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Nenhures

Nenhures

23
Fev25

Leituras Correntes

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(Muitos continuam a resmungar que "não se lê", versão habitual do "tudo está perdido", chegámos "ao fim do mundo", etc., tudo também muito devido às "redes sociais". Enfim, cada cabeça sua sentença. Entretanto no Facebook estou num grupo - maioritariamente português - de leitores, o "Mostra o que estás a ler...", que conta já mais de 100 000 inscritos (!), numa actividade fervilhante dessa demonstração do que se lê. De vez em quando vou lá e deixo nota do que vou lendo. Hoje deixei esta nota das minhas leituras em curso):

Apeteceu-me reler "Lavoura Arcaica" de Raduan Nassar (Relógio d'Água), um livro de que gosto imenso - poderá ser visto como uma invocação da figura do "filho pródigo", uma visão sobre a vivência da repressão (familiar, social), um discurso sobre o autocontrole, e até etc. Eu vejo-o como uma belíssima narrativa, e Nassar é um dos meus escritores favoritos.

Estou a ler um livro de um dos meus avôs, "O Segredo do Major Thompson" de Pierre Daninos (Clássica Editora). Há cerca de 40 anos lera um antecedente, "Os Cadernos do Major Thompson" - e estou agora a gostar mais do que a memória que tenho do primeiro, talvez efeitos da minha idade, tornando-me mais ... pausado. Daninos era francês, escreve num rumo tipo André Maurois, e teve na época um enorme sucesso. São pequenas crónicas humorísticas, de uma ironia fina (e mansa, também), despretenciosa, jogando com os estereótipos nacionais. A sua criatura, o inglês Major Thompson vive em França, casado com uma francesa, e elabora sobre as características típicas dos franceses. Neste livro vai à Grã-Bretanha em familia e com amigos, e um destes, "Danainos" ele-próprio, elabora sobre as exdrúxulas características que encontra nos ingleses. É uma leitura muito simpática.

Nesta época convulsa (não o são todas?) está-me a ser útil, e prazerosa - ainda que não goste do profético título -, a leitura do "O Poder da Geografia: 10 Mapas que Revelam o Futuro do Mundo", de Tim Marshall (Desassossego). Tem uma escrita cristalina e apresenta em poucas (e sábias) páginas os contextos políticos, seus conflitos e os antecedentes destes, de regiões cruciais na cena internacional. Comecei por um trio de capítulos (Irão, Arábia Saudita, Turquia), seguirei para os dedicados à Etiópia e ao Sael, deixarei para depois os do Reino Unido e Espanha, e terminarei com a Austrália. E vou aprendendo imenso.

Esta semana deram-me o "Viagem de Inverno" de Maria Filomena Mónica (Relógio d'Água), e já quase o terminei. É uma colecção de pequenos textos de opinião e algumas crónicas, publicados na imprensa nas últimas duas décadas, todos com 2 ou 3 páginas. Arrumados por tópicos, os primeiros sobre o estado da nossa sociedade, depois como vai o país, o regime político, por aí afora. Estou a gostar muito, concorde-se ou não com as opiniões da autora, são textos cristalinos, uma espécie de tratado de Bom Senso, na abordagem a questões do nosso país. E não só...

Emprestaram-me este "A Década Prodigiosa: Crescer em Portugal nos Anos 80", de Pedro Boucherie Mendes. É uma calhamaço (650 páginas), e só o terminarei daqui a uns tempos. Mas lê-se bem, escrita escorreita. E o tema é bem adequado às leituras da gente da minha geração. Para além disso o livro está bem conseguido (ou pelo menos assim me parece, vou a 1/5 da leitura), o autor congregou bem os detalhes - e os processos - que fizeram daqueles tempos uma era tão interessante. E inovadora, em Portugal.

Vou lendo o "Se Tivesse Sido Eu a Inventar Deus" de Afonso Melo (Âncora). O autor é um belíssimo cronista, e nisso não facilita. Tornando a leitura um repasto, delicioso. Antigo jornalista desportivo, romancista, culto, cada crónica é uma navegação, cruzando marés desde as da sua intimidade, passando pelo seu enciclopédico conhecimento desportivo - em especial futebolístico - sabedoria literária, esse de evidente grande leitor, ironia, até sarcasmo, tudo vivido sob uma angústia, até heróica. E isso argamassado num diálogo constante que não se apregoa erudito. Mas é mesmo o gosto de ser, que nos dá um imenso gosto de ler - devagar.

E, mergulhando na actualidade mais premente, comecei há dias outro calhamaço, "O Fim do Homem Soviético: Um Tempo de Desencanto", de Svetlana Aleksievitch (Porto Editora), a Nobel de Literatura que neste livro faz um cru relato do que foi a Rússia soviética.

Enfim, votos de boas leituras aos que por aqui passarem...

