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Nenhures

Nenhures

08
Set24

Uma década após Moçambique

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Esta fotografia pode ser - se assim se quiser - um estereótipo, nisso do "antropólogo" "branco" imiscuindo-se em "África" (como agente colonial, pós-colonial, neoliberal, marxista-leninista-maoísta, ou etc., escolha-se o epíteto agressor). Representado ao centro (imagem egocentrada, dele engrandecedora, indivíduo na sua completude) entre uma amálgama "autóctone", de gente assim desindividuada. Se assim interpretada dará para um "paper" (ainda por cima porque consta que o tipo, o tal antropólogo, é de "direita", até pior do que os outros).
 
Ou então, em alternativa analítica, pode ser vista como a fotografia de um quarentão (talvez feliz, e decerto sem o perceber) a trabalhar numa aldeia da Zambézia, muito provavelmente após entrevistar um grupo de mulheres, estas quase certamente a falar das "coisas de género" - e como urgiam e urgem essas problemáticas, pois tanto mais sofrem as mulheres (e também por isso me irritam estes euroburguesotes a reduzirem o "género", a favor ou contra, às questões de implantes e amputações de pilinhas). Sendo esta umas das múltiplas fotos feitas após as sessões, para gaúdio geral - eram os tempos em que os "celulares" com câmeras ainda não se haviam disseminado. E, como tal, não dando para o tal "paper" "póscolonial" (sem hífen), mas mera matéria de memorialismo.
 
É uma boa memória. Faz hoje (8.9.24) exactamente uma década que parti de Moçambique. Acabara de me tornar cinquentão - nisso me deprimindo. Após 18 anos no país o rumo laboral conjugal convocara o regresso ao "velho continente". E larguei o "contexto" que tão bem calçava. Na véspera da partida separei-me, nisso inflectindo para a minha "pátria amada", um inesperado (ainda maior) descalabro.
 
Sem pingo de sarcasmo recordo que aqui cheguei como milhares de compatriotas o haviam feito 40 anos antes. A situação global era muito melhor. Nem tanto a individual: sem "local de recuo", nem sequer "contentor", tamanha a despreparação em que incorrera.
 
Tal era o meu desnorte que nem me lembro bem daqueles primeiros meses, apenas laivos: um congresso africanista em Coimbra, para onde fui no dia seguinte ao regresso, pois estava inscrito, eu em frenesim absoluto, tamanho o "stress" em que vivia, e estupefacto com a mediocridade circundante. Da Ana, minha querida amiga/colega/veterana de Moçambique, me dizer ao fim daqueles dois dias de Lusa Atenas, vendo-me desampararado na sessão festiva final - e com um ou dois uísques a mais para o que naquelas minhas condições poderia aguentar - entre uns bacocos póscoloniais de jargões armados, "Zé, aqui (Portugal, entenda-se) nunca encontrarás a tua mesa de Maputo" (que ela bem conhecia), explicitando a vacuidade lusa face à densidade "de experiência feita" a que estávamos habituados.
 
E sim, o frio, abrir o roupeiro, tirar uma camisa e ao vesti-la arrepiar-me do gélida que estava. A burocracia letal, a esmagar-me. Esquerdalhas a clamarem pelo "empowerment" e a abespinharem-se quando o mais-velho lhes propunha usar "potenciar", sinal de que era eu um vero fascista. Investigadores financiados a considerarem que os problemas pátrios (ou mesmo do mundo) se condensavam no conceito "Passos Coelho". Mas, muito pior, a solidão do desamor, conjugal, e a distância filial.
 
Felizmente tive um muito competente "IARN"... A minha família, acolhendo-me como filho pródigo (que literalmente era), nisso ainda a minha mãe (que nada me perguntou sobre o meu desarrumo, sua elegância materna). E uma alargada "velha guarda", amigos que são mais do que verdadeiramente consanguíneos. Comovo-me, não pela efeméride (raisparta esta...) mas ao pensar neles. Obrigado, "camaradas e amigos".
 
O ano passado os meus compadres Pedro e Catarina levaram-me à Colômbia. Descobri que ainda cá estou. Mais magro do que nesta fotografia. Mais velho, agora mesmo mais-velho sexagenário. Mas ainda digo, voltei a dizer, "avante". Obrigado Pedro, obrigado Catarina.
 
Enfim, por isso "Avante!", para mais dez anos!
 
(No dia da partida, há exactos dez anos, deixara esta despedida: A Papaia)

29
Ago24

Uma década após Eduardo White

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De manhã recebo no telefone o programa do simpósio realizado hoje na AEMO, dedicado ao Eduardo White. "Já passaram dez anos?!!!", assusto-me. E sim, logo comprovo, cumpriu-se há cinco dias a década após a morte, inesperada, do Dino, do White. Era a minha última semana em Moçambique, senti-a também como um malvado epílogo.

