Adriano
("O Senhor Morgado", Adriano Correia de Oliveira)
Hoje num postal lembrei esta canção - "O Senhor Morgado", letra do Conde de Monsaraz, música de José Niza - cantada pelo grande Adriano Correia de Oliveira. Está no LP "Gente de Aqui e Agora". A canção é uma pérola, ouço-a desde muito muito menino - o disco é de 1971 e desde então cá em casa, comprado, ouvido e trauteado pelos meus pais. E também eu a trauteio, ainda hoje..., o que é forma, sim, de os recordar.
Adriano Correia de Oliveira - "o Adriano" - era daqui. Vivia nos Olivais, a sua mulher Matilde era amicíssima da minha mãe Marília, a sua belíssima filha Xuxu, uns anos mais nova do que eu, era um encanto - como a sua mãe o era, já agora - e decerto que ainda o é, ao seu puto mais novo não conheci, petiz em demasia para nele ter atentado. Tal como o meu pai, o Camarada Pimentel, "o Adriano" era do "Partido". Mas à sua maneira! E nisso imensamente maior do que a vida, sabendo, cantando, e vivendo o abissal disto tudo. Morreu já velho, pensei naquela altura dos meus 18 anos, um miúdo de 40 anos, digo-o agora.
Cá no bairro deram o seu nome a uma escola primária ("básica" chamam-lhe agora, como se isso não fosse um paradoxo). Foi bonito! Às vezes vou lá à porta - sempre em justa e prazerosa tarefa, sexagenário acorcundado esperando stôra, "seja Deus Louvado...".