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O mundo está como está. Ou seja, continua como continua... Quino, em especial a sua Mafalda, é uma necessária inspiração. Para uma inquietude sem candura, algo que nada se conjuga com "causas" ariscas e convicções de mão na cintura, nas certezas de bolso tão do apreço de tantos. Enfim, para que possamos interrogar o 24 que chega.
Por isso deixo três filmes com o grande autor: um excerto onde narra o nascimento da imortal Mafalda (minha grande amiga, Filipe que sou...). E duas entrevistas longas em momentos diferentes da sua vida. Forma de fazer regressar aos seus livros. Maiêuticos.
El nacimiento de Mafalda
Entrevista a Joaquín Salvador Lavado «QUINO» creador de MAFALDA 1977 completa
De Cerca - Entrevista a Quino
(António)
(Augusto Cid)
(Augusto Cid)
(Leal da Câmara)
(Alonso)
(Vilhena)
(Vilhena)
(Vilhena, recriando Bordalo Pinheiro)
#JeSuisCharlie Entre este caso da grega "socialista mediterrânica" corrupta - essa que "enoja" Pedro Marques, o eurodeputado português ido dos governos de José Sócrates (e de Costa, e de Costa...) e candidato ao PE com Silva Pereira, braço direito do dito Sócrates, e com Leitão Marques, também governante do "engenheiro" e mulher de Vital Moreira, cabeça de lista do mesmo Sócrates (esta malta do do PS não tem qualquer vergonha na cara, e nunca mudará na sua cupidez abjecta) - e a pobre ainda que voluptosa Miss Croácia, expulsa dos estádios catarianos diante do silêncio d@s militant@s d@s "géner@s", a "Charlie Hebdo" no seu melhor...
[(Magnífico) Cartoon de Gargalo]
Tão falado tem sido o caso, verdadeiro drama nacional, que nem é necessário resumir os episódios que o vêm alimentando: é chegado o ocaso de Ronaldo, fenece irremediavelmente o maior atleta português, o mais célebre desportista mundial? Ou, de maneira mais chã e imediata, deve ele ser ainda titular nesta campanha do mundial de futebol? E, ainda mais, é ele ainda credor de algum apreço dos patrícios?
Grassa o azedume avesso ao CR7. O qual não nasceu agora - convém lembrar que ainda em 2013, já ia o homem basto titulado e na ombreira dos 30 anos, ainda era recebido por adeptos portugueses com provocações elogiando Messi. E quem ao longo aos tempos tenha lido jornais digitais bem terá visto constantes coros de invectivas patrícias contra ele (tal como contra Mourinho, um fenómeno similar). Saudando insucessos, anunciando-lhe a degenerescência, a queda iminente, apupando-lhe feitio pessoal e a família, jurando-lhe malfeitorias sexuais ou aventando práticas consideradas "desviantes". Muito disso terá tido uma origem linear, o clubismo: formado no Sporting ele foi mal-amado e, depois - principalmente após um grandioso hat-trick na Suécia -, apenas pouco-amado por adeptos benfiquistas, monoteístas fanáticos sempre ciosos de garantirem o lugar supremo no panteão do King Eusébio, um pouco à imagem dos velhos (e já quase todos falecidos) sportinguistas irredentistas no clamor de que Peyroteo marcava mais golos do que Eusébio... Só que estes não tinham redes sociais nem jornais digitais para verter o fel.
Mas há uma outra razão, muito mais estrutural - cultural, se se quiser - para este azedume para com Cristiano Ronaldo, o qual agora irrompe de modo desbragado. É a sua personalidade, apupada como "egocêntrica". Nisso sendo considerada como desrespeitadora dos seus colegas de equipa e, por extensão, de todos nós, pois constitutivos da "equipa de todos nós", a sacralizada selecção nacional. E tantos reclamam face à inexistência de "humildade" no atleta.
