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Nenhures

Nenhures

04
Ago24

Sporting - uma derrota histórica

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Em futebol o Sporting tem algumas derrotas históricas, impressionantes. Nas meias-finais da Taça das Taças com o Magdeburgo, muito esquecida porque foi em 24 de Abril de 1974. O clube alemão não fez história, o Sporting era-lhe superior, a final europeia estava ao alcance e só 30 anos depois se conseguiu uma outra. A dolorosa derrota na última final da Taça UEFA em 2005, com o CSKA, no próprio José de Alvalade. E, claro, os célebres 3-6 contra o Benfica, abalroando uma extraordinária equipa do Sporting (talvez a melhor que já vi), que tudo tinha para encetar um percurso vencedor.  Todas elas foram explicáveis, para além dos talentos alheios. A de 1974 terá tido razões, mas era demasiado novo para disso me lembrar. A de 2005 foi normal - uma final diante de uma boa equipa - mesclada com o azar constituinte do futebol: erros individuais, uma bola enviada ao poste alheio que sacudida para contra-ataque originou golo alheio. A frente ao Benfica é famosa, e sempre revivida, muito devida a erros tácticos na tentativa de virar o resultado.

Ontem diante do Porto, ainda que na modesta Supertaça, foi a quarta derrota histórica. Não só pelo inédito 3-4 depois de um 3-0. Mas por muito mais do que isso: uma equipa campeã, dita como reforçada, até impante nisso. Diante de uma equipa de um clube em polvorosa, depois de um convulso final de ciclo presidencial de 40 anos, sem dinheiro nem reforços, um plantel parecendo remendado, com um novo técnico que ascendeu em reboliço. E o Sporting desabou. Insuflando o Porto, equipa e clube. Devastando o moral próprio, anunciando péssimas consequências. E sem nada alheio que justificasse o acontecido. Surgindo como equipa sem ponta por onde se lhe pegue...

Uma derrota histórica. E uma enorme trapalhada. O odor do rotundo fracasso instalou-se.

14
Jul24

A final do Euro-2024

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O Euro-2024, termina hoje. O meu prognóstico é antes do jogo: a selecção de Espanha, país do nosso querido Roberto Martinez, tem sido a melhor do campeonato. Surge mesmo como uma equipa invencível...

02
Jul24

A Ralé Britânica

jpt

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A BBC, que não é um tablóide mas sim a estação pública da pérfida Albion, esse decrépito e abjecto antigo império de onde vem essa ralé turística, tatuada e bêbeda, decidiu-se gozar com o grande atleta e nosso ídolo CR7, chamando-lhe "Misstiano Penaldo". Abandalhar um atleta numa falha é uma vergonha. Sendo uma estação de serviço público é miserável.
 
Isto é mesmo o exemplo da célebre "fleuma britânica". Ou seja, da arrogância daqueles imundos bárbaros, que nem os romanos conseguiram civilizar. Seria bom, desejável, que pelo menos durante dois ou três dias a escumalha britânica que cá anda em veraneio não fosse servida em bares e restaurantes. Que fossem confinados aos kebabs e quejandos que por cá pululam. E que a razão para tal lhes fosse explicada, naquele profundo e singelo "Fuck off". E isso serviria para nos mostrar - até fazer - menos servis. Até porque "contra os bretões marchar, marchar," sempre!

27
Jun24

Manel Fernandes

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Morreu o Manel Fernandes, o nosso eterno capitão. (Aqui no seu cromo da Futebol 77, já depois de ter vindo da CUF). O Manel era a "bola", o verdadeiro futebol. E o Sporting.

Aplausos. Em ovação.

 

*****

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A colecção "Futebol 77" (os cromos da época 1976/1977) nas páginas centrais da caderneta tinha esta hipótese, o coleccionador arvorar-se em selecionador por um jogo. A minha equipa para o jogo contra a Polónia (a então poderosa de Lato), em 16.10.1976, era esta, claro que com o Manel Fernandes a titular:

Damas, Artur, Laranjeira, José Mendes, Pietra; Octávio, Alves, Fraguito; Manel Fernandes, Nené, Chalana.

23
Jun24

(Após) Portugal-Turquia

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Repito a ligação para esta minha historieta, com mais de uma década (gosto tanto dela que a agreguei ao meu "Torna-Viagem", o livrinho que impingi aos amigos e conhecidos), uma conversa com uma polícia de trânsito sul-africano sobre Cristiano Ronaldo.
 