Os especialistas falarão da sua obra - alguns estão hoje a falar... Que haja leitores. Eu apenas deixo ligação, memória, do texto que nesses dias sobre ele balbuciei no "Canal de Moçambique".  E lembro-me agora mesmo, em sorriso saudoso diante da triste coincidência, do tão difícil Eduardo a entrar-me restaurante adentro, barafustando comigo e com os nossos imensos convidados, mais de oitenta - a Inês fazia 40 anos -, a propósito de... nada, ladeado pelo atrapalhadíssimo sorriso do Jaime. "Estás a desatinar Eduardo!... Comigo não, pá!", respondi-lhe. E assim logo me deu as costas, seguindo a resmungar com o mundo alhures, o que lhe era nitidamente urgente. Até a um qualquer outro uísque que nos sentou juntos. Mas já não.

(O Eduardo White foi companhia no ma-schamba, e também para lá enviando alguns textos).

27
Ago24

Jaime Santos

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Morreu o Jaime Santos. Quando fui para Maputo uma das surpresas que tive foi a apetência que ali reinava por saraus de poesia - coisa então algo em desuso por cá. Logo à chegada me deparei com vários. O trio de declamadores que mais ouvi era composto pelo bom do Calane da Silva - que também já foi -, a minha querida Ana Magaia, e o Jaime. Todos eram bastante enfáticos, mas isso mais me surpreendia nele, naquela sua força fragilíssima, de onde lhe viria tudo aquilo? Era um homem peculiar, logo ombreámos, "olhe que o Jaime é um tipo difícil", avisavam-me os mais desatentos àquela sua infinita doçura, às vezes mal disfarçada. "E não sou eu também?", resmungava-lhes... E dizia-lhe disso, ele gargalhava, naquela sua casquinada tão própria.
 
Andei agora aqui vasculhando as prateleiras mais esconsas, onde guardei as coisas da "cultura", catálogos e preçários, folhas de sala, biografias, sei lá mais o quê, do que fui vendo por lá. Procurando materiais com ele, para ilustrar este meu adeus (sou ateu, não uso os insuportáveis RIPs e DEPs, "paz à sua alma", "um dia estaremos juntos..." e quejandas superstições). Mas nada encontro, tamanha a profusão de pastas, não seja por isso... Entre tantos dias mais avulsos lembro-me de uma sessão mais composta, "produção" mesmo, que fez com a Ana Magaia sobre Pessoa & Heterónimos, uma realização muitíssimo bem conseguida. Era para seguir até à Beira, ele próprio não quis, demasiado descrente naquele dia. Teria encantado....
 
Com o passar dos anos fui-me retirando das coisas da "cultura". Nisso vendo-o menos. Mas encontrava-o, quase sempre, quando ia a uma livraria - eram pouquíssimas em Maputo. Nelas - mais na Escolar Editora, seu poiso habitual - ele abancava a ler, tinha "carta branca" devida ao leitor compulsivo e - sempre - pouco abonado que era. Às vezes interrompia o livro para me explicar o que lia. Outras pausava um pouco mais para irmos beber um copo - "vinho" - ao estaminé mais próximo. Outras vezes mal me ligava, embrenhadíssimo num qualquer texto...
 
Esta fotografia que partilho, tirada do mural de Facebook do Tomas Cumbana (e talvez da sua autoria), muito provavelmente será da última vez que o vi declamar, com o mundo irado dentro dele, no funeral do Alexandria, o escultor inacreditavelmente linchado por uma turba desaustinada.
 
Mesmo cá de tão longe, e provavelmente nisso para sempre, "isto" sem o Jaime fica mais deserto.

22
Ago24

As "Pessoas Que (Não) Menstruam"

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O diretor da Universidade de Verão do Partido Social Democrata (PSD), Carlos Coelho, discursa durante a sessão de encerramento da Universidade de Verão do partido em Castelo de Vide, 04 de setembro de 2022. NUNO VEIGA/LUSA

(Foto de Nuno Coelho, Lusa, retirada daqui)

Há duas décadas conheci em Maputo uma jovem antropóloga espanhola, competente e simpática, que ali leccionava com agrado discente e apreço colegial. Um dia, em conversa decorrida no café do "campus", aludi - e decerto que com amoroso desvelo - à "minha mulher". Ela saltou, inopinadamente, furiosa com a utilização que eu fizera do possessivo, cenho (até belo) franzido, voz alterada, invectivando-me "és o dono dela? é tua propriedade?".

A nossa relação era curial, naquele pacífico tom de colega, e aquela sua reacção extravasava-a por completo. Eu sabia-a dada aos execráveis nacionalismos - dos daquela turba que se diz "catalã" e nisso geneticamente mais aparentada com os franceses do que com os portugueses e marroquinos, entre outras lérias. E de pendor feminista - ideário louvável, ainda para mais naquele país austral, onde, tal como na esmagadora maiorida das sociedades, a igualdade de direitos e a equidade de oportunidades é um necessário desiderato, mas ainda bem longínquo... Mas que me agredisse assim - apesar de ser eu um verme masculino e um desprezível mouro independente -, com armas sintácticas e semânticas, foi-me surpreendente.

