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Nenhures

Nenhures

09
Fev25

Os comentadores e Moçambique (2)

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vmxx.jpg

Location of Xai Xai -  Capital of Gaza Province

Aos meus compatriotas que se interessam por Moçambique: o mapa indica onde é Xai-Xai, capital da província de Gaza - desde a independência o mais extremado reduto eleitoral do Frelimo. Que eu saiba Xai-Xai não é uma das duas cidades referidas pelo comentador televisivo (remunerado?) "senhor embaixador" Martins da Cruz como as únicas tendo "problemas" políticos. Nem será alvo dos aventados interesses económicos do comentador televisivo (remunerado?) "doutor" Miguel Relvas. Nem objecto de análise detalhada do comentador televisivo (decerto que remunerado) administrador "Paulo" Portas. Ainda assim Xai-Xai existe... E vários amigos acabam de me enviar ligações para a transmissão em directo (via FB) da visita que Mondlane - o "populista" "imprevisível" para o "Público", o mero "bolsonarista" para os acomodados cleptófilos - está a fazer à cidade. Um incrível, gigantesco, banho de multidão!
 
Será um facto politicamente impressionante? Talvez. Esperemos pelos telejornais e painéis deste fim-de-semana... pois neles o "senhor embaixador" Martins da Cruz, o "doutor" Relvas ou o (administrador) "Paulo" Portas nos virão esclarecer. Remunerados? Quiçá... E até mesmo que algum "jornal de referência" possa atentar nisto.
 
E até poderá ser que alguns dos nossos actuais ministros "abram a pestana". Trata-se de insistir, apesar da pouca esperança a ter com esta gente.

07
Fev25

Os comentadores televisivos e Moçambique

jpt

Chibuto_District_map.svg.png

Aos meus compatriotas que se interessam por Moçambique: o mapa indica onde é Chibuto, na província de Gaza - desde a independência o mais extremado reduto eleitoral do Frelimo. Que eu saiba Chibuto não é uma das duas cidades referidas pelo comentador televisivo (remunerado?) "senhor embaixador" Martins da Cruz como as únicas tendo "problemas" políticos. Nem será alvo dos aventados interesses económicos do comentador televisivo (remunerado?) "doutor" Miguel Relvas. Nem objecto de análise detalhada do comentador televisivo (decerto que remunerado) administrador "Paulo" Portas. Ainda assim Chibuto existe... E vários amigos acabam de me enviar ligações para a transmissão em directo (via FB) da visita que Mondlane está a fazer à pequena cidade. Um incrível banho de multidão!
 
Será um facto politicamente impressionante? Talvez. Esperemos pelos telejornais... pois neles o "senhor embaixador" Martins da Cruz, o "doutor" Relvas ou o (administrador) "Paulo" Portas nos virão esclarecer. Remunerados? Quiçá...

28
Jan25

Araújo Pereira & Leitão

jpt
"Se quer estragar a noite a estas pessoas..." — Ricardo Araújo Pereira  "aborrecido" com Alexandra Leitão
 
Dada a ridícula bronca do deputado das malas, deixei-me ontem (após o resumo do interessante jogo Porto-Santa Clara) ver o programa de Ricardo Araújo Pereira, humorista que às vezes tem piada. Na segunda parte do programa foi entrevistada a nova candidata a presidente da Câmara de Lisboa, eleições que decorrerão em Setembro ou Outubro deste ano... Adianto que muito me irritam estas entrevistas mansas - até carinhosas - do humorista aos políticos, "humanizando-os" através do sorriso ligeiro. (E até porque me lembro dele a fazer isso com José Sócrates, mesmo até quando bem se sabia quem o homem era, é!).
 
Mas a entrevista a Alexandra Leitão foi interessante, pelo que anunciou sobre a entrevistada e interroga sobre o entrevistador. Foram dois pormaiores: 1) Leitão tem uma postura corporal controlada, decerto que por treino, patente no seu entrelaçar das mãos. Mas, ocasionalmente, ainda é mais forte do que esse treino, e nota-se-lhe a tendência para falar - mesmo naquele registo plácido - de indicador em riste. Algo muito denotativo do tipo de personalidade e atitude intelectual. 2) Araújo Pereira gozou, explicitamente, com o timbre vocal de Carlos Moedas. Leitão não se coibiu, riu-se e entrou na piadola sobre as características físicas do seu principal oponente nesta candidatura.
 
