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Nenhures

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Acabo de saber que João Leal - para mim a grande figura da Antropologia em Portugal (e quando elogio alguém não o faço para apoucar outros, como infelizmente é "padrão de cultura") - fará hoje uma conferência no Museu de Etnologia. E o tema é o contexto da obra de Jorge Dias - e, recordo eu algum distraído, dado ter este sido o elemento central da monumental "Os Macondes de Moçambique" julgo que a transmissão em directo da conferência poderá interessar os colegas austrais. E não só.
 
Pelo que anuncia o programa João Leal falará a partir das 17.40, antes serão situações protocolares. Mas convirá ir ver antes, não vão apressar as coisas...
 
Por isso aqui deixo a ligação, num até já:

Só agora soube desta conferência que o Pedro Pimenta deu no último Fevereiro, sobre o cinema inscrito nas lutas anticoloniais em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique: "Les cinémas lusophones d'Afrique, dans la tourmente des conflits". É uma verdadeira Lição, riquíssima e imperdível.

(A conferência foi proferida em francês. Por isso deixo aqui a ligação ao filme - 1 hora e um quarto - colocado no youtube. Pois recordo que esta plataforma permite accionar legendas, seja nessa língua para os francófonos mais enferrujados, seja em português em tradução robótica simultânea, sempre um pouco atrapalhada mas que deixa compreender o conteúdo. E aqui deixo outra ligação, a da gravação da palestra colocada no sítio da organização responsável, Forum des Images.)

(Marcel Detienne forain chez tous. Comparer l'incomparable, filme de Thomas Lacoste)

(Marcel Detienne, Apollon, le bel assassin de Delphes, 1995)

(Réflexions autour du comparatisme, de l'anthropologie et de l'histoire, 2009, conferência no Institut d'Études Avancées de Nantes)

(Marcel Detienne, Comment être français 1, entrevista de Sylvian Bourmeau)

 

(Marcel Detienne, Sur Claude Lévi-Strauss, entrevista de Sylvian Bourmeau)

 (Marcel Detienne, Sur l’identité nationale, entrevista de Sylvian Bourmeau)

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(AS CAUSAS MÍTICAS DA DIVERGÊNCIA ECONÓMICA PORTUGUESA - MEL, Movimento Europa e Liberdade)

Não sou economista nem historiador. E fui lendo ao longo da vida mais ou menos o típico (a moda, no duplo sentido: referente à quantidade; aludindo ao que esteve em voga) de um tipo que estudou ciências sociais. (Ainda assim li o suficiente para não ter paciência para os brutos que põem aspas sarcásticas neste "ciências sociais"). Assim apresentado avanço.
 
Nuno Palma (de quem nunca ouvira falar) é professor universitário na Grã-Bretanha. Falou numa convenção - é o primeiro interveniente do filme, durante 20 minutos - sobre, grosso modo, o regime político português ancorando a sua reflexão na história económica portuguesa. Defende, é explícito, uma postura de direita e uma posição liberal. E analisa a produção do discurso oficial sobre o passado recente, a "narrativa" histórica promovida pelas instâncias estatais, dizendo coisas consabidas (ou que o deviam ser). O que ali avança - em particular sobre a economia e educação no Estado Novo, referindo-se ao "atraso económico e político do país", que apresenta como estrutural - não é particularmente inovador (nem ele o terá procurado).
 
Eu, que li alguma coisa sobre a história do sistema colonial português, volta e meia vou ao blog resmungar contra este actual (e serôdio) discurso anti-colonial que demoniza o Estado Novo enquanto higieniza a I República, que foi veementemente colonialista. E sei, por leituras abrangentes, que se o Estado Novo não foi "desenvolvimentista", no sentido que lhe damos agora, não é nele que radica o atraso económico do país, e isso nota-se bem no delinear das políticas coloniais de XIX e XX. De facto, e fazendo-o de forma vulgar, é mais ou menos o que Palma diz, ele com mais sageza e reflexão, e com um âmbito mais alargado: temos uma "narrativa" (na Escola, na Universidade, no jornalismo de "referência") que amputa a história portuguesa de algumas das suas características estruturantes e inventa outras, para com isso moldar a la carte as sensibilidades da acção política actual - também por isso se quer agora, no seio de demagógicos "movimentos sociais", pontapear António Vieira e não Afonso Costa, ou denunciar Afonso de Albuquerque enquanto se louva Humberto Delgado, por exemplos.
 
Enfim, o relevante - para quem não saiba deste caso - é que o académico Nuno Palma nada disse que seja errado. É um intelectual e teve um contributo intelectual condigno, na sua subjectividade, numa convenção política. Logo um ex-ministro e actual nº1 dos eurodeputados socialistas veio deturpar a argumentação, tanto o explicitado como o que lhe está subjacente, acusando-o de fazer a apologia do Estado Novo, o que é uma vilania intelectual. E, bem pior, surge um outro académico, Francisco Santos Silva, do Centro de História de Além-Mar da Universidade Nova, que o denunciou à Universidade de Manchester, empregadora de Palma. A miséria moral e a incompetência deontológica deste tipo de intelectuais activistas chega a este ponto. E hoje no "Público" José Pacheco Pereira, que foi meu professor (e que professor!) segue nesse mesmo ímpio caminho. E são estes "camaradas e amigos" (para citar Pacheco Pereira quando foi à Aula Magna fundar a futura geringonça) que se reclamam paladinos das "liberdades". Pouco amplas, constata-se todos os dias...

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