Avanço que detesto quando algum não falante de português como língua primeira me vem dizer, doutoral, como devo falar a minha língua - como aquela espanhola naturalizada portuguesa por via de casamento que gritava, mão na anca, que a devíamos chamar "presidenta", "colona" miserável, disse-a, entre outras mudas alusões à comercialização dos seus dotes físicos. Entenda-se, desses alterfonos aceito correcções e propostas, mas não mandamentos linguísticos. Tal como detesto estrangeirismos inúteis, pois desprovidos de conteúdos semânticos - como o "seivar" no lugar de "guardar" ou "gravar", o patético "deletar" em vez de "delir", ou o insuportável "link" como "elo", para exemplos. Já para não falar dos inúmeros que são meros arrivismos guturais, a julgarem-se cosmopolitas. Não é isto nacionalismo linguístico. Mas apenas a consciência de que nem tudo o que vem "lá de fora" é de oiro. Aliás, nem tudo o que desse "lá" por cá aporta reluz...

Mas apesar de tudo isso, e porque estava num bom dia, à minha colega não respondi desabrido, mas sim sorridente. O que lhe piorou a disposição, pois as feministas quando estúpidas e/ou ignorantes - e "ele" há-as - sentem como machismo (o que chamam "mansplaining") a explanação ponderada e eficiente da sua ignorância e/ou estupidez. Avisei-a pois de que quando o amor da minha vida se me referia como "o meu marido" não estava a afirmar-me como sua propriedade, qual escravo (ainda que eu dela me sentisse assim, e disso ufano, na escravidão voluntária que alguns historiadores referem). E aduzi que quando tratava alguém, respeitosamente, por "Senhor" ou "Senhora", ou mesmo "Minha Senhora" não me estava a reclamar seu servo ou lacaio. Não ficou ela convicta, a conversa ali morreu, lembro apenas que um antes apalavrado jantar em nossa casa com ela e o "companheiro" (decerto seria esse o estatuto) não se veio a realizar, por mútuo esmorecimento de vontades.

Leio agora que a Pessoa Que Não Menstrua Carlos Coelho - um antigo excitadinho da jsd, que pelos vistos 40 anos depois continua na politiquice - vem defender a Pessoa Que Menstrua (ou Menstruou) actual ministra da Juventude. Ambos repudiando a utilização dos termos "homem" e "mulher", considerados vilanias anacrónicas, pois coisas do "antigamente". E afirmando ser necessário seguir as instruções vindas "de fora", o palavreado das "organizações internacionais".

Diante disto o que é que um tipo diz a este ex(?)-jotinha? Um mero "vai-te menstruar, pá!"? Ou explica-se-lhe, com verdadeiro mansplaining, as matérias do conteúdo social (semântico) da língua? Hum, duvido que esta pessoa desmenstruada, mero jotinha profissional, chegue a tais compreensões... Quanto à menstruada ministra, de qual nunca ouvira falar, presumo que seja da mesma estirpe. E é esta tralha humana que se julga "atenta". E, ainda pior, que nos governa.

16
Ago24

Biblioteca José Capela (José Soares Martins)

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Uma notícia que me enche de júbilo. Esta é a igreja de Nossa Senhora do Livramento (a dita Catedral Velha), sita na marginal do Rio Bons Sinais, erguida entre 1776-86. Com a construção do novo templo, inaugurado julgo que em 1974, e a independência - com a concomitante partida de muitos católicos e alteração das relações entre igreja católica (e outras) e Estado (e empresas) - estas instalações foram decaindo.
 
Recentemente a Associação dos Bons Sinais - dedicada à promoção sociocultural da Zambézia - conjugou esforços para reabilitar este património, tornado Centro Cultural Bons Sinais.
 
Ora, na semana próxima, dia 22 de Agosto, inaugurará em instalações adjacentes, agora construídas, a sua Biblioteca, que decerto virá a ser preciosa para a cidade. E a qual será denominada "Biblioteca José Capela (José Soares Martins)", uma homenagem muitíssimo devida ao historiador que tanto trabalhou sobre a história zambeziana. E moçambicana. E também ao exemplar cidadão que tantou pugnou por uma melhor compreensão mútua entre os nossos países.
 
O meu júbilo com a notícia não é "protocolar", formal. É mesmo real. Pois tenho para com José Capela (1932-2014) - que era o pseudónimo historiográfico de José Soares Martins - uma enorme dívida de gratidão pessoal. À qual associei uma outra, intelectual, lendo-lhe a vasta obra, que me foi preciosa para entender Moçambique, o Portugal colonial (e um pouco do Portugal actual).
 
