Nesses jantares os bloguistas - actualmente quase 40 - foram-se conhecendo. Com alguns, poucos, fui estabelecendo uma relação pessoal, de convívio. Com outros, ainda que não todos, estabeleci as pontes para este convívio "virtual" tão actual - ligações via Facebook, Twitter e Whatsapp. E assim nos vamos (mais ou  menos) acompanhando, nas horas das celebrações e nos resmungos das derrotas (actualmente mais escassas). Mas também nas outras coisas da vida. Nas quais, como é óbvio, o sportinguismo é irrelevante, apenas coexistindo com as normais diferenças de mundividências, experiências e desígnios entre os membros do colectivo blogal.

Ontem encontrei no Facebook um desses meus co-bloguistas, ia ele indignadíssimo com a notícia - não sei se factual ou se apenas ecoando uma hipótese anunciada - de que um conjunto de estrangeiros residentes (imigrantes e refugiados) se iriam (ou teriam ido) manifestar-se diante de uma organização portuguesa. Considerava ele inadmissível que estrangeiros se manifestem contra portugueses que pagam impostos, dos quais esses tais estrangeiros vêm a desfrutar. E apelava ao Tribunal Constitucional para que interviesse, evidentemente no sentido de exarar uma proibição.

Ao ler tamanho dislate - e não só porque o homem é um conviva aprazível mas também pelo "saber de experiência feito" qu'isto de opinar na internet nos leva a botar coisas algo disparatadas ao sabor das... iras de momento - invectivei-o a que apagasse aquela indignidade. Devolveu-me com um arrazoado sobre a perfídia que habita Kiev (capital dos tais atrevidos estrangeiros), como se àqueles país, poder e povo se devesse exigir uma qualquer "virtude" consabidamente inexistente nos seus vizinhos mais ou menos longínquos, sitos a sul, norte, oeste e leste.

Estou certo que para muitos será imediata a classificação deste oponente à atribuição dos direitos de manifestação cívica aos estrangeiros, residentes ou visitantes. Considerarão este meu co-bloguista sportinguista como um seguidor do prof. Ventura, um correligionário do malvado Pacheco de Amorim, um leitor assíduo de Mithá Ribeiro, um adepto do modelo socioeconómico do prof. Arroja, nisso um nacionalista avesso à estrangeirada intrometida e às minorias atrevidas, um evidente fervoroso e  mesmo exaltado militante do pérfido partido CHEGA. 

Mas será uma classificação errada. Pois trata-se de um comunista, militante ou ferrenho simpatizante do PCP. Teclará a plenos pulmões o "hashtag" #25deAbrilSempre! Mas esses imigrantes, esses refugiados?, é para os manter no seu canto... Pois, como é consabido, les beaux esprits se rencontrent.

Enfim, desliguei o Facebook. E aderi a esta "cancel culture" que está na moda. E "cancelei-me" do És a Nossa Fé! Pois mesmo que apenas para a irrelevância de conversar sobre futebol recuso-me a ombrear com este tipo de gente, fascista/comunista, tão idênticos os termos seguem. Ou seja, assumi que, contrariamente ao cântico em voga no nosso clube, OndeVaiUmNãoVãoTodos!

Assim sendo, a partir de agora o Nenhures terá mais textos sobre o Sporting. (E orações - como as de hoje, esperando que o horrível Porto não ganhe em Guimarães).