23
Fev25

Viagem de Inverno, de Maria Filomena Mónica

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Uma amiga chega ao café do bairro e dá-me este "Viagem de Inverno" (Relógio d'Água, 2024), de Maria Filomena Mónica, acompanhado de um - até displicente - "passei ali pela Bertrand e achei que gostarias deste...". Eu angustio-me num "mais um livro!", a somar à cordilheira doméstica da minha dívida de leituras. Sei que este me chega às mãos por efeito de algumas conversas naquela mesma esplanada onde a autora também foi tema - há meses li-lhe com agrado a biografia de Eça de Queirós, entre outras coisas. Beijo a querida amiga, e generosa - e é-o muito para além da oferta do livro...

À noite avanço, devagar, no livro, pequenos textos de opinião e algumas crónicas, publicados na imprensa nas últimas duas décadas, todos com 2 ou 3 páginas. Arrumados por tópicos, os primeiros sobre o estado da nossa sociedade, depois como vai o país, o regime político, por aí afora. Sorrio, face ao pertinente cristalino do que vou lendo. Não que concorde com tudo o que ali está, claro - em especial franzo o cenho diante do apreço pela círculos eleitorais uninominais que M.F.M., demasiado britanófila, defende. Mas mesmo assim sigo agradado com a incisiva inteligência, suavemente apresentada, como se "deixada cair". Tanto que digo para a almofada - e presumo que se a autora viesse a ouvir isso decerto se abespinharia - "isto devia ser o manual daquela disciplina de Educação para a Cidadania", essa mesmo que põe uns punhados de tontos a espumar... 

Mais para a frente leio, e de novo sorrio face à inteligência alheia, clarividente de nada bombástica: "Vivo em paz com a banalidade da vida democrática. Não  preciso de utopias nem considero que exista uma crise de valores" (81-82).

E chego ainda este trecho, que desconhecia, uma pérola mesmo: "Sinto-me mais afastada da gente que, em 1789, se sentou ao lado esquerdo da Assembleia Nacional reunida em Paris do que de J. S. Mill que, em 31 de Maio de 1866, virando-se para os Tories, disse no Parlamento britânico: "Não quis dizer que os Conservadores sejam geralmente estúpidos; o que pretendi afirmar foi que as pessoas estúpidas são geralmente conservadoras". (88).

E logo me lembro destes "estúpidos", imensamente estúpidos, que por ora peroram, entusiasmados com Trump, Vance, Musk... Fecho o livro, apago a luz. E durmo. Hoje lerei o resto.

01
Jan25

Submissão, Michel Houellebecq

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Começa bem, a trama (que é conhecida) é interessante - e actual. Depois, a páginas dezenas torna-se... muito francês. Sim, o livro é de um francês sobre França. Mas há os tiques narrativos, de personagem, até indizíveis - em texto curto e não reflexivo/comparativo -, que são "déjà vu".

Mas uma das decisões para o Ano Novo foi esta: ler mais e mais disciplinadamente, menos flanar sobre os livros. Ou seja, aceitá-los como são, acompanhá-los. Terminá-los (pelo menos se algo interessado). Seguirei então, a ver o que acontecerá à "França" (à Europa) e ao enfastiado docente universitário que a simboliza.

Mas, repito, começa bem. E até me recorda os meus resmungos ali por meados da década de 1980: "Como se sabe, os estudos universitários da área de Letras não conduzem a praticamente nada, excepto, para os estudantes mais dotados, a uma carreira de professor universitário na área de Letras - em suma, a situação bastante bizarra de um sistema sem outro objectivo senão reproduzir-se a si próprio, tudo acompanhado por uma taxa de insucesso superior a 95%.

Porém, trata-se de estudos não nocivos que podem até apresentar uma utilidade secundária. Uma jovem candidata ao emprego de vendedora em lojas Céline ou Hermès deverá naturalmente, e em primeiro lugar, cuidar da sua apresentação; mas uma licenciatura ou uma pós-graduação em Letras Modernas poderá constituir um trunfo complementar e, à falta de competências úteis, garantir ao empregador uma certa agilidade intelectual, abrindo a possibilidade de evolução na carreira - tendo a literatura, além disso, desde sempre, uma conotação positiva na área da indústria de luxo." (16).

(Michel Houellebecq, Submissão, Alfaguara, 2022 [2015])

23
Dez24

Pré-Natal 24

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No Metro, sigo em pé, como quase sempre. Vou tão embrenhado na deliciosa história de Madame Francinet, ela envolta no funeral do Monsieur Bebé e todos aqueles messieurs - releio um Cortázar de bolso, 34 anos depois!, demonstram-no os gatafunhos datados que lá deixara, isto na sequência de ter ido agora a Lagos falar sobre o monumento (de época, de época..., constatei nesta releitura sexagenária) "Rayuela" -, e tanto assim que distraído, falho a saída na Alameda, terei de ir até à do burguesote "El Corte Inglés", essa horrível patada na urbe que a dupla Sampaio & Soares nos deixou (já ninguém se lembra, somos municípes tão velhos que habituados às escaras, como se estas indolores...).