Não as saldei, a essas dívidas, apenas tentei enunciá-las num texto que em tempos lhe dediquei: "José Capela: o escravismo em Moçambique como violência estruturante".
 
E como tal aqui venho saudar a Associação dos Bons Sinais pela belíssima e tão justifica iniciativa. E fazer votos para que Quelimane, e a Zambézia, muito fruam a nova biblioteca.
 
Adenda: antes deixara uma breve nota aquando da sua morte, em 2014.  E também uma curta recensão a dois dos seus livros (Conde de Ferreira & Ca. Traficantes de Escravos", "Delfim José de Oliveira, Diário de uma Viagem da Colónia Militar de Lisboa a Tete, 1859-1860"), e uma outra recensão ao seu "Caldas Xavier. Relatório dos acontecimentos havidos no prazo Maganja aquém Chire, Moçambique, 1884". 

13
Ago24

Passado colonial

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(Isto não é um ensaio, e muito menos um artigo. É um desabafo. )
 
Na fotografia estou eu no Mossuril, impante quarentão ladeando o velho canhão pátrio. Não estava ali traumatizado, nem me sentia um Atlas com o peso da História aos ombros. Nem o devia estar. Nem sentir...
 
1. Para quem não saiba o Mossuril foi durante séculos um dos cais de embarque para a Ilha de Moçambique, que lhe está defronte. Esta - sempre romantizada, com laivos de poesia (há muita versalhada sobre o sítio) ou de devaneio turístico - foi sempre um entreposto, ali se carregavam as embarcações as quais seguiam Índico afora. E, como outras feitorias portuguesas em África (ditas "possessões"), sobreviveu séculos com as taxas alfandegárias e os ganhos comerciais dos... funcionários. Pois desde XVI - pelo menos - ali chegavam as caravanas vindas do interior, fronteiro ou muito distante. Trazidas por gentes várias que vieram a ser ditas macuas ("selvagens", na língua das gentes algo sualízadas do litoral, pois vistos como inferiores boçais do  mato), por ajauas, por outros. Algumas caravanas iam até ali, para Quelimane também, tal como ao Ibo, outras calcorreavam rumo a outros portos exportadores onde inexistiam portugueses, na demanda de melhores custos-benefícios.
 
Ao longo dos séculos vários foram os produtos transportados. A partir do primeiro quartel de XVIII e, acima de tudo, durante XIX o que mesmo cresceu, com enorme afinco - uma verdadeira "bolha" para falar como agora -, foi o comércio de escravos. Lá para meados de XIX isso foi ilegalizado mas continuou como "tráfico", e seguiu - assim mais lucrativo, qual bootleg da Lei Seca americana - até inícios de XX. Progressivamente mais difícil, e também mais raro, mas ainda assim numa azáfama de transportadores terrestres, vindos cada vez de mais longe, pagando portagens aos sucessivos "donos da terra" - tipo as chefaturas ekoni do interior de Cabo Delgado ou os namarrais que se chegaram à Ilha para cobrar ainda mais caro (mas a mitografia nacional veio a torná-los "heróicos", por se terem oposto à ocupação portuguesa). E uma azáfama de transportadores marítimos, árabes, suaílis, franceses, holandeses diz-se, brasileiros também e muitos. E portugueses.
 
Lá mesmo para o final, século XX já encetado, os portugueses (e julgo que também os franceses, mas assim apenas de memória não o posso afiançar) tiveram um episódio cristão bem denotativo: embarcavam-se os desgraçados, no convés estava um padre, "baptizava" as criaturas, elas "assinavam" um papel, e eram "elevadas" a cristãos trabalhadores livres, "contratados". E seguiam às ilhas índicas. (Vá lá, chamai herege a este ateu.) Depois isso acabou - dizia-se, e bem, "Britain rules the waves" e era cada vez mais difícil, pois esses não queriam mesmo tais práticas.
 
Já República feita, mandando a maçonaria e os antepassados dilectos do PS - mais os terroristas que hoje seriam do Bloco -, os portugueses adaptaram-se. E viraram-se para arregimentar gentes, enviando-as também como "contratados" para São Tomé, às roças que por lá medravam. Iam para a... vida toda. Seguiam tantos, e também recrutados para as minas sul-africanas (trabalho que dava gigantesco lucro ao... Estado, tipo os médicos cubanos de agora que pagamos a Havana, mas vivendo então bem pior), que os administradores do centro e norte contestavam tais práticas, pois faziam escassa a mão-de-obra por essas paragens, tão necessária para plantações (onde as havia) e para ... o trabalho forçado. Tudo isto está escrito, nos arquivos e em livros.
 