Quanto a Araújo Pereira, o cómico do regime, fica-me esta dúvida: será que daqui a uns tempos ele irá gozar com as características físicas de Leitão? E, já agora, será que Moedas - se confrontado com tal aleivosia - entrará "no jogo"?

20
Jan25

Portas e Moçambique

jpt

paulopportas.jpg

Desde há já bastante tempo que vou vendo, não sempre mas habitualmente, a coluna dominical de Paulo Portas no telejornal da TVI. Portas fala bem, prepara-se, e está informado sobre as coisas do mundo - sai do rame-rame da politicazinha portuguesa, das cercanias dos "Passos Perdidos", e aborda com consistência (apesar da brevidade do programa) temas excêntricos às ladainhas dominantes no abundante "clube de comentadores". Para além de que pessoa que me é muito querida ter sido recentemente sua aluna e me ter confidenciado que o homem é um excelente professor, o que me reforçou a atenção. Ainda para mais porque este ofício de "comentador generalista" é a actual sequela, por paupérrima que seja, da velha figura do "intelectual público", pelo que convém ir sabendo o que os seus oficiais - os poucos melhores e os muitos piores - impingem aos incautos... Enfim, adiante,
 
ontem vi a sua apresentação. E desatei-me a rir, sozinho, ao ouvi-lo falar de Moçambique, país que o ex-ministro bem conhece. Pois na sua apologia ao poder agora empossado, Portas anunciou-nos que o novo governo nada tem a ver com o poder anterior... Eu não sou politólogo, daqueles que têm conhecimentos "etnográficos" sobre os "campos políticos" locais, sabedores enciclopédicos do "quem é quem", verdadeiros "coleccionadores de borboletas" e especialistas em previsões de teias urdidas e rompidas. Sou apenas um tipo que usa a rede "Whatsapp", que tem o telefone carregado de mensagens a darem conta das imensas continuidades, pessoais e colectivas, políticas entenda-se, normais que sejam, entre o governo moçambicano anterior e o actual.
 
E interrogo-me, mero telefone na mão, sobre a razão que leva Portas a fazer tal apologia. Tal como a faz Miguel Relvas. Ou Martins da Cruz (outro comentador, ao qual os locutores não tratam pelo primeiro nome - como agora é hábito pateta - mas sempre com as mesuras sacralizadoras do "Senhor Embaixador"...). Porque farão estes tipos, e alguns outros, tais apologias ao status quo de Moçambique. É que muitos resmungam diante da cumplicidade (arteriosclerosada) do PCP e do silêncio camarada do PS (no qual ainda há quem pense enviar António Vitorino para Belém..). E há até quem proteste com a atrapalhação de Rangel ou a diletante pressa de Montenegro diante de Moçambique. Mas ninguém se pergunta da razão que leva estes "intelectuais públicos" de "direita" a opinar deste modo sobre o país nosso aliado...
 
Faço uma proposta àqueles que são sensíveis às argumentações destes ex-ministros sobre Moçambique - até por sua simpatia para com discursos oriundos deste sector direitista da opinião política. Jaime Nogueira Pinto é uma homem da "direita profunda". E é, nas suas características próprias e respectiva mundividência, um verdadeiro "intelectual público". E conhece muito bem - muitíssimo, diria eu - Moçambique e os seus intervenientes políticos. E acaba de publicar sobre aquele país este artigo: "Moçambique: no limite do desespero".
 
Ou seja, bem desejo que os meus compatriotas que se querem informar sobre Moçambique, e que tendem para o lado destro, leiam este Nogueira Pinto. E mudem de canal televisivo quando os outros começarem a perorar, seguindo eles razões que a (boa) razão desconhece...

17
Jan25

A "Sábado" e Moçambique

jpt
 
 
A LUSA envia para Portugal um resumo do discurso de Mondlane. As últimas comunicações do candidato moçambicano são interessantes: Mondlane indica aos seus apoiantes que dá os consagrados "100 dias de estado de graça" ao novo governo (que hoje já foi preenchido). E como tal suspende durante os próximos três meses as manifestações - ainda que ameace retomá-las antes se o governo não cumprir o seu rol de exigências. Ou seja, VM diz ao povo que governará através de interposto ... governo (sim, é um rumo mirabolante, uma retórica incredível). De qualquer forma suspende por ora as manifestações e nisso os contextos para conflitos, quantas vezes mortais.
 
