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Ando eu submerso nas minhas coisas, em apneia arfante, por isso desatento ao circundante... Mas ainda assim surpreendo-me. Pois apenas hoje, em visita matinal ao email e através da notificação do simpático "sítio" "RetroNews", que noto ter ontem sido o centenário da morte de Lenine. Concedo, terá havido alguma notícia televisiva que eu não acompanhei. Mas no Google são escassas as referências à efeméride.
E disto retiro mesmo apenas a constatação do quão efémera é a glória. Neste caso política e intelectual (ideológica, se se quiser). Tão propalado foi o "mais importante acontecimento da história do século XX", até mesmo da "história da Humanidade", a "revolução de Outubro" sob a liderança de Lenine. Tão apregoada foi a superioridade - a "virtude" - do marxismo-leninismo. Tão vendidas e mesmo lidas foram as suas "obras" - "escolhidas" e até "completas", quais faróis para o futuro. Isto tudo apenas há algumas décadas, na minha (nossa) vida adulta.
E agora passa-se o centenário da sua morte. E apenas noto isso no simpático almanaque francófono. Não haverá prova maior de que o tal "espectro [que] ronda a Europa - o espectro do comunismo" é uma memória. Esconsa. Malvada, mas esconsa.
Muitos celebram hoje os 25 anos da abertura da Expo-98. Alguns, com mau feitio, resmungarão que aquele núcleo oriental não se desenvolveu como seria de esperar, como o mostra o relativo declínio de restaurantes, bares e instalações culturais da zona, bem como o suburbanismo do seu grande centro comercial, degenerado em xópingue. Algo matizável com este Festival católico de agora, dizem os crentes (na fé do Progresso). Outros, de péssimo feitio, mais em voga agora do que naquela já vetusta era, apuparão a evocação dos Descobrimentos que então aconteceu, a ela atribuindo as actuais maleitas sociais - enquanto nisso se deleitam a elidir as trapacices socratistas e suas sequelas bem vivas.
Eu, com o meu belíssimo feitio, neste quarto de século sobre a inauguração da "Expo" lembro, acima de tudo, que na véspera caíra o horroroso Suharto. E que Alegria foi!
Aconteceu-me que em pleno dia de Natal, indo a caminho da casa da minha irmã para as tradicionais celebrações, estreei-me em acidentes rodoviários após 39 anos de condução. Estraguei o meu dia, incomodei a minha filha, que lá me esperava, a qual padece deste pai. E sofri uma fractura exposta no osso orgulho. Para além um derrame na conta bancária, que seria letal não fora o caso desta estar já ligada à máquina, em condição dita irreversível.
Atendendo à data festiva, e concomitantes folgas, tive de esperar umas horas pelo reboque. Era já início de noite quando chegou, levando-me da via rápida verdadeiramente fronteira ao Trancão até à planície nas cercanias do Sado. Simpaticíssimo o motorista, e basto falador - tentando (e conseguindo, justiça lhe seja feita) animar-me, macambúzio que me encontrou, culminando ambos (e logo na Vasco da Gama) num quase nada estóico "foi só (pouca) chapa e plástico" "que se lixe!", isto que sobre angústias monetárias não me deixei espraiar...
E nisso o homem foi-se alongando, confirmando-me que são estes dias, os das Festas, de muita azáfama. Pois poucos colegas de serviço e muita gente a ter problemas, "no Natal saem da casa das famílias com um copito a mais...", no "Ano Novo vêm das festas...". Às vezes cenas dramáticas - e algumas contou mas tenho pejo de as convocar - mas a maioria das vezes pequenas coisas, toques, choquezitos, a perturbarem ou mesmo a magoarem mesmo que felizmente não irremediáveis. Aquele copito de vinho a mais no Natal, só mais, só mais um brinde de Ano Novo - "Feliz" terá ele de ser -, até com o raisparta do espumante, ou mesmo a saideira seguida da abaladiça, e nisso já se está num registo mais desengonçável...