Nada praguejo à minha distracção, quase senil, pois será apenas breve atraso neste meu rumo a convívio que sei será alegre, juntando-me a gente que conheci há quarto de século, alguma outra há quinze anos ou isso - "fui muito feliz em Maputo!", ironizarei já de vinho na mão, "e acima de tudo fui lá jovem", mas isto já não direi, que não é noite para angústias melancólicas, ainda para mais porque os convivas surgem óptimos, os homens a aguentarem-se com esmero ("estás com um g'anda aspecto!" terá sido a frase mais trocada durante abraços e beijos...), as mulheres a manterem-se lindas, tanto que as desconfio em recursos ao sobrenatural, mezinhas de cá ou "vacinas" de lá...

Mas divago, pois estou no Metro, dizia, sigo em pé - como quase sempre -, embrenhado num livro. Quase a meu lado, encostado às traseiras de um banco, dando-me o seu perfil está um homem. Percebo-o asiático, olhando-o um pouco mais virei a dizê-lo nepalês. Feioso, barba mal semeada - que não descuidada -, na orelha direita apôs um brinco, mais agrafo do que argola. De súbito puxa para si a mulher que está à sua frente, agarrada ao varão central - e só então neles atento, olhando-os por cima dos meus óculos - abraça-a pela costas, com firmeza, gosto, ternura (talvez amor, quem o sabe?), uma evidente cena namorada, ela sua conterrânea, bonita. Deixa-se enleada, concede-lhe um breve olhar, apenas ápice, e regressa ao seu telefone, no qual vasculha o Facebook, e frenético está-lhe o dedo do "scroll down", vejo-o.

Mantenho os olhos baixos, como se no livro, mas aquela toda indiferença traz-me sorriso - não cruel, até solidário, pois nós homens "somos todos diferentes, todos iguais", nisto dos desamores, ocasionais ou perenes, diria eu ao tipo se fosse para lho dizer... Mas sorrio, nos tais olhos baixos, até mais por aquele império do Facebook. Nisso cruzo o olhar com uma mulher, dois bancos afastada. Vem bonita, a entrar nos setentas, belo cabelo prateado muito cuidado, um anorak azul marinho novo, um excelente cachecol vermelho, uma senhora - rumo ao "El Corte Inglés", decerto. Está ela com um enorme sorriso, a tender para o riso. Tanto que logo descruzamos os nossos olhares - teremos sido os únicos a atentar no breve desamor. Para logo de novo nos entreolharmos, brilhantes de humor, e desviarmo-nos, no esforço de evitar a risada, desajustada. Malvada, até.

O casal nepalês sai no Saldanha - tudo isto foi um lampejo -, rumo à sua felicidade possível. O meu soslaio encontra a senhora de regresso a si própria. Logo chegamos a São Sebastião, fim de linha. Enquanto arrumo a história de Madame Francinet no bolso - o tal "Blow-up e Outras Histórias" -, deixo, qual cavalheiro, passar quem se levanta dos bancos. E com a senhora troco um levíssimo, quase imperceptível, aceno, simultâneo. Apropriado aos que construíram uma memória conjunta.

E sigo lesto a juntar-me, jantando, a tantas outras memórias conjuntas.



(Desejo-lhe, minha senhora, um Feliz Natal, musical, como o deste presépio do Dino Jethá)

19
Dez24

Síria, via Paulo Dentinho

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Sair da Estrada de Paulo Dentinho - Livro - WOOK

É Natal, alguns compram livros para ofertar. E é também época para se ir até às estantes em busca de livros que ainda não tenham sido lidos (talvez até ofertas recebidas...). Ou para reler um ou outro, por completo ou excertos que venham à cabeça, por uma razão ou outra. Aconteceu-me agora com este "Sair da Estrada" do Paulo Dentinho - livro sobre o qual deixei um postal quando o li.

Certo, sou amigo do Paulo, vamo-nos vendo de quando em vez, normalmente refeições partilhadas em pequenos comités, dados ao escárnio e maldizer, nisso de remoermos "a questão que tenho comigo mesmo", este Portugal nossa pátria amada... E também - mais ritualmente - aos natais de cada ano, quando se junta um grupo mais alargado (e heterogéneo) de amigos e conhecidos com os quais nos cruzámos (ou não) em Moçambique, portugueses que lá vivemos e nos quais o país se entranhou, a cada um à sua maneira.

E foi lá que nos fizemos amigos - e um dos tijolos disso foi uma situação peculiar: eu já passei por algumas agruras, no meu "Sair da Estrada", que também o fui tendo. Mas nunca me acontecera, nem voltou a acontecer, estar sentado com um amigo (ele-mesmo, pois claro - então correspondente da RTP em Maputo) e virem-no ameaçar de morte: "Dentinho, aqueles ali estão a dizer que te vão matar!", os molwenes (miúdos de rua) mandados para dizer isso, e nós a levantarmo-nos da mesa para ir ver quem eram os esbirros no tal carro apontado... Isto foi uns meses antes de Carlos Cardoso ter sido assassinado, dois anos depois de Lima Félix ter sido morto, não era brincadeira. "Vai-te embora, Paulo, tens cá as filhas...", resmungava-se-lhe diante da sucessão de ameaças que recebia (aquilo dos telefonemas noite afora), e ele empertigado na sua missão de informar, renitente em sair dali: (e o problema é o Venâncio, clamam agora, um quarto de século depois e sempre para pior, os escritores alapados às benesses do partido-Estado e os visitantes de "esquerda", sorrio, cáustico...).