2. Nesse rumo foi-se instalando o colonialismo moderno, a "ocupação efectiva", de facto terminada lá pelos anos 20s. Na tal I República, trapalhona. E, depois, no Estado Novo, competente q.b., mesmo que se algo trôpego colónia adentro. O regime europeu em África foi bastante diversificado, consoante o país colonizador, os tipos de colonos chegados, as características dos colonizados. As especificidades de cada uma das colónias. Ainda assim tinha duas características básicas:
 
a) racismo: a crença na legitimidade da tutela exercida sobre os locais, pretos. Estes considerados inferiores por condição racial, assim individual e colectiva. Ou por um estado transitório, seu contexto, seu "atraso", assim também colectivo, mas possibilitando a ascensão "civilizacional" individual. Grosso modo, diferenças ditas como entre a visão segregacionista e a assimilacionista. Na administração portuguesa conviveram as duas visões, até mesmo coabitaram, desde a mais desbragada consideração da impossibilidade dos pretos ascenderem, até à crença de que "a seu tempo" evoluiriam a contento. Cerca de 1950 vingou a mais aprazível versão oficial assimilacionista - que tinha sido esfacelada desde a tal República -, aquilo de "os rapazes fazem-se". E na década de 60 - após a reforma de Adriano Moreira, imposta não pela sua magnitude mas pelos "ventos da História" - as barreiras raciais administrativas foram muito aliviadas, as sociais algo matizadas, nesgas de assimilacionismo urbano medraram.
 
São essas nesgas que sempre surgem convocadas no memorialismo dos ex-colonos, a ladainha dos actuais sexagenários e septuagenários do "eu tinha indianos e mulatos, e até negros na minha turma de Liceu", "nós lá em casa tratávamos bem os empregados", "nunca vi racismo", "os pretos andavam na rua", etc. São estes aromas benevolentes que permitem que um tipo como Rui Ramos vá em 2024 à rádio disparatar "a descolonização começou em 1961", para encanto de Maria João Avillez - essa que eu ouvi, com estes ouvidos que o forno cremará, clamar diante de uma elite moçambicana muito crítica (demasiado crítica, em meu entender) "vocês não gostam de nós?, depois de tudo o que fizemos por vocês?!!". Isto não serve para entender o real. O passado. E um bocadinho do presente.
 
b) opressão e sobreexploração: as formas de opressão eram várias e os seus conteúdos diversos. Também há muita coisa escrita - sim, sei que muita da literatura anticolonial era muito militante, antes e depois das independências, a gente torce o nariz às formas selectivas dessas narrativas e análises. Mas é preciso não querer ver os âmbitos em que desvalorizações e a proibições eram exercidas para as ignorar, ou dulcificar. E depois a sobrexploração. Dir-se-á (e bem) que em Portugal também os direitos laborais (e outros) eram escassos. Mas por ali eram diferentes: a corveia ("trabalho por papas") - para o Estado e para os privados que tivessem boas ligações com a administração - era pesadíssima. E imensa - e não é preciso ser um esquerdalho para relembrar isso, leia-se o bispo da Beira, Soares de Resende, um prelado conservador (um dos seus livros levou como título "Ordem Anticomunista"), exasperado com a apropriação continuada do trabalho  africano. E as culturas comerciais forçadas, que eram imposições muito gravosas sobre os pequenos agricultores (quase toda a gente), praticadas em muitas áreas. Entenda-se, tudo isto se associava a castigos corporais recorrentes. Que as crianças e adolescentes urbanos não viam ou, pelo menos, não percebiam - e por isso, por não saírem do seu anacrónico saudosismo, continuam a remoer espúrias negações.
 
Após 1961, as reformas legislativas alteraram os regulamentos mais impositivos e discriminatórios. Pouco depois Salazar já falava de um futuro (imaginado como algo longínquo) de "comunidade de países lusófonos", conjugação de interesses e sentimentos sedimentada pela unidade da língua portuguesa - mas ainda não lhe ocorrera a necessidade de um novo acordo ortográfico. Mas ainda que em alguns núcleos, particularmente urbanos, a situação se tivesse matizado, permitindo alguma mudança no acesso de nichos da população negra a serviços, até empregos, as formas de opressão e sobreexploração não desapareceram, pura e simplesmente. As práticas continuaram, avulsas porventura mas não apenas episódicas. Pois as categorias mentais, as concepções ordenadoras dos interrelacionamentos, mesmo sendo vividas de formas distintas tanto por colonos como por colonizados, não desaparecem num ápice (como clamam os "críticos" actuais, no histrionismo de apontarem perenidade imorredoira entre os portugueses das formas extremas do ideário colonial), nem as condições económicas casam com imediatas alterações radicais, principalmente se sob uma administração autoritária e socialmente enviesada.
 
