel Vaillant foi herói da minha criancice, presença constante no Tintin semanal e também em alguns dos seus inúmeros álbuns. E na era de ouro da Fórmula 1, de Stewart e Cevert até Peterson e Villeneuve. E aquele agrado da sua visita ao país, então uma "internacionalização" que nos era rara, no seu "Rali em Portugal". Era um desvelo, mas que cedo feneceu, transposto eu para uma busca de outros grafismos e outros mundos imaginados, desligando-me daquela série que me parecia demasiado esquemática, superficial.

Mas a recente morte de Jean Graton - acontecida há exactamente um ano - recordou-me esse meu desvelo, uma memória carinhosa, de Vaillant e seu "team" e, acima de tudo, daquele eu petiz leitor. E por isso, saudosista, agora mesmo algo me dispus a reencantar-me, ao encontrar em estante alheia este "O Príncipe Branco", o qual nunca lera. E logo, nostálgico, o li, quarenta e tal anos depois do meu último Vaillant. Para minha total desilusão, pois é ainda pior do que a memória que tinha da série, mesmo péssimo. Desenho descuidado, apressado - nem os carros de corrida ali brilham. E um argumento totalmente disparatado. Ficou-me, ainda assim, o prazer, nada reduzido, de estar a ler um "Michel Vaillant". Mas apenas isso.

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Nós, os apaixonados de Astérix, somos muito ingratos com Uderzo, pois muito desta paixão nos vem do seu grafismo, e ele era um desenhador excepcional a quem acabamos por pouco louvar exactamente devido aos seus argumentos (cerca de uma dezena de álbuns e uma série de subprodutos). Isto porque Goscinny era um verdadeiro génio, no Astérix e em tantas outras obras. E a sua morte, com apenas 51 anos e o tom trágico de muito se ter devido a incúria médica, foi mesmo uma tragédia literária, deixando-nos verdadeiramente órfãos.

Quanto a esta continuidade, ao Astérix pós-Uderzo, sob texto de Jean-Yves Ferri e desenho de Didier Conrad? Eu torço o nariz a algumas das sequelas vigentes na banda desenhada, de obras que são muito pessoais - o Spirit era (de) Eisner, ainda que a este não esgotasse nem de perto nem de longe, e Corto foi o alter ego do Pratt - e sobre elas se poderá aplicar o célebre dito de "Madame Bovary sou eu" que Flaubert não terá dito nem sequer pensado, mas que fica sempre bem invocar, até porque Hergé isso reclamou do Tintin...

Mas em relação a várias outras séries nem tanto o reclamo. Até porque estas continuidades post-mortem dos respectivos criadores é uma longa tradição da banda desenhada, o que os puristas quase sempre fazem por esquecer. E pelos efeitos benéficos que realmente têm. Pois se a BD europeia muito terá mudado nas últimas décadas - e, logo à partida no que respeita ao público receptor, tornado quarentão e cinquentão -, ela está vibrante e diversificada, sendo economicamente catapultada pelas vendas das sequelas das personagens históricas. Como bem exemplificam as enormes tiragens dos Astérix das últimas décadas, muito superiores às dos magníficos álbuns iniciais, como bem mostra a monstruosa quantia de 5 milhões de exemplares logo publicados deste último "Astérix e o Grifo". Por isso aceito muitas destas sequelas, mais ou menos literais consoante os casos - e se me desagrada o último Corto Maltese, pois graficamente é outra coisa, outro mundo, por gostável que possa ser não é "Corto", ao mesmo tempo também sinto como monumental a entrada de Schuitten no Blake & Mortimore.

E assim esta sequela do Astérix não vai mal. Até porque sucede aos argumentos do Uderzo, penosos, com os quais estes já cinco álbuns sob este duo de autores ficam a ganhar na comparação - julgo que o "Astérix Entre os Pictos" é mesmo um bom livro, tal como o "Transitálica" é mau, perdido numa mera colecção de gags. E o desenho é muito bem conseguido, num fidelíssimo mimetismo ao de Uderzo, algo que nesta série seria obrigatório - ainda que me pareça faltar-lhe um "je ne sais quoi", e neste último livro noto-o até imperceptivelmente, nalgum desajuste das amazonas omnipresentes e até em alguns momentos menos conseguidos (a segunda vinheta da página 37 é desengonçada, coisa inaudita no velho Uderzo), apesar de um ambiente bem conseguido, um "eastern" como os autores afirmam ter sido o seu objectivo.

