A falar sobre Moçambique
[Neil Young - Rockin' In The Free World (Glastonbury 2009)]
Há poucos dias fui a um jantar, colectivo, homenagem a um grande vulto moçambicano (vénia!), ali acompanhado da sua talentosa Senhora. Num intervalo fui à rua, esfumaçar. E nisso conversei com uma senhora presente, com a qual estivera uma vez, coisas de amigo (antropólogo) comum. Lindíssima, interessantíssima, e deixou-se ela elaborar sobre o apaixonante trabalho que está a realizar, garimpando um filão que descobriu. Eu, claro, encantado, nisso demorando-me, enrolando mais um e outro cigarro... A conversa derivou, ela preocupada com essa gente do CHEGA, eu matizando-lhe o receio, qu'aquilo não há-de crescer, é um mero "ponto negro" (expressão que não tem racismo, é até namoradeira). E avançou ela também que os da IL são mais ou menos o mesmo perigo...
E aí eu - estúpido desde o berço, como é consabido - avancei "calma, eu voto IL!", nisso de querer explicar que entre um liberal e a maltosa do CHEGA não há apenas diferenças, são mesmo espécies diversas. Pois um liberal que é liberal (e mesmo havendo tantas formas de o ser) nada tem a ver com aquela imundície. Mas à minha proclamação a senhora (lindíssima, interessantíssima, repito-me, veemente) vacilou, nisso recuou, quiçá arrepiada, até horrorizada, quase se encostando aos muros daquela Alfama. Enfim, lá continuámos a conversa, mas em registo mais apressado, e logo voltei ao restaurante, afogando no já uísque aquele "burro, porque não te calaste?, não tens jeito nenhum...", desjeito que me persegue desde as festas de garagem aos 14 anos...
Este é o preâmbulo para dizer que o bom do Victor Hugo Mendes me convidou para participar amanhã (23.10.2024) no seu muito animado e visto programa "Tem a Palavra", transmitido na RTP-África a partir das 10 horas (Lisboa), para se discutir a situação em Moçambique. (Repetido à noite e alojado na RTP Play).
Irei com uma agenda, que aqui anuncio. Sei que sou "tuga", branco, heterotóxico e reaccionário, aliás "neoliberal", ("o gajo vota na IL!!!!!!"), daí que decerto (neo)colono, e outras coisas quase tão más como estas, e que assim serei visto e entendido.
E porventura também devido a essas "condições" não gosto - mesmo nada - de rap (ou hip-hop e quejandos barulhos). Deste modo explico assim a minha agenda - de estrangeiro, "cunhado", (ex-)viente - para Moçambique. É esta: em paz (Em Paz!!!!!) o avô do grunge junto à malta da meia-idade, diante dos mais-novos, esses que alguns insistem em desvalorizar dizendo-os como "jovens". Todos a rockarem "in a free world", aliás, país...
Quem quiser ver o programa a sua gravação está aqui: Peça a Palavra" (23.10.2024)