É de lembrar que em Maputo continua a morrer gente, mesmo após a investidura do novo presidente. E convém frisar que longe de Maputo - e do eixo Polana/Bairro Central, onde está a imprensa portuguesa muito afadigada - continuam a ser assassinados líderes locais oposicionistas. E que no Malawi, como relata a imprensa estrangeira, já são largos milhares os refugiados, que fugiram às razias governamentais, que o camponês é sempre quem mais sofre...
 
O que é que Mondlane propôs hoje? Uma aventura que me arrepia. Que a partir de agora - após a suspensão das manifestações, potencialmente conflituais - os seus apoiantes apliquem a Lei de Talião, que vinguem mortalmente cada um dos seus que seja assassinado pela polícia. E é isso que narra a LUSA.
 
O que é que esta "Sábado" ("imprensa de referência" nesta desgraçada terra) anuncia? Que Mondlane mandou vingar os mortos pretéritos segundo esse "dente por dente...", que o apelo aos seus apoiantes tem dimensão retrospectiva. Se o ditame do líder moçambicano é patético - porque o é -, incendiário, a torpe manipulação da "Sábado" é execrável. E bastou, para este nojo, trocar um "que morrer" por um "que morreu".... Lá está, o tonitruante cabeçalho: "Venâncio Mondlane quer um polícia morto por cada manifestante que morreu".
 
(E, nada a latere, a rapaziada do PSD - alguma dela embrenhadíssima em negócios austrais - rejubila, com este falsário pretexto para invectivar os partidos que se demonstraram avessos ao rumo do nosso governo sobre esta matéria moçambicana. Nisso, claro, felizes para tirarem a caspa dos ombros dos Rangel - esse mouco que não ouve os tiros disparados nas suas imediações - e Relvas desta terra. Solidariedades partidárias. E ... logísticas).

17
Jan25

João Cabrita sobre Moçambique

jpt

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Em Portugal o "Público" é o jornal ideologicamente mais próximo do Frelimo (do Frelimo pré-Chapo - e sobre esta distinção talvez seja ainda cedo para falar, mas há já indícios para perseguir). É por isso muito significativo - "sinal dos tempos" - que agora traga uma entrevista com o historiador João Cabrita, insuspeitíssimo de tal viés.

E é muito interessante o que Cabrita diz. Eu não perfilho a sua "etnicização" das discordâncias internas a que alude naquele partido - ainda que noutros contextos ela possa existir. Pois muito mais me parece que intelectuais (por ele referidos) de gabarito como são Severiano Ngoenha ou Tomás Vieira Mário vieram criticando o modus operandi do poder instituído, não se movimentando por qualquer reacção identitária ou regional.

Mas, e para além desta minha resssalva, aqui partilho as declarações de Cabrita, muito avisadas e pertinentes, muitíssimo mesmo.

22
Dez24

A imprensa portuguesa sobre Moçambique

jpt

advogados.jpeg

(Homenagem da Ordem dos Advogados a Elvino Dias, advogado do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que o apoia, no local dos seus assassinatos; Maputo, 19 de Outubro de 2024, fotografia de Paulo Julião/Lusa, publicada no jornal "Público")

A escritora comunista Ana Bárbara Pedrosa publica na "Sábado" um artigo sobre a situação moçambicana. No qual repete a sua interpretação, já apresentada há cerca de dois meses no "Público": o problema de Moçambique é o candidato oposicionista Venâncio Mondlane - que ainda por cima está no estrangeiro, o mariola (ela prefere chamar-lhe "ególatra", mas é sinónimo).

Após cuidadosa leitura do artigo tenho um contributo para a reflexão da militante comunista ("activista" diz-se no seu partido...), e muito agradecerei se alguém lhe transmitir: Vasco da Gama atravessou o Cabo da Boa Esperança em 1497, e convém conhecer os detalhes históricos quando se quer utilizar a História para figuras de estilo.

Quanto ao resto não tenho muito a dizer...

19
Dez24

Síria, via Paulo Dentinho

jpt

Sair da Estrada de Paulo Dentinho - Livro - WOOK

É Natal, alguns compram livros para ofertar. E é também época para se ir até às estantes em busca de livros que ainda não tenham sido lidos (talvez até ofertas recebidas...). Ou para reler um ou outro, por completo ou excertos que venham à cabeça, por uma razão ou outra. Aconteceu-me agora com este "Sair da Estrada" do Paulo Dentinho - livro sobre o qual deixei um postal quando o li.

