Portugal, país colonialista
Eis-me chegado de uma suculenta refeição, que me foi ofertada por gente amada. Mas, e porque não há bela sem senão, tratou-se de um confronto entre a ponderada ideologia e o pecaminoso paladar.
Pois foi servido peru, o qual, ainda que apresentado em modo delicioso, não fez esquecer tratar-se o assado de uma vil Apropriação Cultural, resultante das malevolências dos pérfidos actos dos malvados Pizarro, Cortez, bandeirantes e quejandos agentes da colonialidade. Para cúmulo o evento foi culminado com um aquilatado arroz-doce, generosamente polvilhado de canela, outra rapina, também ela vergonhosa Apropriação Cultural, proveniente dos desvairados Duarte Barbosa, Mendes Pinto, Albuquerque e tantos outros - tudo isto diante do silêncio actual dos críticos e amadores gastronómicos, pois estou certo que nem os jornalistas do "Público" e os pensadores abissais refutam os Arrozes-doces avoengos...
Mas o pior de tudo ainda foi esta reclamação identitária, coisa de extrema-direita, exclusivista. Pois tudo foi encetado com uma dose de verdadeiros jaquinzinhos, desta extraordinária diminuta dimensão. Assim uma verdadeira afirmação nacionalista, eivada deste sempiterno imperial "pescar é preciso, viver não é preciso".