Enfim, lá me largou ele diante da oficina onde parqueei o carro (emprestado, ainda por cima). E agora, antes do reveillon de tantos, ou da "passagem" de outros, nem sequer tenho de me lembrar daqueles inícios dos 80s, antes da instauração do "balão" e das campanhas - nem o cinto de segurança era prescritivo -, das loucuras acontecidas, dos amigos perdidos... Lembro-me só da conversa desta semana com o loquaz motorista de reboque, a desmontar-me a ideia de que após tantas décadas passadas, tantas campanhas feitas, as coisas ao volante tinham mesmo mudado.
Eu sei que a esta canção é foleira, e o vídeo também. Mas muito mais foleiro é guiar acima dos limites da segurança. Portanto, hoje em especial, "não guies com os copos". Mesmo que seja só aquele "bocadinho" de nada... Esse que se calhar até é o pior, dá aquela sensação de "falsa segurança" que a dra. Graça Freitas e a ministra Temido tanto combatiam - quando nos queriam convencer a não usar máscaras e a não nos testarmos.
(Encontro de escritores nas "Pontes Lusófonas", Maputo 1999- reportagem)
Na semana passada foi o centenário de Saramago e evoco quando o conheci em Maputo. No ano anterior ele recebera o Nobel. A atribuição coincidiu com a visita oficial de Guterres a Moçambique - à cidade haviam chegado 170 pessoas integrantes da comitiva! Um quarto de século depois lembro-me de como soube do prémio: na inauguração de uma exposição na Fortaleza de Maputo, inserida no programa dessa visita. Ali cheguei ao fim da tarde, a hora apropriada, e logo fui abordado por um pequeno grupo de quadros de instâncias culturais moçambicanas, os quais me deram efusivavamente os "parabéns". Julguei, até surpreendido, que me saudavam devido a algum sucesso que estivesse a acontecer no decurso da viagem dos nossos governantes. Mas não era isso, congratulavam-me pelo Nobel! - uma "glória nacional" que eu ainda desconhecia, após um dia embrenhado em múltiplos afazeres, naqueles tempos já tão recuados que ainda sem internet avulsa nem telemóveis.
Confesso que fiquei um bocado atrapalhado. Pois diante do até lendário Prémio o meu trabalho de então (numa cultura nacional literata como é a nossa, que presume mais necessário que se leia Cardoso Pires do que Hermínio Martins, para falar de contemporâneos) pressupunha que eu fosse um saramagófilo... Mas não o era. Filho do senhor meu Pai - que me legou todos os livros do escritor (ainda que nos seus últimos anos de vida me recomendasse "o Aquilino") - havia lido com muito agrado o "Levantado do Chão", com encanto o "Memorial..." e, depois, com o sempre recordado fastio dos meus 21 anos o "...Ricardo Reis". E a partir daí tinha largado todos os livros do autor que havia encetado, por pura impaciência. Decidi, ali mesmo e enquanto me fingia - copo na mão - um "connaisseur" da obra nobelizada, resolver o assunto. No final desse Outubro tive - apaixonado - a sorte de me casar. O furacão Mitch desviou-nos da almejada e já reservada Guatemala e fomos celebrar o acordo que nos viria a dar a Carolina para o Norte do Brasil - e aí, nesse amoroso contexto, preparei o meu regresso a Maputo lendo o "Todos os Nomes". Que, pura e simplesmente, abominei (uma palavrosa mescla de Borges e Kafka, resmunguei, porventura lá pelo Marajó...).
No ano seguinte Saramago aportou a Maputo, incluso numa enorme embaixada cultural portuguesa, as "Pontes Lusófonas", uma sobranceria institucional germinada naqueles tempos das "vacas gordas" que alimentavam os "desígnios" da lusofonia e que também queriam abrilhantar a então nóvel - e indiscutida - CPLP. O escritor logo percebeu a pesporrência de tudo aquilo, do tão "nós aqui para vos iluminar", e decidiu "partir a loiça", nisso distinguindo-se das dezenas de comparsas viajantes, apenas embrenhados nas suas agendas pessoais e encantos alienados. Assim, e com o recente Nobel às costas, decidiu recentrar as coisas, articular(-se) com as "gentes da cultura" de Maputo, saindo do programa oficial que lhe fora agendado.
