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Dez24
Rescaldo do 2024
jpt
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Acaba o 24, o ano em que eu e parte substancial da minha "velha guarda" ficámos sexagenários. 23 não me fora mal , uma espécie de inflexão ao último (largo) quinquénio, até a augurar bons novos tempos... "Falsas ilusões", pois afinal o 24 foi-me um espalhanço, pessoal, laboral. A anunciar o abissal?...
Melhor momento, como se primaveril, neste Abril passado, (auto)publiquei o meu "Torna-Viagem" (o tal que só se compra através desta ligação), algo que era para ter feito há algum tempo. O livro teve alguns leitores, simpáticos. Apresentei-o no que esperei ser uma bela festa no Roda Viva, reconfortante, congregando amigos de vários núcleos da vida. Foi-o, estou-lhes grato.
Mas foi-me também dia exemplar da vida. Na véspera soubera que amiga mais que queridíssima estava a morrer, "anda cá despedir-te" avisaram-me!... E eu nem sequer sabia da doença, mostrando-me o quão ensimesmado arredio ando. Algo a esmorecer qualquer felicidade que de tudo aquilo, mero livreco, pudesse advir. Tal como desvaneceu a importância da birra familiar que me era então dedicada. Bem como a dos arrufos femininos pré e pós acontecimento, que me rodeavam. A tornar ainda mais viçosa a carapaça da tristeza, por vezes disfarçada de frenesim festivo. Rumo típico das gentes da minha minoria étnica, os acédios...
O resto do ano foi isso. Com inéditas zangas para comigo - será que envelhecem os circundantes e não eu, que sigo lindo, jovial e aprazível? À hora do rescaldo cíclico, ritual, não o posso crer. Pois um tipo pode assomar-se e clamar para sim mesmo que a única perda relevante é a da placenta. Mas não é a verdade. Todo este resto, a minha gente e o nosso tempo são o ouro que resta.
Desejos para 25? Alguma energia para esse garimpo, se possível. E que não nasçam tumores. Ela que venha cardíaca...
("Demasiado intimista, Zezé!", dirão os da velha guarda. "Sim, e depois?...").