03
Mar22
A Votação na ONU
jpt
Este final do primeiro quartel de XXI traz esta grande surpresa para a gente da minha geração e da anterior: o regresso do espectro da guerra nuclear, o qual para as gerações mais novas será apenas um dos últimos sub-capítulos do manual de "história universal", aqueles que já nem se estudarão pois "não saem no exame". Talvez também por isso as reacções mais acaloradas a tudo isto que nós, mais-velhos, vamos tendo - excepto as daqueles que são mero refugo humano - diante dos tiranetes que aventam, mesmo que apenas implicitamente, a hipótese do uso desse armamento.
Mas a época permite também confirmar uma constatação que foi óbvia desde, pelo menos, o início de XXI, a enorme mudança "geopolítica". Se em tempos recuados o "mar do meio" foi o Mediterrâneo desde XVI que se tornou o Atlântico. E agora é o lago Índico-Pacífico.
Pois tive curiosidade em perceber a votação de hoje na ONU, a tal esmagadora censura à Rússia - 141 países a favor, 5 contra, um punhado que se esqueceu de aparecer. E 35 países que se abstiveram, à imagem da super-potência China e da proto-super-potência Índia. E nesse passo seguiu toda a Grande Falha (ou Vale do Rifte, se com anglicismo), mais o seu cotovelo atlântico.
Uma briga ali às portas da Eurásia - mesmo que com bravatas nucleares? Lomé/Cotonou já não importam, os modelos de futuro e as interacções ambicionadas estão alhures e os europeus que sigam irrelevantes. Não venho com juízos , desde os meus 30 e picos que era evidente que assim seria. E agora já é.