Isto é interessante, pois qualquer "campeão" tem de ser egocêntrico. Só se é campeão, mestre e sábio numa actividade, através de uma dedicação afectiva e intelectual extrema: o "nerd" da informática, o "grande-mestre" de xadrez, o enorme maestro clássico, o prolífico romancista, o pintor abrasivo, etc., são indivíduos que podem ser mais ou menos simpáticos mas são aquilo a que chamamos "aéreos", "distraídos", vão "na sua"... Seguem ensimesmados - o que não sinónimo de enclausurados -, egocentrados. Por maioria de razão segue isso num atleta de alta (altíssima) competição, não só uma vida dedicada a uma disciplina férrea como a uma rotina total. E em que o egocentramento não é apenas uma predisposição para o devaneio imaginativo (do excelso programador informático ou do poeta esconso) mas muito mais o desvelo pelo próprio corpo - nisso assim um Ego hipercorporizado, em que uma leve cárie, o simples quisto, o comichoso calo são prementes questões sobre si-mesmo e não ligeiros incómodos dos quais tantas vezes nós, vulgo, nos abstraímos imersos nos nossos afazeres e mundanidades, dadivosos até.
Ou seja, a "humildade" do (grande) atleta (e do grande artista, do grande criador) é para consigo mesmo, existe na fidelidade às rotinas que o potenciam e possibilitam, e a sua altivez é a descrença na necessidade dessa auto-disciplina. E o "egocentrismo" é a sua condição, sine qua non, de existência - essa existência que nós tanto ansiamos, louvamos e até cantamos, berramos e abraçamos nos momentos de gáudio.
Vejo agora constantes queixas sobre a tal arrogância desmedida do CR7, sempre comparada com a humildade (generosa) dos campeões anteriores, nossos ídolos. Mas isso é tudo falso, pois os anteriores grandes campeões tiveram processos similares, principalmente os surgidos no sempre difícil ocaso das carreiras: Luís Figo, também ele um dia eleito Melhor Futebolista do Mundo, também ele já super-estrela neste mundo globalizado, em pleno estádio português durante a orgia nacionalista do Euro-2004 zangou-se por ser substituído e fugiu para os balneários ("foi rezar à Virgem Maria", veio depois dizer o sabido Scolari, pondo àgua na fervura naquele ambiente...); Futre (eleito apenas o 2º melhor do Mundo) fez birras clamorosas no Atlético de Madrid; o agora falecido bi-bota, Fernando Gomes, protestava durante o Euro-84 estar a viver "o pior momento da carreira" por não ser titular e depois veio a entrar em conflito com o seu tão querido clube devido a ser considerado algo vetusto; António Oliveira (um génio do futebol) e Rui Jordão (outro) nem se falavam na mesma equipa, tamanho o choque de egos, para sofrimento dos sportinguistas. O Enorme Carlos Lopes, ainda que tendo sido uma criatura de Mário Moniz Pereira, teve com este profundos desaguisados após a vitória olímpica. Joaquim Agostinho, tão simbólico do povo, era uma personagem irada, e ficou célebre a birra que fez durante o Tour de France, parando durante uma etapa (dez minutos ou mais) deixando o pelotão ir embora, apenas porque não lhe deram uma Coca-Cola (o falecido Carlos Miranda contava essa e tantas outras histórias em magníficas crónicas no "A Bola"). Etc.
Enfim, os grandes campeões não podem ser "humildes" (no sentido vulgar do termo). Podem ser dadivosos, até filantropos (CR7 é-o), mas têm de ser egocentrados, extremamente ciosos de si mesmos e nisso absolutamente convictos. "Férreos" "como o aço"! E a todos custa envelhecer, pois acham que ainda têm dentro de si algo que os outros não vêem - como não viram ao longo de todos os seus trajectos. Caso contrário não são grandes campeões, serão atletas talentosos, até bem sucedidos. Mas não extra-ordinários (assim mesmo, com hífen, para sublinhar que não são pessoas normais).