Certo, sou amigo do Paulo, vamo-nos vendo de quando em vez, normalmente refeições partilhadas em pequenos comités, dados ao escárnio e maldizer, nisso de remoermos "a questão que tenho comigo mesmo", este Portugal nossa pátria amada... E também - mais ritualmente - aos natais de cada ano, quando se junta um grupo mais alargado (e heterogéneo) de amigos e conhecidos com os quais nos cruzámos (ou não) em Moçambique, portugueses que lá vivemos e nos quais o país se entranhou, a cada um à sua maneira.

E foi lá que nos fizemos amigos - e um dos tijolos disso foi uma situação peculiar: eu já passei por algumas agruras, no meu "Sair da Estrada", que também o fui tendo. Mas nunca me acontecera, nem voltou a acontecer, estar sentado com um amigo (ele-mesmo, pois claro - então correspondente da RTP em Maputo) e virem-no ameaçar de morte: "Dentinho, aqueles ali estão a dizer que te vão matar!", os molwenes (miúdos de rua) mandados para dizer isso, e nós a levantarmo-nos da mesa para ir ver quem eram os esbirros no tal carro apontado... Isto foi uns meses antes de Carlos Cardoso ter sido assassinado, dois anos depois de Lima Félix ter sido morto, não era brincadeira. "Vai-te embora, Paulo, tens cá as filhas...", resmungava-se-lhe diante da sucessão de ameaças que recebia (aquilo dos telefonemas noite afora), e ele empertigado na sua missão de informar, renitente em sair dali: (e o problema é o Venâncio, clamam agora, um quarto de século depois e sempre para pior, os escritores alapados às benesses do partido-Estado e os visitantes de "esquerda", sorrio, cáustico...).

Enfim, divago... Lembrei-me do Paulo e do seu livro quando ouvi Morais Sarmento lamentar a inexistência de reportagens da RTP sobre Moçambique, apesar de lá haver uma delegação. Sabendo do que fala, o ex-ministro referiu que ou o correspondente não produz ou - e é o mais provável - as suas peças não são incluídas nos telejornais, por critérios da direcção de informação lisboeta. E lembrei-me das discussões tidas com o Dentinho, naqueles finais de XX. Em Moçambique havia apenas duas estações, a pública TVM e a RTP-África, então inicial. Lisboa estava muito ufana por ter a estação, pensava-a como se cobrindo o território nacional: pouco interessava que um antropólogo andasse pelo país e dissesse que não era captada nas capitais de distrito nem ... em várias capitais provinciais. Mas em Maputo - no "cimento" - era vista. E as reportagens do Dentinho tinham ali impacto. E provocavam resmungos locais, dado o tom espectacular que tinham. Lembro-me de com ele protestar devido a isso, pois causavam algum mal-estar entre os nossos "anfitriões": um caso célebre foi uma reportagem dele sobre o antigo zoológico da Beira, cujas abandonadas jaulas tinham sido ocupadas pela população, que nelas residia. E em Maputo a burguesia nacional contestava essa "imagem" passada no telejornal, eu (e outros compatriotas) secundávamos num "para quê?, Paulo, o fundamental é construir uma boa relação!", cheios de pruridos diplomáticos. E ele a resmungar, defendendo-se - e tinha toda a razão!, uma razão deontológica, jornalística, um zoo habitado por homens é exemplar motivo de reportagem, denotativo, demonstrativo.... -, nisso também referindo que se não forçasse "a nota", a espectacularidade, em Lisboa, na RTP, nada lhe transmitiriam, desinteressados que estavam de Moçambique. E isto foi há um quarto de século, bem antes do extremo frenesim da notícia "lite" que tanto agora predomina.

