Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Nenhures

Nenhures

14
Jul21

A Revolução Francesa e a blasfémia

jpt

AKG899674.jpg

(Postal para o meu mural de Facebook)
 
Nos blogs ainda se pode escrever em fascículos, não só porque se pode agregá-los por interligações mas também porque a leitura blogal é mais pausada. No facebook isso não funciona, é uma miragem tentar isso sob este império do scroll down. Ainda assim peço aos meus amigos-reais e aos amigos-FB com os quais mais interajo que retenham este meu postalito, ao qual voltarei em breve, e em resmungo azedo:
 
Cada um tem a "sua" revolução francesa. Para mim, entre tantas outras coisas, ela significa o fim da punição por blasfémia. Não se trata de ateísmo pois os "doutores" anteriores, "founding fathers" se ditos noutra língua, haviam defendido que só deus poderia punir a blasfémia. A República consagrou cedo (26.8.1789) a liberdade de expressão. E logo no código penal de 1791 apagou a "blasfémia" como assunto. A rota deste princípio basilar - fundamental na liberdade de expressão mas também na de culto - foi trôpega, mas foi ali confirmada em 1881, pois consignada na lei de liberdade de imprensa, cujo molde perdurou.
 
Essa via francesa - bem diversa da germânica ou anglófona, para referir outros nossos aliados e fontes culturais - é, grosso modo, a matriz da nossa realidade nacional actual, um modelo político de laicidade (a qual não é sinónimo de ateísmo, descrença ou mero secularismo, como confundem tantos ignorantes encartados e até galardoados) consagrado após 1975 - um Estado nada "mata-frades" mas excêntrico à religião. Uma sociedade que não é concebida como um conjunto de diversas "comunidades de crentes", até politicamente activas - algo que o corporativo (e, de facto, hiper-"reaccionário") Sousa torpedeou imediatamente após ser eleito, com a rábula da reunião ecuménica com os diferentes chefes religiosos, diante do silêncio ignorante da "comunidade intelectual" e dos opinadores.
 
A liberdade de blasfemar é o fio de prumo da liberdade de expressão, de imprensa e, nada paradoxalmente, da própria liberdade de culto. É totalmente legítimo contestá-la, dentro de um quadro intelectual (ideológico) que associe de algum modo, matizado que seja, política a teologia. O que é uma posição intelectual e política respeitável. E combatível. Mas é vil, por excesso de ignorância, que quem se reclame de diferentes tradições - a republicana francesa, hoje celebrada, ou a "republicana, laica e socialista" como celebrizou Mário Soares - venha defender açaimes à blasfémia. Jurídicos ou morais.
 
Por isso tanto me irritei quando alguém me convidou (automaticamente, assim se desculpou quando respondi exaltado) para me associar a uma mera página-FB de apoio a Ana Gomes, a política portuguesa que de forma mais veemente, repetida e ignorante tem defendido a mordaça à blasfémia. A qual, no caso dela, reflecte apenas uma catastrófica ignorância racista - como se os integrantes de algumas (míticas) "comunidades religiosas" não possam ascender além das suas algemas "culturais". E também por isso se me azedam as teclas quando outros políticos dessa agora mera agremiação socratista que antes, in illo tempore, se declarava "laica" surgem nas mesmas poses irreflectidas, ignorantes. E bacocas.
 
Pronto, desabafei.
 
 

24
Jun21

O fedor

jpt

ferro rodrigues.jpg

"Então nós íamos mascarados para os oitavos-de-final?!", terá ainda dito Ferro Rodrigues, o inadjectivável presidente da AR  - pois se eu usar um adjectivo que lhe seja adequado ainda me cairá em cima um processo no tribunal, "difamação" ou "injúria" gemerá este tão medíocre político.
 
Já agora, o jogo é no domingo. Nós, os da zona metropolitana de Lisboa, poderemos ir a Sevilha? Esta enésima vaga de Covid terminará até ao fim-de-semana? A decrepitude desta tralha de gente já fede. E há quem a apoie.

Bloguista

Livro Torna-Viagem

O meu livro Torna-Viagem - uma colecção de uma centena de crónicas escritas nas últimas duas décadas - é uma publicação na plataforma editorial bookmundo, sendo vendido por encomenda. Para o comprar basta aceder por via desta ligação: Torna-viagem

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Contador

Em destaque no SAPO Blogs
pub