O argumento será já sabido por todos. Ao saber da sinopse deste "Astérix e o Grifo" logo franzi o cenho, é certo que ao 39º álbum será difícil conseguir alguma originalidade na série mas sempre me irritou a deriva para a utilização de criaturas fantásticas que Uderzo adoptou, que julgo empobrecedora das tramas - e nisso é necessário lembrar que a poção mágica não é um recurso "fantástico", como o "Astérix nos Jogos Olímpicos" bem explicitou. Mas este álbum não tem essa deriva pois o grifo, esse item do bestiário que nos foi recorrentemente apresentado como meio leão e meio águia (o que fará os lisboetas particularmente receptivos ao livro), surge apenas como um fito, um horizonte. De facto a história é a de uma expedição científica (tal e qual as oitocentistas, também apropriadora), nisso constrangida por uma conflitual liderança militar sempre pronta a contrariar as intenções da ciência, ali a cargo do geógrafo romano Terra Incógnita [Terinconus] - que surge com os traços fisionómicos de Michel Houellebecq, numa das habituais piscadelas de olho em que Goscinny era fértil (há outras neste livro), um destaque que poderá ter algum sentido político em França, dado a polémica identitária que a obra de Houellebecq convoca no país. E tudo decorre no imaginário país dos ou, melhor dizendo, das Sármatas, num regresso ao mito das amazonas, esse avatar que a matrilinearidade convoca há milénios e, assim, um apropriado sorriso face ao actual ambiente cultural, onde o mítico matriarcado serve de alimento a alguns nichos políticos radicais embrenhados nas questões ditas de "género". 

Enfim, tudo isto do Astérix é-me um velho e enorme Amor. E neste novo encontro não saí desiludido. A paixão dos bons velhos tempos feneceu, e jamais a reencontrarei em novos encontros. Mas recordei-a com este álbum. E, noto, no final Assurancetourix continuou amordaçado, na aldeia irredutível não há cedências à modernidade, aquela harmonia pastoral mantém-se, sinalizada na platónica recusa da poesia e da (desafinada) inovação musical que ali continua um irredentismo. Ou seja, pelo menos entre eles, entre nós "gauleses", há ordem no mundo.

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(Pedro Bidarra, Azulejos Pretos, Guerra &  Paz, 2020)

Publicado em finais de 2020 este "Azulejos Pretos" parece adequado a este covidoceno, pois a sua acção decorre confinada nuns sanitários - uma latrina com águas correntes, comummente dita sanita ou, em português aburguesado,"retrete" ainda que nada retirada pois metida dentro de casa, tema esse abordado pelo autor com notória pertinência mas alguma incompletude -, à excepção de breves passeios higiénicos à sala feita pista de dança de um longa e sempre-a-mesma festa. A qual vem decorrendo desde a descolonização sita nos Olivais e que ressoa agora num presumível centro da Lisboa algo finória, onde se meneiam aos sons mais ou menos em voga sucessivas gerações de convidados.

Apenas lamento que o livro tenha sido apresentado pelo próprio editor (também) como um "roman à clef " (a descodificar), e ainda dito por crítico como peça de escrita "gonzo", aquela onde autor e protagonista (quantas vezes narrador) se mesclam, coisa não tão rara pelo que talvez desnecessária referência. Pois, entre tantos outros, já Flaubert reclamava ser ele próprio a senhora Bovary, ainda que se diga, história talvez apócrifa mas "bem encontrada", ter ele, nas vascas da sua agonia, resmungado com a ira que lhe restava que a puta ficaria por cá enquanto ele se ia desta para uma pior... Lamento  essas pistas de leitura pois temo que, devido a elas, muitos leitores tenham partido do conhecimento que terão do autor - um publicitário lisboeta afamado -, no intuito (se) reconhecerem entre o ror muitissimo mais vasto e espesso de afinal meros "símios" que naquele seu "colóquio" se agitam em poses culturais e vã verve. 

As 170 páginas são um carrocel de abúlicos - ainda que alguns camuflados de histriónicos -, um vasto rol de falsos e veros homossexuais, bebés de mamas firmes e outras já avoengas, dealers, padres na moda, obesos, poetas e artistas variados, modelos, até influenciadores e quejandos. Todos visitam o protagonista, aboletado nos sanitários nos quais distribui com prodigalidade doses de cocaína, enquanto monologa consigo mesmo, com acertada e acerada verrina, sobre o triste estado das artes, letras e gentes circundantes. Poder-se-ia dizer que parte a loiça toda. Ou, talvez melhor, parte os azulejos todos. Não que se projecte o protagonista num qualquer pedestal de "crítico", intelectual ou coisa que o valha. Pois segue amarfanhado pela "decadência biográfica", angustiado na sua "tonsura santantoninha", consciente até que desliza para a "cara de parvo", pequenas degenerescências que são até suaves avatares da sua condição de "ferreiro deformado e manco", um pobre Hefesto de trazer por casa, tudo nisso  prenunciando um final que só será oxímoro a quem acompanhou o livro como se ensaio moral fosse.

