06
Out22
O Bispo Linda
jpt
Estas declarações do bispo do Porto, Linda (um tipo que, pelos vistos, não faz jus ao nome), são absolutamente execráveis. Deste Linda só conhecia a alarvidade que botara há alguns anos quando, a propósito de um sanguinolento atentado em França, veio acusar os europeus "desrespeitadores" da religião de serem a causa do terrorismo islâmico. Mas agora o tipo vai mais longe, bastante mais longe, na ignomínia...
O que de abjecto diz o melífluo bispo é incomportável - mentiras, comparações falsárias (o energúmeno chega a comparar violação de menores a assédio sexual a jogadoras de futebol). E, ainda pior do que tudo, desculpas literais à enorme escumalha clériga: "não podemos julgar os actos do passado com os valores de hoje", atreve-se o bispo, como se seviciar rapazinhos (às vezes também rapariguinhas mas os padres tendem, sabemos, a serem invertidos, porventura por isso aprenderem nos seminários, tal como o sotaque ciciado) fosse uma coisa aceitável nos finais de XX e agora não. Filho de uma dema, este Linda, está visto.
Mas há algo evidente: ter um bispo como este, ainda para mais no contexto actual, conspurca toda a gente da igreja católica. Desde logo aqueloutro bispo, Ornelas, de Leiria, que vem em socorro do colega ceceante, alvitrando ter este tido apenas um "lapso de linguagem", outro da mesma laia, é evidente. E também o de Lisboa, esse Prémio Pessoa que é mobilizador de vocações de exorcistas, ele próprio agora atrapalhado com os silêncios que são, sem dúvida, efectiva cumplicidade. Mas não só a hierarquia. Todos os da igreja, crentes praticantes - deixemo-nos de rodeios, eu nem baptizado sou, à igreja só fui a festas e finais de vida, e mesmo assim, nesta distância toda, desde jovem que ouço alusões a histórias de padres sequiosos de rapazinhos. E se assim é não as ouviram e ouvem os crentes praticantes, das beatas que levam netos e sobrinhos-netos ao colo dos curas, aos doutores de missa ao domingo, partido político cristão e que julgam que os padrecas só enrabam os putos pobres?
Deixemo-nos de coisas: se há alguma "ideologia de género" vigente é mesmo esta, a de se pensar que os padres são um "género" específico, com características próprias, direitos particulares e sob leis "inclusivas". Tem sido assim. E continua assim, algo comprovado pela mísera tralha de bispos portugueses vigentes. Exorcizem-nos. E exorcizem os crentes que os têm aceitado, uma cáfila de gente que nem a rebanho ascende.
(E como vem a propósito lembro uma dos meus primeiros postais de blog, em inícios de 2004, dedicado a um destes panascas, que conheci em Moçambique: é este "Numa Missão").