Foi então arranjada uma sessão na sede da Associação dos Escritores Moçambicanos (a AEMO), no qual ele proferiria uma charla. Entretando eu havia-lhe sido apresentado, gentileza do seu editor Zeferino Coelho, ali também deslocado, e do Augusto Carvalho, o jornalista e professor há já muito em Maputo e do qual eu viria, poucos anos depois, a ser colega. E nisso havia acontecido uma bela conversa, informal e na qual lhe pude perceber uma característica evidente: a extrema acutilância, algo que o desencerrava de si mesmo, coisa que é muito mais rara em artistas e escritores do que se possa pensar, pois tendencialmente egocentrados, no que penso ser mesmo uma deformação profissional.
Enfim, não pude deixar de ir à sessão na AEMO. Para ouvir o Nobel enchera-se a casa, pejada de escritores, jornalistas, académicos e jovens literatos. Saramago entrou, afável, o já velho laureado explicitando estar ali apenas entre colegas, homem contido mas sem nada de altaneiro. E, totalmente de improviso - como me confirmou um dos seus próximos, num decerto que exagerado mas também verídico "é sempre assim!" -, falou durante mais de uma hora sobre aquilo de escrever e isto de ler. Dando depois azo a uma animada conversa - lembro que a Paulina se levantou e disse, com desapegado atrevimento, "eu também gostaria de um dia ganhar o Nobel" e talvez só ela (ou nem ela) pensasse então que "se calhar...", como poderemos dizer hoje. Em suma, Saramago falou e literalmente encantou(-me). E isto para além do sensibilizado que já estava eu, tendo-o antes ouvido criticar o modo de voo do nosso funcionalismo público e nisso percebendo-lhe a sensibilidade política que a tantos outros faltava. Um ano ou dois depois voltou a Maputo, para a apresentação do seu "A Caverna" e lá fui, até mesmo ao autógrafo, e a uma breve troca de palavras, claro que antecedida do "não sei se se lembra de mim, sou fulano de tal...", para receber em troca um piedoso "sim, claro, como tem passado por cá, e etc.". Mas esta simpatia e admiração não me tornou leitor, tendo continuado a não aderir aos seus livros.
Há quatro anos a minha filha teve de ler o "Memorial" pois constava do seu currículo escolar. Bastante lida para a idade fomos conversando sobre o livro, e daquela forma barroca latina bem diversa dos Fitzgerald, Huxley ou Orwell que o currículo inglês lhe promovia (e do Greene e do Waugh que o pai lhe impingia). Eu lá lhe aludi à minha ambivalência face ao autor, talvez me tenha socorrido daquele "um dia tens de ler o Ballester" - sei lá porquê mas tenho a mania de associar os autores - ou outra coisa qualquer. Mas, e acima de tudo porque pouco tive para avançar sobre o livro, passado pouco tempo fui relê-lo, 35 anos depois!, tantos que até custa assumi-los.
Lá avancei na lide leitora, entre o recordar alguns traços e descobrir outros, acima de tudo saindo da trama - que decerto terá sido o meu interesse de leitor de 20 anos - para lhe procurar escavar o fundo ["a(s) mensagem(ns)", se se quiser] e a forma. E às tantas cheguei àquela parte em que o escritor inventa aquilo do povo trabalhador congregado ali em Mafra ter de avançar até ao que nós hoje alvitraremos ser Pero Pinheiro, na senda de uma enorme laje de pedra necessária para o convento. E se põe a imaginar esforços e cuidados, passos e paragens havidos em tal tarefa. E um tipo lê aquelas páginas e só pode dizer "que grande escritor. Gigante."
Depois, claro, há uns tristes espíritos que resmungam umas ladainhas a seu propósito. Para quê ouvi-las, se nada encantatórias?
Aqui deixo informação que me chega da vizinha e ciosa capital sadina: hoje é o dia de Bocage, pois o do seu nascimento (1765), e nisso feriado setubalense.
