26
Ago21
Eleições autárquicas nos Olivais, Lisboa
jpt
Nas próximas eleições autárquicas para a Câmara Municipal de Lisboa votarei na coligação "Novos Tempos", encabeçada por Carlos Moedas: pois o seu líder é homem de grande competência, razão não suficiente mas simpática, e a lista surge depurada da tropa PSD mais dada à politiquice; e porque é necessária outra concepção do concelho, uma diferente prática camarária e um corte no monstro autárquico clientelar. E porque o actual presidente não é politicamente aceitável.
Dito isto tenho uma outra opção para fazer: o voto na minha freguesia, Olivais. Gerida há um ror de tempo pelo PS, e há cerca de uma década com uma inenarrável presidente, Rute Lima, um arquétipo de caciquismo paternalista e imobilista (e, muito significativamente, também colunista do boletim "Público). E é importante mudar isto. Em quem votar?
Notei hoje na lista da "Novos Tempos" (PSD et al) para a Junta dos Olivais, na qual estava predisposto a votar. Andam agora a visitar a esquadra, a igreja católica, os bombeiros, os mercados. E dizem (vou ser ríspido, balbuciam) que é "muito interessante". A um mês das eleições! Os dois partidos clássicos de centro-direita não conseguem apresentar, para uma freguesia lisboeta com 32 mil eleitores e tamanha especificidade socio-laboral, um documento reflexivo sobre a situação e uma súmula de medidas necessárias, inflexões possíveis, anseios a médio prazo. Apenas um "vamos fazer melhor". Inaceitável, de pobre que é. Votarei na lista de Moedas para Lisboa mas não nos Olivais.
Então em quem votar? No CHEGA não voto por razões higiénicas, nem leio. No BE não voto por razões médicas - independentemente de hipotéticos méritos -, pois se o fizesse não só me rebentariam as úlceras como seria assomado por uma septicemia letal.
Decidi então, há uma hora, votar no PCP - muito me lembrando que nos anos 80s o havia feito. O meu pai, o camarada Pimentel, foi candidato da (julgo que ainda) APU, num lugar inelegível, no fundo dos suplentes, e eu claro que votei na lista dele. Agora decidi-me pela reprise. E fui ler a documentação do PC sobre esta candidatura - velho hábito, de quem vive numa casa que poderia ser um polo olivalense do "EPHEMERA", tanta a livralhada e documentação "avulsa" do "partido" que aqui se acumulou. Para que não me acusem de reaccionário, agente das "redes sociais burguesas", aviso que fui à página da DORL do PCP procurando o que dizem sobre os Olivais. Também umas fotos simpáticas e um único documento (a um mês das eleições): um folheto, florido, lamentando a não realização dos Santos Populares, afirmando que o preço médio das habitações em Lisboa é de 590 mil euros (estamos a falar dos Olivais?), e que nos transportes públicos as pessoas têm de usar máscaras e de as pagar (é notório que o PCP teve uma enorme dificuldade em pensar este período pandémico). Enfim, uma candidatura vácua - e falta-me (sempre, mas hoje ainda mais) o camarada Pimentel para resmungar isso. Ou seja, também não vou votar nisto.
Sobra-me a IL, com a qual ando de candeias às avessas apesar de neles ter votado para a AR, dado a minha alergia ao "engraçadismo" que os comanda, e também à avidez desta sua candidatura lisboeta - pois Delenda est Medina, o que eles não ponderam, na sua excitação de caloiros. E, resmungando, volto ao motor de busca: "Iniciativa Liberal, Olivais". Nada... Nada, mesmo.
Uma freguesia lisboeta com 32 mil eleitores, hoje em dia algo central em termos geográficos. Onde o PS ganha a Junta com 50 e tal por cento mas tem 30 e tal por cento nas legislativas - ou seja, uma mudança de voto aqui poderia ter forte impacto nos resultados camarários. E é este vazio, intelectual e político. A péssima presidente da Junta decerto que continuará a solo. Mas isso até é o menos, pois acima de tudo isto mostra como os partidos estão em colapso.