Enfim, divago... Lembrei-me do Paulo e do seu livro quando ouvi Morais Sarmento lamentar a inexistência de reportagens da RTP sobre Moçambique, apesar de lá haver uma delegação. Sabendo do que fala, o ex-ministro referiu que ou o correspondente não produz ou - e é o mais provável - as suas peças não são incluídas nos telejornais, por critérios da direcção de informação lisboeta. E lembrei-me das discussões tidas com o Dentinho, naqueles finais de XX. Em Moçambique havia apenas duas estações, a pública TVM e a RTP-África, então inicial. Lisboa estava muito ufana por ter a estação, pensava-a como se cobrindo o território nacional: pouco interessava que um antropólogo andasse pelo país e dissesse que não era captada nas capitais de distrito nem ... em várias capitais provinciais. Mas em Maputo - no "cimento" - era vista. E as reportagens do Dentinho tinham ali impacto. E provocavam resmungos locais, dado o tom espectacular que tinham. Lembro-me de com ele protestar devido a isso, pois causavam algum mal-estar entre os nossos "anfitriões": um caso célebre foi uma reportagem dele sobre o antigo zoológico da Beira, cujas abandonadas jaulas tinham sido ocupadas pela população, que nelas residia. E em Maputo a burguesia nacional contestava essa "imagem" passada no telejornal, eu (e outros compatriotas) secundávamos num "para quê?, Paulo, o fundamental é construir uma boa relação!", cheios de pruridos diplomáticos. E ele a resmungar, defendendo-se - e tinha toda a razão!, uma razão deontológica, jornalística, um zoo habitado por homens é exemplar motivo de reportagem, denotativo, demonstrativo.... -, nisso também referindo que se não forçasse "a nota", a espectacularidade, em Lisboa, na RTP, nada lhe transmitiriam, desinteressados que estavam de Moçambique. E isto foi há um quarto de século, bem antes do extremo frenesim da notícia "lite" que tanto agora predomina.

Enfim, entre o lembrar-me disto do Paulo e o ir buscar o livro foi um ápice. O seu "Sair da Estrada" é uma espécie de making of - bem humorado, numa escrita que realça o seu amor pela profissão, e sem "engajamentos" apatetados - de grandes reportagens em 13 países (insisto, escrevi este texto qual recensão). E tem um capítulo (entre as páginas 105-145) imensamente actual, pois sobre as suas andanças na Síria (2012, 2016), durante as quais (também) entrevistou Bashar al-Assad. São páginas que não só elucidam um pouco do que agora vai acontecendo como comprovam o seu olhar arguto sobre as realidades nas quais trabalha: "Vou agora (2012) para a (...Síria) no pressuposto, quanto a mim errado, de estarmos perante o colapso do regime..." (105), "Chadi fala-nos do radicalismo sunita crescente e dessa quase impossibilidade de continuarem a viver lado a lado com eles, como fizeram durante séculos" (110), "os seus receios quanto à agenda rebelde, "eles não são sírios, vêm todos dos países em volta" (118), "na Síria, para os combatentes que se reclamam do Islão Sunita, a corrente maioritária no país, ter na presidência Bashar al-Assad é uma blasfémia. Não só por ele ser alauíta, um ramo do xiismo, corrente religiosa pela qual têm um enorme desprezo, mas também por ele representar um regime laico e igualitário. Repressivo e brutal também." (120),  "o liberalismo de Bashar assenta no modelo chinês. Nem pensar em pôr em causa o partido. E o capitalismo sírio é apenas para alguns "amigos"..." (140). 

Enfim, uma pequena amostra de como o Paulo "apanhou" a Síria. Tal como "apanhou" (até ao osso) Moçambique. E tantos outros locais. 

Ou seja, é Natal. Compre-se, oferte-se, leia-se o "Sair da Estrada". (Caminho, 2021)

(Obrigado à SAPO pelo destaque dado a este postal)

16
Out24

People have the power?

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[People have the power (Patti Smith sings "People Have The Power" with a choir made up of 250 volunteer singers at NYC's Public Theater. This was done in 2019. Daveed Goldman on guitar and Stewart Copeland playing the frying pan.)]

Isto tudo se liga, se articula... e contradiz! No seu  mural de Facebook o Henrique Pereira Dos Santos traz esta versão coral da "People Have The Power" da Patti Smith - a qual vos garanto, por empírico conhecimento, cruza gerações. Canção hino que tantas vezes cantámos, nas pistas ou por aí afora, às vezes exultantes como se gente, outras cantarolando em ira amesquinhada. 

