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Jun21
Medina?
jpt
Que a Câmara de Lisboa informe as embaixadas locais sobre os organizadores de manifestações é inaceitável. Que Medina venha clamar que deste facto político inaceitável se está a fazer um "aproveitamento político" mostra bem que segue alheio ao fundamental: pois isto é algo "político", remete para os valores fundacionais da democracia. O que isto mostra é uma mundivisão antidemocrática (policiesca, mesmo) no topo da administração.
Leio quem queira eximir Medina, aventando que ele nada soube disto - e mesmo quem aluda aos milhares de trabalhadores da câmara, mole que será suficiente para encontrar um atávico amanuense expiatório. Esta notícia (em 2019 o gabinete de Medina confirmava esta prática) comprova o contrário. Medina está há muito tempo na Câmara, o seu gabinete há pelo menos dois anos que sabe destes procedimentos - muito provavelmente conhece-os e pratica-os desde que entrou em funções. Assim sendo ou Medina não sabe o que se passa no seu gabinete, mesmo sobre uma matéria tão delicada e fundamental como esta - o que seria um caso de incompetência funcional e de incapacidade em seleccionar os colaboradores mais próximos. Ou sabe, conhecia isto e "deixou correr" ao longo de anos (até aos protestos dos cidadãos luso-russos em Janeiro passado, que a imprensa foi calando mas muito provavelmente fazendo chegar ao pessoal camarário).
Se não é diante de algo desta monta, que remete para os valores centrais de democracia, que se pede "responsabilidade política" esta deixa de ser convocável. E nós ficamos reduzidos a falar das ciclovias, das marquises e dos manuéis salgados. Deixemo-nos de rodeios, este homem não serve, nem para a Câmara nem para quaisquer postos políticos. Porque, como isto mostra, não serve a democracia. E não é um qualquer apressado face-lifting que o esconderá.