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Cumprem-se hoje 380 anos do assassinato do primeiro-ministro (e antigo ministro das Finanças) Miguel de Vasconcellos e Brito. Afincado europeísta, foi vítima de uma revolta de cariz soberanista (nacionalista, em linguagem actual) - propagandeando uma conservadora ideologia lusófona -, catapultada por uma profunda crise económica que impusera uma política austeritária e concomitante carga fiscal.
Passaram quase quatro séculos de poderes políticos, de poderes académicos. E não há, que eu saiba, um mero monumento que o recorde com a dignidade devida. Procuro e nem uma biografia, um estudo compreensivo ... Nada, apenas a continuidade de uma memória vilipendiada, a do "defenestrado". E a dos "gloriosos capitães conjurados".
(Luís Macedo; Fotografia de Steven Governo / Global Imagens, retirada daqui)
Em Maputo pouco privei com Luís Macedo, oficial de Abril e antigo membro do Conselho da Revolução, que ali (mais exactamente na Matola, se não estou em erro) viveu as suas últimas décadas. Algum esparso convívio, intermediado por amigo comum, que com ele comungava a condição de ex-aluno do Colégio Militar, algo que a esses sempre cria uma simpática e peculiar solidariedade. Mas ainda tivemos o privilégio de o recebermos, e à mulher, em nossa casa.
Uma relação distante, não posso dizer que o conheci. Mas era notório o homem confortável em Moçambique. E contido, clarividente, de arguto, com um humor suave (ou pelo menos assim em ambiente algo cerimonioso, pois não íntimo). E, acima de tudo, um Senhor. Daqueles que escasseiam, e que alumiam quando surgem. Entenda-se que alumiam os recantos, pois não adeptos do estardalhaço dos neons.
Na semana passada um amigo telefonara-me, preocupado, informando-me que o Coronel Luís Macedo estava internado, padecendo deste malfadado Covid-19. Morreu em Maputo no fim-de-semana, aos 73 anos. Que se orgulhem os seus do homem que ele foi.
Quino, meu pai, morreu hoje e a simpatia de todos vai para a minha irmã Mafalda ...
Flashback Video: Johan Cruyff Assist for Seninho goal vs. World All-Stars
As décadas passam e vamos esquecendo. Seninho foi um magnífico extremo, rapidissimo e codicioso, com o grande defeito de jogar no F.C. Porto, quando este começou a ganhar títulos no final dos anos 1970. Foi um dos primeiros grandes emigrantes do futebol português, directo ao topo mundial de então - o milionário New York Cosmos, quando se começou a disseminar o futebol nos EUA. Era uma colecção de estrelas, na maioria já veteranas mas ele ainda no apogeu. Aqui está Seninho a marcar um grande golo após um toque genial do monumento Cruyff, num jogo contra uma selecção mundial.
Seninho morreu hoje. As minhas condolências a todos que, como eu, dele foram admiradores. E, claro, de modo especial, à sua família e amigos.
Manu Dibango: artigo na Rolling Stone (anglófona) e outro artigo (francófono), um pouco mais substantivo.
Entrevista de Manu Dimango à RFI, feita por Claudy Siar, produtor de "Couleurs Tropicales".
Super Koumba, o que fazia em finais da década de 1980s, durante a qual o vi na Festa do Avante, a última vez ali fui.
Este maldito vírus quebra-nos a vida, angustia-nos presente e até futuro. A morte de Uderzo, ainda que tão natural aos seus 92 anos, e felizmente ocorrida na placidez do sono, sem qualquer ligação a esta pandemia, encontra-nos confinados. Trazendo isto de nem podermos fazer o requerido banquete final, exigível ao final deste episódio, o uderziano. Majestoso.
Que o seu legado, e não só Astérix, nos acompanhe agora, até avivado na memória pela sua morte. No seu humor e beleza servindo mesmo de estratégia da necessária mitigação. Banqueteemo-nos com os livros. E com as memórias das anteriores leituras.
Deixo aqui ligação a um bom e muito informativo texto sobre a obra do autor: Uderzo (na Comiclopédia). Bem recomendável.
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