Tudo se liga, tudo se contradiz!, digo eu. Estou a ler o imprescindível "Tudo é Tabu" do Pedro Correia (Guerra e Paz Editores) , um rol de 100 casos de censura promovida pela vigente e descabelada ideologia "identitarista", e ontem cruzei o 75º caso, exactamente o respeitante à Patti Smith, até ela alvo do cretino modo "cancel"!

Ao mesmo tempo vou, cá de longe, recebendo as novas sobre as eleições em Moçambique - país onde a "People Have The Power" se canta "Povo no Poder" -, mais um episódio da inenarrável e despudorada apropriação do voto popular, do "Power" do "People". Até quando?, a que custos?, como se chegará ali ao "Basta" ("Chega" é uma palavra agora politicamente poluída, entenda-se...)?

Mas tudo se liga, tudo se contradiz! Pois cantarolo a canção sentado no meio deste meu Povo pensionista, decrépito, cujo poder se restringe a votar nesta pobreza mental e moral, como se vê na gritaria socialista e fascista à volta do orçamento, no dia em que juristas forçam a arrastar um homem doentíssimo num tribunal apenas para justificarem o seu lacaio imobilismo, servis a este estado do Estado.

Tem o "people" o "power"? Tem, estive ontem a ver as sondagens americanas, Estado a Estado... É quase certo que Trump ganhará.

"...the people have the power / to redeem the work of fools"?

É mesmo melhor cada um tomar o combustível que lhe apetece (Vodka tónico para mim, sff) e ir para a pista, dançar e cantar. Sem esperança. Mas não desesperado.

29
Set24

A ler Stefan Zweig

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Dois pequenos livros, preciosos, de Stefan Zweig, um escritor que fora algo desvalorizado - cá em casa os meus pais haviam remetido vários dos seus livros para a arrecadação, onde se acumulavam pilhas dos menos apetecíveis e/ou mais esquecíveis. Abarcando-o nessa despromoção, porventura por questões de gosto ou de desatenção. Ou mesmo apenas por falta de espaço nas estantes... De qualquer forma, o interesse no escritor foi revitalizado - e algumas (re)edições surgiram -,  um pouco na sequência do filme que lhe foi dedicado, o "Adeus Europa".

Li agora "Uma História de Xadrez" (Relógio d'Água, 2017, 72 pp., tradução de Ana Falcão Bastos), uma publicação já póstuma (de 1943). É um dissecar das constituintes da mente, na sua diversidade e na diversidade das formas como é construída. Pois a trama é o combate entre um génio xadrezístico silvestre, um rural inculto predestinado, e um refinado vienense (daquela "Viena" que foi centro de civilização) que se fez xadrezista por sobrevivência. Mas o substrato é a ascensão do Anschluss, a adesão austríaca ao nazismo. Numa descrição que tem imorredoira actualidade, mesmo que o diga eu sem preocupações escatológicas: "Mas os nacionais-socialistas, muito antes de equiparem os seus exércitos contra o mundo, começaram a organizar em todos os países vizinhos, um outro exército igualmente perigoso e bem treinado, a legião dos desfavorecidos, dos humilhados, dos ofendidos. As suas chamadas "células" estavam instaladas em cada repartição e em cada empresa, e os seus informadores e espiões encontravam-se por toda a parte..." (p. 34). 

E também "Foi Ele?" (Assírio & Alvim, 2023, 64 pp, tradução e - incisivo - posfácio de Francisco de Nolasco Santos), escrito já no exílio e publicado em 1942. A trama, facial, é a de uma sobreprotecção amorosa a um cão, assim crescendo tornando-se mastim, energúmeno. É quase uma evidência encontrar no texto a metáfora, tão actual na era da escrita da obra, sobre a ascensão da besta nazi, acarinhada no seu germinar até se tornar incontrolável, assassina. Mas lendo-a nos tempos de agora ocorre-me uma leitura com menor pendor metonímico. Pois no texto encontrando como se um augúrio sobre os efeitos desta disseminada transferência afectiva para os "animais" (os de estimação, claro), esta "petização" que grassa. Uma verdadeira monomania, já com efeitos políticos. E, decerto, com implicações psicossociais.

25
Ago24

Uma semana jubilosa

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Por mais rusticidade, até altaneira em modo desprendido, que vá eu encenando sigo vaidoso, como tantos outros, a maioria desses, diga-se... E, pior ainda, mimalho. Como tal foi-me jubilosa esta semana que agora termina. Num tão assim que rara, mesmo. Narro-a para que não me reduzam a resmungão, dado ao azedume, amargurado pela vida, desatento às benesses que me recobrem.
 