Passou a tal década (ou mais). Cristiano Ronaldo é o maior atleta da história portuguesa. Um símbolo, admirado por muitos de nós. E também mundo afora, polícias do Mpumalanga e outros - como a menina que ontem se perfilava diante dele durante os hinos, com as mãos na cara tamanha a emoção espantada, tocando-lhe para ver se ele era real, ou o petiz (malandrete), que aos 10 anos se escapou campo adentro para tirar uma fotografia com ele.
 
Mas CR7 é também um barómetro, mede o cretinismo nacional. Pois desde há décadas que é perene a raiva contra ele, as críticas constantes, a vir ao de cima a maldita inveja lusa contra o sucesso (se obtido "lá fora" então é pior). O que vem muito do mais rasteiro do clubismo, alguns, apesar de tudo, ainda o apupam pelas origens sportinguistas - e outros, ainda mais abjectos, pelas origens humildes. (E não esqueço o povo de Guimarães, num particular de 2013, a gritar vivas a Messi apenas para o macerar, a mostrar como é escumalha o "berço da Nação").
 
É já um veterano - a sua idade acerca-se da que tinha Lopes quando foi campeão olímpico, Livramento campeão europeu de clubes, Agostinho no cume do Alpe d'Huez, Pepe na sua lenda de central insigne. É um veterano goleador... Os cretinos, que são minoria mas vasta, continuam a bolçar que "está velho", que "joga à mama", que "é egoísta", que "não joga nada".
 
Ontem, por parvas razões, vi parte do jogo da selecção num café lisboeta. A clientela, uma mole sorvedora de caracóis, passou a tarde clamando esses impropérios, enquanto perdigotava a repugnante molhanga. Retirei-me para casa, vi um John Ford que nunca vira ("Os Cavaleiros", com o Duke e o grande William Holden). Depois passei pelo FB, onde - apesar do "banho turco" - ainda havia básicos a repetirem impropérios contra o CR7.
 
Deitei-me, a ler o Dalton Trevisan que trouxera da Feira do Livro. Não haja dúvida, aquela desgraçada Curitiba de Trevisan é aqui mesmo.

15
Jun24

Euro-2024: Allez la Belgique!

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Característica histórica fundamental do pensamento "ocidental" (termo que sempre uso na sua extensão geográfica a la Wallerstein) é a sua constante e radical autocrítica. Por isso mesmo sempre incompleta, reformulada, verdadeiramente intensificada. Nisso também incluindo a (auto)devastação política das múltiplas formulações que vêm sendo sistematizadas. Poderia dizer que fundamentar esta afirmação não cabe num postal de blog. Mas ainda que sendo isso verdade, é mais honesto reconhecer que para tal fundamentação se exige muito mais do que o meu saber. O qual, mesmo que parco, é ainda assim suficiente para reconhecer a legitimidade da asserção.
 
Este preâmbulo serve apenas de peanha para dizer o meu desprezo por este aparente criticismo actual, superficial e folclórico, dito "woke". Ou, se em versão académica, mascarado de "decolonial", mesmo "póscolonial". É um corpo textual que parece socialmente relevante a quem se deixe enredar em algumas "bolhas", segmentos digitais animados pela esquerda "mansa" sita na comunicação social, em nichos académicos das humanidades, e suas associadas movimentações "artísticas", nas ong's subsidiadas pelos... Estados. E refractado em pequenos partidos de extracção comunista, ditos "pós-marxistas".
 
Nesses núcleos profissionais depauperados esta via "contestatária" vai parecendo que "paga bem" aos seus "activistas", o que é uma verdadeira alienação (sim, a la Marx) desses agentes. Pois tem recompensas estatutárias (algum reconhecimento entre as moles de "activistas"; afectos alheios ditos "respeito"; reconforto identitário; e, até, "seguidores" internéticos...). E concede (pequenos) privilégios económicos (a selecção para alguns, poucos, empregos; subsídios laborais avulsos; e coisas mais comezinhas, como viagens profissionais avessas à temida rotina quotidiana, financiamentos a ou aceitação de modestas publicações, para exemplos mais frequentes).
 
Estes locutores têm tópicos, que são mais do que agenda ou mesmo jargão, são verdadeiros símbolos que se sonham signos. Os quais servem para afirmar a adesão a uma "omnicausa", pois brandindo um desses tópicos se apela à dedução alheia da partilha de tantas outras causas, à pertença a uma "mundividência" "activista", coisa a qual se diz "interseccionalidade". Um, muito propalado, é a aversão ao género linguístico, um "importante" debate que ocorre: são os meneares dos "X"s ou "@"s ou, até pior, lembro aquilo da "a etnógrafa", "a antropóloga", que há dias repetia em conferência um respeitado professor, proclamando assim a opção pelo "universal feminino" - e eu, em surdina, deprimindo-me enquanto resmungava sucessivas imprecações num também "devia era ter estudado economia ou direito...". E isto, já agora, antes de, e depois de tantas diarreias sanguinolentas a norte do Zambeze, ouvir ali loas às virtudes da "matrilinearidade", qual avatar do matriarcado, entenda-se.
 