Leigo que sou nessas coisas literárias ainda assim me parece que o poeta segue destratado. Nem tanto esquecido, pois é ícone dos brejeiros literatos. Será mais poeta reduzido, espartilhado pelo tom pícaro das memórias que se lhe dedicam. Enfim, não serei eu a fazer-lhe justiça, deixo apenas dois dos seus poemas de que muito gosto:
O Ciúme
Entre as tartáreas forjas, sempre acesas,
Jaz aos pés do tremendo, estígio nume,
O carrancudo, o rábido Ciúme,
Ensanguentadas as corruptas presas.
Traçando o plano de cruéis empresas,
Fervendo em ondas de sulfúreo lume,
Vibra das fauces o letal cardume
De hórridos males, de hórridas tristezas.
Pelas terríveis Fúrias instigado,
Lá sai do Inferno, e para mim se avança
O negro monstro, de áspides toucado.
Olhos em brasa de revés me lança;
Oh dor! Oh raiva! Oh morte!... Ei-lo a meu lado
Ferrando as garras na vipérea trança.
******
Vós, crédulos mortais, alucinados
de sonhos, de quimeras, de aparências
colheis por uso erradas consequências
dos acontecimentos desastrados.
Se à perdição correis precipitados
por cegas, por fogosas, impaciências,
indo a cair, gritais que são violências
de inexoráveis céus, de negros fados.
Se um celeste poder tirano e duro
às vezes extorquisse as liberdades,
que prestava, ó Razão, teu lume puro?
Não forçam corações as divindades,
fado amigo não há nem fado escuro:
fados são as paixões, são as vontades.
Cumprem-se hoje 200 anos da independência do Brasil. É tonitruante o relativo silêncio, qual murmúrio, em Portugal sobre o assunto - publicações, filmes, documentários, congressos? Nem mesmo o recordar, trazendo para os escaparates, do que foi sendo bem feito sobre essa época. Razões para tal haverá, desde a pequenez (ultramontana) que ao processo ainda sente como "perda" - e que na senda deste Ventura de agora ainda chamará "terroristas" aos Tiradentes - e o patético (identitarista) que se quer "desculpar" da História, a ver se nisso pingam uns subsídios extra para as ONGs e centros de investigação que controlam.
Enfim, deixo aqui memória desta interessante "Oceanos", n. 44 (2000), com alguns artigos interessantes sobre portugueses no Brasil independente, que foi coordenado pelo antropólogo Robert Rowland - estou a folhear/reler hoje, como celebração...
E deixo um desejo sincero aos meus (poucos) amigos e amigos-FB brasileiros. O de que daqui a 200 anos o Brasil tenha evoluído o suficiente para que os seus problemas já não sejam culpa do colonialismo português. Será difícil, pois até agora não conseguiram libertar-se disso. Mas talvez venha a ser possível...
(1984-08-12 Olympic Marathon (men's) raw satellite feed - part 3 of 4 Carlos Lopes - Portugal)
Faz hoje 38 anos que o grande Carlos Lopes - nos seus 37 anos ! - ganhou a maratona olímpica, o primeiro ouro português nos Jogos. Julgo que nem se consegue transmitir aos mais novos a euforia que então se sentiu. Revendo a corrida ainda me arrepio - neste filme aos 26', quando ao passar a placa dos 37 kms, ele se refresca e arranca, apartando-se dos concorrentes num passo de enorme pujança que manteria até ao final, ou aos 39'50'' quando entra, já bem destacado, na pista do estádio, recebido em ovação. "Vai Lopes, vai Lopes, vai campeão!!", gritei, gritámos. Que grande comoção foi, que grande festa se seguiu!!!
Há exactamente 140 anos, em 5 de Maio de 1877, o capitão-tenente Hermenegildo Capelo, e o major Serpa Pinto partiram de Lisboa para Luanda, onde se lhes juntou o primeiro-tenente Roberto Ivens. Cumpria-lhes a Expedição Portuguesa ao Interior da África Austral, de objectivos algo fluídos mas com particular incidência na recolha científica de dados geográficos (cartográficos e hidrográficos) do interior continental, aquela gigantesca área que os interesses portugueses vieram a intitular (e reclamar) Mapa Cor-de-Rosa. Divergências sobre o conteúdo da missão implicaram a sua divisão. Serpa Pinto, em viagem decorrida entre 1877-79, avançou da actual Angola até Pretória (relatando o feito em “Como Eu Atravessei África”). Os dois marinheiros percorreram, entre 1877 e 1878, uma vasta zona de Angola mas falhando a tentativa de penetrar a leste, viagem da qual produziram (Ivens escrevia, ambos assinavam) “De Benguela às Terras de Iáca”. Mas redimir-se-iam desse relativo fracasso, pois em 1884, por incumbência do então ministro da Marinha e do Ultramar, o célebre escritor e jornalista Pinheiro Chagas, partiriam em nova expedição, cruzando o continente de Moçâmedes a Quelimane, deixando o relato em “De Angola à Contracosta”.