Começou-me no texto do amigo Pedro Correia, o maior elogio - se explícito, másculo e público, ressalvo - que alguma vez recebi, louvando o meu "Torna-Viagem" em tais moldes que, como lhe disse, até me causou um frémito de estar já com "os pés para ... o forno", dados os laivos de eulogia que ali... temi. Nisso empurrou o livro. Este quase invisível (edição de autor, desconhecido, numa plataforma digital em impressão por encomenda). O amigo Pedro Morais, homem da banda desenhada, avisara-me de início, "editado assim se venderes 50 é livro de platina!". Eu esperava impingir 100, a utopia era 150... Mas agora, com este elogio chegou às 175 vendas! Digo-me, a mim-mesmo pois, se chegar às 200 encomendarei chamuças de diferentes origens para uma "prova cega".
 
Mas mais mimos me chegaram. A minha querida Ana, de que tanto gosto e me faz falta quando se ausenta, minha mana - "com a idade tornaste-te sentimental", há dias protestava outra amiga, telefonando de longe a combinar comigo os moldes de festa que aí vem, "sempre fui, agora não tenho é pejo de o mostrar", defendi-me -, a Ana, dizia, voltou após meses de Moçambique. Trazendo na carga - "só carreguei porque é para ti..." - uma bela oferta da também tão amiga Fátima: um grande frasco de achar de limão, confeccionado com os seculares saberes de Inhambane. Que mais pode querer um homem? "Mal arranje um portador envio-te um de achar de manga...", responde-me ela ao meu agradecimento! Matabicho de hoje? Malga de café, torrada barrada de achar...
 
Tudo isto orlo com um pouco de cultura, inesperado auto-mimo. Ando a ler os Voltaire - a reler, como se diz dos clássicos, avisou Calvino. E descubro, caído na estante atrás da fileira vigente, este "A Princesa da Babilónia", colecção de seis contos, que - a este sim - nunca lera. Comprado há vinte anos, diz lá. Muito melhor do que um livro novo é mesmo encontrar um esquecido.... E também recuperar um antigo, e nisso leio este "Vélazquez" (sic) com oito reproduções fac-simile em cores, editado em tempos bem recuados por Pierre Lafitte e Cie. Pois preparo-me, dado que ando há meses para ir à Gulbenkian ver o retrato do nosso rei Filipe III e não passa desta semana... "Não tens livros novos, aqueles da Taschen, e isso?, sobre o Velásquez?", mais as "Histórias de Arte" canónicas, carregados de ilustrações e de ensaios actuais?. Tenho, mas assim irei com o meu avô Flávio, que a este mono cá de casa, que resdescubro, comprou em 1911. Razão suficiente para me preparar deste modo, mimando-me com a ancestralidade.
 
Nisto cruzei o Tejo, rumo a almoço às portas de Almada, casa amiga sempre de boa mesa. Não sou grande admirador do comestível coelho, mas não me nego. Mas ontem, e já nestes meus 60 anos, deparo-me com o melhor coelho da minha vida - à mesa o autor reclama que o molho não ficou o espesso suficiente, adiantando razões que nem compreendo tamanha a voracidade com que mastigo. "Como se chama a receita?", pergunto, enquanto me sirvo de segunda pratada, "Coelho à sem nome", diz-me, ríspido, o talentoso artífice, que estou ali a conhecer...
 
Mas o maior dos mimos foi outro. "Pai, podes-me rever a tese?", pergunta a Carolina, e nisso estive eu, nestes dias, a reduzir-lhe as palavras - ajudando a adequá-la aos limites impostos -, a garimpar-lhe a (extensíssima) bibliografia, a comprovar-lhe a justeza sintáctica. Entregou-a na sexta-feira. Numa mescla metodológica difícil, associando Ciência Política com Economia (quantitativa, não a sociologia dita Economia Social). Debatendo as articulações entre investimento em energias renováveis, dívida externa e condicionamento político. Como estudo de caso esmiuçando o exemplo moçambicano. 22 anos, culminando o seu segundo mestrado, antes um na Nova, este agora na LSE. Deparo-me, sem espanto mas ainda assim com alguma surpresa, com um trabalho de grande robustez. E atrevendo-se a correr riscos intelectuais. Com competência e denodo. Pujança. Fica assim um pai babado, muito mimado. E como sempre a frisar: "quem sai aos seus não degenera". Pois a jovem puxou mesmo à Senhora sua mãe. Grande profissional, arguta intelectual.
 
E para esta semana já chega. Tanta coisa boa foi que vou celebrar, uma estroinice: almoçarei um crepe no chinês dos Olivais. Se alguém quiser passar por lá...

05
Ago24

Livros na mesa de cabeceira

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(Postal para uma série no Delito de Opinião)

Já o dissera na primeira série de "livros de cabeceira": este é-me "sítio de cabecear, assim de nunca trabalho. E quanto menos ando a ler mais os livros aqui apostos, alguns trazidos por mero fastio e depois aboletando-se, outros para rever só umas poucas páginas e depois esquecidos, mais aqueles vários que percorro em simultâneo, e uma ou outra escassa novidade". Ou seja, nenhum deles tem lugar cativo, alguns nem serão lidos, vieram para mera companhia, aguardando o regresso à prateleira devida.

