Palmela a arder
Sem histerias, Palmela está a arder. Há horas que de casa vejo as labaredas, que cinza e fumo abundam neste dia ventoso. Decidi ir ver de perto, para optar para além disto de regar sebes, telhados e adjacentes. Encontro zonas a arder mesmo junto à estrada para a Quinta do Anjo sem estarem acompanhadas, dada a pressão noutras vias. Ouço um crepitar crescente não muito longe. Desde há horas que dois helicópteros vão encher o respectivo modesto cesto a uma piscina vizinha, nada mais. Regresso a casa, arrumando as coisas mais prementes e/ou preciosas, como quem não quer a coisa. Entretanto a electricidade, que fora cortada, reaparece. E com isso as imagens da televisão, a mostrarem o fogo ainda mais perto. E as notícias da recusa de mais apoio aéreo requerido pelas instâncias da vila. A 5 Kms da capital do distrito, a 40 Kms da capital do país - e não há recursos suficientes para evitar males maiores.
Fecho-me em casa para fumar um cigarro - que não me acusem, e muito menos hoje, de violar as regras securitárias agora estipuladas, como se fosse isso a panaceia. E noto, nesse breve refúgio, que não me angustiava desde a explosão do paiol de Maputo - então bem mais, pois tinha família comigo. Enfim, apago a cigarrada, escorropicho a cerveja. E vou regar.