Outro tópico é o da vantagem cognitiva (e assim ética) da homossexualidade: "sou feminista... e assumo que gosto muito de levar no cu", escrevia há anos um intelectual socratista. Mas quando eu me deixo rodear dos seus (semi)admiradores, ou quejandos "activistas", e proclamo o meu feminismo (pela igualdade de direitos, equidade de oportunidades - e esta permite, liberalismo à parte, a existência de políticas indutivas), associando-o às minhas (até saudosistas) apetências sexuais, logo os "póscoloniais" se incomodam, até ao "por favor, cala-te...!", em esgares atrapalhados, quando chego às hipérboles da lascívia pós-cunnilingus. Pois para isso, para enfrentar o desprezo sarcástico, já não lhes chega a "interseccionalidade"...
 
Outro tópico constante é a afirmação do omnipresente e frenético racismo, claro que branco, pois comumente associado à (ontológica) inexistência de outros racismos. - "Portugal é um apartheid", clamava no jornal Público um colunista, ali colega da presidente da Junta de Freguesia dos Olivais.
 
Charneca de todo este pensamento silvestre é o carnaval anacrónico da refutação do pensamento passado, científico, filosófico, artístico, literário que seja. Tudo é dissecado em busca da malvadez e abrenunciado como factor causal de horror vivo actual. Nesse crivo nada escapa - até um autor como Mark Twain (!) é visto como necessitando de ser expurgado... O passado (se "branco", claro) é mau!
 
De toda essa tralha o que mais me irrita - e que mais considero denotativo da militante mediocridade deste "activismo" - são as críticas, queridas como letais, ao Tintin de Hergé. Sim, porque Tintin me é família, com ele cresci, lendo-lhe os álbuns em francês antes de saber ler, coleccionando desde o princípio a revista semanal, elegendo desde logo o capitão Haddock como verdadeiro alter ego. Por nele ter aprendido a reconhecer esses tantos trinados do "eu rio de me ver tão bela neste espelho". Por tudo isso tanto me irritam esses jornalistas "culturais", "críticos" de banda desenhada, lentes universitários, "activistas" múltiplos, em potlatchs de anacronismo ignorante a invectivarem Hergé, o colonialismo racista em Tintin. Incapazes de perceberem a evolução intelectual do jovem Georges Remi? Nada disso. Recusam essa via pois não lhes "dá jeito" ao perorar "activista". Pois, entre tantas coisas, se descobrem agora "devolução" ou "reparação", como poderão lembrar "As 7 Bolas de Cristal" (1943!!!!!) ou a sequela "O Templo do Sol"? Ou o tão pioneiro que até excêntrico na época "Carvão no Porão" (1956) - preferem clamar contra os "lábios" das personagens negras, os "estereótipos", choram. De facto, bem no fundo, não perdoam a Georges Remi a absoluta clarividência, a radical autocrítica do "pensamento ocidental" aposta no seu final "Tintin e os Pícaros". No qual desnudou o pérfido guevarismo, esse que habita a mente destes "críticos" de pacotilha.
 
Por isso é bom evitar essas bolhas. Da mansidão que se quer tonitruante, se diz bem-pensante. E ver o mundo, discutindo-o, fruindo-o. Nisso melhorando-o. Com pensamento, crítico e até radical se necessário. Sem folclorismos. "Interseccionais" ou similares.
 
E nisso, nesse afã pelo mundo, na sua rugosidade, muito para além das tais "bolhas" esparvoadas, saudar a magnífica saída da Selecção de futebol da Bélgica, os "Diables Rouges" neste Europeu-2024. Aparecendo à Tintin!!!!!
 
Assim sendo? Allez la Belgique!!!!

14
Mai24

A Adega do Isaías, 30 anos depois...

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É o "A Bola", claro, sempre consabido e fiel órgão oficioso de uma popular agremiação lisboeta, que recorda a efeméride: hoje, aos 14 de Maio de 24, cumprem-se exactamente 30 anos que jantei no "Adega do Isaías", então renomado restaurante em Estremoz.