É-me agora uma cabeceira solteira. Neste rumo, e com o passar do tempo, primeiro os livros ganharam o direito a pernoitar no leito, até dengosos a meu lado, plácidos pois nada ciumentos face às leituras alternadas (e distraídas, tantas vezes desamorosas) que lhes faço a desoras. E depois, um ou outro deles, tornados mais íntimos, arrogam-se mesmo a ali ficarem para matabicho e até "brunch", pois na manhãs de Verão nem os incomodo em arrumações, basta-me esticar lençóis e edredom. E se viesse a haver visita, companheira - sorri o mariola que em mim ainda habita, embora fenecido -, decerto seria bibliófila, não se atrapalharia.

Dorme comigo agora o "Faca...", a memória do atentado que Rushdie sofreu em Chautauqua, oferta do meu amigo Pedro. E me lembra quando evoquei os nossos que "compreendem" os terroristas islamistas, assim seguindo avessos à liberdade de expressão ao exigirem cerimónia - de "contextualização" e "multiculturalismo" feita -, que nada seja "ofensiva" das "crenças" alheias. Rushdie lembra alguns deles, os "democratas" - políticos, académicos, mas também escritores - que contra ele se indignaram, e que depois também desconsideraram os ataques aos caricaturistas franceses (e antes aos dinamarqueses, acrescento). Tal como se insurge contra os "correctistas" que querem a falsa pureza da "língua resgatada". Diz com alguma auto-ironia, diante do mais solidário ambiente que agora o acolheu após a convalescença: "Se a fortuna me tornou uma espécie de virtuosa Barbie, amante da liberdade, o Rushdie Liberdade de Expressão, abraçarei esse destino". E, denunciando a hipocrisia culturalista, culmina em grande "O respeito pela religião" tornou-se uma frase codificada que significa "medo da religião"." As religiões, tal como todas as outras ideias, merecem crítica, sátira e, sim, o nosso intimorato desrespeito". Mas o livro tem outros rumos, mostra o homem Rushdie, nas suas ambivalências, limites e vaidades. Ri-me quando - após criticar o fim da "privacidade" devido à mania das "redes sociais", - lembra ter colocado na véspera do atentado uma fotografia ("selfie"?)... na Instagram. E mais sorri, lá mais para a frente, com a nota da sua investida no Twitter. Afinal? E desilude-me quando simula um diálogo com o "A(sno)" que o atacou, páginas pouco vibrantes e demasiado autojustificativas, além das derivas "ensaísticas" sobre a religião, carregadas de um pobre evolucionismo oitocentista.

No monte, à espera, vem o "O Outro Nome", o I-II da septologia de Jon Fosse. A Ingrid, minha tão querida que eu não via há... 28 anos, ofereceu-mo durante o delicioso dia em que estivemos em Lisboa (e, tal como ela, quantos de nós - em tempos idos - não oferecemos Saramago a estrangeiros?, ufanos do nosso Nobel?). Já o provei, notei que é registo denso, monopolizador, incompatível com outras leituras simultâneas. Será em Agosto?, ou no mais soturno Inverno? Também aguarda, mas a fazer-me ansioso, o "No Cavalo de Pau com Sancho Pança", ensaio de Aquilino Ribeiro sobre Cervantes, que me foi dado pela Marta, oriundo da biblioteca do seu pai, o meu tão saudoso amigo Aventino Teixeira. Estou a acabar o "Histoire de la Province de Santa Cruz que nous nommons le Brésil", de Pero de Gândavo, autor louvado por Camões, o nosso primeiro livro sobre o Brasil (1576 - aqui em tradução francesa oitocentista), uma verdadeira pepita que nunca lera, uma atenta prenda da minha amiga Graça. E que decerto em breve será ululado pelos "reparadores da história", pois - enquanto descreve a magnífica natureza e as gentes lá alojadas - de modo bem despreocupado apresenta a boa vida dos colonos se dotados de mera meia-dúzia de escravos, quanto mais quando tendo centenas... Também por oferta, mas como se "institucional", chegou-me o "Monitoria de Políticas Públicas e Direitos Humanos em Países de Língua Oficial Portuguesa: uma Análise Comparada", que ainda aguarda o meu... sorriso descrente. E, ao invés, diante do meu sorriso crente na pilha mora o "A Trombeta do Anjo Vingador", um dos de Dalton Trevisan que comprei na última Feira do Livro. Tal como, e há pouco chegado, o "Derradeiro Suspiro Real", do nosso José Navarro de Andrade, um romance contrafactual (a República não foi...) que só descobri depois de há pouco lhe ter lido o "Terra Firme", do qual muito gostei.