3. E em tudo isto a repressão. Em Portugal vivemos não só o cinquentenário dos "gloriosos capitães de Abril" como continuamos a louvar a "resistência antifascista". Ora o 28 de Maio e o subsequente Estado Novo advieram da devastada e perversa I República - e 2010 podia ter-nos ensinado isso, mas não vejo ninguém na imprensa (no "Público" ou quejandos) a insistentemente exigir o ensino dos detalhes da trapalhada republicana aos petizes do secundário... E a ditadura salazarista sobreviveu décadas com a anuência de forças armadas, policiais e da... população.  Houve repressão, claro. A qual depois da II Guerra Mundial se atenuou (os tais "ventos da História"). Continua-se a ouvir falar das desgraçadas mortes de José Dias Coelho ou Catarina Eufémia (Delgado é um caso muito diverso) mas o certo é que mortandade foi escassa. Não estou a dizer que foi uma ditamole. Mas sim que tal como o tratamento dado aos presos políticos "doutores" ou "filhos de doutores" era diferente do dado aos do "povo", também a repressão em África era muito mais carregada. 
 
É 1994, meu primeiro trabalho em Moçambique, estou em casa de Namwenda, um velho régulo, chefe mwekoni, está também Kolokoha, seu congénere - ambos postos da antiga chefatura macua-meto Inkigiri, dessas que in illo tempore haviam estado metidas até aos pescoços no comércio escravista. E mais uma dúzia de homens velhos, conselheiros, cabecilhas de parentelas. Eu estou a perguntar sobre as transições agrícolas do tempo colonial até àquele presente - mas deixo a conversa, animada, divagar. Até porque o que me interessa nem são as tais mudanças, estas são só pretexto. Contam-me que "antes de ter entrado a Frelimo", durante a "guerra dos macondes", os portugueses prenderam vários chefes macuas - entre os quais Namwenda - e levaram-nos para a prisão do Ibo. De sevícias em sevícias alguns haviam morrido, outros depois foram levados para a Machava (então Lourenço Marques) e desaparecido. Eram camponeses, macuas, nada tinham a ver com a guerra de independência - todos os que tenham visto filmes de guerra, tipo "Vietname", reconhecem a situação: passam os guerrilheiros a população encolhe-se, vêm os dos exércitos regulares e acusam-nos de cumplicidade e reprimem. Mas só ali, naquele episódio, já se fizera uma mole de "José Dias Coelho".
 
A conversa segue, longa tarde. Eu sei que o gravador cerceia a liberdade alheia e por isso escrevo, frenético, o que me vão dizendo. Voltamos à agricultura, ali chegou um projecto de incentivos à cultura comercial de milho e também de tabaco. Pergunto como eram os incentivos no tempo colonial. Sobre esse "fomento" logo falam da palmatoada, e descrevem. Eu sou jovem, inexperiente, e deixo escapar um esgar, impressionado. Namwenda fala, sorrindo, e todos se riem, pergunto a Tomás Brito, meu intérprete, qual a piada. Ele responde, traduzindo: "não foi você!". E todos se riem, percebendo o que está a ser traduzido mesmo que não entendam português. Eu sorrio e penso "foda-se!", "que lição!".
 
4. Ultimamente o tópico do "passado colonial" (de facto os do passados pré-colonial e colonial) tem sido sugado por um feixe de jornalistas e académicos oriundos de partidos de origens comunistas. As abordagens são panfletárias, enviesadas. As aleivosias historiográficas são constantes, as tiradas demagógicas comuns. Ora não me parece que seja necessário doirar a pílula do passado - o qual, aliás ,está patente em vários textos consistentes, e disseminados, e é interesseiro que esta gente surja repetidamente anunciando um estado de inocência da sociedade portuguesa sobre o seu passado.
 
Muito mais do que discutir as mariolices que se vão escrevendo conviria perscrutar a agenda política que tem essa minoria altissonante. De uma forma mansa poderei convocar a ideia de patriotismo de Orwell, que o disse um "conforto identitário". E o que esta extrema-esquerda identitarista deseja é romper o nosso "conforto identitário" português. Mas qual a sua agenda mais profunda, para além das pequenas benesses estatutárias (o apreço dos pares, por exemplo) e de pequenos financiamentos (os projectos, as performances, os colóquios)?
 
Cada um interprete como queira as ambições desta gente, neste seu afã de demonizar um passado que encerra numa visão que quer ser bicromática, a do mal e do bem, insensível à miríade de situações que - mesmo neste enquadramento colonialista - foram vividas. E que quer apagar os múltiplos reflexos e refracções que as variadíssimas dimensões do colonialismo tiveram e têm, em Portugal. E, mas isso então é que nada lhes interessa, nos países africanos antigas colónias.
 
O que me é relevante é não ser preciso higienizar o colonialismo, ou mesmo vasculhar em busca de um ou outro aspecto menos opressor para o poder contrapor, para perceber que estes tipos d'agora não querem entender melhor a História. Querem aldrabar - como o socratista Vale de Almeida quando clama ser Portugal um apartheid. Ou querem exercer a sua patética candura - como o (ex?)comunista Francisco Bethencourt quando vem perorar que é preciso pagar "reparações" para que as sociedades tenham um melhor  relacionamento futuro.
 