Regressara há poucos dias a Portugal, depois de ter trabalhado durante 3 meses na África do Sul como observador eleitoral, aquando da ascensão de Nelson Mandela à presidência. Fora uma experiência extraordinária, exaltante, imensamente marcante, e não só por ter sido a minha primeira viagem em África. Tanto que a tentei descrever, e à influência que em mim teve, através de dois postais, distanciados no tempo: o "Now is the time: Nelson Mandela" e o "O Corredor" - e a ambos coloquei na minha selecção de uma centena de crónicas, o "Torna-Viagem" (o qual, repito a tentativa de o impingir, se pode encomendar através desta ligação aposta no título).

Naquela época (e não só então, e não só então...) eu estava muito enlevado - para não dizer de outra forma - pela minha namorada, condição que já não era recente. À chegada, saudoso, logo marcámos para o primeiro fim-de-semana uma incursão a Estremoz, uma bela opção havida por razões que já não recordo. E assim avançámos, ficando albergados numa linda casa em recanto bucólico, até idílico, poiso que decerto veio depois a ser considerado "de turismo rural". 

Ao segundo dia da estada, no sábado, aconteceria o Sporting-Benfica, em plena fase final do campeonato, esse que estava destinado ao nosso Sporting, então possuindo uma magnífica equipa: treinada pelo professor Queirós, que à pátria dera recentemente dois tão entusiasmantes títulos mundiais, blindada por uma excelente parelha de centrais (Valckx e Vujacic), dificilmente repetível, e orlada por um meio-campo luxuoso, esse sim mesmo irrepetível, verdadeiros "Quatro Violinos" (Figo, Capucho, Paulo Sousa, Balakov). E para conclusão, lá na frente impunha-se o codicioso avançado Jorge Cadete, oriundo da antiga Porto Amélia, então já Pemba - terra para onde eu me aprestava a partir para um também entusiasmante semestre de "trabalho de campo".

O jogo teria transmissão televisiva. No nosso refúgio havia uma televisão, algo que à chegada eu havia considerado inútil, até intrusivo, em tal local. Durante a tarde a beldade, sempre completamente alheada das coisas do futebol, disse-me "vês o jogo e depois vamos jantar", ao tal restaurante que nos havia sido basto recomendado, dito como "o" verdadeiro sítio estremocense. Logo refutei a proposta, pois era o que faltava, abstrair-me dela apenas por causa de um mero jogo da bola... Pois o Amor impunha a sua Lei, em regime de "servidão voluntária", como havia dito o La Boétie (falando, é certo, de outras coisas). Assim abdiquei de ver a partida, imunizando-me às vãs paixões futebolísticas, e naquele fim de tarde fomos passear pelas redondezas. Nunca soube se ela percebeu a magnitude daquela minha atitude, o seu significado - mas é certo que depois casou comigo, tivemos uma filha, e aturou-me mais vinte anos, é capaz de ter compreendido...

Pela hora de jantar (jogo da bola completamente esquecido) entrámos em Estremoz e fomos até ao tal "Adega do Isaías". Uma casa aprazível, numa decoração típica, mais que acolhedora, até reconfortante, de cariz etnográfico, na mesa para nos receber foram instalados uns acepipes iniciais consuetudinários, lembro-me que de fino recorte técnico. Mas num dos topos da sala estava uma televisão - ainda nada de ecrãs engrandecidos que vieram depois a vigorar -, e diante dela estavam congregados alguns clientes locais. No recato da disciplina auto-imposta sentei-me de costas para ela, encarando a amada. Nesse entretanto, e através do empregado "...do Isaías". soube - teve de o ser - estar o jogo no intervalo, que o Benfica ganhava por uns (inusitados) 3-2. Acolhi o prometedor cardápio com um sorriso complacente, convicto que aconteceria a reviravolta ("remontada", espanhola-se agora) do nosso Sporting, e divergi a minha atenção. Ainda assim pelo canto do ouvido notei que na reentrada em campo o prof. Queirós havia tirado o lateral-esquerdo Paulo Torres...

E logo depois o ulular dos restantes clientes fez-me notar que o Isaías - não o do restaurante mas sim o jogador do Benfica - cavalgara à desfilada pela avenida onde já não estava o tal Paulo Torres e marcara o 4-2. Petisquei mais uma lasca de enchidos locais, entrecortados por azeitonas verídicas, ainda mergulhado na carta dos vinhos. Breves minutos passados, ainda rodando o primeiro copo de um bom tinto, que me acalentava sonhos de futuros comuns, o "Isaías" restaurante tremeu com a gritaria estremocense, pois o outro Isaías -. o de Carnide - tornara a cavalgar, com os sequazes, a tal avenida desprovida do Paulo Torres, fazendo o 5-2. Mantive-me impávido, soberbo, nem olhei para o ecrã. Naquela "Adega do Isaías" indiferente aos feitos do Isaías.