Enfim, entre o lembrar-me disto do Paulo e o ir buscar o livro foi um ápice. O seu "Sair da Estrada" é uma espécie de making of - bem humorado, numa escrita que realça o seu amor pela profissão, e sem "engajamentos" apatetados - de grandes reportagens em 13 países (insisto, escrevi este texto qual recensão). E tem um capítulo (entre as páginas 105-145) imensamente actual, pois sobre as suas andanças na Síria (2012, 2016), durante as quais (também) entrevistou Bashar al-Assad. São páginas que não só elucidam um pouco do que agora vai acontecendo como comprovam o seu olhar arguto sobre as realidades nas quais trabalha: "Vou agora (2012) para a (...Síria) no pressuposto, quanto a mim errado, de estarmos perante o colapso do regime..." (105), "Chadi fala-nos do radicalismo sunita crescente e dessa quase impossibilidade de continuarem a viver lado a lado com eles, como fizeram durante séculos" (110), "os seus receios quanto à agenda rebelde, "eles não são sírios, vêm todos dos países em volta" (118), "na Síria, para os combatentes que se reclamam do Islão Sunita, a corrente maioritária no país, ter na presidência Bashar al-Assad é uma blasfémia. Não só por ele ser alauíta, um ramo do xiismo, corrente religiosa pela qual têm um enorme desprezo, mas também por ele representar um regime laico e igualitário. Repressivo e brutal também." (120),  "o liberalismo de Bashar assenta no modelo chinês. Nem pensar em pôr em causa o partido. E o capitalismo sírio é apenas para alguns "amigos"..." (140). 

Enfim, uma pequena amostra de como o Paulo "apanhou" a Síria. Tal como "apanhou" (até ao osso) Moçambique. E tantos outros locais. 

Ou seja, é Natal. Compre-se, oferte-se, leia-se o "Sair da Estrada". (Caminho, 2021)

(Obrigado à SAPO pelo destaque dado a este postal)

16
Dez24

Morais Sarmento sobre Moçambique

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Nos últimos tempos tenho aqui referido a situação política em Moçambique. Nesse âmbito lamentei o silêncio do nosso governo e o das restantes autoridades estatais., algo constante desde o início desta crise. E nisso demonstrei a contradição sobre o assunto entre o eurodeputado Paulo Rangel e o ministro Paulo Rangel - que deveria ser letal para o actual MNE, pois descredibiliza-o totalmente, mostrando-o um demagogo rasteiro. Tal como lamentei o efectivo silêncio noticioso entre a imprensa portuguesa. Sem intuitos exaustivos, nem possibilidades de isso tentar, ecoei algumas boas intervenções na imprensa -, mas notando que não só vêm diminuindo, como também nunca acompanharam a relevância dos acontecimentos num país nosso aliado, membro da CPLP. E que são também acompanhadas de indecentes dislates (exemplificados por peças como esta patética crónica no "Público" da escritora comunista Ana Bárbara Pedrosa ou o discurso no PE do PCP), e mesmo de vergonhoso servilismo ao regime ditatorial vigente (como o de Miguel Relvas).

Por isso muito saúdo esta intervenção televisiva de Morais Sarmento. Na qual aborda o silêncio institucional e noticioso em Portugal sobre a situação moçambicana, acertadamente comparando-o com a atenção dedicada a outras realidades internacionais - e mesmo em Moçambique (no caso de calamidades). Frisando também que este silêncio tem repercussão naquele país.

Convém sublinhar que Morais Sarmento não só é membro relevante do  partido governamental - presumo que teria agora maiores responsabilidades políticas não fora a grave doença que o acometeu e da qual, felizmente, recuperou. Mas também não é apenas um comentador, pois tem responsabilidades institucionais (é presidente da FLAD). E tem também alguns (e perfeitamente legítimos) interesses económicos no país, pois julgo que ainda será sócio de um pequeno hotel em Inhambane. E nada disso - bem pelo contrário - o impede de dizer aquilo que é óbvio: este silêncio governamental é lamentável. Incompetente, adianto eu. Tal como o é a falta de empenho da imprensa.

21
Nov24

Discriminação na RTP

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Serviço público televisivo? Tem a obrigação ética de respeitar os cidadãos, sem fobias discriminatórias, sem verrina desvalorizando as diferentes "identidades sociais". Mas acabo de assistir ao inverso. Nos seus 66 anos um concidadão morreu no serviço de urgências de um hospital. Na RTP, o preconceituoso, quiçá fóbico, locutor ao nosso compatriota sexagenário desvaloriza como "idoso"... A ira recobre-me.

Bloguista

Livro Torna-Viagem

O meu livro Torna-Viagem - uma colecção de uma centena de crónicas escritas nas últimas duas décadas - é uma publicação na plataforma editorial bookmundo, sendo vendido por encomenda. Para o comprar basta aceder por via desta ligação: Torna-viagem

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