Há tempos conversava com um antigo - e excepcional - meu professor, PC "dos tempos", homem de esquerda profunda, o qual deve ter andado por esses movimentos pós-Perestroika, nem perguntei, e também ele incomodado com estas constantes patacoadas: "estes tipos sentem um défice de não terem feito a luta antifascista, anticolonialista, não tinham idade para isso, então afocinham agora nisto...", rematou. Ri-me, claro, concordando em parte, pois alguma coisa virá desse pobre entendimento autobiográfico.
 
Mas não basta como explicação global. Pois isto se faz pagar. Até a Gulbenkian, como vimos há pouco tempo, paga esta tralha.
 
(A ver se um destes dias volto ao assunto, à tal agenda política desta gente)

 

01
Ago24

Cultura em Maputo, Política aqui

jpt

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1. Um amigo, camarada de anos a fio em Moçambique, e que comunga o meu interesse pelo país e pelo que faz o nosso Estado nas relações bilaterais, e em particular nas questões culturais, avisa-me desta notícia: a nomeação de um novo adido cultural para a embaixada de Maputo, José Amaral Lopes, antigo secretário de Estado da Cultura e antigo presidente do Conselho de Administração do D. Maria II, deputado, entre várias outras posições de destaque. Dado o seu perfil "alto" é surpreendente a sua indicação para este posto, até modesto. Mas para todos que se interessam por estas matérias - a mescla entre "acção cultural externa" e "cooperação" - uma nomeação de alguém com este peso biográfico tem um significado: denota um grande e assisado interesse governamental no desenvolvimento destas relações culturais, decerto articulado com alguma capacidade para reforçar os  meios, materiais e humanos, dedicados a essas interacções. Fica-se assim - e mesmo que sem "pedir a Lua" - na expectativa de um período de grande desenvolvimento nas conjugações culturais entre ambos os países. Possamos nós fruir disso!

 

2. Paralelamente - mas sendo, de facto, uma irrelevância - a notícia desta nomeação tem um factor denotativo da mesquinhez intelectual dos mecanismos partidários, em particular os do PS. Amaral Lopes exerce actualmente as funções de presidente de junta de freguesia, eleito pelo PSD. Abandonará o posto para assumir estas novas funções.

O dirigente lisboeta do PS, David Amado, critica-o por ter abandonado a freguesia, dela fugido. Deixando assim até implícito um elogio ao actual presidente, dado que considera gravosa a sua substituição. Mas é a demonstração da total impudicícia desse dirigente socialista. Pois há poucos meses, nesta mesma sua concelhia partidária, um também presidente de junta de freguesia, o socialista Costa, abdicou das suas funções, indo (sem currículo que o justificasse) liderar um mecanismo televisivo de produção de opinião pública. Amado então nada contestou. Entretanto, aqui nos Olivais a socialista presidente de Junta, Rute Lima, aquando reeleita logo se foi a trabalhar para a nova Câmara PS de Loures, e vem por cá "exercendo" funções em regime "parcial". E Amado ficou mudo.

E já agora, até porque o postal é sobre "cultura"  e nisso "bibliotecas" - a do Camões em Maputo é muito relevante na cidade - convém relembrar que a biblioteca da Junta de Freguesia dos Olivais, a antiga Bedeteca, sita no Palácio do Contador-Mor (sempre associado aos Olivaes dos Maias) está fechada há mais de três anos. Devido a umas obras não estruturais, que se diz terem sido cabimentadas 2 vezes (!!!), e que se vieram arrastando por incúria da junta socialista - estando agora culminadas sem que a biblioteca reabra. Diz-se no bairro, e quem sabe, que estaria prevista a reabertura para o início deste Verão, depois para Outubro. Mas que deverá acontecer apenas cerca do Ano Novo - para agitar as águas em ano de eleições autárquicas. Sobre tudo isto - e tanto mais - não fala o tal David Amado. Nem as hostes socialistas.

15
Jul24

Moçambique

jpt

machava.jpg

Grosso modo vivi em Moçambique duas décadas. Saí há uma década. Vou acompanhando - não é o meu país, não sou nem nunca quis ser "dono da terra". Apenas gosto. Acompanho, repito, desde 92, quando encetei o mestrado. Mais desde 94, quando fui trabalhar "lááá" entre Montepuez e Balama. Ainda mais desde aquele 97 que para lá me levou com contentor e esperanças (aquelas, cândidas, de contribuir para que "isto", lá e cá, se percebesse melhor).
 
Agora, hoje em dia - como há já tanto tempo - uma das coisas que mais me interessa no país é a gigantesca produção do silêncio. Sobre a actualidade e sobre o passado nacional. O qual é, afianço como estrangeiro empático mas antipático, um gigantesco obstáculo ao desenvolvimento.
 