Nunca mais voltei a Estremoz. E ainda hoje estou crente de que a minha vida teria sido diferente se o Paulo Torres não tivesse sido substituído.

(Adenda: agradeço à equipa da SAPO o destaque dado a este postal - também colocado no Delito de Opinião - na simpática rubrica "Palavras de blog", devido à "consuetudinários" que aqui usei.)

30
Abr24

Um novo presidente no F.C. Porto

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Foi surpreendente - pelo menos aqui a Sul do Trancão - a estrondosa derrota do Papa Doc do Douro, o (aparente) arredar dos seus tonton macoute... Com efeito, quem o diria, 80% da freguesia portista proclamando o verdadeiro Inverno do patriarca? Diante disto alguns mimetizam Abril - como se Villas-Boas seja avatar de Salgueiro Maia, metáfora fácil dada a efeméride tão recente. Outros, mais pérfidos, lamentam que o velho chefe não tivesse "saído em grande" - pois embalsamado na sua teia de perversos interesses, deve-se-lhes responder. 

"Sair em grande"? Será melhor perceber que os 80% (mais os remanescentes 20%) não o repudiaram. Apenas consideraram que já não é suficiente, competente, enérgico, malevolente eficaz. Pois as suas 4 décadas de "vale tudo" sempre foram sufragadas por aquela gente. Não para defender fronteiras, para salvar vidas de conterrâneos, acabar com a miséria. Mas apenas para os urros orgásticos de ganhar taças. Uma mole de guardas abéis e macacos? Sim, mas também daqueles Lourenço e Adriano Pinto, e quejandos. E daquele Fernando Gomes, a quem Guterres até deixou pensar ter o delfinado. Ou este autarca Moreira, a quem alguns querem ungir. Ou até mesmo aquele Mayan Gonçalves que se diz "liberal" enquanto pactua com tudo aquilo. 

Foram décadas daquele abjecto "vale tudo". Não há como "sair em grande" daquela miséria. Há apenas que louvar quem se lhe opôs, com custos. E perceber que os 80% - mais os outros - apenas desejam... mais do mesmo, rapaces que são.

09
Jan24

Franz Beckenbauer

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De quem eu era mesmo fan era do Sepp Maier - o único guarda-redes que vi jogar que era comparável ao divino Vítor Damas -, mas o seu colega ("libero" como se dizia na altura) Franz Beckenbauer era um jogador fenomenal. Naquele monumental Bayern de Munique dos anos 70s e na malvada selecção alemã...
 
Envelhecer é isto, ver morrer os verdadeiros ídolos da nossa meninice.

10
Dez23

Futebol

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O ano passado adormeci três ou quatro vezes enquanto via jogos do Sporting. Afligi-me com isso, atribuindo o acontecido à crescente vetustez, já ascendida aos então 58 anos, isto da sonolência insone, do desmemoriar, da tensão alta, mais o pingo no nariz, a mão trémula, a corcunda descendente, as cáries viçosas, o lacrimejar involuntário, as unhacas recurvadas, a plural variz túrgida, a azia constante - a gástrica e a existencial -, o pesadelo com a "Mitra", o "ai se fosse no meu tempo" quando passam as beldades cinquentonas, as notícias dos (sobrinhos-)netos já adultos, o timorato ao volante, o "Sô Doutor" médico de família num "vá lá à Champalimaud inspeccionar os pulmões", e mais a vasculha da próstata e de restantes vísceras, o já entrever ao longe, desbotado o olho de águia (salvo seja...) que sempre foi o meu e, talvez mais do que tudo, o omnipresente "já não vale a pena"..., seja lá diante do que for.
 
Hoje percebi o quanto estava errado. Desperto estava, e bem, a ver um jogo do Sporting, deslocado à sempre Cidade-Berço, reduto dos vimaranenses. Saiu na rifa um penalti fajuto contra "nós", apesar de toda a parafernália videográfica... Passei logo ao Aston Villa-Arsenal, num "que se lixe tudo isto". O Villa veio a ganhar, para meu gáudio, (quase)sempre a defender o "abaixo de cão". Depois jantei com amigos uns bons bifes à moda açoriana, feitos por quem sabe. Bebeu-se um belo tinto "Grous". Entretanto o telefone disse-me que o Sporting perdeu, coitados. Os velhos que se preocupem com isso.
 
Pois nós, os novos, somos audiência de espectáculos a sério.

Bloguista

Livro Torna-Viagem

O meu livro Torna-Viagem - uma colecção de uma centena de crónicas escritas nas últimas duas décadas - é uma publicação na plataforma editorial bookmundo, sendo vendido por encomenda. Para o comprar basta aceder por via desta ligação: Torna-viagem

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