06
Jun24
Censurado no Facebook
jpt
(Postal no meu mural de Facebook)
Abri a minha conta no FB em 2009. Quem vem passando por aqui sabe o feixe de coisas que vou publicando: a maioria são ou ligações a textos de blog ou transcrições dos postais que lá coloco. E também saberá o teor dos conteúdos e o tipo de reacções que convocam: enceno comezainas, ululo futeboladas, narro coisas do dia-a-dia, e nisso colho umas dezenas de simpáticos acenos ("likes") e umas palmadas nas costas (comentários). Teço loas à família ou dela gemo saudades e aumenta a simpatia alheia. Boto umas coisas "culturais" e reduz a atenção alheia, num evidente "lá está este a armar-se...". Se avanço para a politiquice logo se impõe a indiferença alheia, que para isso o pessoal já tem os comentadeiros televisivos e aqui (FB) é para se descansar daquilo tudo. E se deixo apenas a ligação para um postal de blog ainda menos reacções tenho e menos leitores lá surgem (os blogs têm contadores, e identificam a origem dos visitantes....), pois a gente é renitente em evadir-se do lesto "scroll down" e a aventurar-se a outros "sites". Enfim, este ambiente permite-me perceber que esta rede não é um conjunto de "amigos" mas sim uma "vizinhança", deste tipo de interesses solidários feita.
Neste rame-rame que me lembre em 15 anos nunca tive uma publicação apagada pelo sistema-FB. Anteontem deixei aqui a ligação a um postal de blog, no qual abordava criticamente a actual presidência da república. Como é normal nestas minhas ligações teve poucas reacções/leitores (2/3 "gostos", 3 comentários, que me lembre).
Hoje de manhã, andava eu feito turista em Lisboa - tendo visto pela primeira vez esta estátua de António Vieira, que tanta e já esquecida polémica causara - e sentei-me a patuscar um brunch. E no telefone vi uma notificação do sistema-FB. Era ali avisado da minha estreia como censurado, pois a publicação sobre o nosso PR fora considerada como "violadora das regras da comunidade" e por isso apagada. A publicação era apenas a ligação para o postal "Marcelo: o estado a que isto chegou", que está nos blogs Delito De Opinião e Nenhures. Não tem o texto qualquer insulto ou calúnia, expressa apenas uma visão negativa do exercício presidencial.
Eu não acredito em teorias conspiratórias. E muito menos na existência de um "grande irmão" belenense, à cata de textos avessos para os apagar. Do que percebo do sistema-FB é que o erradicar daquela publicação (repito, a mera ligação para um texto curial de blog) se deveu a alguém que por aqui passou o tenha denunciado ao FB como aleivosia.
Enfim, um qualquer pobre diabo. E, ainda que ateu total, sirvo-me deste Vieira de crucifixo em punho para o esconjurar.
Adenda:
Passaram já cinco dias sobre o apagamento da ligação a este meu postal sobre o PR (algo que aconteceu também a quem gentilmente partilhara essa ligação). O qual foi acompanhado de uma "reprimenda", um aviso de que se eu repetisse a propalada "violação dos padrões da comunidade" a minha conta seria suspensa. Escrevi para o sistema-FB mas não obtive resposta.
Posso comprovar que esta acção não se deveu a alguma decisão robótica, mas que deriva da intencionalidade de alguém, de uma "denúncia", talvez patética, decerto que apatetada. Explico:
há (muitos) anos eu e cinco amigos escrevíamos no blog ma-schamba. Para divulgarmos no FB as ligações aos postais criámos o grupo-FB ma-schamba. De todos o único que ainda bloga sou eu. Como o grupo é muito grande (quase 8000 inscritos) não o apaguei e tornei-o o Nenhures. E lá vou colocando as ligações aos postais do blog, ainda que consciente que seja algo redundante do meu mural. Ora nos grupos-FB só os inscritos é que têm acesso aos postais (e ligações) lá colocados. Lá havia colocado a ligação ao meu postal "Marcelo: o estado a que isto chegou". A qual ali não foi apagada. Ou seja, a putativa "violação aos padrões da comunidade" não adveio de uma qualquer reacção do autómato FB mas sim da denúncia de alguém que tem acesso aos murais pessoais mas não está inscrito no grupo Nenhures e como tal não viu essa ligação.
A esse pobre desalmado deixo uma recordação, adequada às celebrações de ontem: no dia do primeiro incêndio de Pedrógrão Grande, durante o qual tantos morreram queimados, no dito "horário nobre" (aliás, à hora do telejornal), seis a oito horas depois do deflagrar do fogo florestal, já MRS estava no local a dizer que "nada mais poderia ter sido feito", ladeando o polícia que afiançava ter já sido reconhecida a "responsável" por toda aquela desgraça, uma árvore que havia entrado em "combustão espontânea" (intitulando a malvada acção vegetal através de um termo em inglês, retórica "tecnocrática" bastante perceptível). Para indecência - política e pessoal - não haverá maior exemplo. E pode-se vasculhar todo o FB e restantes redes sociais, apagar ligações, postais e contas. Mas não se apaga isso. Nem com comemorações, discursos, condecorações e paradas.