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Dez24
Morreu Noel Langa
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Acabo de saber que morreu agora, aos 86 anos, o meu bom amigo Noel Langa - aqui ao centro, entre Estevão Mucavele e Malangatana, numa fotografia já com um quarto de século.
Um pouco antes dessa época o Noel animara a sua casa, transformando-a em verdadeiro centro cultural. A minha primeira saída nocturna em Maputo, no início de 1995, foi quando me levaram até lá para ouvir jazz. Eu não fazia a mínima ideia de quem era o proprietário, o tão afável homem atrás do balcão. Nem em que zona estava: a Munhuana - o velho "Bairro Indígena", como o Noel ainda dizia, e do qual era símbolo, vim a sabê-lo anos depois, quando regressei à cidade e o conheci. Ficando então a saber que o Noel era também também dono de uma pintura extravasando uma espécie própria de candura - que nada é sinónimo de "naiveté".
Deu-me a sua amizade, que agradeci reconhecido. Várias vezes visitei a sua casa - como aquando desta fotografia -, mantida como local de animação cultural, porta aberta aos jovens, mas já desactivada a parte noctívaga. Normalmente indo com Ídasse, nosso grande amigo comum. Às vezes levando grupos de visitantes, ali a encantarem-se. Outras vezes só nós mesmos, para a conversa...
A última vez que fui a Moçambique coincidiu com o seu 79 aniversário. Lá me agreguei ao convívio na Munhuana - um belo almoço, chiguinha, cacana e o seu celebrado "Bacalhau à Gomes de Cá", símbolo do seu repousado, de ternurento, e dulcíssimo humor.
O Noel viveu em paz. Que melhor se pode dizer de alguém?
Adenda:
Uma entrevista concedida pelo Noel Langa ao Jorge Dias:
(Palavra do Artista - Noel Langa)