Não é Mário Soares quem o quer ser
Consta que o presidente da câmara de Sintra, o candidato do Partido Socialista Basílio Horta - e antigo presidente do AICEP durante o consulado de José Sócrates - está muito incomodado com um recente oponente eleitoral, Ricardo Baptista Leite, tendo-se agora recusado a cumprimentá-lo numa sessão pública, alegando algumas deselegâncias que aquele terá proferido a seu respeito durante a última campanha autárquica.
(Basílio Horta vs Mário Soares, arquivo RTP, 4'46'') (Debate completo I, II)
A cena, até patusca, foi filmada e corre na imprensa. E tamanha reacção ofendida devida a ataques políticos logo me fez lembrar uma antiga campanha presidencial, ocorrida no milénio passado. Então o candidato presidencial do Centro Democrático Social, Basílio Horta de seu nome, disse do seu oponente e então presidente Mário Soares pior do que aquilo que os talibãs afegãos dizem das mulheres que estudam. A cena ofendeu Soares e terá originado um corte de relações, o qual - ao que lembro de ter lido na imprensa - veio a ser ultrapassado anos depois, através de benemérita intervenção conjugal.
Agora, 30 anos depois, e seja lá qual for a memória que se tenha daqueles algo desbragados tempos da integração europeia, do cavaquismo e administração soarista de Macau, ocorre-me um até nostálgico "não é Mário Soares quem o quer ser". Principalmente, muito principalmente, quem cruza a vida em tamanhas piruetas políticas.