"Catembe" no Cinema Ideal
Catembe, de Faria de Almeida, 1965 from Jorge Borges on Vimeo.
Catembe, de Faria de Almeida, 1965
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Catembe, de Faria de Almeida, 1965 from Jorge Borges on Vimeo.
Catembe, de Faria de Almeida, 1965
Brian Wilson torna-se hoje um octogenário (um texto de 2011 no The Guardian). Será daqueles marcos surpreendentes. Deixo um (longo) documentário, para recordar um dos mais esquivos...
Brian Wilson: The Genius Behind The Beach Boys: Amplified
A "New Yorker" traz uma boa peça sobre Bill Frisell (ligação com acesso livre). Enquanto a leio abro outra "janela" e deixo-o tocar. Mas, oops, cansar-me-ei - sim, sei que o homem é infindável, quase infinito, mas o concerto que abrira aborrecia-me. E por isso recuei às suas declarações na tal peça, dizendo que fora influenciadíssimo pelo grande Boubacar Traoré... "Ih, há quanto tempo não o ouço!", resmungo-me. Deixo o Frisell lite (lamento, mas é a verdade), vou à referida Spotify e inscrevo-me como ouvinte do gigante maliano. Isto foi na alvorada. Passei o dia a ouvi-lo, a Boubacar Traoré. Que belo dia!
Boubacar Traoré - Je Chanterai Pour Toi (documentário de Jacques Sarasin, 2001)
Em meados da década de 1970, a nossa revista semanal "Tintin" era um verdadeiro luxo. Sob os célebres arrais Vasco Granja e Dinis Machado - este que viria a botar o tão influente "O Que Diz Molero", uma pérola...-, agregava o que era publicado na "Tintin", na "Pilote" e ainda na "Spirou", conjugando a "ligne claire" (dita de Bruxelas) com "escola de Marcinelle".* Pouco depois dos meus 10 anos, na era do PREC, nela houve uma "revolução coperniciana". Foi a introdução de autores que então pareciam menos atreitos canónicos, como Derib, Auclair, Cosey, etc. E Pratt, ainda para mais chegado no preto-e-branco que a tantos desagradou. Essas novidades provocaram uma enorme polémica no sempre animado "correio dos leitores" - verdadeiro prenúncio das "redes sociais", poderemos dizer se hoje revisitarmos a revista -, opondo os (jovens) "conservadores", militantes dos heróis já estabelecidos, aos "(jovens) turcos", paladinos das inovações havidas. Descobri-me "centrista", na concertação entre o afã jubiloso com que perseguia as odisseias de Comanche, Alix, Clifton, Blueberry e as de Jonathan, Simon du Fleuve ou Buddy Longway.
Pouco depois, e ainda na minha puberdade, surgiu a brevíssima revista dedicada ao Spirit (talvez seis números apenas), assim descobrindo Will Eisner que logo me encantou. Depois fui crescendo e chegando a outras revistas, outros autores e heróis. Mas antes havia tido uma excepção no meu encantamento: nunca tinha entrado em Tardi, de que fora publicada o início da série Adèle Blanc-Sec ainda na minha adolescência. Pois a este autor só quando adulto vim a aderir. E muito.
E sim, ele é o homem da I Guerra Mundial, da absurda hecatombe dos poilus, obsessão temática que ele próprio reconhece. Quando se celebrou o centenário do Armistício em Portugal - entre um gigantismo militarista totalmente anacrónico e um discurso falsário do presidente da República (que teve o desplante de apresentar a participação portuguesa como se fosse dotada do conteúdo de uma participação na II Guerra Mundial, se associada aos Aliados) - botei, em cima das minhas memórias de Tardi, a minha repugnância por tais dislates. Sublinhada por estar então a viver na Bélgica, onde as comemorações (bem mais sentidas, como é óbvio) estavam despojadas de tais militarismos, patéticos triunfalismos e falsidades históricas. Enfim, foi a Tardi que recorri, tamanha a influência que ele teve na minha visão da nossa História. E o encanto que tenho diante da sua obra gráfica.
Por isso aqui deixo duas entrevistas em registo autobiográfico: esta, ao longo de cinco "fascículos" radiofónicos. E uma entrevista audiovisual:
* Para uma breve história da revista "Tintin" portuguesa ver este artigo de Carlos Maria Bobone; sobre as "escolas" (tendências) da banda desenhada belga ver este postal de Agnés Deyzieux.
Como toda a minha geração cheguei a Gir (Jean Giraud) com Blueberry, publicado na semanal Tintin, logo encantando-me - e só alguns anos depois, já crescidote, conheci Jerry Spring de Jijé, numa cronologia inversa ao dessa maturação dos heróis europeus de "westerns". Entre os quais ficara, também ainda menino, adepto de Comanche de Hermann e Greg, enquanto Hermann teve interesse e paciência nessa série.
Entretanto fui crescendo, o que também aconteceu a Giraud, no qual desabrochou Moebius, a marcar a banda desenhada europeia. A minha relação com este já foi diferente, face a uma arte esplêndida mas um mundo imaginado que menos me cativava. Ficava-me assim um enorme apreço mas desapaixonado. Nisso contrastando com uma enorme vaga de admiração por este real génio, tornada mesmo um verdadeiro culto, como se fosse ele o "Papa dos comics", como suavemente ironiza o próprio no filme que aqui partilho, "In Search of Moebius". Um belo documentário, a ver neste 2022 já uma década após a sua morte:
(In Search of Moebius, Documentário, BBC Four)
(Fotografia de Marc Garanger)
A RTP está a transmitir a série documental "Gulag, uma história soviética", em três episódios, um documentário francês realizado por Patrick Rotman, Nicolas Werth e François Aymé (uma entrevista de Rotman aqui).
Julgo saber que se trata de uma (interessante) iniciativa da nova directora do Museu do Aljube, a qual organizou (e patrocinou) a transmissão deste excelente documentário histórico no canal público de televisão. Bem haja, Rita Rato.
Deixo os três episódios para quem tenha pressa em ver o magnífico documentário. Para elogios a Rita Rato ler também Alexandre Pomar, João Pedro George, Pedro Correia.
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