Os tais sanitários - de loiça, soalho e paredes negros - são-nos apresentados como uma nave espacial, a possível, que o protagonista elaborou para defender os restos da civilização, os "valores da urbanidade" através do exercício da "complexa mecânica da equidistância", tarefa que persegue com evidente frenesim, na sua constante disponibilidade para ofertar as por todos desejadas doses de cocaína, num fazer o bem sem olhar a quem, assim um exercício cristão e também civilizador. Mas (sacra) equidistância essa, como o comprovará o infausto final, que é impossibilitada pela fateixa nasal a que está obrigado, e que o consigna ao pântano nada oceânico deste todo vácuo, de poses e anseios.

Ou seja, não há saída. Nem possibilidades.

Azulejos Negros é um belo livro. Que todos estes símios deveriam ler.

 

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Alguns patrícios perguntam-me a opinião sobre o Prémio Camões atribuído hoje à moçambicana Paulina Chiziane. Repito-lhes aquilo que sempre digo sobre este prémio:
 
1) trata-se de um produto político, que procura através da premiação anual sedimentar uma comunidade internacional assente na partilha linguística. Não vem grande mal ao mundo por isso, mas subalterniza critérios literários;
 
2) o costume de alternar a premiação entre Portugal e Brasil - polvilhando o ritmo com algumas atribuições a escritores africanos - sublinha essa secundarização de considerações literárias (porque não sucessivos prémios dados a escritores da mesma nacionalidade, por exemplo?).
 
Para além disso há as minhas inclinações pessoais:
 
3) Desde que em 2010 Ruy Duarte de Carvalho morreu sem que lhe tivesse sido atribuído o Camões - e ainda por cima depois de já 2 angolanos terem sido premiados sob o molde "redistributivo" que referi - deixei de dar relevo às premiações. Autor de uma obra ímpar, excêntrica, vasta e plural, nisso nada canónica, tanto em formato como em densidade do aludido e refractado, o "esquecimento" que os júris lhe votaram, e isso enquanto também consagram ensaístas, desvaneceu-me expectativas. É certo que ao longo dos anos por vezes surgem polémicas sobre os premiados (lembro Aguiar e Silva, Alegre, Queiroz, isto para além da inaudita agressividade do ministro fascista brasileiro contra o grande Nassar) mas essas provieram de motivos ideológicos - realçando o cariz político do Camões. Mas no caso de Ruy Duarte os motivos foram alheios a tais ponderações, tendo(-me) restado apenas a estupefacção diante do evitamento académico de que ele foi alvo.
 
4. Este prémio de 2021 chama a atenção sobre a literatura moçambicana, e isso é bom. É aliás para isso que servem os prémios, para atrair leitores. Sou um mero leitor e estou desactualizado. Sei que há algumas edições recentes que são apetecíveis: hoje em Maputo o Francisco Noa apresentou "No Verso da Cicatriz" de Bento Baloi - que também tem edição portuguesa (Aletheia) -, e que ele recomenda. Há dias o António Cabrita anunciava-me jovens escritores de que ele, sempre infatigável, prepara edições. Mas nestes últimos anos perdi o fio à meada da literatura moçambicana. Ainda assim, e porque hoje me perguntam opiniões sobre o assunto, sumarizo o que ao longo de anos bloguei descomprometidamente - como o tal mero leitor - no blog ma-schamba, nada mais do que as minhas preferências :
 
5. Recomendo imenso a leitura de João Paulo Borges Coelho, do qual estou a ler o seu recente "Museu da Revolução". Sou "fan" da sua obra, o seu "As Duas Sombras do Rio" é até um dos livros da minha vida. E como "fan" não tenho rodeios para o dizer o maior escritor em português em África. E, nem que seja por causa da vigência deste molde "redistributivo" de premiação, se (muitas) outras razões intelectuais não houvesse, há muito tempo que já devia ter sido galardoado com o Camões. O que lhe traria... leitores. Francamente incompreendo este processo.
 
6. Ungulani Ba Ka Khosa é um belíssimo escritor, carregado de verve e garra. E que teve um enorme impacto na ficção nacional, quase (re)fundacional - o que também, num dia como este, deixa a pergunta: "para quando o Camões ao Ungulani?". No seu rumo, sinuoso como o de tantos grandes escritores, o Khosa não dá nada de "curio" nem de afago ao putativo leitor. Com verrina e inultrapassável pertinência disseca a sua sociedade como ninguém o fez antes dele. Se há heroísmo nas letras isso encontra-se nele.
 
