Nesta época em que alguns constatam o choque das civilizações, em que outros se esforçam por o acicatar, e outros se esgadanham por o inventar e às putativas "identidades" que lhes travarão os combates com que têm sonhos até lúbricos, é muito interessante esta coisa do futebol no advento da terceira década do XXI, o tal milénio começado pela queda dos arranha-céus da Babel nova-iorquina.
Pois no meio disto tudo, do satanismo "ocidental" e do furibundismo islâmico - para além da milenar malvadez do mandarinato e da lendária perfídia dos hindus, ainda que agora estes alheados no seu críquete -, o que surge é que foram todos jogar à bola para o Golfo Arábico, no tão estrito Catar. Onde - até hoje à noite, pelo menos, que aquilo não parece andar nada bem para o nosso lado - lá vai reinando o nosso ídolo, amado com furor pelas massas locais. E o qual, por isso mesmo, por essa imensa paixão que colhe, logo seguirá para a temível vizinha Saudita, pago a peso de imenso oiro, verdadeiro luxo asiático, tanto que serve para estupefacção global...
E nisto só atento, sob esse tal fundo de "choque de civilizações" e de questiúnculas de "identidades", que naquela radical Arábia amam e cobrem de riquezas um tipo chamado Cristão que se preparou para este Mundial com um novo brinco em forma de Cruz de Cristo. Noutros tempos - nem tão recuados assim - passaria ele por Cruzado, assim apupado (para não dizer pior).
É esta a força da bola, dos seus imponderáveis rumos até beijar as redes. Para o pulo e grito em uníssono.