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Mai24
Jubilação
jpt
Um dos sinais da tão crescente idade é assistir-se à jubilação dos professores que nos fizeram. É bom sabê-los ainda intelectualmente viçosos e embrenhados em pesquisas e na escrita. E que estes términos apenas advêm dos ditames administrativos, isso da classe etária dos "mais-velhos" ser arredada da docência. Ainda assim estas "jubilações" não me trazem "júbilo".
Há meses retirou-se (nestes moldes, repito para sublinhar que ele continua activíssimo) João Leal, o professor que mais me marcou na vida, intelectual e pragmaticamente. Pois quando eu leccionava quantas vezes, e durante tantos anos, me interrogava eu "como é que o João Leal abordaria isto?", os conteúdos que me cabiam (re)transmitir...
E agora, nesta próxima semana, jubila-se João Pina-Cabral, o antropólogo português que mais li - ele é (e continuará a ser) prolífico, e nisso substantivo, conjugação que nem sempre acontece a outros. Também ele foi meu professor naqueles jovens anos da antropologia lisboeta nos 1980s, depois dele fui colega na UEM noutros jovens anos da antropologia, os do início de XXI em Moçambique.
E, a latere, o "Pina" (como a "velha guarda" se lhe refere) publicou o ano passado um livro de reflexões ancoradas em Moçambique, o "Transcolonial", que muito debate intelectual poderia ter alimentado, não fosse o ambiente intelectual nacional estar condenado a mimetizar as nada patuscas páginas do "Público".
Enfim, dia 9, quinta-feira, às 17 horas, os que estão em Lisboa poderão ir assistir à sua "última aula". Nós-outros, os do além-Trancão, poderemos assistir no computador.