7. Aldino Muianga é um escritor interessantíssimo. De ínicio com um estilo menos afoito do que o do Khosa, e menos burilado do que o do Borges Coelho, é evidente que se foi complexificando ao longo da sua já vasta obra, e nisso apresenta-nos um olhar muito completo - e crescentemente ácido - sobre o país, colonial e nacional. Talvez os seus livros sejam mais apelativos a quem conhece o país, na forma como nos ilumina os processos colectivos e mentais que foram decorrendo e que culminam neste hoje.
 
8. Há um livro que é obrigatório para quem tenha interesse na literatura moçambicana (e não só, já agora) e nunca o tenha lido. Pode começar por ele. Trata-se do "Nós Matámos o Cão-Tinhoso", de Luís Bernardo Honwana (de 1964), uma excepcional colecção de contos. Foi já tão recenseado e analisado que não vou perorar sobre ele. Apenas lembro que durante anos escrevi num jornal em Moçambique, nele tinha uma coluna a que chamei "Ao Balcão da Cantina" (título que depois usei para as minhas memórias em Moçambique). Era essa "cantina" a do magnífico conto "Nhinguitimo", uma muda homenagem a um texto que tanto me marcara, a um escritor e homem de grande valor. E a uma literatura nacional que tanto aprecio. E que está hoje em festa! Ainda bem.

 

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(Beco da Corvinha, Lisboa)

Lisboa Deserta / Lisbon Deserted (edição bilingue) é  um livro muito característico, nisso curioso e exemplar testemunho de época. A sua autora, Maria Margarida Chaves Marques, é uma fotógrafa amadora e nele congregou uma colecção de fotografias feitas durante o primeiro confinamento lisboeta. Mas para além do excêntrico estado da cidade de então o que vive no livro é um exemplo das vivências de quem ali se acoitava. 

Luso-moçambicana - e durante décadas funcionária de organização internacional - a pandemia como que bi-confinou a autora, acantonando-a como a todos nós mas também ainda mais apartando-a de família próxima e amigos, pois estes espalhados pelo mundo, desde Maputo, onde reside, a tantos outros lugares. E assim o que aqui temos são verdadeiros postais ilustrados, enviados - via este correio de hoje que são as redes sociais - aos seus tão distantes. Torna-se qual um diário, encetado quando o encerramento doméstico se lhe tornou (e a tantos de nós) insuportável, e se permitiu aos passeios higiénicos que então nos eram autorizados ainda que não verdadeiramente recomendados: "Hoje é Domingo de Páscoa... Com um dia tão bonito lá fora, e cansada de estar fechada em casa desde 18 de Março não resisti a ir dar um passeio curtinho pelos arredores. Como é bela Lisboa, mesmo deserta e despida das suas gentes! Desejo a todos uma Páscoa Feliz", escreveu em 12 de Abril, e nisso começa o livro. E continuou passeando, fotografando nas alvoradas. No livro deixa-nos memória de quinze dias desse mês (as últimas fotos são de 27 de Abril), salpicadas de pequenas notas da sua vivência, detalhes refracções do que ia vergando a cidade, mas despojadas de reflexões abrangentes sobre todo aquele processo, num registo plácido que era a natureza dos tais velhos postais ilustrados: "Hoje acordei com a ideia fixa de ir à Manteigaria do Chiado comprar pastéis de nata para o nosso pequeno-almoço. Bati com o nariz na porta e nem imaginam a frustração. Até a célebre Manteigaria fechou!". 

Habitando a autora nas cercanias da Sé estes ecos dos seus passeios pedonais mostram a cidade antiga embrenhada no vazio humano, o Tejo e alguns laivos da Outra Banda (aquela à qual, por vezes e se bem-disposto, ainda chamo, jocoso, de Catembe, carinho saudoso que a autora decerto compreenderá), para além das praças mais monumentais. Mas, mais do que tudo, traz os recantos, becos e vielas desses velhos bairros circundantes. Todos, sempre, envolvidos no silêncio do vazio humano - com uma ou outra excepção, a que a fotógrafa foi sensível, captando a afinal incessante, ainda que reduzida, contrução civil. Actuante numa ou outra reabilitação do edificado, assim reafirmando que nada findara mas apenas nos suspendêramos.

Por tudo isto livro é uma preciosa memória.

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Lisboa Deserta / Lisbon Deserted, de Maria Margarida Chaves Marques, edição do autor, 2020.

 

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