Qual a razão de a tantos custar a aceitar estas características dos seus campeões - mesmo que tanto fruam dos seus sucessos, em particular os no "desporto-rei", actual paixão nacional? Porque esta gente, estes atletas, quase sempre "vem de baixo". Ou, alguns, agora, da "classe média remediada". E ascendem ao topo, o das disponibilidades económicas e ao topo das propriedades simbólicas (a visibilidade é a moeda desta vertente). Transcendem as "ordens" pré-estabelecidas, as da velha sociedade tradicional. Fazem-no com estrondo. E nisso descuram demonstrar o "respeitinho", aquele que "é muito bonito", face ao "que deve de ser", nesse entretanto retorcendo o chapéu entre mãos, servis diante do destino que os fez subir. Enquanto nós outros para aqui andamos, raisparta, nesta merda de vida...
Enfim, deve Cristiano Ronaldo jogar hoje? É evidente que a decisão compete ao seleccionador Fernando Santos. Sobre cujo trabalho já aqui opinei, sabiamente.
Um velho e grande amigo, que tem a paciência de me ler nos blogs, acaba de me enviar esta mensagem acompanhada de uma legenda, na qual lhe detecto algum alívio: "Já foste!"
Este cartoon - identificado como "Volta ao Normal" de Gerhard Haderer - é o que mais relevante vi/li nos últimos longos tempos. Bateu-me, bem! Encontrei-o no mural de Alberto Ribeiro Lyra, um brasileiro com o qual tenho ligação desde os primórdios do FB por razões que já não lembro (conexão moçambicana?, bloguismo?), e que tem um mural magnífico, com constantes pérolas iconográficas, uma inteligência visual rejubilante. (Daqueles casos que me levam a praguejar quando ouço os patetas encartados a resmungarem contra as "redes sociais". Pois nestas, e assumo a arrogância, cada um vê/lê/encontra o que é. E quem só encontra mediocridades é porque é um medíocre, passivo).
Avante, este cartoon bateu-me bem! Porque diz o necessário nesta fase da maldita era covidocena. E, muito mais, nesta minha fase pessoal, aguentem lá este meu quase-porno intimista. O almoço foi singelo e saboroso, endógenos alguns dos comestíveis, verde o vinho, à mesa queridos familiares consanguíneos e espirituais, o dia está soalheiro. Agora vou dar um mergulho. Depois, secar-me-ei e afixarei este arame. A enfrentar o que aí vem. Tenham cuidado comigo! (cuspo, a la Clint).
Obrigado, Lyra. Deste vida ao zombie.
Para todas as minhas amigas que estão sozinhas neste dia valentino, quiçá resmungando isso: mais vale só do que com um tipo virulento
Na sequência do assassinato do professor francês Samuel Paty, devido a ter mostrado caricaturas aos seus alunos, a pastora da Igreja Protestante de Roubaix, Sandrine Maurot, convidou os crentes de todas as religiões a "publicarem uma caricatura na sua própria religião, defendendo a liberdade de expressão".
(O meu muito laico sportinguismo é o meu sentimento mais próximo, ainda que imensamente distante, da religiosidade. Ou seja, resta-me isto ...)
(Cartoon de Batista Rui)
Dificilmente se poderá falar melhor do que este cartoon. As comemorações públicas do 25 de Abril em pleno período de confinamento não são apenas um empurrão para que comecemos a sair de casa, violentando o gigantesco esforço que temos feito e que tem valido a pena. São, acima de tudo, um desrespeito por nós todos, os que realmente "ficámos em casa". É um sinal de inconsciência total do regime, do seu apartar-se do povo. Da superficialidade de quem ocupa os postos. É muito fácil dizer que quem se opõe às comemorações é contra a democracia e os seus (necessários) rituais. E é muito mais difícil pensar. Algo que é, já agora, um exercício democrático por excelência.
Eu sou ateu. Mas ocorre-me pensar que se o Papa reza (quase) só na celebração da Páscoa, se o clero em Portugal também o faz - e em articulação com o Estado, como é sabido -, a que propósito é que Sousa e Rodrigues precisam de centenas de pessoas em seu torno para um cerimonial?
São cidadãos eleitos? Falem sozinhos. Um de cada partido no friso, o PM idem. E, vá lá, um magistrado. E mostrem que são, realmente, apenas cidadãos eleitos. O resto? "Fica em casa". Isso é a democracia.
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