Entretanto cumpre-se amanhã, 4 de Maio de 2017, o centenário da morte do vice-almirante Hermenegildo Capelo (n. 1841). Tomei conhecimento disso ao notar numa modesta fotocópia de cartaz afixada na montra de uma pequena loja na sua terra natal, Palmela. O programa comemorativo é simpático mas algo modesto: um passeio pela cidade, a imposição de uma placa comemorativa, uma sessão solene na igreja. E um concerto da banda da marinha (forma da armada se fazer representar?). Certo, talvez as instituições palmelenses (escola, câmara, estado, “sociedade civil”) venham abordando esta personagem ao longo dos anos, não conheço a vida da vila para o negar ou confirmar.
Ainda assim parece-me que algo mais poderia ser feito. Exposições, debates, mostras de filmes, etc. Com pessoal local, convidando vizinhos (p.ex. de Setúbal, que é uma cidade universitária, se é que é preciso a universidade para isto), até da urbe Grande Lisboa, aqui tão perto. Até porque, ao ter conhecimento desta efeméride, procurei na internet outras actividades evocativas, a decorrerem no país. Nada encontrei.
É certo que estas expedições científicas tinham um carácter eminentemente político, de reclamação de direitos históricos e de capacidades coloniais, e que foram matéria-prima para exaltação nacionalista e colonialista. Um passado que é hoje vivido no país um pouco em surdina, num óbvio desconforto, vindo da ausência da percepção do “tom correcto”. Nada aplacada pelos dominantes discursos seguindo a ideologia da lusofonia, que vêm o “encontro colonial” (uma expressão que só por si é um “must”) entre Portugal e as ex-colónias como se fosse uma simpática turma da universidade da vida. Muito menos pelos discursos minoritários, em particular em termos de vozes estatutariamente reconhecidas, que ainda louvam a gesta civilizadora portuguesa, como se Portugal tivesse sido (e ainda devesse ser) um mui competente mestre-escola, protector ainda que algo pedagogicamente inflexível, em regime de bom paterfamilias. E também os arautos da necessidade de um calvário nacional, da necessidade da expiação do pecado colonial, como se fosse este país, e esta gente que por cá coabita, emanação de um degenerado, bullyesco e até pedófilo, agente.
Em tal cenário nacional será de aproveitar as efemérides para contar (analisar, e ajudar os outros a analisar) a história nacional, calibrando o olhar necessário, sem silêncios, sem eulogias, sem autoflagelações. Uma consciencialização da memória histórica. Uma das formas é a leitura, usar os momentos para o apelo à leitura. Acima deixei os títulos dos livros dos exploradores. E deixo aqui a referência ao Exploradores Portugueses e Reis Africanos: Viagens ao Coração de África no Século XIX, um interessante e muito legível livro (já agora, cheio de extractos escritos pelos exploradores e com alguma iconografia de então, algo sempre agradável) feito pelos antropólogos Frederico Delgado Rosa e Filipe Verde (Esfera dos Livros, 2013). Certo, a obra foi pontapeada por Diogo Ramada Curto (o que não é caso único, conhecido que é o crivo acerado do prestigiado historiador), mas vale bem a sua leitura. Pelo prazer que traz, a qualquer interessado no assunto. E pelo hipotético contributo para uma reflexão sobre o passado.
E, em última análise, até porque não é totalmente excêntrica à tão simpática Palmela. Podendo até ser dita “coisa da terra”. Nisso sendo, mesmo, destinada a preencher as estantes locais. Num município desprovido de livrarias …
(Postal no "O Flávio")
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