Ou seja, e porque para bom entendedor meia capa de livro serve, vão lá ler isto. E matizem os elogios, póstumos ou outros, iconográficos, moralistas ou intelectuais. Olhem o que foi. E o coro de agora de elogios à Justiça samorista, brotado nestes dias, em miseráveis eulogias, é, pura e simplesmente, repugnante.

08
Jul24

Kambaku, uma página a visitar

jpt

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Recomendo esta Kambaku - Notícias do Mundo Natural, uma belíssima página digital que (muito bem) corresponde ao seu título. Trata-se de uma plataforma noticiosa dedicada à informação e análise de conservação da biodiversidade, centrada em Moçambique mas bastante atenta a essas questões em África e, até, alhures.

O seu nome Kambaku (também usualmente grafado Cambaco) é o termo em língua changana para o velho e solitário elefante, irritável sempre dele se disse. E cheguei a esta tão interessante página através de uma chamada de atenção do Afonso Vaz Pinto, também veterano confrade bloguista no seu Mar me quer, e que desta Kambaku é um dos artífices.  

O seu conteúdo é muito consistente, textos escorreitos, diria até "cirúrgicos". Mas isto sem minimamente se encerrar num "discurso especializado", pois ela funciona muito bem como divulgação para nós, vulgares amadores e amantes interessados, mesmo nos exaltando, devolvendo-nos esperanças, se se quiser. Tem uma secção de notícias sobre conservação e biodiversidade, outra sobre ciência e investigação - entusiasmante para um leigo como eu -, um outra, preciosa, dedicada à sustentabilidade, ou seja às dinâmicas da economia ecológica, e uma outra ainda sobre inovação tecnológica ligada à biodiversidade

rino.jpg

E como exemplo de notícias que vão para além de Moçambique, e também alertando para o seu suporte audiovisual, deixo estas recentes abordagens à magnífica reintrodução de rinocerontes brancos no Kruger ou da corrente maior migração mundial de mamíferos terrestres no Sul do Sudão.

migração.jpg

E tem também - como não podia deixar de ser - uma secção fotográfica, como exemplifica esta deliciosa imagem do regresso do xaréu gigante às águas moçambicanas:

xareu.jpg

Finalmente tem uma secção de entrevistas radiofónicas (hoje em dia chamadas podcast), conversas com cerca de uma hora tidas com verdadeiros especialistas da matéria em Moçambique. Ou seja, verdadeiramente preciosas para quem queira aperceber-se do "estado da arte" desta tão relevante matéria. Chamo a atenção para as que ouvi, uma com o justificadamente célebre escritor (e biólogo, veterano destas questões ambientais) Mia Couto. Uma outra com Pedro Muagura, reconhecido administrador do Parque Nacional da Gorongosa. E ainda uma com Alexandra Jorge, administradora da Biofund, organização não lucrativa que actua em cerca de 30 parques naturais no país.

Em suma, Kambaku é um local que muito merece ser visitado. E, também, divulgado. Que outros o possam fazer, se assim o entenderem.

28
Jun24

Texto sobre história de Moçambique

jpt

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Desta vez não venho vender livros, como quando há meses - e para notório fastio de alguns - fiz, ao tentar impingir o meu "Torna-Viagem". Pois agora apenas dou: um texto longo – seria maior do que um opúsculo, se eu o fizesse como tal. Há anos participei numa homenagem ao historiador José Capela - a que teve este cartaz, que encima o postal -, grande figura da história de Moçambique e de Portugal em Moçambique. E do escravismo. Depois reescrevi o texto. Agora, como o nosso presidente vem recomendando que atentemos nesses assuntos, decidi divulgá-lo - é longo, repito, e não o escrevi para ser fácil, “amigável ao utilizador” mas apenas como dele gosto. E não é, decerto, ajeitável ao uso dos “activistas” de agora. E divulgo-o também para reavivar a homenagem a Capela, homem que esteve bem à frente do seu tempo e da maioria dos (pobres) pares.

Aqui fica a ligação ao meu: "José Capela: o escravismo em Moçambique como violência estruturante".

 

Sobre Capela antes deixara também:

- recensão a "Conde de Ferreira e Cª. Traficantes de Escravos" e "Delfim José de Oliveira, Diário de uma Viagem da Colónia Militar de Lisboa a Tete, 1859-1860", de José Capela;

- "José Soares Martins, de pseudónimo historiador José Capela", quando morreu; 

- recensão a "José Capela, "Caldas Xavier. Relatório dos acontecimentos havidos no prazo Maganja aquém Chire, Moçambique, 1884";

 

Bloguista

Livro Torna-Viagem

O meu livro Torna-Viagem - uma colecção de uma centena de crónicas escritas nas últimas duas décadas - é uma publicação na plataforma editorial bookmundo, sendo vendido por encomenda. Para o comprar basta aceder por via desta ligação: Torna-viagem

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