Sou fraco leitor de revistas, é um suporte que nunca me agradou. Mas gosto de revistas antigas, legado dos meus pais... As literárias são uma verdadeira delícia - o tempo passado demonstra a recorrência das hipérboles, as loas aos livros "imperdíveis" já esquecidos, às grandes "revelações" entretando desvanecidas. Mas também trazem pérolas do passado, iluminações, reminiscências. Ali, já na outra mesa (como se com carimbo "visto"), de partida segue um suplemento da "Le Magazine Littéraire", o especial "Les années Apostrophes par Bernard Pivot", de 2015, simpática homenagem a Pivot que recuperei quando este morreu.

Em monólogo resmungão ressurgiu-me o tão sábio senhor Pangloss. E lembrei-me de há muito não (re)ler o "Cândido", de Voltaire. Preguiçoso estou, fui buscá-lo na versão portuguesa. E pude reviver esse precursor dos actuais turistas, algo intrigado com os nossos costumes locais: "Após o tremor de terra que destruíra três quartos de Lisboa, os sábios do país cogitaram em que o meio mais eficaz para prevenir a ruína total da cidade consistia em dar ao povo um rico auto-de-fé. Fora decidido pela Universidade de Coimbra que o espectáculo de várias pessoas queimadas a fogo lento, com grande cerimonial, era um seguro infalível para impedir a terra de tremer". E bem me rio com as suas espadeiradas, ainda que "cândidas", aos inquisidores e aos jesuítas, enquanto louva (sim!) o amor interracial - além de nos lembrar como se produzia a cana-de-açúcar que tanto adoça a vida. Pois, de facto, naquela sua correria (des)venturosa não fica pedra sobre pedra: "P: Mas então  com que  fim foi o mundo criado? R: Para nos enfurecer."

Uma (pequena) crónica por dia, ou um pouco mais, é como leio "A Bagagem do Viajante", antigos "dizeres de um fala-só" de José Saramago (o livro é de 1973), uns mais datados, outros bem menos: "não há dúvida que Portugal envelhece", concluiu ele há cinquenta anos após relatar o que o circunda, também já desagradado com os "flácidos" monumentos municipais, e notava seguirem já vetustas algumas expressões correntes, de tão pejorativas que soam. O naipe, mesmo se aqui e ali deixa perceber o que aí lhe vinha (como em "História do rei que fazia desertos"), muito mostra como se lhe transformou a escrita nas últimas décadas de vida.

Irritado (irritadíssimo, mesmo!) com umas disparatadas declarações sobre o passado português (publicitadas no "Público", claro, e que encontrei via Henrique Pereira dos Santos), retirei da estante e para aqui trouxe o belo "A Rota dos Escravos: Angola e a Rede do Comércio Negreiro", cujo texto fundamental é de Isabel Castro Henriques, o qual tem imensas (e apelativas) ilustrações. Entretanto ainda cá está o "Comme les Amours" de Javier Marías, mas engasguei-me na sua leitura, é provável que não a acabe. E, marinando na mesa, ali aportado em dia de maior negrume, a colecção "Ficções do Interlúdio" de Fernando Pessoa. Vou (re)lendo, mas com muito cuidado. Pois não me convém exagerar nisso do "O porto que sonho é sombrio e pálido..." Pois para pior já (me) basta assim.

28
Jun24

Texto sobre história de Moçambique

jpt

capela.jpeg

Desta vez não venho vender livros, como quando há meses - e para notório fastio de alguns - fiz, ao tentar impingir o meu "Torna-Viagem". Pois agora apenas dou: um texto longo – seria maior do que um opúsculo, se eu o fizesse como tal. Há anos participei numa homenagem ao historiador José Capela - a que teve este cartaz, que encima o postal -, grande figura da história de Moçambique e de Portugal em Moçambique. E do escravismo. Depois reescrevi o texto. Agora, como o nosso presidente vem recomendando que atentemos nesses assuntos, decidi divulgá-lo - é longo, repito, e não o escrevi para ser fácil, “amigável ao utilizador” mas apenas como dele gosto. E não é, decerto, ajeitável ao uso dos “activistas” de agora. E divulgo-o também para reavivar a homenagem a Capela, homem que esteve bem à frente do seu tempo e da maioria dos (pobres) pares.

Aqui fica a ligação ao meu: "José Capela: o escravismo em Moçambique como violência estruturante".

 

Sobre Capela antes deixara também:

- recensão a "Conde de Ferreira e Cª. Traficantes de Escravos" e "Delfim José de Oliveira, Diário de uma Viagem da Colónia Militar de Lisboa a Tete, 1859-1860", de José Capela;

- "José Soares Martins, de pseudónimo historiador José Capela", quando morreu; 

- recensão a "José Capela, "Caldas Xavier. Relatório dos acontecimentos havidos no prazo Maganja aquém Chire, Moçambique, 1884";

 

Bloguista

Livro Torna-Viagem

O meu livro Torna-Viagem - uma colecção de uma centena de crónicas escritas nas últimas duas décadas - é uma publicação na plataforma editorial bookmundo, sendo vendido por encomenda. Para o comprar basta aceder por via desta ligação: Torna-viagem

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